Quando o dia amanheceu tomamos um café no saguão do hotel, entre brincadeiras e risadas decidimos dar um passeio de iate, o dia estava pedindo um pouco de mar.
O iate era enorme tinha espaço para fazer uma festa se quisesse, na verdade essa era uma opção que Martin já havia pensado diversas vezes, o sonho dele era que eu comemorasse meu aniversário ali.
Tirei meu vestido ficando apenas de biquíni, Joel e Chris resolveram pular no mar, enquanto Richard e eu ficamos apenas sentados vendo os dois fazendo guerrinha de água.
— Seu iate é muito lindo.
— Era do meu pai, ficou pra mim no testamento.
— Seu pai tinha muito bom gosto.
— Ele comprou como presente de um ano de casamento, minha mãe veio de origem humilde e o sonho dela era poder andar num iate, então meu pai se lembrou disso e fez essa surpresa pra ela.
— Ele era bem romântico... — Riu baixo. — Sente falta deles?
Eu nunca tinha parado para pensar nos meus pais, eu nunca realmente sentei e conversei com alguém sobre isso e mesmo se eu quisesse, meus compromissos não deixavam e eu agradecia por isso. Não que eu tivesse receio de falar sobre eles, eu apenas talvez não tivesse palavras exatas.
Uma parte boa do meu trabalho é não me deixar ter um minuto para pensar na vida, ok, pode parecer algo meio absurdo de se dizer, mas depois que meus pais morreram eu achei que fosse a melhor decisão a se tomar. Não falar sobre eles e nem tocar no assunto.
— Olha, se você não quiser falar, tudo bem. Eu não devia ter perguntado — diz Richard me olhando.
— Não, não. Você não tem culpa, eu me distraí com meus pensamentos aqui, desculpa. Mas, respondendo sua pergunta, sim. Eu sinto falta deles...
— Eu sei que eles estão muito orgulhosos de você.
Dei um sorriso fraco dando um gole na garrafa de cerveja.
— Bom — ele se levantou — você não vai entrar?
— Agora. — Ri me levantando. — Vamos juntos no três?
— Vamos.
Assim fizemos a contagem e pulamos juntos no mar.
A tarde passou em um piscar de olhos, e quando eu vi já eram seis horas e eu estava em uma luta infinita para tentar hidratar o meu cabelo.
Tive que sair do banheiro, para Joel poder tomar banho, e ficar passando creme no meu cabelo por longos minutos.
Eu até roubei um creme de hidratação do Joel.
No final, levei horas para ficar pronta. Iríamos sair de novo, para uma casa noturna em Hollywood. Era nosso ultimo dia na cidade, e nós precisávamos fazer algo maior que jogar boliche.
Vesti um blazer preto que ia até minha coxa, com detalhe rosa nos braços, e decote em V, que não era tão profundo. Por segurança, eu coloquei um short curto preto por baixo, mas que mal aparecia. Nos pés um salto rosa. Meu cabelo felizmente estava com um ar melhor e estava solto, com ondas.
Joel estava se arrumando no banheiro, e quando saiu parou bruscamente na porta.
— Que? — franzi a testa ao ver seu olhar fixo sobre mim. — Me sinto nua, para de me olhar assim.
— Não que você esteja escondendo muita coisa ai né... — Mostrei o dedo do meio para ele. — Linda e delicada.
O segui para fora do quarto, encontrando Richard e Christopher a nossa espera.
— Mas esses garotos estão um arraso hoje hein... — falei, fechando a porta e olhando para os dois.
Eles deram uma voltinha me fazendo rir.
— Já sabe né, rompe tudo menos o coração — disse Richard, me fazendo arregalar os olhos. — Não acredito que você não sabe disso... — Ele olhou para Joel. — Mas não estou surpreso.
O caminho até a balada foi Richard me explicando o que ele tinha dito no corredor, e Joel ficando vermelho e revirando os olhos. Chris estava muito ocupado gravando stories para nos dar atenção, mas ele ria ocasionalmente de algo que falávamos.
Quando chegamos ao The Hollywood Hihglands nós nos separamos. Richard tinha alguns amigos na cidade e sumiu com eles pela pista, enquanto Joel ficava na área para menores de idade e Chris e eu subíamos para a área VIP.
— Eu to com dó do Joel — falou Chris, enquanto íamos para o bar. — Ele vai ficar lá sozinho.
— Nós só vamos beber um pouco e vamos lá com ele. Ele não vai morrer... Alias, quem sabe ele faz novas amizades né.
— O Joel?! Ah coitado. Até parece que você não conhece ele.
Soltei uma risada e me apoiei no balcão do bar, enquanto Chris fazia os pedidos.
Chris estava com uma roupa bem... Exótica e comum. Se é que isso é possível. Vestia calça jeans escuras, com alguns rasgos e uma bota preta. A blusa também era preta, e tinha diversos furos transparentes. Só dava para notar que ela transparente quando a luz batia em Chris, e isso fazia sua tatuagem no peito aparecer. Chris não tinha o corpo definido, mas aquela camiseta dava muito uma ilusão de ótica de que ele tinha.
— Tim, tim — falou ele, me entregando um copo pequeno e fazendo um brinde.
Viramos o copo na mesma hora, não evitando uma careta com o sabor forte do álcool.
— Ok! — falou, balançando a cabeça para se livrar da tontura da bebida. — Vamos começar essa noite.
Deveria ser mais de uma da manhã quando nós quatro nos juntamos novamente, dançando juntos na pista de dança. Eu não sabia mais se era o Joel que estava no lugar errado ou nós, mas não fazia diferença.
Como Richard parecia muito animado em dançar com o Joel, Christopher e eu ficamos juntos. Não demorou muito para nós sairmos da pista, com suas mãos em meu corpo e sua boca na minha enquanto recuávamos até acharmos uma parede.
Minhas ficadas com o Christopher nunca significavam nada, mas eu tinha que confessar que elas eram boas. Incrivelmente boas. Eu perdia a noção de tempo e espaço quando estávamos nos beijando, sua mão passando por minha coxa, minhas unhas subindo por seus braços.
Mas como sempre, não ficamos muito tempo juntos. Em pouco tempo, já estávamos de volta a pista, como se nada tivesse acontecido.
Eu evitava ficar com o Chris em lugares onde o Joel estava, porque não queria que ele visse sem antes eu contar pra ele. Não que eu tivesse a intenção de contar...
Meu Deus, eu sou uma péssima amiga!
— Não se culpe tanto...
Arregalei os olhos ao ver que tinha dito aquilo em voz alta.
Virei o rosto, vendo um rapaz sentado no bar ao meu lado. Soltei um suspiro, brincando com meu copo de bebida.
— Sou Marcus, a propósito — falou, estendo a mão.
— Nia — respondi, o cumprimentando.
E lá se foram mais longos minutos perdida nos braços de alguém.
— Ok... — falei, finalmente achando algum rosto conhecido no meio da pista de dança. — Marcus não sai do meu pé.
— Quem é Marcus? — perguntou Chris, soltando a garota que estava e se virando para dançar em minha frente.
Eu ia responder, mas braços me envolveram por trás e lábios foram para o meu pescoço.
— Ta fugindo de mim é? — disse Marcus, dando uma risada enquanto beijava meu pescoço.
Fechei a cara e olhei para Chris, que franziu a testa vendo a cena.
— Nia, acho melhor a gente ir — falou Chris, estendo a mão para mim.
Quando eu fui pegar sua mão, Marcus segurou a minha.
— Acho que ela vai ficar mais um pouquinho.
Sua passou pelo colo do meu peito, a área exposta pelo decote, descendo até os botões do blazer.
— Marcus, eu realmente tenho que ir — falei, tentando me soltar de seus braços. Mas de nada adiantou.
Christopher revirou os olhos e respirou fundo, colocando uma mão em meu ombro e outra no ombro de Marcus.
— Acho que vocês podem continuar isso outro dia, caso a Nia queira.
Marcus pareceu finalmente notar Chris ali, e só tirou um braço do meu redor para afastar ele.
Eu não sabia dizer se era a bebida ou apenas o susto pelo o que aconteceu, mas eu não consegui entender nada do que se passou a seguir. Vi algo que eu nunca imaginei que veria na vida: Christopher batendo em alguém.
Minha perda de consciência durou poucos segundos na realidade, apesar de parecer muito mais, por tudo ter se passado em câmera lenta. Voltei a mim tentando fazer Marcus sair de perto de Chris, mas de nada adiantou.
Por sorte, Richard apareceu, puxando Chris para trás, sumindo com ele no meio da multidão, enquanto amigos de Marcus o seguravam.
Uma mão segurou em meu braço e me puxou, também me arrastando para o meio das pessoas. Eu quase tive um ataque do coração até ver que era o Joel.
Nós saímos pela porta da frente da balada o que claramente foi uma péssima decisão. Aquele lugar vivia cheio de famoso, e obviamente tinham muitas câmeras do lado de fora. Apesar dizer, a primeira coisa que fiz ao irmos para fora foi me soltar de Joel e ir até Christopher.
Richard o soltou, enquanto pegava o celular e tentava chamar um carro.
— Ai meu Deus, você ta bem? — perguntei, levantando o rosto de Chris. Ele tinha um leve corte no lábio inferior.
— Vamos sair daqui — falou Joel, interrompendo Chris de me responder.
Christopher abaixou a cabeça, tampando o rosto enquanto Richard o guiava em direção ao carro, e diversas luzes brilhavam em nossas caras. Joel segurou em minha mão e me conduziu pelo meio daquele tanto de pessoas.
Mesmo após entrarmos no carro, os flashes ainda penetravam as janelas escuras do carro.
Meu Deus, o que tinha acontecido?