— Eu acabei de me formar, consegui um apartamento bom e o emprego que eu queria, sem chance de eu mudar tudo agora por capricho seu.
— Não é capricho nenhum, Alice.
— É egoísmo mesmo. — Cuspi as palavras.
— Era a vontade dos nossos pais.
— Você deveria ter se preocupado com a vontade deles cinco anos atrás quando você me deixou praticamente sozinha.
— Allly...— Ele não tinha o que falar.
— Você não esteve lá quando eu precisei John, eu enfrentei o luto sozinha. Eu superei sozinha. Eu aprendi a lidar sozinha, você não tem condições de me pedir nada. — Eu não queria ter essa conversa, eu já estava exasperada procurando qualquer brecha para ir embora.
— Eu vou ser transferido ainda esse mês, você quem sabe.
— Você sabe minha resposta. — Falei pegando minha bolsa em cima da cadeira e caminhando rumo a porta de seu escritório.
— Não que isso te importe agora mas eu passei da fase de teste, o emprego é meu. Era isso que eu vim te contar.
— Parabéns. — Ele sorriu fraco.
— Pra você também. — Falei saindo dali.
John é meu irmão mais velho, ele é arquiteto em uma empresa, que acabou de abrir uma nova cede no Brasil e ele seria transferido. Minha família inteira era brasileira então ele achou que eu iria querer voltar para o Brasil com ele, eu até iria se fosse seis anos atrás, antes dos meus pais morrerem em um acidente de carro. Eu tinha acabado de conseguir oficialmente um emprego como assistente de estilista, não iria jogar tudo para o alto agora. Caminhei até a saída, quando coloquei o pé para fora do prédio onde John trabalhava senti alguém esbarrar em mim.
— Olha para frente. — Um rapaz loiro disse sério sem parar de andar nem mesmo para pedir desculpa.
— E você me acompanha, Stacey. — Ele falou com a jovem que andava rápido para conseguir acompanha-lo.
Ignorei e continuei andando, nada iria acabar com meu humor. Andei mais alguns metros até chegar ao meu carro e ouvi meu celular tocar assim que entrei no carro, até o celular e tudo que ouvi foi a Jen gritando do outro lado.
— COMO VOCÊ NÃO ME AVISOU SOBE O EMPREGO?
— Calma. — Disse me recuperando do susto.
— Eu estava indo para casa te contar. O John já te ligou?
— Claro, ele quer que eu te convença a ir para o Brasil com ele. Sem chance. — Ela disse rindo.
— O que você falou para ele? — Perguntei curiosa.
— Que eu não tinha condições de pagar o aluguel sozinha.
— Você é rica. — Falei como se fosse obvio.
— Eu sei, ele também então ele desligou na minha cara. — Ela disse ofendida e eu ri. — Mania escrota dele achar que somos amigos porque transamos algumas vezes.
— Ok Jen, ele ainda é meu irmão, não quero saber da vida intima dele.
Ela tinha se envolvido com meu irmão alguns anos atrás, quando ainda estávamos na faculdade, não durou muito porque ela é a Jen e meu irmão é quem ele é.
— Ta bom, vem pra casa, nós vamos comemorar.
— Estou indo.
— Disse finalmente desligando o celular e dando a partida no carro
Jen pulou em mim assim que entrei no apartamento.
— Parabéns, ally, você merece muito. — Ela disse ainda me abraçando.
— Obrigada, Jen. — Retribui o abraço.
— Nós vamos comemorar.
— Só se for em casa.
— Não mesmo. Se arruma, vamos sair para comemorar como se deve.
— Jen, hoje não por favor. — Pedi.
— Alice, você finalmente conseguiu só emprego que você tanto queria, você sofreu tanto para conseguir vamos comemorar sim.
— Alguns drinks e depois pizza em casa? — Sugeri.
— Muitos drinks e pizza com certeza. — Ela sorriu. — Eu vou me arrumar, faça o mesmo.
— Sim, senhora. — Falei caminhando para o banheiro.
Tomei o banho mais demorado da minha vida. Estava torcendo para a Jen me esquecer em casa. Eu estava cansada, eu tive um dia cansativo e só queria dormir. Doce ilusão.
— ALICE DESSA VEZ NÃO VOU SAIR E DEIXAR VOCÊ PARA TRÁS, ANDA LOGO. — Jen berrou batendo na porta do banheiro.
— Jen você precisa de um namorado para me deixar em paz. — Falei abrindo a porta do banheiro.
— Eu só tenho olhos para você, anda logo. — Recebi um tapa na bunda.
— Meu deus você precisa parar com essa mania.
— Difícil controlar, foi mal.
Fui para o quarto me arrumar. Coloquei uma lingerie preta, fiz uma maquiagem não tão forte e fui secar o cabelo. Estava terminando de secar o cabelo quando Jen entrou no meu quarto.
— O táxi ta chegando, vamos?
— Eu não vou de táxi, eu tenho carro.
— Táxi porque não pretendo voltar sóbria e você também.
— Eu pretendo voltar super sóbria.
— Não se iluda nós duas sabemos que você é fraca pra bebida.
— Uma de nós tem que ficar sóbria pra voltar para casa.
— Isso é o de menos, é outra eu não caio fácil.
— Ta bom, me passa esse vestido aí. — Apontei para o vestido azul marinho que estava em cima da cama.
— Aqui. - Ela me entregou o vestido e foi atender o interfone. — O TÁXI, ALLY.
Jen dividia apartamento comigo, nos conhecemos na faculdade e acabamos dividindo apartamento quando eu cheguei no meu limite de morar com John. Eu sou formada em moda e ela em engenharia civil, nos conhecemos no campus da faculdade.
Jen conhecia os seguranças da casa noturna então fila não foi um problema a ser enfrentado. Entrei segurando forte na mão de Jen, odiava lugares lotados. Ela me conduziu até o andar de cima onde fica a área vip e eu agradeci quando consegui chegar em um ligar onde havia espaço suficiente para todos sem invadir o espaço alheio.
— O melhor drink para a ally, Ramon, hoje é o dia dela- ela falou para o barman que a recebeu com um sorriso.
— Aniversario? - Ele perguntou
— Emprego! — Jen falou com orgulho.
— Então ela merece mesmo, vou preparar o melhor drink para ela. — Ele virou pegando algumas garrafas e uma coqueteleira. Me sentei no banquinho alto que tinha ali e Jen se sentou do meu lado.
—Olha. —Jen girou o banquinho e eu acompanhei, e ela fez sinal com a cabeça. — Vou transar com aquele hoje.
— Qual? — Perguntei rindo. Até ela apontar de um jeito nada sutil e eu encontrei um loiro cheios de tatuagens nos braços, ela estava de roupa social com as mangas dobradas e ria enquanto conversa com alguns rapazes. Era o mesmo loiro que esbarrou em mim quando estava saindo da empresa que meu irmão trabalha, olhando ele assim não parecia nada com o arrogante que me atropelou e nem desculpas pediu.
— Aquele loiro?
— Não credo, esse aguado não, do lado dele, cabelo escuro, mexendo no celular. — Olhei de novo e vi o rapaz que ela se referia, ele era realmente bonito.
— Tem certeza? — Questionei.
— Feio? — Ela perguntou meio desanimada.
— Não ele é muito bonito, mas tem cara de bom moço, não parece muito seu tipo.
— Não sei se eu entendi direito, mas to ofendida.
— Não é ofensa nenhuma é que os homens que você sai parece que você encontra eles em algum show de rap, esse aí ta usando roupa social em uma casa noturna com certeza ele veio direito do trabalho, e aquele loiro eu encontrei no prédio que o John trabalha eles devem trabalhar em escritório.
— Tinha esquecido desse seu senso critico para homem, não me admira seu ultimo relacionamento ter sido há três anos.
— Não quero falar sobre isso, e você nunca namorou sério, não me julgue.
— Não nasci gostosa pra isso. — Ela jogou o cabelo e eu ri.
— Aqui seu drink especial. — O barman chamou nossa atenção- e um de cortesia para você, gostosa.
— Eu ja disse que te amo? — Jen sorriu pegando o copo do balcão.
— Você não mente. — Ele piscou.
— Exatamente! — Ela riu. — Ramon, meu amor quem são aqueles? — Ela apontou de novo para o grupo de rapazes.
— Bieber, Somers, Beadles e Espinosa. — Ele apontou para cada um.
— Somers? Qual o primeiro nome? — Jen perguntou sorrindo.
— Charles, mas ele não gosta de ser chamado assim, chama de chaz. Aproveita que ele ta vindo para cá. — ele fez sinal.
— Um whiky, Ramon. — Ele pediu se escorando no balcão enquanto mexia no celular.
Eu estava esperando Jen jogar alguma indireta para ele como ela sempre faz, mas ela permaneceu em silencio tomando do drink enquanto olhava para frente. Eu não era a unica que estava esperando alguma reação dela, o tal Ramon pelo jeito estava esperando também, já que segurava a risada enquanto servia o Whisky.
— Aqui. — Ramon colocou o copo em cima da balcão para ele, que finalmente tirou a atenção do celular. Ele pegou o copo e antes de sair olhou Jen de cima a baixo.
— Nunca te vi aqui. — Ele sorriu para ela.
— Essa cantada é velha e batida. — Jen respondeu sem olhar para ele. Eu olhava para Ramon que ria negando com a cabeça, de um jeito sutil, mas acompanhava o que acontecia por canto de olho.
— Não se preocupe não é cantada, nunca te vi por aqui mesmo.
— Então hoje você ta com sorte. — Ela finalmente olhou para ele.
— Concordo. Será que essa minha sore aumenta?
— Se depender de mim, a tendencia é essa. — Ela sorriu. Agora a Jen que eu conheço estava ali novamente. Ele falou alguma coisa no ouvido dela e ela acenou se levantando. — Já volto, ally
— Ok. — Assenti e acompanhei os dois com os olhos enquanto eles desciam as escadas.
— Sobrou três ainda para você. — Ramon fez um gesto em direção aos outros.- Seriam quatro mas o outro não está ali, e ele é comprometido.
— Não, obrigado — Falei terminando de tomar meu drink e entregando o copo para ele- Desse aqui eu aceito outro.
— Outra dupla de whisky, Ramon. — O loiro surgiu do nada, ele agora estava sério, bem diferente da pessoa que conversava animado com os outros rapazes dois minutos atrás. Ramon serviu ele, que saiu sem dizer mais nada.
—Justin, o nome dele. Tem 23 anos e é engenheiro.— Ramon falou enquanto fazia meu drink.
— O que? — Perguntei perdida.
— Nada, é que você pareceu bem interessada. — Ele deu de ombros.
— Engano seu.
Fiquei ali conversando com Ramon enquanto esperava por Jen, ele se dividia em conversar comigo e atender as pessoas, demorou cerca de uma hora até ela voltar.
— Desculpa te deixar aqui sozinha. — Ela falou assim que voltou.
— Sem problema.
— Vamos dançar! — Ela me puxou, só deu tempo de colocar meu copo com metade do meu drink no balcão. Eu já tinha bebido bastante, não sei quanto porque parei de contar depois do quarto, mas para mim, já tinha sido muito.
Justin's voice
Tinha acabado de sair do escritório e moleques me convenceram a ir pra uma casa noturna, eu estava precisando, passei a tarde reprojetando um prédio que o cliente resolveu mudar tudo de ultima hora.
— Esse é meu garoto. — Ri vendo chaz conversando com uma morena no bar.
— Ele não tinha ido pegar uma bebida? — Matt riu.
— Ele vai pegar bem mais que isso. — Respondi vendo chaz sair da are vip acompanhado da morena.
Bati o olho no bar de novo e vi uma outra morena de costas, o cabelo ia até o meio das costas, uma cintura fina e o rabo grande. Do jeito que todo homem gosta.
— Se secar mais um pouco ela cai, Drew. — Chris me empurrou rindo.
— To esperando ela virar para eu saber como é de frente, de costa já vi é que boa.
— Ela não vai virar.
— Eu vou pegar outra bebida. — Chris arqueou a sobrancelha olhando meu copo pela metade, virei tudo de uma vez. - Acabou.
Caminhei até o bar e parei do lado dela, que nem se mexeu.
— Outra dose dupla, Ramon. — Falei colocando meu copo em cima da balcão. Olhei para ela mas me mantive sério enquanto Ramon enchia meu copo.
— E aí. — Matt perguntou rindo quando voltei. — Achei que ia sair de lá com ela também.
— Ela é seria, e tem uns peitos bem simpáticos.
— E você não vai pra cima? — Matt me olhou indignado.
— Ta cedo ainda, relaxa.
Ela ficou ali por um bom tempo até a amiga dela voltar com chaz. Elas trocaram algumas palavras e a amiga dela puxou ela, descendo as escadas.
— Caralho. — Foi a primeira coisa que chaz falou quando voltou, ele soria como nunca. — Que mulher insana.
— Boa? — Chis perguntou.
— Boa ainda não define, se no carro apertado ela já mandou bem eu quero saber como ela é em um quarto.
— Pegou o numero pelo menos?
— Ela não quis passar.
— Sabe o nome?
— Jen.
— E a amiga dela? — Perguntei, matt e chris riram.
— Que amiga? — Ele perguntou confuso.
— Tava com ela no bar, Drew se interessou mas ficou com medo de chegar. — Matt riu.
— Que medo caralho.
— Eu aposto US$ 100 que ele não pega. — Chaz fez gesto para matt.
— Eu aposto US$ 200 que ele pega, confio no meu garoto. — Matt respondeu.
— Vão se foder. — Falei saindo.
— Onde você ta indo?
— Embora.
— Não fica brava, princesa, é só uma aposta. — Chaz gargalhou.
— Vai pro inferno Charles. — Falei e ele fez careta. — Eu tenho que acordar cedo amanhã.
— Amanhã é sábado.
— Eu construo prédios, Charles, não casa enfeitada. Eu tenho trabalho de verdade.
— Fica desmerecendo mas foi o arquiteto aqui que projetou todo seu apartamento. — ele falou alto enquanto eu me afastava.
Sem revisão.