Boa noite, Aquiles ✓

By sofianeglia

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" O olhar dava medo e eu quase perdi o sorriso o qual tentava seduzir ela do rosto. - Esquece, porque i... More

intro + sinopse
0. prólogo
1. ela procura
2. ele tem que sair
3. ela se nega
4. ele cozinha e convence
5. ela estabelece as regras
6. ele quebra uma das regras
7. ela não consegue dormir
8. ele chega de madrugada
9. ela conhece o resto do grupo
10. ele não quer ela no grupo - pt.1
10. ele não quer ela no grupo - pt.2
11. ela não consegue dormir de novo
12. ele quebra mais uma regra - pt.1
12. ele quebra mais uma regra - pt.2
13. ela tenta ser simpática - pt.1
13. ela tenta ser simpática - pt.2
14. ele conquista algo
15. ela vira gelo
16. ele é fogo
18. ele sente o que não queria
19. ela cozinha e chora (repostado)
20. ele fica
epílogo
epílogo olímpios
nota final
OLIMPIOS REESCRITO!!

17. ela vê o que não quer

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By sofianeglia


capítulo curto mas importante. amo vocês. até quarta com mais um.


17. ela vê o que não quer

Minhas mãos suavam dentro da sala de aula, e eu as limpava na minha calça jeans. Ignorar os pensamentos sobre a satisfação de ter bebido era difícil, mas eu me prendia de novo, assim como no início, em coisas que me faziam bem. 

Estudar, a noção de que eu tinha feito uma amizade, a noção de que eu achava ter alguém novo.

Cinco dias tinham se passado desde que tive a minha crise no apartamento, e as cinco noites tinham sido passadas com Aquiles na minha cama. Ele deitado comigo, fazendo carinho na lateral do meu corpo e comentando como já tinha imaginado aquilo várias vezes. Me preocupava como a conversa dele ainda estava arrastada, assuntos se repetindo com facilidade, mas eu ainda me agarrava a ideia de que ele era assim, que não ia dificultar a minha melhora.

Minha mente se confundia no que eu já tinha dito ou o que eu realmente tinha feito. Estava vivendo novamente o mesmo caso de anos atrás e que eu tanto julgava e percebia em Aquiles. 

Aquela incerteza de ações, movimentos, rotinas e falas. 

Mas eu limpei de novo o suor das minhas mãos e segui prestando atenção no que o professor falava. Do meu lado, o único amigo que tinha feito, copiava o que o professor falava e o que eu anotava de observações no meu caderno. 

Matheus tinha estranhado o modo como eu estava me portando. Em suas palavras, "até mesmo a pessoa que quase ninguém gosta precisa falar". E eu contei pra ele a minha versão resumida. 

Contei que tinha bebido e a pessoa que eu morava, e que ele tinha conhecido, estava mexendo comigo há um tempo. E eu não sabia se o que eu estava fazendo era o certo. 

O que eu não tinha dito pra ele era que os momentos que eu estava tendo com Aquiles e sua atenção inconsequente se pareciam sim muito com os momentos que eu tinha com Lucas no início do nosso relacionamento. 

Respirando fundo, notei Matheus falando comigo enquanto guardava as suas coisas na mochila. O professor terminando mais cedo a aula. 

— Tá tudo bem, mesmo? — Ele perguntou, suas sobrancelhas cerrando. — Porque, assim, eu quero te escutar. Não precisa se fechar. 

— Tá tudo ok. — Respondi, dando de ombros. — Tem umas coisas que eu até prefiro não falar. 

— Vai se tornar mais realidade, né? — Ele afirmou, como se lesse meus pensamentos. 

— Exatamente. — Concordei, abrindo um sorriso e tirando uma mecha do meu cabelo que caiu na frente do meu rosto.  — Mas assim, a gente pode conversar como que eu posso melhorar nisso de amizade. Me conta o que tu anda fazendo. 

— Guria, nem te estressa com essa coisa de melhorar. — Falou, colocando um braço por cima dos meus ombros. — Amizade não é uma receita perfeita. 

Eu sorri pra ele, o fato de ele estar com o braço apoiado em mim não incomodando. 

Tinha que aprender sim a mostrar interesse, voltar ao normal de convivência sem precisar beber toda hora para me sentir à vontade. Matheus estava me mostrando que eu não precisava disso. Era outra pessoa que, mesmo não participando da promessa, me dava forças para continuar contando os dias. 

— Tu quer ir lá em casa esse final de semana? — Perguntei enquanto íamos descendo as escadas. — Eu estava pensando em fazer uma janta. Ou, no caso, pedir pra Aquiles cozinhar pra gente e mais uns amigos dele. 

— Amigos como aqueles ali? — Disse, rindo e apontando para algo além da área de entrada do prédio. — Porque, se for, eu acho melhor não. 

Não entendo direito, comecei a responder que as pessoas seriam o irmão de Aquiles e a namorada, mais uns outros dois amigos, mas então eu parei e realmente escutei o que ele tinha dito, a fala travando, minhas sobrancelhas se juntando, e meus olhos foram para onde ele estava apontando. 

Parado com Vênus e mais um menino, Aquiles estava tendo uma conversa que era baixa mas calorosa. Meus pés diminuíram a velocidade e Matheus sentiu naquele momento que não devia ter falado nada. 

Ele ainda vestia a mesma camiseta que tinha visto ele colocar naquela manhã, mas o rosto calmo não era mais o mesmo. No círculo deles, Vênus estava de costas para mim, usando uma calça larga jeans que tinha um rasgo bem na poupa da sua bunda, a camiseta que ela usava parecia ser transparente e ela parecia segurar algo enquanto gesticulava para Aquiles. 

O outro homem não fazia nada, só assistia a cena na sua frente: ela falando, Aquiles irritado e negando algo. 

— Acho melhor não irmos lá. — Matheus falou, se colocando na minha frente para que eu parasse de analisar ela e ele. Os dois, conversando, enquanto ela segurava um dos braços dele com força e ele cambaleava para conseguir ficar bem em pé. 

— Nós vamos até lá, sim. — Terminei a fala e não esperei o meu amigo, que ficou para trás questionando o que fazer. 

Meus passos não foram barulhentos, as pessoas não falaram nada para mim enquanto eu atravessava a entrada comprida do prédio, e quando eu cheguei perto o suficiente, encarei atrás de uma coluna os três, escutando. 

Era errado o que eu estava fazendo. Eu sabia. Mas o medo de aparecer do lado de Aquiles com ela ali era maior. Uma realidade das várias que nós dois estávamos fugindo. 

A proteção que eu sentia com ele debaixo dos lençóis, entre várias conversas, não era pra sempre. 

— Vocês precisam parar com isso. — Aquiles disse pra Vênus e eu não sabia o que "isso" era, mas ele parecia bem irritado. 

— Tu não é mais o mesmo com a gente. Cadê o nosso amigo, cara? — Ela perguntou, as mãos segurando mais forte ainda o seu braço. 

— Eu continuo o mesmo, só não consegui o que eu quero. 

— Mas larga de querer ela então. Eu to tentando mostrar pra ti que não tem futuro. — Ela falava como alguém que tinha propriedade no que eu e ele tínhamos, e eu me perguntei o que ela sabia. — A real é que nem tu sabe o que tu quer. 

— Eu sei. — Aquiles afirmou, e aos poucos meu peito começou a relaxar, quase decidindo sair do meu pequeno esconderijo, mas então o seu rosto falhou e das mãos dela ele puxou um frasco prata. 

Levando aquilo até a sua boca, Aquiles deu um gole sem certeza, e então outros dois onde seus olhos se fecharam com o prazer, prazer que fez eu voltar com as costas contra a coluna, me escondendo por completo e já sentindo as lágrimas nos olhos. 

Detestava ser sensível daquele jeito, mas não conseguia parar. 

Matheus, que ainda estava parado na entrada do prédio entre as portas, finalmente veio na minha direção, todos seguindo ele com os olhos, os loucos por drama e eu sendo como sempre a que fornecia o que eles desejavam. 

— Lívia, — Matheus disse assim que chegou perto de mim e eu levantei a mão para que ele não falasse mais nada, não querendo que Aquiles viesse até mim. 

Aquiles dizia e dizia de novo que ele não era meu ex, mas eu que deixava ele me tratar do mesmo jeito que o outro, porque a realidade era que os meus sentimentos não eram diferentes, e o medo de perder Aquiles era muito maior do que qualquer medo que eu sentia com Lucas. 

Medo que eu senti naquela hora, mas que não venceu a raiva em ver ele conversando com ela de novo. A raiva por entender que eu era o que ele queria, mas não quem ele queria o suficiente para melhorar. 

Respirando fundo eu saí de trás da coluna cheia de azulejos azuis, indo até o grupo deles e chamando a atenção do homem que dividia o apartamento comigo. 

Engasgando com o líquido que ele ainda tomava, não sabendo quando seria o suficiente, Aquiles arregalou os olhos, entregando o frasco para Vênus de novo e saindo de perto dos outros dois. 

Ele olhou o relógio no seu pulso, confuso por me ver no lobby àquela hora, tantos minutos antes, mas eu não deixei o fato de ele ser tudo o que eu queria, com o seu rosto confuso e os cabelos loiros arrumados, parar o que eu ia falar. 

Com a mão levantada eu implorei com meus olhos que ele me deixasse, e ele implorou com os dele que eu escutasse. Mas eu não deixei. 

Com a voz calma e trêmula, comecei. — Não se dá o trabalho de ir pra casa. — Pausei, a garganta começando a se fechar. 

— Lívia, sonho, só foi um gole. — Ele disse durante a minha pausa, e foi o suficiente para eu voltar. 

— Foi só um gole, foi tu voltando pra ela,— apontei para Vênus que sorria vendo aquilo tudo se dissipar. — é tu fazendo tudo o que ele fazia. 

— Eu não sou o merda do teu ex! — Aquiles falou, não controlando a sua voz e deixando aos berros cada palavra sair. 

Ele estava bêbado, desde o início, em cada momento. A diferença é que até ali a sua raiva não tinha vindo à tona, e eu dei um passo para trás, com medo do que ele ia fazer, não mais com medo de perder. 

Balançando a minha cabeça, vi o rosto dele cair. — Tu vem, faz o que bem entender, faz o que tu quer, e tu continua não escutando o que eu quero, o que eu preciso. — Senti as lágrimas começarem a cair, as pessoas na nossa volta olhando. — Tu não escuta os meus nãos.

— Eu te escuto, sonho. Por favor, eu sei o que tu quer, eu sei o que é melhor pra ti. — Aquiles falou, dando cada vez mais passos pra frente, na minha direção, e mais eu chorava. 

Eu ignorei as pessoas, só conseguia enxergar ele, o seu corpo, os seus olhos vermelhos de sempre e o modo como ele caminhava torto e sem força. 

— Tu acha que sabe o que é melhor pra mim, antes mesmo de eu saber? — Perguntei, mas não esperei resposta. — Mas me diz o que é melhor pra nós, Aquiles! Me diz, o que é melhor pra nós? Pra que eu fique bem? Pra que tu não beba? 

E mesmo esperando, eu não recebi resposta. 

Vênus estava começando a caminhar para o nosso meio, querendo afastar ele de mim, mas ele não prestou atenção, e foi ela aparecer, tocando o rosto dele e falando de novo que ele não sabia o que ele queria, que a dúvida foi plantada mais uma vez e eu aceitei. 

— Não se dá o trabalho de ir pra casa, — eu repeti, — só se for pra pegar as tuas coisas, já bem organizadas, e ir embora. 

— Lívia, sonh — ele começou, mas eu não fiquei para escutar uma última vez ele me chamando pelo apelido carinhoso. 


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