angelic ・ jikook

By babysunchild

16.6K 2.3K 2.8K

Tímido, solitário e infeliz. Era assim que Jeon Jungkook se definia. Vivendo em uma pequena casa em um bairr... More

・ avisos ・
1 ・ sorrowful
2 ・ trust
4 ・ alliance
5 ・ stillness
6 ・ desirable
7 ・ sensitivity

3 ・ novelty

1.8K 289 284
By babysunchild

👼

Já acomodados no assento do ônibus que nos levaria diretamente para o meu trabalho não perdi tempo em perguntar tudo o que eu tinha na minha cabeça. Durante o dia todo eu pensei nas milhões de perguntas que eu queria fazer. Convenhamos, não é todo dia que seu anjo da guarda aparece pra você e eu não ia desperdiçar a oportunidade de sanar toda a minha curiosidade.

─ Então os outros podem te ver assim como eu te vejo? ─ era a primeira entre as muitas perguntas que eu tinha a fazer.

─ Sim ─ Jimin disse complacente ─ Quando eu tomei a decisão de vir até você eu concordei com isso.

─ E como fica todo esse plano espiritual? ─ falei como se eu entendesse alguma coisa mas eu não podia estar mais confuso do que estava ─ Antes você era tipo um espírito ou fantasma que me assombrava?

─ Oh, não, Jungkook ─ riu da minha ingenuidade ─ Espíritos são outra coisa. Anjos da guarda protegem você sem se manifestar, são eles que te guiam a fazer as coisas certas.

─ E você está aqui pra fazer isso? — perguntei incerto — Me guiar a fazer a coisas certas.

Jimin desviou os olhos do ponto fixo que observava e passou a me encarar.

─ Você é um menino bom, Jungkook, só precisa cuidar daqui de dentro ─ encostou as mãos pequenas em meu peito e eu senti meu coração acelerar ─ Pra você ser feliz você tem que cuidar desse coraçãozinho. Se amar e permitir ser amado são os primeiros passos.

Nunca ninguém tinha me dito algo do tipo, mas era a verdade e estava sendo dita na minha cara. Com o passar dos anos eu me vi desmoronar diariamente, mas nunca me preocupei comigo mesmo, afinal, eu não podia decepcionar minha família. Eu nunca parei para pensar em mim. Jungkook era apenas um personagem que as pessoas pensavam que conheciam, mas quem era o verdadeiro Jeon Jungkook? Nem eu mesmo sabia.

A máscara que eu usava todos os dias mostrava um garoto que apesar de todas as dificuldades era forte e enfrentava tudo com a cabeça erguida, mas a realidade era totalmente diferente. Eu era apenas um adolescente quebrado que chorava toda noite e que não aguentava mais viver. Isso ninguém sabia e eu estava disposto a esconder o meu verdadeiro eu pelo tempo que fosse. Ninguém merecia conhecer o lado fraco e sensível de Jeon Jungkook.

E foi por isso que eu me afastei de todos. Eu não tinha amigos com medo de que eles descobrissem demais sobre mim. A única vez que eu me abri emocionalmente para alguém ele se voltou contra mim e usou tudo o que sabia para me humilhar. Depois disso, eu me fechei completamente. Não podia contar os meus problemas para minha mãe, eu seria mais um fardo e eu sabia que ela já carregava cargas pesadas demais. Junghyun era pequeno demais e não merecia sofrer pelos problemas do irmão mais velho, afinal, o meu dever era o proteger e não o atormentar com meus demônios internos.

Mas agora eu tinha Jimin, que me conhecia e sabia de cada uma das minhas imperfeições e defeitos. Não posso negar que me senti vulnerável, mas ele pediu que eu confiasse nele e eu confiava.

─ Jungkook? ─ me chamou. Os meus pensamentos reflexivos tinham me feito parar no tempo e quanto minha cabeça ia pra outro lugar eu não fazia nada além de fixar meus olhos em um ponto qualquer e fugir da realidade ─ Você tem mais alguma pergunta?

─ Anh? ─ falei quando saí do transe ─ Sim, claro, é.. você... ─ por algum motivo todas as perguntas que eu tinha elaborado sumiram da minha cabeça ─ Por que você não tem asas?

─ Oh! ─ Jimin sorriu em surpresa ─ Você realmente está curioso pra saber isso, não é? ─ concordei balançando a cabeça pra cima e pra baixo, afinal das contas na minha imaginação e influenciado pelos desenhos que eu assistia quando criança sempre imaginei que os anjos eram bonitos, nesse ponto Jimin se encaixava, tinham asas e voavam ─ Eu tinha asas mas eu tive que abrir mão delas.

─ Como assim? Por que você fez isso? Acho que se eu fosse anjo eu nunca abriria mão das minhas asas. Dever ser demais voar ─ era verdade tanto que o meu superpoder favorito desde criança era o de voar. Eu não conseguia pensar na possibilidade de poder voar e desistir disso.

─ Eu abri mão para vir cuidar de você, Jungkook ─ falou finalmente.

─ Oh... ─ eu não tive nem reação. Ver alguém fazer algo por mim era novidade ─ Mas você vai ter elas de volta?

─ Enquanto eu estiver aqui, não ─ Jimin parecia não ter um pingo de arrependimento ─ É uma das consequências com as quais eu tive que arcar, Jungkook, mas você vale a pena. Não se preocupe.

─ Consequências? Mas que consequências? Você não vai morrer ou algo do tipo não, né? ─ perguntei preocupado e só de pensar na possibilidade senti meu corpo congelar.

─ Não é bem assim ─ disse tentando montar as palavras certas ─ Quando um anjo toma forma humana ele se torna parcialmente humano também, ou seja, ao mesmo tempo que eu tenho uma natureza angelical eu tenho uma natureza humana.

─ Então você sente tudo que um ser humano sente? ─ perguntei interessado em saber mais sobre meu anjo da guarda.

─ Sim, Tudo ─ deu uma longa pausa antes de continuar ─ Eu estou aqui para te proteger e cuidar de você, mas para que isso funcionasse eu tive que me tornar parte humano e assumir com as responsabilidades que isso implica. Ter que me preocupar com o que eu vou comer, vestir, sentir frio, calor, ficar feliz, triste e a pior parte — deu uma pausa — não poder voar.

Jimin deu mais um de seus sorrisos que fazia com que seus olhinhos ficassem pequenos e eu senti toda tensão transmitida por suas palavras se esvair.

─ As asas — falei — Quando você vai ter elas de volta?

─ Quando chegar a hora eu as terei de volta — falou desviando o olhar do meu.

─ Ufa ─ completei aliviado — Eu não ia conseguir viver com a culpa de você ter perdido as suas asas e não poder voar por causa de mim. Deve ser libertador, não é? Voar...

─ É uma das melhores sensações que eu já senti ─ Jimin fechou os olhos como que estivesse visualizando algo e depois de um bom tempo perguntou: — Mas então, mais alguma coisa que você queira saber?

─ Ah, sim... ─ disse um pouco constrangido ─ Você vai me seguir até quando eu for no banheiro?

─ Oh, não, Jungkook ─ Jimin deu uma gargalhada ─ Você vai poder fazer as suas necessidades sozinho ─ suspirei em alívio. Apesar de saber de que quando ele não era parte humano observava cada um dos meus movimentos, inclusive quando eu estava no banheiro, não me deixava tão encabulado como agora que ele estava corpo presente ─ Um dos efeitos da existência da minha parte humana é que eu não vou poder ficar com você o tempo todo e eu me preocupo um pouco, mas eu confio em você, Jungkook, e sempre que eu puder eu vou estar aqui ao seu lado.

Fiquei alguns momentos sem falar nada, só analisando cada uma de suas palavras e como isso tinham um impacto na minha vida. Por muito tempo eu acreditei estar sozinho, mas ele sempre esteve lá. Sempre. E mesmo que eu falasse em voz alta eu podia sentir que algo me protegia para que coisas piores não acontecesse e esse "algo" era Park Jimin.

─ Se você quiser viver como uma pessoa normal vai ter que trocar essas roupas ─ falei depois de instantes, apontando pra veste brancas com pequenos pontos luminescente ─ Essa combinação denuncia completamente que você é um anjo.

─ Oh... ─ Jimin disse assustado olhando para a própria roupa ─ Eu acho que eu preciso de um emprego. Eu não posso me passar por ser humano usando as minhas vestes celestiais.

─ Eu gosto. Elas te deixam bonito ─ falei sem pensar e um segundo depois senti minhas bochechas corarem.

Um dos meus defeitos era falar sem pensar e mais uma vez eu passava vergonha por causa da minha boca grande.

─ Você é fofo, Jungkook ─ falou em meio ao um sorriso enquanto apertava minhas bochechas avermelhadas ─ Mas eu preciso realmente me adaptar a moda atual.

─ Você precisa mesmo trabalhar? — falei contrariado ao constatar a sua declaração anterior — A situação lá em casa não é a das melhores mas eu consigo convencer a minha mãe a deixar você ficar lá.

─ E como você ia explicar que levou um completo estranho pra morar dentro de casa — Jimin disse receoso.

─ Você não é um estranho, é meu anjo da guarda — falei enquanto gesticulava com as mão como era óbvio.

─ Mas ela não sabe disso, Jungkook — falou conformado —Além do mais, o seu pai não iria gostar também.

─ Jimin, mas eu- ─ tentei falar, mas fui interrompido.

─ Chegamos ─ ele disse se levantando e andando até a porta da saída ─ Hora de trabalhar.

Ao sair do veículo senti a temperatura congelante do final do inverno. Jimin, que andava na minha frente, tremia de frio. Corri para o alcançar enquanto tirava meu casaco e cachecol. Suas roupas eram feitas de um material visivelmente caro, mas não eram muito eficientes em aquecer.

─ Jimin, você vai congelar. Vista isso por favor ─ coloquei o casaco em seus ombros e o cachecol em volta do seu pescoço.

─ N-Não p-precisa s-se preocupar ─ os dentes dele rangiam devido ao frio.

─ Você vai ter uma hipotermia ─ insisti enquanto via seu corpo pequeno tremer e o puxei pelo braço para que chegássemos mais rápido na loja de conveniência.

Peguei as chaves e abri o estabelecimento ajustando rapidamente o aquecedor que pelas péssimas condições do local não estava funcionando corretamente. Senti meu corpo esfriar e Jimin percebeu meu rosto perder a cor.

─ Vamos dividir então, Jungkook ─ Jimin falou vestido com o casaco e estendendo a mão com o cachecol ─ Não quero que você adoeça.

O encarei por uns segundos pensando se era a opção certa a se fazer, mas depois da sua insistência acabei por pegar o pano e enrolá-lo em meu pescoço.

Depois de perceber que a temperatura do meu corpo estava finalmente voltando ao normal olhei em volta. A loja estava vazia a não ser por mim e por Jimin, que andava distraidamente pelos corredores

Me posicionei atrás do balcão que na noite anterior eu tinha sido arremessado. Levei minha mão até minha barriga ainda sentindo o hematoma e a dor causada pelo impacto. Fechei os olhos e respirei fundo. Eu não podia ser fraco agora. Apesar dos traumas que eu já tinha passado nesse lugar eu não podia simplesmente ir embora. Minha mãe e Junghyun. Eles precisavam de mim.

Abri os olhos lentamente e vi Jimin me observando com um sorriso tranquilizador nos lábios enquando se debruçava no balcão.

─ Vai ficar tudo bem, Kookie ─ era a primeira vez que ele me chamava pelo apelido que a minha mãe tinha me dado na infância ─ Ele não vai voltar. Você está seguro agora ─ senti suas mãos pequeninhas segurando as minhas ─ Oh, céus! Suas mãos estão realmente geladas. Eu vou resolver isso.

Esfregou os dedinhos pequenos contra a palma da minha mão enquanto assoprava delicadamente e o hálito quente se chocou contra as pontas dos meus dedos.

Ainda era estranho ver alguém se preocupar comigo. Sempre foi só eu, Jungkook, tendo que cuidar de mim mesmo. E eu era péssimo nisso, mas Jimin parecia fazer esse trabalho perfeitamente.

─ Pronto, agora as suas mãos estão quentinhas ─ o loiro as segurou com mais força ainda inclinado contra o balcão.

─ Obrigado ─ disse sem jeito. Eu demoraria a me acostumar com esse tipo carinho, ou não. Era bom e eu me sentia especial.

─ Você acha que o seu chefe me contrata? ─ falou com os olhinhos esperançosos depois de um tempo refletindo ─ Eu preciso de um emprego e se for um que eu possa ficar perto de você é melhor.

─ Acho difícil ─ falei com todo cuidado para não desapontar meu anjo ─ Ele é bem pão duro e só me contratou porque eu aceitei receber bem menos que um funcionário comum.

─ Nem mesmo se eu usar meus charmes? ─ Jimin levantou uma sobrancelha provocante e logo depois caiu na risada. Até agora eu não tinha visto esse lado Jimin. Ele podia, definitivamente, conquistar tudo o que quisesse com seu charme ─ Amanhã quando você for pra escola eu procuro alguma coisa.

E com isso a porta da loja foi aberta e Jimin se afastou levando suas mãos quentinhas junto com ele.

Duas horas haviam se passado e alguns clientes já haviam entrado e saído da loja, mas toda vez que a porta era aberta meu coração disparava pensando que era o bêbado da noite anterior, mas, felizmente, ele não apareceu.

Para me distrair eu observava como Jimin olhava tudo atentamente. Passando pelos corredores e tocando em cada embalagem e pacote.

─ É muito bom fazer parte do plano físico ─ o menor declarou quando restou apenas nós dois no estabelecimento ─ quando eu vivia lá no céu eu não fazia ideia de como era sentir as coisas.

─ Você não era real então? ─ perguntei confuso com a afirmação.

─ Ah, eu era tão real como eu sou agora, Jungkook ─ disse com uma falsa decepção e eu ri do biquinho que se formou em seus lábio quando ele fingiu ficar com raiva ─No plano espiritual nós somos parte de algo maior. Algo que transcende a vivência humana ─ parou e analisou um pacote vermelho de salgadinho.

─ Você quer um? ─ perguntei ao perceber sua vontade ─ Eu pago.

─ Oh, não, Jungkook. Eu não estou com fome ─ ele falou mas o ronco alto vindo de sua barriga revelou a mentira.

Caminhei até a estante, peguei o salgadinho e abri, fazendo com que Jimin fizesse mais biquinho.

─ Coma, por favor ─ mesmo depois de negar várias vezes ele concordou. O loiro segurou o pacotinho com uma das mãos enquanto com a outra tirava um dos salgadinho de forma triangular e levava até a boca.

─ Isso é muito bom ─ colocou mais um montante na boca e eu ri com a sua descoberta.

Já era de se esperar que Jimin estivesse famindo. Afinal, eu só ofereci uma maçã na hora do almoço e toda essa condição de ser humano era novidade pra ele.

No período em que eu não trabalhava era normal eu não comer para deixar para Junghyun. Então, eu já estava acostumado a passar longas horas sem comer, mas Jimin não.

Comer salgadinho era algo tão comum, mas era a primeira vez dele. Imaginei como seria presenciar todas as primeiras vezes de Jimin. A primeira mordida em uma pizza, a primeira neve, a primeira vez ao entrar no mar. Eu queria mostrar o mundo pra ele, mas na situação que eu estava o máximo que eu podia era lhe dar um pacote de salgadinhos e me divertir com a sua reação.

Pela primeira vez desde que eu comecei a trabalhar, o turno passou rápido e já eram dez horas, hora de ir pra casa. Arrumei o restante das coisas da loja de conveniência e agradeci aos céus por nenhum bêbedo assediador ter aparecido.

Vi Jimin tirar meu casaco e o colocar em cima do balcão e se direcionar até a saída.

─ Jimin? ─ chamei ─ Onde você está indo?

─ Eu vou procurar um lugar para passar a noite. Um abrigo ou algo do tipo ─ falou despreocupado.

─ O que? Não, Jimin, não ─ falei quase em um grito desesperado — Você vem pra casa comigo

─ Jungkook, eu já disse. O seu pai... — Ele estava decidido e só de imaginar meu anjo da guarda andando sozinho pelas ruas violentas de Seul meu coração parou.

─ Ele não vai saber, eu prometo — só havia angústia em minha voz —Jimin, por favor, é perigoso andar pelas ruas sozinho à noite. Vem comigo, só por hoje ─ insisti.

Jimin ponderou por alguns segundos e então cedeu. Ele iria para casa comigo.

Arrumei as minhas coisas rapidamente e saí da loja de conveniência, agora acompanhado de Park Jimin.

O ônibus não demorou muito e assim que ele chegou entramos e seguimos em direção a minha casa.

Eu podia passar uma cara confiante para Jimin, mas ele sabia que eu estava com medo. O mesmo medo que eu tinha todos os dias quando eu voltava pra casa. Ele me conhecia e eu não podia esconder isso dele.

Eu já ia perguntar algo quando percebi que seus olhos estavam fechados e sua respiração estava leve. Ele estava dormindo. Eu não sabia muito bem como funcionava essa passagem do mundo espiritual para o mundo físico, mas pela exaustão de Jimin devia ser cansativo.

Durante o percusso, meu anjo da guarda se movimento e acabou por apoiar a cabeça no meu ombro direito fazendo com que eu sustentasse todo peso do seu corpo. Eu não tive coragem de o tirar dali, ao contrário, recostei minha cabeça no topo da sua.

Quarenta minutos se passaram e nós finalmente chegamos. Acordei Jimin suavemente para que ele não se assustasse. Saímos do ônibus e caminhamos até minha casa. Eu estava ansioso e mal conseguia respirar. O que eu faria se meu pai visse o rapaz desconhecido na nossa casa? Eu não conseguia imaginar o desastre que ia acontecer.

─ Vai dar tudo certo ─ falei para mim mesmo antes de abrir a porta da frente.

─ Vai dar tudo certo ─ ouvi Jimin repetir atrás de mim.

Como sempre, entrei na ponta dos pés, mas diferente do dia anterior a casa estava silenciosa. Caminhei até a sala onde meu pai costumava ficar e ele não estava lá.

Agradeci mentalmente aos céus.

─ Ele não está em casa.Deu tudo certo ─ declarei aliviado depois de passar por todos os cômodos da casa menos um ─ Hum... Jimin, você se importa se eu... ─ falei atrapalhado enquanto olhava para a porta do quarto do meu irmão mais novo.

─ Pode ir ver o Junghyun, Jungkook, não se preocupe comigo ─ ele disse com um sorriso bonito nos lábios e balançando as mãos para que eu fosse logo ─ Não esquecia do beijinho na testa.

Ele me conhecia tão bem.

Entrei no quarto e encontrei meu irmão jogado na cama já dormindo. Ajeitei as cobertas para que ele não sentisse frio durante a noite e antes de sair depositei um beijo em sua testa, como fazia toda noite.

Voltei para onde Jimin estava e o vi observar uma foto da minha família que ficava posicionada ao lado da televisão. Quem olhava pra fotografia pensava que éramos a tradicional família coreana perfeita. Tudo mentira.

─ Você está com fome? ─ perguntei chamando a atenção de Jimin ─ Minha mãe está trabalhando mas ela preparou o jantar antes de sair.

─ Não precisa, Jungkook. Eu prefiro que você coma ─ falou ainda distraído com o porta-retrato.

Caminhei até a cozinha e peguei duas tigelas. Eu sabia que os salgadinhos não tinha saciado a fome do Jimin. Esquentei a sopa, depositei nos recipientes e coloquei sobre a mesa.

─ Vamos lá, Jimin ─ chamei manhoso ─ É uma das especialidades da minha mãe. Você vai gostar.

O observei passar a língua dos lábios antes de dizer: ─ O cheiro está maravilhoso, Jungkook.

─ Sente-se, por favor ─ apontei para a cadeira ao meu lado enquanto eu mesmo já saboreava o caldo.

Jimin sentou ao meu lado e fixei meu olhar em cada movimento seu. Ele estava olhando para a tigela ansioso e eu não consegui conter o sorriso que escapou dos meus lábios. Mais uma primeira vez de Park Jimin que eu presenciava.

Depois dele levar o alimento à boca esperei sua reação que veio em forma de um suspiro de satisfação.

─ Jeon Jungkook! ─ ele gritou extasiado ─ Essa é a melhor comida do mundo. Muito melhor que salgadinho ─ Achei sua afirmação engraçada pelo fato dele só ter provado três alimentos desde virou parte humano: uma maça, salgadinhos e agora a sopa ─ Como que é o nome disso? ─ falou dando pulinhos na cadeira em animação.

─ Sopa de kimchi ─ falei me divertindo com seu entusiasmo.

─ Eu vou chamar de "A melhor comida do mundo" ─ completou enquanto comia rapidamente.

Depois de me divertir durante o resto do jantar com a empolgação de Jimin com o kimchi e de como ele queria comer sempre que pudesse, lavei nossas louças enquanto Jimin tomava seu primeiro banho. Essa primeira vez eu não pude ver.

Quando entrei no banheiro Jimin já não estava mais lá. Liguei o chuveiro e deixei que a água quente colidisse contra minhas costas durante alguns minutos. Saí já vestido e me dirigi ao meu próprio quarto. Encontrei Jimin me esperando com os olhinhos brilhando em antecipação.

─ Eu peguei umas roupas suas... ─ falou constrangido ─ se você não se importar...

─ Oh, não, claro que não. Elas ficam melhores em você mesmo ─ deixei escapar e senti meu rosto esquentar enquanto ouvia sua risada. Não era mentira, apesar das minhas roupas ficarem largas em seu corpo pequeno eu tive certeza de que não importava o que Park Jimin vestisse, ele sempre ficava impecável, mesmo que fosse com meu enorme pijama azul de bolinhas brancas ─ Você pode deitar na minha cama. Eu deito no colchonete ─ falei momentos após que o silêncio constrangedor se instalou no quarto.

─ Não, Jungkook, você já está fazendo demais por mim. Eu posso dormir no colchonete ─ falou contrariado.

─ Jimin, você dorme na cama e eu no colchonete ─ disse incisivo e caminhando para trancar a porta do quarto ─ É o seu primeiro dia na Terra, você merece o melhor.

E com isso deitei no colchonete e vi meu anjo da guarda ponderar atrás de mim, mas no final cedeu ao cansaço e se deitou em minha cama. Silêncio pairava no quarto até que ouvi a voz de Jimin:

─ Obrigado, Jungkook ─ ouvi sua voz suave

─ Obrigado, Jimin ─ demorei alguns segundos para responder.

Parando para pensar era a primeira vez que eu dormia com alguém que não fosse Junghyun ou minha mãe. No final das contas não era só o meu anjo da guarda que estava tendo suas primeiras vezes.

Mais uma vez ouve silêncio no quarto e eu me acomodei no travesseiro, ciente de que Jimin já estava dormindo.

Mas como nada pode ser perfeito na vida de Jeon Jungkook, ouvi uma batida forte na porta seguida da voz do homem que me atormentava todos os dias.

─ JEON JUNGKOOK! ─ meu pai esbravejou atrás da porta enquanto forçava brutamente a maçaneta ─ ABRE A MERDA DESSA PORTA AGORA!

Oi, geeente! Eu sei que vocês devem estar querendo me matar depois desse final.

Chegamos a mais de 100 votos e quase 600 views e eu to muito muito feliz. Vocês são demaaais.

O que vocês acharam do cap? Estão gostando??? To curiosa pra saber a opinião de vocês.

Ah! E não esqueçam de votar, mas só se vocês estiverem gostando mesmo.

As notas vão ser meio longas hoje então se preparem.

Então, já quero me desculpar pelos erros. Eu revisei algumas vezes mas sempre passa algo despercebido então desculpaaa.

O capítulo de hoje foi mais longuinho. Vocês gostaram desse formato? Ainda to meio insegura com relação a tudo isso fazia um tempinho que eu não escrevia então eu to meio enferrujada.

No capítulo de hoje eu tentei explicar mais sobre a existencia do Jimin e de como vai ser a relação do Jungkook e deve ter ficado meio chatinho mas eu prometo que melhora. Eu espero do fundo do meu coração que as explicações não tenham ficado muito confusas :(

Algumas coisas ainda vão ser explicadas mas se vocês tiverem alguma duvida vocês podem me perguntar por aqui pelos comentários, ou me mandar uma mensagem aqui no wattpad mesmo ou no twitter ( @babysunchild é o meu user lá também) ou até me mandar no curiouscat ( https://curiouscat.me/babysunchild ) o importante é vocês não ficarem com dúvidas!!!

Ok, mais uma coisa. Me perguntaram muito "Hera, vão ter outros casais?" e a resposta é SIM, VÃO TER OUTROS CASAIS, mas é só isso que eu posso dizer por enquanto rs.

Ah!! Mais uma coisa super importante: VIEWS EM DNA.

Por enquanto é isto. Fiquem bem, anjinhos. Até o próximo capítulo.


─ Hera ❥

Continue Reading

You'll Also Like

66.4K 8.6K 31
A vida de Harry muda depois que sua tia se viu obrigada a o escrever em uma atividade extra curricular aos 6 anos de idade. Olhando as opções ela esc...
3.9M 238K 106
📍𝐂𝐨𝐦𝐩𝐥𝐞𝐱𝐨 𝐝𝐨 𝐀𝐥𝐞𝐦ã𝐨, 𝐑𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐉𝐚𝐧𝐞𝐢𝐫𝐨, 𝐁𝐫𝐚𝐬𝐢𝐥 +16| Victoria mora desde dos três anos de idade no alemão, ela sempre...
230K 14.5K 50
Elisa, uma jovem mulher que pretende se estabilizar no ramo de administração depois de sua formação. Ela entregou seu currículo em várias empresas, m...
1.9M 158K 121
Exige sacrifício, não é só fazer oração Ela me deu o bote porque sabe que eu não sei nadar Eu desci o rio, agora ficou longe pra voltar Tem sangue fr...