— Eu juro Mariana, se tu demorar mais dois minutos vai para o colégio a pé porra!
Grito a minha prima pela milionésima vez , mas parece que é aquele negócio “entra por um ouvido e sai pelo outro.” Pois bem, ela é assim, uma maldita surda do caralho, e advinha? Eu não me encontro em meu melhores dias, estou de TPM até os fios do cabelo e não exerço o mínimo que seja de paciência.
Dois minutos depois ela aparece, correndo em direção ao carro sem fechar a maldita porta de casa, deixando-a escancarada para quem quiser entrar. É brincadeira.
Reviro os olhos.
— Põe logo uma placa “Pode roubar” — zombo, o que a faz se dá conta e voltar para trancar com um maldito sorriso no rosto.
Eu já estou dez minutos atrasada, e, se tem uma coisa que odeio é me atrasar. Como assistente pessoal isso é imperdoável no meu trabalho, não quero nem olhar para a cara do senhor Otávio ao chegar a empresa.
Mariana se acomoda no banco, me fazendo suspirar e enfim da partida ganhando as ruas em direção ao colégio que ela trabalha.
— Hoje vamos conhecer o diretor que entrará no lugar do seu Carlos. — Lamenta e eu mantenho o olhar a minha frente.
— Uma pena o que aconteceu com ele. — Digo.
— Foi sim.
Seu Carlos era o diretor do colégio, o coitado sofrera um acidente e infelizmente não resistiu e acabou falecendo a uma semana, deixando ela bastante sentida já que tratava a todos com muita educação e Mariana principalmente.
— Hoje seu Otávio tem um comunicado a fazer também, comunicado esse que eu só saberei pela boca dos funcionários por sua culpa não é Mariana?
Desvio o olhar para ela, dando-lhe meu melhor olhar cerrado.
— Não me culpe, a pior coisa que tem é você sair com pressa, sempre esquece alguma coisa, não é atoa que sua blusa esta "avessada". — Diz num tão normal que se eu não a conhecesse diria ser verdade.
Paro o carro ao chegarmos no colégio dando lhe um “tchauzinho”.
— Bom, tenha um ótimo dia e tchau! — Lanço o meu melhor sorriso ao destravar a porta para que ela saia de uma vez e vá da sua maldita aula.
— Também amo você Deise. — Ironiza ao fechar a porta.
— E eu ainda mais você. — Pisco um olho ligando o carro e partindo.
O caminho até a empresa não demora tanto como pensei que demoraria. Ao estacionar, abro a bolsa pegando um pequeno espelho na minha nécessaire olhando o estado do meu rosto, eu definitivamente não estou com cara de quem dormiu demais e minhas olheiras nem estão visíveis. Haja corretivo pra da conta todo santo dia. Retoco o batom clarinho, olho minha blusa verificando se esta tudo no se devido lugar, jogo os cabelos para atrás e saio do carro.
Entretanto, ao entrar na empresa minha surpresa é evidente ao ver que não tem ninguém nos setores a não ser os seguranças e a recepcionista Verena.
— Onde estão todos? — questiono ao me aproximar dela.
— Ihh, não está sabendo? — sussurra — O filho do seu Otávio chegou do Canadá bebê, e estar nesse momento tendo uma reunião com todos da empresa.
Estou surpresa e não é pouco.
— E porque você não está lá?
— Não posso deixar a recepção. Ordens claras. — diz, abrindo sua bolsa e pegando uma lixa, começando a passar nas unhas.
— Certo, eu vou subir.
Me equilíbrio em cima dos saltos e respiro fundo, seguindo o caminho até o elevador. Parece que de alguma maneira eu já sabia que isso influenciaria na minha vida, é como a droga da espécie de um pressentimento, pelo que sei o filho de Senhor Otávio nunca quis se envolver com a empresa do pai já que tem a sua própria e a sua presença repentina está me causando uma curiosidade fora do comum.
Assim que o elevador abre no último andar, eu me espanto ao ver a maioria dos funcionários todos em pé em aglomeração. Me ponho a caminhar olhando diretamente para todos ansiosa para ficar na frente e ouvir de fato o que seu Otávio tem a dizer.
— Ei, você atrasou hoje. — Entretanto, desisto de ir para lá ao olhar Alberto e querer babar com seu maldito sorriso em minha direção.
— Perdi o horário.
Me junto a ele, suspirando, inalando seu cheiro maravilhoso.
Alberto é do setor de TI. Caralho, ele manja muito bem de tecnologia, um verdadeiro gênio, e se tem uma coisa que me excita mais que tudo é um cara esbanjando inteligência, por isso aqui estou eu, babando até por sentir o perfume do cara.
Eu, Deise, sou esse tipo de pessoa; se não estiver interessada você irá saber mas se eu tiver bebê, aí se prepara porque eu sou daquelas que não descanso até tê-lo; de preferência embaixo de mim, e advinha? Alberto é um desses caras. Com quase um metro e noventa – creio eu –, ele esbanja beleza surreal e uma carinha de bebê, é um homem preocupado com a saúde e malha pra um caralho, a tatuagem enorme que toma seu pescoço e braços chama atenção e esses poucos traços orientais acaba de vez com qualquer mulher e até homens. O único problema é aquele de sempre, o fato de não malhar as pernas e ter a cintura muito fina comparado ao braços fortes, mas fora isso, ele é realmente uma delícia que não pode jogar fora de maneira alguma, até porque irei me deliciar assim que tiver chance.
— Quero que todos prestem atenção! — A voz do meu chefe se faz presente, fazendo todos se calarem — Como já havia falo, hoje é um dia importante... Chegou o momento de me afastar da EMPIRE... — quando ele diz isso, solto um som surpresa porque, como sua assistente pessoal eu não sabia disso, por isso me aproximo passando entre os funcionários e parando logo em seguida assim que me faço visível recebendo um sorriso seu — Não estou bem de saúde, mas não é nada grave, apenas cansaço pelo esforço excessivo que faço todos os dias nesses quarenta e cinco anos, por isso a partir de hoje, Anderson Bragança, meu filho, ficará em frente a empresa e eu me despeço aqui. — conclui, deixando a todos no mínimo chocados com essa notícia.
E seu Otávio simplesmente apoia a mão no ombro no homem ao seu lado, dando-lhe um sorriso que é retribuído com O sorriso mais uau que já vi. Anderson bebê, preciso salientar que você é gostoso demais e minha nossa senhora, meu mais novo chefe.
Ele inclina a cabeça para ouvir o que o pai fala, me fazendo ver um pequeno pedaço de uma suposta tatuagem em seu pescoço e puta merda, não quero nem imaginar o tamanho dela e nem onde vai.
— Estão dispensados. — Meu mais novo chefe fala em alto e bom tom, logo estão todos se dividindo entre os elevadores e escadas para voltarem aos seus respectivos setores.
— Deise se aproxime por gentileza. — Seu Otavio me chama, logo ajeito a postura e caminho até eles. — Filho, essa e a Senhorita Duarte, ele me acompanhou durante muito tempo e é totalmente atualizada com as questões da empresa, entrego-a em suas mãos uma das funcionárias mais competente que já tive o prazer de trabalhar.
E quando ele diz isso não tem como eu não corar. É um puta elogio e reconhecimento vindo dele, o que me faz sorrir.
— Muito prazer Deise.
E eu preciso me segurar para não fechar os olhos e gemer.
— Igualmente Senhor Bragança.
— Deise irá lhe falar tudo que precisa saber, eu preciso de uns minutos para me despedir da... minha sala. — Seu pai diz, e vejo que engole seco olhando a porta da sua sala.
Eu o entendo perfeitamente, foram anos e anos comandando a empresa, imagino que não seja fácil mudar a rotina de uma hora para outra.
— Claro pai, use o tempo que precisar. — Anderson diz dando-lhe um tapinha nas costas.
E quando ele vira as costas o outro mira o meu rosto e sorri gesticulando para eu ir na frente.
— Me mostre a empresa senhorita Duarte.
Com todo prazer chefinho!