Nas Mãos do Diabo [1] O Maest...

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[CONCLUÍDA, Jikook] Livro 1 da Saga Nas Mãos do Diabo. Há algo errado ocorrendo no Inferno. As gárgulas não r... More

Aviso Infernal
Aviso de Sobrevivência Infernal
Prólogo: o Limbo.
|01| Saia da fila do Inferno
|02| Saiba Como Morreu
|03| Conheça o Diabo
|04| Seja Mal Pela Primeira Vez
|05| Tente negociar com a ira
|06| Receba a ajuda de quem não quer
|07| Estranhe o Diabo
|08| Dance com ele
|09| Fuja do Circo Infernal
[10] Não morra em silêncio
[11] Deixe que ele o toque
|12| Vá para o Hotel Mortal
|14| Sobreviva ao Hotel Mortal
|15| Descubra o erro da redenção
|666| A última pista: O X E L F E R
|16| Não olhe para os reflexos
Interlúdio: O Jogo.
|01| Veja através de outros olhos
|02| Comece a mentir de verdade
[03] Pule de um precipício
|04| Corra
[05] Dê prazer para ele
|06| Veja seu pior pesadelo
|07| Conte sua história: Horácio
|08| Conheça o Diabo: Adiv
|09| Deseje o Diabo: Devon
|10| Não chore por ele: Eliel
|11| Roube a memória dele e fuja: Samandriel
|12| Veja ele trocá-lo lentamente
|13| Faça-o olhar somente para você
|14| Entre na Sala Proibida
|15| As revelações: Eles
|15| As revelações: O veneno
|15| As revelações: Nêmesis
|16| O Apocalipse: Tânatos
|16| O Apocalipse: Khaos
|16| O Apocalipse: O Espelho
Epílogo - Nem tudo foi o que pareceu ser
ESPECIAL DE NATAL - !leoN iapaP o etaM
NAS MÃOS DO DIABO: ¿2?
O LIVRO FÍSICO DE NAS MÃOS DO DIABO
ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO - Como poderia ter sido: Parte 1.
ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO - Uma longa escada: Parte 2.
ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO - Um Hotel inusitado: Parte 3.
ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO - Fim: Parte 4.
NAS MÃOS DO DIABO [3]: APOCALIPSE
O Maestro está no Kindle e, temporariamente, DE GRAÇA!

|13| Divida o quarto com Jungkook

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By atimewritting

Percebi que Mortícia possuía um modo singular de andar: a cada dois passos que dava, completava com dois pulinhos na ponta dos saltos pretos. Era algo interessante de se observar, ainda mais quando ela nos deu as costas mais uma vez, se cobriu com seu capuz misterioso e começou a nos apresentar o Hotel Mortal, cantando com sua voz aveludada uma canção peculiar.

"Meu nome é Mortícia Solar, e meu hotel é de espantar! Com exatos seiscentos e sessenta e seis quartos¹, desejamos uma estadia terrível te proporcionar" — e então interrompeu a canção apenas para dar uma gargalhada estrondosa. Quando retornou à letra, um coro de esqueletos surgiu por buracos feitos nos quatros de paisagens mortas nas paredes de tijolos para acompanhá-la. — "Abrigamos anjos de todas as cores e tamanhos, não importa se são magros, gordos ou fanhos..."

"A Mrtíiiiicia!" — os esqueletos cantavam uniformemente, marchando ao seu redor.

"Grite o quanto quiser, não basta se assustar" — silabou. — "Minhas gárgulas anciãs estão prontas para te matar!".

Gritei assustado, me agarrando ao braço firme de Jungkook quando duas pequenas gárgulas fêmeas vestidas em túnicas roxas, com pequenos cetros em mãos surgiram do teto, batendo suas asinhas extremamente pequenas até estarem lado a lado com Mortícia, que saltitava e rodopiava animadamente enquanto cantava.

"Eu sou Mortene..." — cantou a da esquerda. Usava um par de óculos trincados e parecia entediada.

"Eu sou Mortana!" — cantou a da direita, tentando acompanhar os passos ávidos da Morte animada.

"Mortena e Mortana são minhas gárgulas anciãs. Uma é carrancuda..."

— Ei! — gritou Mortene, ajeitando seus óculos esfolados com uma expressão desgostosa.

Revirando os olhos, Mortícia continuou: — "A outra é boa, que terror!"

— Obrigado! — Mortana acenou para nós, e por um segundo, parecia que estava piscando um dos olhos esbugalhados em minha direção.

Me encolhi um pouco mais atrás de Jungkook, ignorando o rosnado impaciente que ele soltou quando comecei a dar beliscões nervosos em seu braço, olhando para todos os lados com um medo crescente. Não havia nada para ver, para ser sincero. Uma vez que todas as luzes haviam sido desligadas, havia apenas um holofote vermelho apontado para Mortícia e suas gárgulas anciãs. O resto era apenas o breu nivelado por um mistério sublime.

Mino havia pulado do ombro de Jungkook para o meu, e agora batia palminhas animadas enquanto apreciava o espetáculo. Nem parecia que me odiava há alguns dias atrás.

Como esses pecados são voláteis!

"Vejam meu exército de esqueletos! Eles pulam, eles dançam, eles matam, que perfeitos! Estão aqui para tornar sua viagem ainda mais perturbadora, te assustando, te cortando, olha só, mais que beleza!".

E conforme ela cantava, centenas de esqueletos começavam a aparecer em pontes e pilhas de ossos, acenando em nossa direção. Alguns tinham uma aparência medonha, com dentes afiados e buracos no crânio, mas outros — principalmente os que tinham o tamanho de Mino — pareciam até dóceis ao meu ver, mesmo que estivessem carregando adagas afiadas e brilhantes em mãos.

— Eu quero brigar! Eu quero brigar! — Mino exclamou, rebolando em meu ombro, enquanto fazia punhos cerrados com as mãos.

— Eu também! Eu também! — Wonho gritou por cima do coro de vozes esquelético, estendendo a mão para pegar Mino de meu ombro. — Vamos quebrar alguns esqueletos!

— Eles nunca conseguem se controlar... — ouvi a voz de Jennie. Ela parecia impaciente.

Gritando eufóricos, Mino e Wonho partiram para cima da montanha de esqueletos atrás de Mortícia, mergulhando e sumindo diante daquele mar de ossos. Por segundos, a música parou e até Mortícia e suas gárgulas se viraram para ver o que estava acontecendo.

— Onde eles estão, Jungkook? — indaguei, espiando por detrás de seu ombro para tentar enxergar um pouco mais. — Não consigo vê-los...

— Fica calado, Jimin — comandou impiedosamente. — Não quero ouvir sua voz.

Fiz uma careta confusa com suas palavras. Jungkook estava estranho, muito estranho mesmo. Às vezes, quando eu ousava olhar para seu rosto mal iluminado pelo ambiente, percebia os traços de sua carranca mal-humorada e me arrepiava inteiro, por que algo me dizia que eu era o motivo de tal mal humor.

Eu só precisava saber por que.

Pensei em me afastar; estava humilhado demais por suas palavras frias e agressivas, mas assim que dei um passo de distância, quase fui atacado por um esqueleto dançante e sua espada incrivelmente brilhante, o que teria sido um desastre se Jungkook não tivesse me puxado para seus braços novamente, dessa vez me pondo em frente a ele, com minhas costas demasiadamente próximas de seu peito.

Me arrepiei quando senti o movimento de sua inclinação, quando pôs sua boca pertinho de meu ouvido e sussurrou:

— Fique aqui, eu não disse para se afastar.

O que me deixou mais confuso ainda.

Enquanto eu debatia sobre a dualidade na personalidade do demônio que me segurava com suas grandes e insistentes mãos, Mortícia começava a dançar novamente, assim que Mino e Wonho retornaram do mar de ossos com partes dos esqueletos na boca, rangendo em fúria. Ambos pareciam duas criancinhas em uma piscina de bolinhas coloridas, extasiados pela aventura.

O coro de esqueletos começou a cantar novamente, não dando a mínima se seus companheiros esqueléticos haviam sido atacados por dois pecados loucos por matança.

"Que pecados mal-educados, matando meus esqueletos, mais que estrago!" — Mortícia cantava com animação, puxando Mortana para dançar uma espécie de valsa que não parecia nenhum pouco com valsa, na verdade.

— Quando esse "show" vai acabar? — a voz de Zen soou como um sussurro debochado.

— Espero que... logo... — Dong Han respondeu lentamente.

A verdade era que nenhum de nós estávamos no clima para uma apresentação dessa maneira. Eu até estava, para ser sincero. Acho que estaria até dançando, se meu medo não me incapacitasse de tantas e tantas coisas, entretanto, pelo tom de voz dos pecados e a expressão fechada de Jungkook, era perceptível que todos estavam impacientes.

Queriam saber o porquê do corvo-correio entregue no castelo pela manhã.

Me encolhi um pouco mais contra Jungkook quando o coro começou a gritar tenebrosamente, produzindo um som que parecia o retumbar de vários tambores ao mesmo tempo. Era assustador e fascinante, ao mesmo tempo.

Mino pulou do mar de ossos e caiu ao lado da Morte, começando a rebolar junto com Mortana, a gárgula simpática. Ela soltou um guincho surpreso e aceitou a mão verde e magricela de Gula, gritando quando começou a ser rodopiada com rapidez. Em certo ponto, ela parecia apenas um vulto rodopiando, com apenas o dedo indicador que Mino segurava podendo ser visto.

Aquilo me lembrou do Baile Infernal, quando Jungkook me rodopiou e depois me jogou no lustre, de como suas mãos envolveram meu corpo possessivamente, me roubando uma ou dez lufadas de respiração acelerada. Lembrar de Jungkook, naquele terno elegante, com sua bengala dourada em mãos e olhos vermelhos fixos em mim... oh! Quase que não consegui evitar em me encostar um pouco mais contra seu peito e suspirar, sonhador.

Notar minhas ações me fez perceber mais uma coisa, naquele instante: eu estava gostando cada vez mais de estar perto dele e do calor anormal que seu corpo duro exalava. Ainda mais quando seu cheiro característico e másculo impregnava meu nariz e me deixava zonzo, tudo isso de uma vez só.

Era uma sensação exorbitante.

— Meus esqueletos, dancem! — Mortícia bradou com a voz poderosa.

Logo, todos começaram a marchar e a rodopiar ao redor da Morte, que acenava com as mãos em nossa direção com um sorriso animado nos lábios. No final, Mortícia começou a levitar e rodopiar no ar, até que seu exército de esqueletos se desfizesse em uma pilha de ossos assustadora para que ela, finalmente, pousasse sobre os ossos pomposamente.

O coral de esqueletos se desfez e o salão se resumiu a um silêncio constrangedor, com Mino tentando acalmar Mortana — que, àquela hora, já estava tonta de tanto rodar —, Mortene batendo palmas com descontentamento e Mortícia fazendo uma pose teatral. Parecia até que esperava ser ovacionada por seu espetáculo.

Depois que não recebeu nada por algum tempo, apenas nosso silêncio, ela se levantou e deu umas batidinhas descontentes no vestido preto.

— Vocês deveriam ter aplaudido... — comentou com um resmungo.

Assim que ela estalou os dedos, as luzes do salão acenderam uma de cada vez, começando a dar vida para onde estávamos.

A primeira coisa que vi foram os tijolos amarelados das paredes, que estavam enfeitadas com quadros, cabeças de animais empalhados que eu nunca havia visto em minha vida e portas, várias portas de todos os formatos e tamanhos.

Atrás de Mortícia, haviam duas escadas que iniciavam do mesmo ponto e se estendiam até o segundo andar. Era uma mistura dos tempos vitorianos com os anos oitenta, e isso ficava ainda mais claro pelas plaquinhas acima das portas, em formato de discos que eram iluminadas por chamas flamejantes que variavam entre verde, azul e vermelho. Bem no meio das escadas, havia um grande quadro que se estendia de uma ponta da parede a outra. Como ainda estava um pouco distante, não consegui observá-lo muito bem, mas as cores vermelhas e pretas eram predominantes na pintura. Parecia horripilante.

— Nossa, eu me esforcei tanto para criar essa abertura! — disse a Morte, gesticulando os punhos fechados. — Meus esqueletos passaram a noite ensaiando. Eles nem comeram! Olhem como eles estão desnutridos...

— Esqueletos não sentem fome, Solar... — comentou Jungkook, rouco.

Percebi que seu aperto tinha intensificado ao redor de minha cintura.

— Bom, — ela sorriu, começando a caminhar em nossa direção. — Os meus sentem.

— Isso não faz sentido... — Zen comentou, e agora que tudo estava claro, percebi que ela mascava um chiclete de boca aberta.

— Você que não faz sentido! — Mortícia gritou, e seu grito fez o Hotel inteiro tremer, depois riu afetada e deu um tapa no ar em direção de Luxúria. — Tudo bem, tudo bem... — suspirou, fechando os olhos com força. — Eu só preciso me acalmar...

— Parece que ela está mais doida do que antes... — Jennie sussurrou para Jungkook, e eu senti quando ele acenou em concordância.

— Eu não sou doida! — ela gritou novamente, e dessa vez tive que me segurar nos braços de Jungkook para não cair quando o chão do hotel tremeu mais uma vez. — Vamos jantar, eu já estou perdendo a paciência...

— Ainda? — Zen voltou a atiçar com sua expressão debochada.

Grrr! — Mortícia rosnou e nos deu as costas, caminhando em passos pesados em direção a uma grande porta feita de ébano polido.

— Não rosna para mim! — avisou Jennie, fazendo uma careta furiosa.

Depois disso, todos se calaram.

Em silêncio total, começamos a segui-la, enquanto seu exército se dispersava pelas portas e buracos do salão principal. Quando Jungkook disse para eu segui-lo lado a lado, ainda com uma das mãos segurando meu cotovelo e sem ao menos me olhar, percebi que Mortene e Mortana nos seguiam ávidas, com suas minúsculas asinhas trabalhando incessantemente para nos acompanhar na mesma velocidade.

Assim que estávamos chegando perto da porta, pude perceber que estávamos ainda mais perto do grande quadro que ficava entre as escadas majestosas, e pude, por fim observar melhor o que nele continha.

Eu estava certo, era horripilante.

Um anjo de asas e trajes negros planava sobre um mar de corpos e sangue, onde as pessoas que aparentavam estar vivas tinham um semblante de pavor no rosto. Ele parecia feliz, com sua túnica negra balançando com o vento, junto de seus cabelos pretos e brilhantes. Ele parecia extremamente satisfeito, para ser mais sincero. Quando cerrei os olhos para tentar observar melhor, notei que ele segurava um pequeno objeto cinzento em mãos, mas não consegui desvendar o que era.

Parecia afiado.

Eu tinha que admitir que minha curiosidade estava despertando de sua toca quando tentei me aproximar do quadro para analisá-lo minunciosamente, entretanto, me assustei quando pensei que os olhos do anjo pintado olharam em minha direção por cerca de segundos, cinzentos e violentos, com seu sorriso de satisfação aumentando ao me notar. Ele estava me olhando? Soltei uma respiração assustada e decidi voltar a acompanhar Jungkook e os pecados para a sala de jantar.

Eu deveria estar ficando louco, por que tinha quase certeza de que aquele anjo, em algum momento, havia sim olhado para mim... não tinha?

[...]

Estávamos sentados ao redor de uma grande mesa rústica com a forma de pequenos anjos de asas majestosas entalhada na madeira escura. Mortícia esperou todos estarmos servidos com o caldo de estômago de dragão para poder começar a falar.

— À princípio, não parecia nada demais. Anjos caem, sabe? Isso não é novidade para mim, nem para nenhum de vocês.

— Vá direto ao ponto — interrompeu Jungkook, fazendo uma careta para a tigela de comida diante dele. — Estou impaciente.

— Pois engula sua impaciência! — ela esbravejou, dando um soco forte na mesa. — Por que eu vou levar o tempo que eu precisar.

— Lá vai ela... — Zen sussurrou para mim, revirando os olhos antes de dar mais uma colherada em seu caldo.

— Entretanto... — Mortícia continuou, largando sua colher abruptamente, cravando as unhas na mesa para nos olhar dramaticamente enquanto falava. — Comecei a estranhar quando anjos demais começaram a cair e, o mais estranho ainda, morrer com a queda.

— Isso é estranho, de fato — Jennie concordou, bebericando seu caldo. — Continue.

— Mas eu já ia continuar! — Morte esbravejou, rosnando ainda mais violenta quando Jennie sorriu com escárnio em resposta. — De qualquer forma... — continuou, revirando os olhos. Depois de respirar fundo, fixou seus olhos em Jungkook, que estava ao meu lado de braços cruzados. —..., não que eu estivesse com medo de meu Hotel precioso superlotar, mas acabei estranhando o fato de tantos anjos estarem caindo e morrendo no processo.

— Isso nós já entendemos — Wonho deu um soco na mesa, furioso. — Corta o papo furado.

Em certos pontos, Jungkook e Wonho pareciam ter os mesmos traços de personalidade, com a exceção de que Jungkook era mais calmo e centrado.

Eu estava observando o ambiente, curioso. Estava com fome, não por aquele caldo horroroso e fedorento, mas sim por informações. Por que aquele quadro ainda estava incandescente em minha mente, me deixando cada vez mais confuso com o que havia acontecido, e enquanto morte contava tentava ganhar a briga que ela mesma havia iniciado com os pecados, aproveitei para poder olhar ao redor sem ter medo de ser pego.

Estávamos em uma sala vermelha, em que o teto parecia ser feito com um bordô chamativo. O papel que enfeitava as paredes era vermelho, mas possuía alguns detalhes dourados e azuis, com alguns anjos que pareciam ter sido pintados à mão. Não haviam janelas, somente uma grande vidraça que mostrava a vista apocalíptica do exterior do Hotel, onde monstros voadores apareciam e acenavam vez ou outra.

— O que está fazendo, Jimin? — me assusto ao ouvir a voz rouca e indagadora de Jungkook contra meu ouvido.

— Nada — fui rápido em responder, tossindo hesitantemente antes de voltar a me arrumar em minha cadeira.

Não havia percebido que estava quase de costas, olhando para a vidraça chamativa atrás de mim, nem mesmo que todos haviam parado de brigar, apenas para ficarem me observando. O pior de tudo era que estava óbvio que eu estava bisbilhotando.

Engoli em seco quando senti a grande mão de Jungkook em minha coxa, a apertando em uma espécie de aviso.

— Fique quieto, e se comporte — sussurrou contra meu ouvido novamente, quase em um rosnado de raiva.

— Tudo bem, desculpa — pedi, vermelho e embaraçado de vergonha.

Mortícia respirou fundo e voltou a falar, estalando os dedos enquanto explicava o que estava acontecendo.

— O céu está passando por uma incisão, foi o que meus anjos mortos contaram — concluiu, juntando os dedos com uma expressão séria.

Incisão no céu? Olhei quase que imediatamente para ela, com os olhos esbugalhados e surpresos. Olhei para Jungkook em seguida, em busca de alguma resposta para minha pergunta silenciosa e desesperada, observando seu olhar escurecer dois tons de seriedade, assim como suas expressões faciais assumiram um tom mais centrado e tenso.

Algo estava ocorrendo no céu — o lugar que seria minha casa em poucos dias — e aquilo estava fazendo meu corpo tremer. Não... logo naquela hora em que eu estava mais perto do que nunca de subir para o plano celestial, saber que algo errado estava acontecendo só me fazia temer em antecipação.

Suando frio, decidi me concentrar na conversa, em uma busca quase desesperada para conseguir mais informações.

— Incisão no céu? — Mino perguntou, aproveitando que Wonho estava muito concentrado em Mortícia, para roubar sua tigela de caldo de estômago de dragão.

— O céu está começando a se dividir? — Kai perguntou pela primeira vez, chamando a atenção de todos.

Durante todo o tempo, Kai ficou no cantinho, onde mal podia ser visto sem fazer baruho algum, logo estranhei o fato de que ele estava perguntando algo tão abruptamente naquela hora. Morte também, pois seus olhos acenderam com algo parecido com luxúria.

Em quê, exatamente? — Dong Han perguntou, balançando seu caldo com calma, sem pretensão alguma de comer.

— Em quem quer ser do bem... e quem quer ser do mal — Mortícia respondeu, com os olhos fixos em um Kai vermelho e.... nervoso?

— Isso é impossível! — Jungkook argumentou: — Anjos são anjos! Eles não são corrompíveis... não assim, em larga escala. Isso não tem sentido.

— Também pensava assim — ela concordou, finalmente tirando os olhos de Kai, que coçava a nuca nervosamente. — Mas aí quando centenas de anjos começaram a cair em meu hotel maravilhoso e magnificamente decorado, comecei a estranhar e, principalmente, perguntar.

— Eu não acredito nisso — Jungkook cruzou os braços, negando com a cabeça.

— Nem eu! — Wonho gritou, dando mais um soco na mesa.

— Se você quebrar minha mesa magnificamente escolhida a dedo, eu estilhaço a sua cabeça, seu bebê irritado! — Mortícia esbravejou, dando um puxão violento nos cabelos de Wonho.

— Ai! — ele exclamou, mas tinha os olhos amolecidos e brilhantes. — Ela me bateu! Acho que me apaixonei...

Não mesmo! — Kai rosnou, aumentando a voz com agressividade. — Você só gosta de quem te trata mal, é?

— É! Qual o problema nisso? — Wonho choramingou, e por mais incrível que pareça, transpareceu sua raiva habitual da mesma forma.

— Você é idiota mesmo... — Zen murmurou, colocando sua taça para longe, depois de ter bebido todo o caldo. — Pode nos dar mais informações sobre essa incisão, Solar?

Mortícia concordou, olhando para todos por segundos antes de continuar.

— Os anjos acreditam que, em breve, um ser maior e mais poderoso irá surgir para dominar tanto o inferno, quanto a Terra.

— Agora é que não acredito mesmo... — disse Jungkook, com as bochechas vermelhas.

Jennie, que até então estava calada e pensativa, perguntou:

— E como chamam esse deus?

Mortícia suspirou e olhou para as próprias mãos por um tempo. Talvez estivesse esperando os esqueletos que haviam adentrado no salão de refeições terminarem de limpar a mesa e saírem com as tigelas sujas, para enfim falar. Assim que o último saiu, fechando a porta atrás de si, ela soltou a respiração e voltou a olhar-nos seriamente.

— Chamam-no de Hades.

Houveram suspiros surpresos, mas a expressão de todos ainda parecia impassível.

— E por que os anjos estão caindo? — Kai perguntou com um semblante sério, por mais que suas bochechas ainda estivessem vermelhas.

Todos ficamos em silêncio, observando Mortícia tirar uma pequena carta de tarot² de sua túnica, jogando-a virada para cima bem no meio da mesa. Quando Jungkook se inclinou para pegá-la bruscamente, tremi ao ver a um esqueleto com longos chifres, segurando uma foice em meio a um céu estrelado, em um rio místico.

Eu reconhecia aquela carta. Uma vez, quando fugi de casa — havia acabado de completar dezessete anos, me sentia um pouco rebelde naquela noite — e acabei indo parar em um circo com Hoseok, na tenda de uma leitora de tarô. Ela me revelou a mesma carta, eu a reconhecia! Era a carta número XIII, para ser mais específico...

A morte.

Mortícia deu um sorrisinho de canto dos lábios e suspirou, por fim, dizendo:

— Para segui-lo.

[...]

Após ouvir tudo o que a Morte tinha para falar sobre os anjos corrompidos e a incisão celestial, Jungkook levantou violentamente da mesa, me agarrou pelo pulso e saiu me arrastando salão afora.

Incisão no céu... — debochou, nos guiando escada acima em direção ao segundo andar. Tagarelava consigo mesmo. — Onde já se viu, anjos seguindo a porra do Hades! Ele está morto... Eu mesmo matei aquele chato.

Já tinha ouvido falar de Hades algumas vezes. Às vezes, na escola, mas sempre esporadicamente. Se não me enganava, Hades era o deus do submundo, do reino dos mortos. Sim... algo parecido. Pensei que ele não existisse, mas novamente, estava completamente enganado.

— Nem me olha assim, Jimin, eu não estou com paciência para esses olhares que você vive me dando — ralhou, nos guiando em direção a um corredor dourado, com alguns quadros horríveis adornando as paredes, além das portas de ébano polido. Havia centenas de portas.

— Que olhares? — indaguei confuso.

— Você vive me olhando com esses olhinhos brilhantes e meio cinzentos... arg, eu agradeceria se você parasse.

— Teria que arrancar meus olhos — respondi impulsivamente. — E eu não te olho com os "olhos brilhantes", não. — neguei, fazendo aspas com minha mão livre.

— Você deveria se olhar mais vezes no espelho, então — riu, abrindo uma das milhares portas.

Assim que entramos, fiquei surpreso ao ver que era um quarto escuro, cujas paredes eram pintadas em um azul semelhante ao azul do quarto de Jungkook, com um piso de tijolos vermelhos clarinhos. Haviam alguns esqueletos pendurados pelas paredes, segurando velas com seus maxilares fechados, contudo, o mais estranho era que haviam pilhas de coisas quebradas por todos os lados, estranhamente igual ao quarto do castelo.

— Já sei como poderei me distrair... — disse, e não entendi nada do que estava falando.

Me impedindo de sequer pensar em algo para dizer, Jungkook me empurrou pelas costas em direção a um grande espelho ao lado de uma pilha de velas partidas, me forçando a ficar em pé para — pela primeira vez em dias — olhar meu reflexo.

E eu quase não me reconheci.

Minha pele estava tão pálida quanto antes, mas agora estava semelhante a papel. Sem brilho, apenas fosca. O que, de certa forma, combinava com meus cabelos — que haviam crescido e agora estavam quase passando de minhas orelhas —, caídos contra meu rosto, sem traço algum de vida. Talvez por que eu não havia parado um segundo sequer para cuidar dele devidamente.

Me assustei com o quão magro eu estava. As roupas que vestia me caiam mal, e mais parecia que poderiam caber dois Jimins naquela blusa enorme!

Levei uma de minhas mãos, sentindo a textura de minha pele seca e descuidada, passando a ponta dos dedos por minhas bochechas vermelhas, minhas olheiras e olhos profundos pela falta de sono. Pela total falta de sono. Estava tão desnorteado, que não havia percebido que minhas unhas ainda estavam sujas de meu próprio sangue do Baile Infernal.

Aquele não era eu... não podia ser.

— Eu... eu não estou entendendo... — gaguejei, cerrando os olhos para tentar me observar melhor. — Há quatro dias, eu não estava assim em nenhum aspecto!

Shh... — pediu ele, atrás de mim.

Sorrateiras, suas mãos subiram por meus ombros, até ele ter meu pescoço completamente envolvido por seu braço. Com a outra mão, ele apontou para meus olhos — que haviam ganhado uma coloração acinzentada e assustadora — e sorriu.

— Eu quero que olhe apenas para os seus olhos — comandou, com sua voz rouca enviando arrepios gelados por minha espinha. — Não percebe o brilho? É tão singelo que chega a ser quase imperceptível, mas... ele está aí, não percebe?

Hipnotizado por seu toque e por sua voz soando doce contra meus ouvidos, me aproximei um pouco mais do espelho e tentei focar um pouco mais minha visão. Minhas pupilas estavam dilatadas, disso eu tinha certeza, e só quando pisquei umas duas vezes é que fui capaz de notar um brilho sutil e minhas íris nubladas. O que me fez tremer por completo, por que notei que ele intensificou no segundo em que foquei a visão no reflexo imponente de Jungkook, com seu braço ao redor de meu pescoço, seus olhos vermelhos e sensuais fixos em mim e... seu corpo... seu corpo colado ao meu.

— Você é tão lindo, Jimin... — sussurrou, passando os lábios singelamente pelo lóbulo de minha orelha. — Eu fico louco todas as vezes que te vejo.

— Eu... — gaguejei, incapaz de desviar o olhar de nossos reflexos próximos de uma maneira quase erótica diante do espelho.

Notei que não iria conseguir disfarçar de maneira alguma minha respiração descompassada; pelo reflexo, era visível o movimento acelerado de meu peito subindo e descendo, até de meu pomo-de-adão se movimentando quando engoli em seco, provando do gosto amargo de meu nervosismo.

— Olhe como você é bonito — murmurou, sorrindo quando sua mão livre desceu por meu peito e parou acima de meu ventre, espalmada sobre minha pele arrepiada, entretanto, coberta apenas pelo fino tecido de minha blusa. — Seu rosto, seus olhos, sua boca... — riu lascivo, mordendo o lábio quando começou a serpentear sua mão mais uma vez, dessa vez em direção ao meu peito.

Sem nunca desviar o olhar.

— Seu corpo...

— Jungkook... — fechei os olhos por um segundo, aproveitando a sensação de sua respiração quente contra a pele sensível de meu pescoço, e quando voltei a abri-los, me arrepiei por completo ao perceber que meus olhos estavam ainda mais cinzentos do que antes. Nublados de luxúria.

Luxúria por seu toque, pela ânsia por seu corpo mais e mais perto... Oh, meu Deus! Eu estava desejando Lúcifer... Pior, eu estava desejando o corpo de Lúcifer.

O corpo de um homem.

Incapaz de me afastar, abri a boca para tentar puxar mais ar e tentar me acalmar, contudo, parecia que quanto mais de meu corpo ele desbravava com sua mão esperta, mais de minha respiração escassa ele tomava.

— Eu me sinto muito estranho quando estou perto de você, Jimin — lambeu os lábios. — Quando você ficou olhando para Kai daquele jeito, meu corpo inteiro tremeu em fúria. É algo que me encanta e me deixa muito bravo, ao mesmo tempo...

— Por... — gaguejei pateticamente, olhando seu reflexo sério atrás de mim. — Por quê?

Ele riu e aproximou ainda mais seu corpo no meu, pondo a mão sobre minha barriga apenas para me puxar ainda mais em sua direção. Seu cheiro singular me deixava tonto, pois era bom demais... parecia de outro mundo.

— Por que, às vezes, só às vezes mesmo... Eu não consigo controlar — murmurou, esfregando seu nariz em meu pescoço e me tirando um suspiro afetado. — E eu odeio quando não consigo controlar uma coisa.

— Você não me controla... — comentei, mordendo o lábio para tentar prender o murmúrio luxurioso que, vez ou outra, tentava escapar. — Você me odeia por isso?

Como resposta, ele riu soprado contra meu ouvido e, para meu espanto, pressionou seu membro completamente duro contra minha dura, forçando ainda mais meu corpo contra o dele.

— Isso responde se eu te odeio, ou não? — indagou com a voz rouca.

Prendi a respiração, desviando o olhar.

— Olhe para você — comandou, voltando a segurar meu rosto com sua mão para me forçar a olhar nosso reflexo mais uma vez. Seus olhos estavam tão escuros... — Olhe o quão vermelhinho você está, meu Jimin. Olhe o quão afetado você está com meus toques... isso é fascinante.

Gemi. Eu também estava fascinado pela maneira que seus olhos haviam escurecido dois tons, assim como suas bochechas estavam igualmente vermelhas. Sua respiração irregular era perceptível; sim... Eu podia ver que ele estava tão afetado quanto eu, pois seus ombros se movimentavam rapidamente. Para cima e para baixo, para cima e para baixo.

Pelo reflexo do espelho, percebi que uma gota de meu suor começou a escorrer de meu rosto em direção ao meu pescoço, assim como Jungkook começou a sorrir e afundou seu rosto em minha pele, capturando a gota solitária com sua língua quente e molhada.

— Oh! — suspirei, revirando os olhos com a sensação extasiante.

Ele me olhou, com os lábios ainda colados em minha pele e piscou um dos olhos, galante. Não haviam palavras que pudessem explicar o que eu estava sentindo, mas era uma mistura de calor, euforia, luxúria e humilhação. Todas juntas e misturadas; era como eu me sentia.

Uma bagunça.

Guinchei de surpresa quando ele pôs ambas as mãos em minha cintura e me suspendeu no chão, nos virando para me jogar de costas na cama sem dificuldade alguma. Com ambas as mãos, enquanto caminhava em minha direção, desabotoou os primeiros botões de sua blusa e me olhou, sério.

— Tire sua blusa, Jimin. Eu quero ver... — sussurrou, mordendo o lábio quando colocou o primeiro joelho sobre o colchão.

— Mas... — neguei com a cabeça, abraçando meu corpo protetoramente.

Afinal, ainda me restava um pouco de raciocínio.

— Eu prometo que vou te fazer sentir tão bem... — quase ronronou, ponde uma de suas mãos em meu joelho esquerdo. — Coisas que você nunca sentiu antes. Sensações que somente eu posso te proporcionar.

— Você... — balbuciei, piscando rapidamente em nervosismo.

Eu estava apavorado, mas ao mesmo tempo que em que sentia o terror em minhas veias, também era capaz de sentir algo mais suave e gentil tomando meu corpo. Era quente e inebriador, e me tomou o foco em questão de segundos.

Minha curiosidade.

Latejante e perigosa, ela estava ali, e parecia morfina em minhas veias.

— Eu não sei o que estou fazendo... — admiti, fungando quando senti que estava sobrecarregado em confusão e auto aversão.

Jungkook foi rápido em subir na cama, se posicionando entre minhas pernas para segurar meu rosto com uma mão, enquanto se equilibrava com a outra.

— Eu já não falei que faremos apenas o que você quiser? — indagou com a voz forte e o olhar centrado.

Concordei com um balançar hesitante de cabeça.

— Você acha que irei te machucar? — perguntou mais uma vez, e apertou o aperto em meu queixo. — Me responda!

Dessa vez, tão hesitante quanto antes, neguei.

Ele rosnou e se inclinou para me roubar um beijo bruto e intenso, mordendo meu lábio ao se afastar minimamente.

— Não renegue as sensações, Jimin, deixe-se levar — pediu, dando uma mordidinha suave em meu queixo, antes de sorrir minimamente para mim e voltar a me beijar.

Gemi, pondo as mãos ávidas em suas costas, espalmando-as sem ter ideia alguma do que fazer. Entretanto, assim senti seu membro sendo esfregado entre minhas pernas novamente, finquei minhas unhas no tecido de sua blusa, sentindo sua pele macia por baixo do tecido com um suspiro surpreso.

Por que tudo o que eu estava sentindo era novo. Tudo.

Comecei a sentir um tremor, mas acabei achando que era algo de meu próprio corpo, e conforme eu beijava Jungkook na mesma intensidade em que ele retribuía, os tremores começavam a intensificar ao ponto dos esqueletos nas paredes derrubarem as velas e o fogo cessar assustadoramente.

Com a pouca luz iluminando o quarto, Jungkook se afastou com as sobrancelhas arqueadas e saiu da cama, olhando ao redor seriamente. Talvez ele tivesse se virado para ir em direção à porta, mas assim que deu o primeiro passo, alguma coisa atravessou o teto e o acertou. O impacto foi tamanho, que criou um buraco e os engoliu de uma vez.

Gritei ao perceber que Jungkook havia desaparecido e levantei da cama apressado, caindo de joelhos diante a grande cratera que havia se formado.

— Oh, meu Deus... — sussurrei trêmulo, percebendo que o impacto também havia aberto um buraco no primeiro andar, em uma sala escura, onde não dava para ver nada além do breu e dos pedaços de madeira do piso em frangalhos. — Jungkook!

Me inclinei um pouco e cerrei os olhos ao notar um pequeno brilho branco bem ao fundo, e ele subia cada vez mais e mais. Tão forte, tão intenso, tão brilhante, tão... perigoso!

Gritei quando o vulto branco passou por mim e me levou com ele, me tirando do chão. Senti que um de meus braços havia quebrado quando meu corpo foi projetado com violência contra o teto do quarto, depois jogado brutalmente no chão.

O vulto acabou se revelando um homem vestido em um terno cinza, com cabelos longos e brancos. Seus olhos azuis pareciam mortais, mas não tanto quanto suas unhas grandes e afiadas. Ele se ajoelhou ao meu lado e agarrou meu queixo, rosnando uma careta quando comecei a cuspir meu próprio sangue, convulsionando com a dor.

Ele se inclinou e passou a ponta de sua unha em minha bochecha, rasgando minha pele, e sorriu.

— Te achei, Hades.

¹seiscentos e sessenta e sei: 666, o número da besta.

²Tarot: é um jogo de cartasutilizado para prever o futuro.    

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