A bicicleta de Susana

De MiguelFernandez6

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prometendo mundos e fundos de amores devidos, por dar e por ter.

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De MiguelFernandez6

Suzana dos Santos Schneider era loira, gordinha clara, olhos azuis, herdados do pai (dentista alemão, jurara a mãe, que fora sua assistente e conhecera a cadeira dos pacientes sem abrir a boca, só as pernas, e devia ser verdade, porque ela era mulata.) Suzana andava pelas ruas do bairro, para onde tinha mudado recentemente, numa bicicleta cor de rosa, sacudindo o rabo herdado da mãe, um no selim e o outro, de cavalo, no cabelo. Todos os dias, sempre à hora da sesta, quando as ruas do bairro estavam quase vazias, passava como se deslizando, graças à força de um empurrão invisível dado no início da rua em declive, pela porta da casa de Beto que sentava na soleira da porta, a bocejar a modorra pós almoço.

Ao passar, manobrando o guidão com a jovial destreza de seus aparentes quinze anos, ela olhava com seus olhos azuis para ele com a brevidade que o recato permitia e logo se perdia na esquina próxima. Minutos depois de contornar a quadra, voltaria a passar e repetir seu olhar, às vezes acrescido de um sorriso tão breve que Beto duvidava de tê-lo notado. Mas seu coração o via, provocando o palpitar agitado da ‘quase’ certeza. Mas sua covardia e a o ‘quase’ lhe manietavam iniciativas.

Uma semana nesse ir e vir e ainda nem sabia onde ela morava. Mas sabia a hora do dia em que ela desapareceria pela esquina, para retornar só no dia seguinte, também na sua hora.

E o bardo que havia nele a imaginava virgem e, em versos escritos em caderno, nua e sua.

E o enamorado lhe sugeria maneiras de chegar nela: jogar-se na frente da bicicleta quando ela passa-se! Jogar uma flor em sua direção! Um poema. Um beijo! Um grito!

 Na segunda volta do décimo dia, Suzana, o destino, ou ambos, resolveram promover o encontro: O pneu da bicicleta rosada murchou a poucos metros dele. Desamarrando as algemas da timidez, ele chegou-se perto do acidente, e nem chegou a perguntar para ela:

"– Furou o pneu?”

Inclinada ao lado da bicicleta, examinando a roda, ela levantou o rosto vermelho de exercício e iluminado de olhos azuis, e disse:

– Parece que o pneu furou. – ao sorrir, seus lábios grossos deixaram à mostra pequeninos dentes e seu decote, pequeninos peitos juvenis. – Vou ter de andar até em casa. Resolveu ela, erguendo-se. 

– Deixa eu te ajudar. – propôs ele e, segurando o guidão, se apresentou: – Meu nome é Beto.

– O meu é Suzana. – disse ela, deixando-o conduzir o veículo a seu lado.

“Pronto” suspirou Beto, com a alegria exagerada da mocidade.

Na rua atrás do mesmo quarteirão, ela parou à porta de uma casa.

– Pronto. Chegamos. – disse ela. – Obrigada pela ajuda.

– Tem como arrumar o pneu? – perguntou ele, solicitante.

– Tenho um estepe aqui em casa.

– Posso trocar para você agora. – disse Beto, o diligente.

– Não tem pressa. – disse ela retomando o guidão e roçando a mão dele. – Mas, pode ser. Quer entrar? – convidaram os lhos azuis.

– Claro. – respondeu Beto, o sorteado.

– Vem comigo. – Ordenou a moça, abrindo a porta e entrando. Ele foi atrás, empurrando a bicicleta. No pequeno quintal, pendurado na parede, o estepe bendito. Suzana logo foi abrindo um pequeno baú e dele tirou algumas ferramentas.

– Estas devem servir. – disse ela.

– A chave ou um alicate bastam. – Suzana lhe estendeu a de fenda e ficou bem perto dele, a observar.

 Manipulando parafusos e excitação pelo calor que o hálito perfumado dela lhe provocava, Beto distraiu-se e a chave de fenda foi lhe rasgar um dos dedos; o sangue brotou e pequenas gotas caíram no chão. Suzana, condoída, disse:

– Ai! Coitado. – Segurando-o pelo braço, ordenou: – Vamos limpar essa ferida, vem comigo.

Ele foi atrás dela, e atravessando cozinha e sala, ela explicou o sossego da casa. – Minha mãe esta no serviço. – Na porta do banheiro ordenou: – Entra aqui.  – Abrindo o armário espelhado, mostrou remédios diversos: – Minha mãe trabalha num posto e traz monte de remédios. Deixa vê esse dedo. – Beto estendeu a mão. – Tadinho. – sorriu ela e lambeu a ferida. O resto do sangue do corpo dele provocou-lhe uma ereção instantânea que não conseguiu segurar, nem esconder. – E esse aí? Também quer remédio? – zombou ela, e riu baixinho do rubor dele. – Primeiro este aqui. – E puxou o braço até ele encostar o corpo inteiro atrás dela, que abriu a torneira e lavou o dedo machucado por um minuto, no qual a ferida ardeu e o “esse aí” doeu de inchaço. – Não queremos uma infecção nem hemorragia, certo? - E lambuzou o dedo com uma pomada e a seguir enrolou gaze que prendeu com um esparadrapo. – Pronto, assim minha mãe cura meus machucados. Como este aqui! – E levantou a saia até o inicio das coxas e da calcinha para mostrar o joelho e a cicatrização de uma pequena lesão. O priapo de Beto latejava mais que o dedo enfaixado e tentando esconder pôs a mão sobre o volume da calça,. – E esse aí? Quer algum remédio? – sorriu Suzana.

– Sim. Não. – disse ele arquejando um sorriso estúpido.

– Tadinho. Deixa ver esse dodói. – Beto a deixou lhe afastar a mão que cobria a braguilha e ficou imóvel. – Ta com medo? – brincou ela. – Não vai doer nada. – E acariciou o vulto com carinhoso desprendimento. O embaraço de Beto contrastava com a licenciosidade dela e sem precisar desnudar o “tadinho” ele sentiu o gozo molhar a cueca. Sufocado pela vergonha que lhe tirara o fôlego, saiu do banheiro quase correndo. Enquanto atravessava a sala e a cozinha, ouviu a risada dela ecoar no banheiro. Saiu à rua e em dois quadras, entrava em sua casa e, num pulo, em seu quarto. E até a noite, deitado na cama, relembrou tudo em detalhe e, imaginado o que não acontecera, molhou o lençol algumas vezes, até o sol raiar.

 Transido de embaraço pelo que poderia ter acontecido, sem aparecer na porta da casa por dois dias, escreveu e reescreveu bilhetes pedindo desculpas e prometendo mundos e fundos de amores devidos, por dar e por ter.

No terceiro dia foi sentar-se na soleira da porta, dobrando e desdobrando, lendo e relendo o bilhete, aguardando ela passar.

Mas nesse, e no dia seguinte, Suzana não apareceu na rua.

Só a ferida no dedo a fazia presente.

 A angustia do mistério e do desejo lhe insuflaram a valentia que o levaram em direção da casa dela. Ao chegar à esquina do quarteirão, viu Suzana acompanhada de um rapaz que, segurando a bicicleta com um pneu murcho, entrava na casa atrás dela.

A ferida no dedo latejou. Vivaz.

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