- Sim, hyung. Eu ainda sou apaixonado por ele – Taehyung murmurou enquanto tinha seus olhos voltados para o pequeno Yeontan. O príncipe Jeongguk retesou na cadeira grande e acolchoada, suspirando ao notar o quão tenso o clima havia ficado naquele instante, já que era uma pergunta realmente difícil de ser feita. – Eu tentei evitar, sabe? Foi um dos motivos pelo qual eu parei de ir até Busan. Claro que o trabalho aqui tem me mantido ocupado, mas eu também não queria estar sempre cruzando com Hoseok hyung pelos cantos. Era estranho... Nós dois somos alfas e ele é dez anos mais velho.
- Você tentar evitar logicamente não daria certo, Tae... paixão e amor não são coisas que podem ser evitadas. Ainda mais sabendo que você não é apaixonado por Hoseok, você o ama e isso é possível ver nos seus olhos. Claro, eu te conheço bem. O maior problema dessa história talvez não seja vocês dois serem alfas, mas eu sei que Seokjin hyung é um homem ciumento, mesmo que você seja um homem alfa – Jeongguk disse, olhando para seu melhor amigo com um olhar compreensivo. – Talvez o ciúme dele seja o maior empecilho, seus pais possuem uma admiração realmente grande por Hoseok hyung, já que ele é um homem jovem pra ser Coronel. Isso sem contar que por mais abobalhado que Hobi seja, ele é realmente um homem muito responsável.
- É, eu sei – Taehyung disse com um sorriso pequeno. Era notável o quanto ele admirava Hoseok, desde o lado brincalhão e divertido até o lado sério e profissional do alfa lúpus. O Jung tinha uma aura que passava confiança, e desde muito jovem, o príncipe Kim já mostrava-se bastante apegado ao Coronel. Mais precisamente, desde os treze anos de idade, quando o mais velho já tinha vinte e três. – Mas... eu acho que ele gosta do Yoongi hyung, não é? Os dois estão sempre discutindo, mas eu consigo ver o quão bem os dois ficam juntos. Eu amo o Hoseok hyung, mas não sou cego. Eu vejo que eles tem uma química.
Merda... Jeongguk havia esquecido totalmente de Yoongi, sendo que durante o dia passou o tempo todo sendo atormentado pelas incessantes brincadeiras de Hoseok com o ômega mais velho, e por um instante pôde até notar o surgimento de um pequeno sorriso no rosto do Min. Por mais que quisesse ajudar seu melhor amigo, o príncipe também não podia negar que juntos, o Coronel e o sub-conselheiro eram uma dupla que, apesar de serem polos opostos, tinham uma conexão. Era como se um fio os ligasse o tempo todo. Os dois poderiam até não ter nada, mas não era possível que houvesse somente amizade entre os dois. Possivelmente, existia alguma atração ou algo do tipo.
- Eu não sei como te ajudar Tae... realmente não sei – Jeongguk murmurou, se sentindo o pior amigo do mundo. Queria confortar o seu dongsaeng, queria abraçá-lo e dizer que estava tudo bem em se apaixonar por outra pessoa, no entanto, ficava um tantinho complicado consolá-lo através da tela de um computador. – Eu só espero que você venha aqui sem se importar se verá Hoseok o tempo todo. Ele anda ocupado, sabia? É difícil vê-lo fora do escritório. Eu não quero que pare de vir aqui por conta dele, eu sinto sua falta, fico sozinho a maior parte do tempo, ou estou trabalhando – disse o ômega, suspirando e apertando Cooky em seus braços. Em resposta, Taehyung sorriu grandemente e fez uma expressão levemente ladina.
- Está sozinho agora, terá vinte e cinco alfas só pra você em pouco tempo – disse o mais novo, arrancando um riso alto de seu hyung. – Vocês já formularam regras para a sua seleção? Vai que entra uma menina. Já pensou? – perguntou e Jeongguk franziu o nariz, não em uma careta de nojo, mas em uma expressão que dizia: “Será que alguma mulher ousaria?” – Você se lembra de quando a princesa da província de Seul tentou te arrastar para um encontro? Vai que acontece a mesma coisa durante a seleção. Mesmo que eu imagine que você já tenha dito para Yugyeom hyung que você não quer mulheres nessa “competição”, talvez seja necessário usar isso como parte do regulamento.
- “Proibida a participação de mulheres”? “Apenas homens”? Não faço ideia do que usar como desculpa. De qualquer forma, imagino que as mulheres do reino já estejam cientes de que eu sou gay, muito gay, completamente gay, gay ao quadrado, homossexual, essas coisas. Só não sei se as mulheres dos reinos vizinhos estão cientes disso também – Jeongguk disse fazendo um bico extremamente adorável e Taehyung pareceu ficar confuso por um tempo. – É, não serão somente homens de Busan que poderão participar, assim como não serão somente pessoas de castas menores que dois. Aparentemente até mesmo nobres de Casta 1 e 0 poderão participar.
- De verdade, te desejo sorte. Dependendo dos nobres que entrarão, você vai ter uma tremenda dor de cabeça – o mais novo disse pensativo e por um momento pensou nos alfas que estariam na seleção. Imediatamente sentiu pena deles, pois conhecia perfeitamente seu melhor amigo e sabia que se Jungkook pegasse birra com um deles, este pobrezinho estaria ferrado, a não ser que tivesse uma personalidade forte. – Quer saber, acho que vou me inscrever pra essa seleção e vou me empenhar o máximo pra conquistar você, hyung – Tae disse com seriedade e Jeongguk riu. Logo Taehyung também acabou rindo e com a agitação, Yeontan latiu histérico.
- Você já tem meu coração a muitos anos, Taetae. Na verdade, eu teria me casado com você à anos se você fosse um alfa lúpus – Jeongguk disse e Taehyung sorriu grandemente com a confissão do melhor amigo. Era legal saber dessas coisas. – Tae... já é tarde, eu preciso dormir, amanhã acordo bem cedo de novo. Eu espero que você fique bem, e siga meu conselho! Por favor, não deixe de me ver por Hoseok hyung. Você pode vir ver nós dois, o que acha? – o príncipe falou com calma e o rosto do mais novo ficou um pouco tenso, mas ele logo sorriu e concordou. – Durma bem. Amanhã à noite eu te chamo de novo. Amo você – falou, se despedindo e desligou a chamada, fazendo o mesmo com o computador em seguida.
Após passar um tempo pensando em Taehyung, Hoseok e Yoongi, Jeongguk começou a pensar a respeito da seleção. Vinte e cinco alfas literalmente se enfrentariam, como numa guerra silenciosa para obter o coração – e o corpo – do ômega lúpus. Haveriam tantas personalidades diferentes que seria difícil evitar alguma briga, por mais que discussões fossem contra o regulamento. Não sabia quanto tempo aquilo iria durar, não sabia sequer se o homem certo para si estaria entre os selecionados, porém tinha agora a mensagem que seu melhor amigo o havia passado. Mesmo sendo um ômega turrão, alguém iria amá-lo daquela forma, e se os deuses permitissem, Jeongguk iria amá-lo de volta.
A Seleção
É com imensa satisfação e alegria que os reis Jeon – Kunpimook e Yugyeom – solicitam a ajuda dos moradores locais e de reinos vizinhos para a primeira seleção matrimonial do reino de Busan! Basicamente, tal seleção irá decidir quem será o futuro esposo do príncipe – Jeongguk – e logo, o novo Rei. Vinte e cinco alfas lutarão pela conquista do coração do príncipe, quem será o escolhido pelo mesmo? Talvez você!
Para saber melhor a respeito, por favor, se dirijam até os estabelecimentos comerciais mais próximos e leiam atenciosamente o regulamento antes que possa realizar a inscrição. Tenham todos uma boa sorte!
Att., Kim Jongdae e Min Yoongi, conselheiros reais
O jovem lúpus ficou observando o papel por um longo tempo, pensando no quão repentino havia sido aquela decisão dos reis. Obviamente não iria questionar, os reis sabiam perfeitamente o que faziam, o garoto só havia sido pego de surpresa. Por um momento, pensou no quão mágico seria se ele se inscrevesse nessa seleção. Iria poder ver o príncipe todos os dias e somente isso já seria considerado sorte, mais sorte teria se pudesse conquistar o coração do jovem ômega. Blah, isso já é sonhar alto demais, e é como dizem: quanto mais alto o sonho, maior o tombo. Por sorte, o alfa tinha os pés fixos no chão.
Haviam muitas pessoas próximas se si naquele momento, tanto que o Park estava espremido em meio a tantos alfas homens e mulheres diante daquele pergaminho. Todas as pessoas que estavam na rua naquele momento só falavam naquilo, alguns alfas até se gabavam, dizendo que com certeza iriam se inscrever para que pudessem ter para si o corpo do príncipe, o ômega lúpus. Os comentários que o jovem ouvia eram nojentos, alguns poucos possuíam seriedade, o resto possuía verdadeiros resquícios de desrespeito para com o príncipe Jeongguk, que era alguém tão jovem para ter comentários naquele nível ao seu respeito.
- O que tanto encara parado aí, Jimin oppa? – perguntou Seulgi, a irmã mais nova do alfa lúpus. A diferença de idade entre os dois era de quase três anos, a beta tinha dezessete anos e o mais velho tinha dezenove, logo completaria vinte. Inclusive a pequena tivera sorte um tanto antes do irmão: em breve iria se mudar para outro reino para viver com uma amiga, o faria com o dinheiro que juntara trabalhando de forma árdua. No entanto, tinha que resolver algumas coisas antes de se mudar. – Oh... o que é? Papel bonito, caligrafia bonita, também, por mais que não seja parecida com a do rei. Queria que você tivesse tempo pra me ensinar a ler...
Era um tanto raro que pessoas da sexta Casta fossem alfabetizados. Geralmente os mais pobres do reino eram nascidos somente para se responsabilizarem pelos trabalhos braçais, e por essa razão não possuíam condições de estudarem. Park Jimin era uma exceção. Conhecido desde o início da adolescência por ser um garoto muito doce e educado – o que até mesmo confundiu os mais próximos, pois ao atingir a maturidade revelou ser um alfa lúpus –, o jovem conquistava os corações por onde passava, inclusive o de um padre chamado Shindong, este que já havia falecido.
Padres e nobres militares ou duques faziam parte da Casta Um. Shindong havia repassado para Jimin mais da metade de seus conhecimentos, iniciando as aulas ao garoto quando este tinha somente oito anos de idade. A mãe do alfa sentiu-se lisonjeada e orgulhosa do filho quando o ouviu falando em japonês pela primeira vez, ou quando o garoto leu à ela alguns contos ocidentais. Muitas vezes a velha Hyerin chorou por seu esposo não poder ver que seu primogênito estava desviando-se do ciclo vicioso de um Casta Seis. O pai de Jimin faleceu quando este tinha dois anos de idade devido à uma pneumonia, deixando a esposa grávida e o filho pequeno para trás.
- Eu também queria ter tempo para te ensinar, você aprenderia rápido – sorriu docemente para a irmã e deslizou as mãos calejadas pelos cabelos negros e longos da mesma. – E quem escreveu esse comunicado foram Kim Jongdae-ssi e Min Yoongi-ssi. Parece que estão “recrutando” pretendentes para o nosso príncipe – Jimin disse com suavidade, sentindo Seulgi enlaçar sua cintura com os braços, abraçando o irmão. O alfa leu para a beta o comunicado dos conselheiros e depois pensou bem antes de falar algo. Sabia que Seulgi lhe daria o conselho perfeito, a mais nova era tão sábio quanto ele. – Se eu me inscrevesse...
- O príncipe iria desmaiar só em ver você, oppa. Você é muito, muito bonito – a mais nova disse com seriedade e Jimin sentiu as bochechas esquentando. Fez um “tsc” com a boca e desviou o olhar, recebendo um cutucão na cintura. – É sério, você é lindo. Além de ser muito esforçado e educado, você também tem um caráter puro, e isso te deixa ainda mais bonito ainda. Você tem todo o meu apoio se quiser se inscrever nessa seleção – disse a garota, encostando a cabeça no peito do irmão mais velho. – Até porque tem que ser muito doido pra não se interessar por você – disse casualmente, arrancando uma gargalhada de Jimin.
- Eu sequer conheço as regras, meu anjo. Precisava saber se há alguma restrição de Castas. Sabe, somos os mais inferiores do reino... Sem contar que com certeza muitos homens muito mais ricos e inteligentes irão se inscrever, você pode ter certeza. Isso me deixa bastante inseguro, eu sou apenas um Seis que por alguma ironia do destino acabou estudando e se vestindo um pouquinho melhor por saber gastar direito o pouco dinheiro que ganha – Jimin disse com súbito desânimo, voltando a olhar para o pergaminho colado naquela parede de um bar qualquer. Logo os dois começaram a caminhar para alguma parte que houvesse sol, já que estava um tantinho frio.
- Você não vai desistir só por isso, vai? – Seulgi disse fazendo uma careta. Estava estranhando a atitude do mais velho. – Jiminnie, você não é do tipo que se importa com os “melhores” que você. Eu exijo que você pegue esse bendito formulário, leia o regulamento e se inscreva nessa seleção, e nem precisa fazer isso tudo nessa ordem que eu estou pedindo. Vamos lá, oppa, você não vai desistir. Precisa ao menos tentar. Se você tenta fazer algo, mesmo que dê errado, já vale a pena. O pior é desistir e nunca saber se teria conseguido ou não. Quer ficar o resto da vida se lamentando por ter perdido uma chance dessas?
- Eu odeio como você está sempre tão... irritantemente certa em tudo – Jimin disse cerrando os maxilares dramaticamente. – Eu irei trabalhar e assim que sair do trabalho, prometo que irei em algum lugar para ler esse bendito regulamento e se eu puder, pegarei o formulário. Tudo bem? – disse, se afastando da irmã, já que o trabalho agora o chamava. – Obrigado por mais inteligente e sábia que eu, sem você eu não saberia a diferença entre direita e esquerda. Seu irmão é um babão ciumento, mas eu amo você. Não se esqueça disso em momento algum, Seulgi-ah – disse e beijou a testa da irmã mais nova, que sorriu e seguiu seu caminho, também para o seu trabalho. O Park mais velho observou a irmã dobrar a esquina para então se rumar ao seu trabalho.
Como de costume, Jimin cumprimentou seus patrões com um sorriso no rosto e fez seu trabalho com muito empenho, no entanto, sua mente estava bem longe dali. Estava mais precisamente no castelo de Busan e no príncipe que vivia ali. Tudo o que sabia sobre Jeon Jeongguk era que o ômega era mais velho que si e que era um lúpus. Também sabia que tudo o que via sobre o mais velho era dono de uma beleza estonteante, e que as fotos não fazem jus a sua real beleza. Isso agitava o alfa e o mantinha atiçado a realmente se inscrever, mas o que lhe travava era a pergunta que repetia a si mesmo: “Vale mesmo a pena?”
No fim das contas, após deixar o trabalho, Jimin acabou passando em um comércio qualquer para saber melhor sobre a seleção. Cumprimentou um senhor já de idade – possivelmente o dono do estabelecimento – e pediu a ele a folha do regulamento para a seleção organizada pelos reis e pelos conselheiros do reino. Em certo momento se perguntou se aquilo era mesmo o certo a se fazer, porém em seguida se lembrou de que sua irmã sempre tinha os conselhos certos. Sentou-se em uma cadeira e começou a ler calmamente cada regra presente ali. Por algum motivo desconhecido por si, estava bastante nervoso, e a cada palavra lida, Jimin ficava ainda mais balançado.
A Seleção – REGULAMENTO: regras e perfil do selecionado
Exatamente quinhentos formulários serão distribuídos nas maiores províncias asiáticas. Dos quinhentos candidatos, apenas vinte e cinco serão selecionados para fazer parte do grupo de alfas que passará uma longa estadia no castelo, ao lado dos reis e obviamente, do príncipe.
[
regras]
• manter sempre a compostura quando estiver diante dos reis e do príncipe;
• durante as refeições, certifique-se de chegar até a mesa antes dos reis;
• proibidas discussões. Discriminação por castas pode levar a advertência;
• três advertências = expulsão;
• os cinco primeiros eliminados serão automaticamente rebaixados para a Casta Quatro (os que já forem da Casta Quatro, subirão para a Casta Três).
[perfil do selecionado]
Os requisitos básicos para que seja um selecionado são:
•
ter nascido entre 1988 - 1998;
• ser do gênero masculino;
• alfa lúpus;
• não possuir ficha criminal.
Castas não serão fator de classificação, afinal de contas, dentro do castelo os selecionados automaticamente perdem suas castas e só retornam a elas caso sejam eliminados.
Após ler o curto regulamento, Jimin se sentiu mais calmo. Aparentemente o príncipe quis deixar bem claro para as mulheres alfas que ele gosta de homens, pois colocar no regulamento o requisito de que o selecionado deveria ser um homem era bastante ousado. A respeito das regras, nada pareceu exagerado ao ver do alfa lúpus. Não pareciam ser regras muito difíceis de serem seguidas – ao menos não por enquanto – então o alfa se decidiu, logo se levantando e entregando a folha do regulamento ao dono do estabelecimento. O mais velho então caminhou devagar ate um pequeno baú de madeira e retirou de lá um pergaminho amarelado propositalmente e o entregou à Jimin.
- Então, irá tentar a sorte de conquistar o príncipe ômega, huh? – perguntou o senhor, num tom de voz cansado e rouco. Jimin sorriu e segurou uma caneta, olhando bem para cada parte que teria de preencher, suspirando e tentando conter a mão trêmula. Mas o que diabos estava acontecendo com o seu corpo, afinal? – Eu até consigo entender o motivo de você estar tremendo tanto... Dizem que Jeon Jeongguk é um dos príncipes mais belos entre os onze reinos vizinhos. E você também já deve saber o que dizem dos ômegas lúpus... o tipo de ômega mais cobiçado e raro. Será um sortudo somente ao ser selecionado, quem dirá se conseguir se casar com ele...
- Não há nenhum problema em sonhar com algo, há? – Jimin disse sorridente, começando a preencher o formulário. – O príncipe tem a face de um anjo. E eu sei exatamente o que dizem dos ômega lúpus. Sei que possuem o perfume várias vezes mais atraente do que o de um ômega comum, que possuem o corpo diferente e que também podem usar uma voz dominante. De qualquer forma, estou me inscrevendo somente esperando a sorte. Sabe, eu sou um Seis, não imagino o príncipe me observando ou querendo qualquer coisa comigo. Se eu for selecionado, obviamente tentarei conquistar o coração do príncipe. Se eu for eliminado... ao menos terei visto a beleza dele de perto.
- Você... é um Seis? – perguntou o comerciante, chocado. Logo o velhinho sorriu de forma sonhadora. – Oh... as coisas estão evoluindo. Se tudo prosseguir dessa forma, logo não teremos mais Castas. Todos seremos iguais, os que trabalharam e juntaram seu dinheiro viverão com ele sem sofrerem preconceitos, os mais ricos não serão sempre os privilegiados... Parece realmente belo, não é? – disse o velho alfa, sorrindo pacientemente para Jimin. O lúpus deixou de prestar atenção ao seu formulário para fitar o rosto sonhador do outro. – Infelizmente, não sei se estarei vivo até isso acontecer. Veja bem, se você se tornar rei, lute pelos mais pobres, viu? Lute pelo seu povo.
- Eu... me tornar rei? – Jimin perguntou e depois riu desconcertado. – Oh, meu senhor... no momento, eu só quero ter a sorte de me tornar um dos selecionados. Me tornar rei é realmente um sonho grande demais, aliás, é um sonho que não tenho. Mas, de qualquer forma, não irei me esquecer do seu pedido, tudo bem? – perguntou o Park, voltando a preencher o formulário e agora sorrindo abobalhado. Havia se apegado àquele senhor, e agora a questão que o mesmo havia levantado se tornava um ponto de reflexão na mente de Jimin. O fim das Castas seria algo bom para o reino? Era algo a ser considerado e estudado...
Com certeza não conseguiria dormir depois daquela conversa com o senhor. O alfa lúpus era alguém que não podia pregar os olhos caso estivesse pensativo demais ou com a mente cansada, e naquele dia em especial, estava dos dois jeitos. Passaria a madrugada toda pensando no que faria caso fosse classificado para a seleção e também no que o velhinho havia dito sobre as castas. Teria uma madrugada turbulenta... Logo, Jimin terminou de preencher as duas páginas de pergaminho do formulário e entregou em seguida ao comerciante, sorrindo e acenando em agradecimento. Ao virar-se de costas, ouviu o senhor chamando-o.
- Park Jimin... eu estou torcendo por você, garoto – disse o senhor, lendo o nome do alfa no formulário e em seguida sorrindo grandemente para Jimin, que agora não sabia bem como responder. – Na verdade... tenho quase certeza de que você ira vencer essa seleção, é... eu sinto que você irá se dar bem. É o que eu espero, ao menos – disse ainda sorrindo e se virando de costas para o alfa. O mais novo então voltou para perto do balcão, onde viu o senhor guardando o formulário dentro de um envelope, provavelmente para enviá-lo depois.
- Por que torce por mim, senhor? Eu não sinto como se merecesse tanta sorte... – Jimin murmurou. O velhinho sorriu novamente ao se virar de frente para o alfa, fitando os olhos inocentes e doces. Somente pelo cheiro forte e exótico que mesclava algo amadeirado como uísque e cítrico como limão (além de ter um leve toque de alfazema, o que era incomum) o notou que o garoto era um alfa lúpus, o que lhe era bem novo já que aquele jovem era... diferente.
- Porque eu sou um velho que sabe reconhecer de longe quando alguma pessoa é boa. E você com certeza é um rapaz bom demais, pessoas boas merecem toda a sorte do mundo, merecem toda a paz e enquanto você for um garoto de Casta Seis, você não poderá ter o que merece. Por isso eu digo, você irá longe nessa seleção. Basta ter fé em si mesmo e lembre-se: seja bom.
Jimin não sabia exatamente o motivo, mas de repente, a confiança lhe tomou. Lutaria pelo amor do príncipe.
Lutaria por Jeongguk.