Boss • Wong Yukhei (Lucas)

By ahgasevwn

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"Qualquer coisa que você toca, Leva o meu calor. O momento que se toca a ponta dos dedos, Sinto como se eu... More

Capítulo Único

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By ahgasevwn

Oi, gente! Antes de lerem essa One-Shot, eu gostaria de pedir, por favorzinho, se gostarem, leiam os avisos que eu deixei lá no final, são importantes! Por favor, vai valer a pena!

Outra coisa, deixei Boss do NCT para vocês ouvirem enquanto lêem.

Também não esqueçam de votar e comentar, está bem?

Boa leitura!

• • •

"Qualquer coisa que você toca,
Leva o meu calor.
O momento que se toca a ponta dos dedos,
Sinto como se eu caísse, yeah.
Eu sei que você quer.
Chegue mais perto de mim."

Boss • NCT U

Não vou mentir e dizer que minha vida estava na maior tranquilidade de todas. Porque não estava.

Desde que eu me descobrira uma Ceifadora, eu não experimentava algo semelhante a paz.

Oh, certo. Você não sabe o que é uma Ceifadora.

Bom, vou te encaixar no contexto. Eu, Baek Yu-Mi, vivo no ano de 3019, no que resta da península coreana. Por volta dos anos 2990, foi descoberto um trio de pessoas que possuíam habilidades super humanas.

E como é bem típico do ser humano, uma equipe de cientistas conseguiu capturar duas das pessoas, para estudá-las e tentar se aproveitar de seus poderes.

Eram uma mulher e um homem. A mulher era uma Sentinela, seu poder consistia em possuir uma visão super humana. Já o homem, era um Ceifador e, como eu, conseguia pressentir a morte.

Já adiantando: os dois morreram nas mãos dos cientistas, explorados cruelmente, para variar.

Você pode estar se perguntando, o que aconteceu com a terceira pessoa do grupo?

Com muita sorte, conseguiu fugir. Até onde sabemos, era uma outra mulher, uma Acquatica, ela conseguia respirar de baixo d'água tranquilamente.

Aos poucos, foram surgindo mais, como somos chamados, Erísticos e, consequentemente, a perseguição para nos capturar também aumentou.

Explicação rápida: o nome Erísticos é derivado do nome de Éris, a deusa da discórdia. E, apesar de ser bem ofensivo dizer que somos a causa de toda a discórdia no mundo, é assim que somos conhecidos.

Voltando... Onde eu estava? Ah, sim. Vamos a parte da minha vida em que estava tudo ficando bem novamente e um certo alguém conseguiu arruinar qualquer tranquilidade interna que eu pudesse ter.

Ok, vamos lá.

Eu tive que fugir de casa há 3 anos, quando tinha apenas 15. Assim que me acharam, eu joguei para o alto todos os planos que eu havia feito para minha vida e comecei a chamar as ruas de lar.

Eu me virava, fazia bicos, recebia ajuda e, até mesmo roubava de vez em quando para sobreviver.

Assim que saí da casa dos meus pais, eu encontrei alguém que possuía a história bem parecida com a minha: Wong Yukhei, um Erístico chinês de apenas 17 anos, que sempre pintava o cabelo de loiro e preferia ser chamado de Lucas.

Se você já leu clichês o suficiente, pode imaginar que eu me apaixonei por ele. E vivemos como dois refugiados por volta de um ano, não conseguíamos ficar muito tempo sem as mãos um no outro, um casal grudento, devo admitir.

Lucas já fugia desde os 12 anos, e me ensinou muitas coisas. Hey!, não malicie isso. Ok, malicie sim. Só um pouco.

Mas além de coisas úteis apenas quando se estava dentro de quatro paredes, Yukhei também me ensinara a usar todos os tipos de armas, brancas, lâminas pesadas e até armas de fogo.

Eu podia me acostumar com aquilo, com a minha nova realidade. Eu gostava de Lucas. Gostava de acordar perto dele todas as manhãs, mesmo que em becos sujos ou empórios abandonados. Gostava até mesmo das nossas fugas. Era muito bom estar com ele.

Mas é claro, como num bom clichê, a felicidade não durou muito tempo.

Lucas foi pego quase um ano depois de nos conhecermos.

É, pode imaginar como fiquei mal. Mas eu não tinha muito tempo para sofrer, certo? Assim era a vida de um Erístico. Eu apenas segui as últimas palavras que Yukhei me dirigiu assim que foi pego: continuei correndo, sem olhar para trás.

Por volta de dois meses depois, eu fui encurralada por um grupo de delinquentes que caçava Erísticos em troca de recompensas.

Como a boa Ceifadora que sou, já sabia que aquele seria meu fim. O cheiro característico de pré-morte já invadia o ar.

Eu só não sabia ainda que o aroma de morte era na verdade do grupo que me colocava, literalmente, contra a parede.

No instante em que eu iria me render, algo aconteceu.

Um dos marginais caiu no chão, imóvel. Morto. Eu sabia que ele estava morto. Podia sentir.

Um garoto surgiu do nada, no mais puro dos sentidos, ele só apareceu como se fosse a sombra do caçador de recompensas morto.

- Erística? - Parou por um segundo apenas para me perguntar. Eu estava tão chocada com o que acabara de acontecer que só assenti sem dizer uma palavra.

O garoto colocou os dedos na boca e assoviou.

No próximo segundo mais quatro pessoas apareceram, três garotas e mais um garoto.

As meninas, cada uma cuidou de um dos marmanjos intimidadores. Foi tão rápido que eu mal vi acontecer. Pisquei. Eu só podia estar enlouquecendo.

O rapaz que aparecera depois tinha os cabelos tingidos em roxo. Se aproximou.

- Abra os braços, por favor.

Juntei as sobrancelhas, mas fiz o que o rapaz de sotaque carregado pedira, eu não estava em condições de fazer perguntas.

Passou as mãos vazias sobre meus braços.

- Erística mesmo, Mark. - Falou para o outro garoto, baixo, de cabelos castanhos.

Acho que o menino de cabelos violeta viu que eu estava mais perdida do que cego em tiroteio e finalmente dirigiu a palavra a mim.

- Desculpe por isso. - Deu um sorriso, coçando a própria nuca. - Nakamoto Yuta. Atirador principal da equipe E8.

- Baek Yu-Mi. - Apertei a mão que ele estendia.

A partir dali, eu me tornei parte da equipe E8. Aos poucos me encaixei entre o grupo de dezenas de Erísticos.

Fiz amigos de verdade, os mais próximos a mim eram Joy, uma velocista assim como Mark Lee (o líder da E8), Yugyeom, cujo poder era invisibilidade e Yuta, o japonês que tinha a super habilidade de criar temporais em potencial. Dica de sobrevivência: não o irrite a menos que esteja a fim de levar um raio bem na cabeça.

Se já entendeu que minha vida é quase um clichê pronto, pode deduzir que me aproximei de Yuta mais do que o recomendado para ficarmos apenas no conceito de amigos.

Eu passei mais dois anos na E8, me tornei atiradora líder e frequentemente era chamada para missões para salvar novos Erísticos.

Depois de tanto tempo, eu havia achado uma nova família. Me sentia feliz.

Mas é claro que algo tinha que acontecer. Sempre acontecia. Eu nunca tinha paz.

Yuta e eu havíamos tido nossa primeira discussão feia. Já era quase um mês que ele nem sequer olhava na minha cara direito. E eu sabia o que viria por ali.

Iríamos terminar. Assim que ele se cansasse daquele lenga-lenga. Pensar naquilo me assustava mais do que qualquer caçador de recompensas. Yuta não era apenas alguém com quem eu trocava saliva e agia feito uma vagabunda na cama.

Ele era meu confidente. Eu podia contar com ele para qualquer coisa. Sempre me ouvia. E também sabíamos de tudo um sobre o outro.

Compartilhávamos até os segredos mais profundos que não dizíamos a ninguém. Yuta Nakamoto era um pilar na minha vida e eu não sabia se eu teria forças para ver aquele pilar ruir.

Eu já perdera todas as esperanças, até o dia em que Nakamoto fora mandado para uma missão. Era mais perigosa do que o normal.

Ele teria de invadir um laboratório e pegar antídotos para um vírus que começava a circular pela E8. E, além de tudo, iria sozinho.

Tentei de todas as formas convencer Mark de me deixar ir com ele ou mandar qualquer um para o acompanhar, mas Mark era indobrável.

Eu estava checando as munições no depósito do nosso QG, quando ouvi uma batida na porta de metal.

- Podemos conversar? - Os cabelos do japonês estava um pouco maior do que de costume, caindo aos olhos e com sua cor natural, castanho.

Definitivamente eu não estava esperando por aquilo. Iríamos terminar um dia antes de ele sair em missão? Não soa ridículo?

- Claro. - Dei de ombros, tentando soar indiferente enquanto fingia ainda estar concentrada na contagem das granadas de poder médio.

Nakamoto fechou a porta e se sentou no balcão alto de mármore.

- Não quero te atrapalhar, só me dê uns minutos de atenção e não te irrito mais.

Relaxei os ombros como se estivesse largando um peso enorme das costas. Juntei coragem o suficiente para o olhar.

Me aproximei com cuidado e larguei um suspiro.

- Sou toda ouvidos.

- Eu sei que não estamos bem. - Começou, incerto, encarando a parede infestada de revólveres pregados sobre ela. - Mas precisamos dar um jeito nisso tudo... Yu-Mi, olha para mim, por favor.

Movi os olhos para seu rosto acima do meu, encarando as orbes escuras do rapaz.

- Me desculpe. - Pediu. Puxou minhas mãos e ficou massageando as costas dessas com seus respectivos polegares. - Por favor. Eu quero te explicar porque fiquei tão irado naquele dia, e eu vou... Mas...

- Mas...? - Eu não conseguia não soar suave. Yuta relutou por um segundo, fechando os olhos.

- É... Um assunto delicado. Por favor, se eu voltar...

- Quando você voltar. - Corrigi.

- Eu irei conversar com você direito. Eu sei tudo sobre você e o que eu quero lhe dizer é a única coisa que não sabe sobre mim. Eu... Eu juro.

- Se não podemos conversar agora... Por que...

- Eu não podia ir sem estar bem com você.

Eu admito, eu poderia derreter ali. Me julgue, mas meu coração é de manteiga.

- Yu-Mi, eu am...

Antes que ele pudesse dizer o que queria, fiquei nas pontas dos pés e alcancei seu rosto, juntando seus lábios com os meus.

Eu sabia o que ele iria dizer... E era uma frase perigosa.

Felizmente, Yuta de entregou ao beijo tanto quanto eu.

- Estamos bem, então? - Sussurrou, as nossas testas juntas.

- É claro que sim. - Estalei mais um beijo sobre seus lábios e outro em sua bochecha antes de abraçá-lo pelo pescoço.

Com seus braços ao redor de minha cintura, eu poderia ficar ali o resto da minha vida, seu rosto escondido em meu ombro, sua respiração quente batendo contra minha pele e seu coração batendo rápido contra meu busto.

Não faço ideia de quanto tempo ficamos abraçados, presos em nosso próprio mundo. Em certo momento, quebrei o silêncio.

- Em quanto tempo você sai? - Desfiz o aperto apenas o suficiente para brincar de afastar seus fios de seus olhos.

- Sendo otimista, em uma hora.

- Hum... - Olhei para os lados. - Trancou a porta quando entrou?

Levantou as sobrancelhas.

- Na sala de armas? Sério?

Dei de ombros.

- Se não quiser, tudo bem...

Comecei a sair de perto, voltando para perto da caixa de granadas.

Meu corpo foi virado e agarrado com rapidez. Bati contra seu peitoral e minhas pernas estavam sendo seguradas na altura de seu quadril.

- Está bem, mas evite fazer muito barulho. - Fui sentada no balcão, ficando no lugar que ele estava antes.

- Não se preocupe. - Falei entre intervalos de beijos que eu deixava em seu pescoço. - Vou gemer seu nome só para você.

• • •

- Ele já foi? - Yugyeom me perguntou quando me sentei a nossa mesa de costume, na hora do almoço.

Fiz que sim.

- Saiu faz quase uma hora. - Suspirei, cutucando a comida, sem a mínima vontade de comer.

- É bom você comer essa comida toda, garota. - Joy, que estava ao meu lado, alertou. - Ou come por vontade própria ou eu a enfio goela abaixo.

Revirei os olhos, a mais velha sempre bancava a mãezona. Era fofo ela se preocupar, mas era bem irritante ás vezes.

- Vocês viram? - Um garoto tailandês, Bambam, sentou-se ao lado de Yugyeom. Não o conhecia muito, mas sabia que o Kim tinha uma quedinha por ele.

- O quê? - Joy questionou.

- O novato que chegou hoje mais cedo. Ele é um gato. - Sussurrou a última palavra, me segurei para não rir da cara vermelha de Yugyeom, que não podia reclamar de ciúmes já que não tinha nada com Bambam.

- É mesmo? - O Kim fingiu estar interessado na conversa.

Bambam assentiu.

- Não sei muito sobre ele ainda, só sei que ele é chinês e, pelo que parece, conseguiu fugir depois de dois anos sendo estudado. - O platinado falava baixo. - E, Yu-Mi disfarça para olhar, mas ele está te encarando desde que entrou no refeitório.

Levantei as sobrancelhas.

- Cadê ele?

- Na mesa atrás de mim. - Falou, olhando para o lado e tentando disfarçar.

Inclinei um pouco a cabeça para ver através do garoto estrangeiro e a comida que eu havia colocado na boca intalou e eu engasguei.

- Meu Deus... - Falei entre tossidas secas.

De alguma forma sobrenatural, ele estava mais bonito do que antes.

Os cabelos loiros estavam desarrumados, suas feições haviam se tornado mais maduras e ele havia criado mais músculos. E também havia furado a orelha, usava uma argola em um dos ouvidos externos.

- O que foi? - Joy cerrou os olhos na direção em que eu olhava antes de entrar em processo de sufocamento.

- É ele... - Finalmente consegui engolir a comida.

- Quem? - Yugyeom não se deu o trabalho de ser sutil e virou o cabeção de uma vez para ver atrás de si.

- Conhece o novato? - Bambam me olhava com interesse.

- É ele... Mas não pode ser... Ele... Não pode... - Meu cérebro deu pane, comecei a suar frio e tremer. Larguei o garfo.

- Meu Deus, Yu-Mi, você está pálida. - Joy tocou minha testa com as costas da mão.

Quando dei por mim, eu já estava segurando as lágrimas. Não era possível...

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo? - O vindo da Tailândia pediu.

- É o Wong, Wong Yukhei. - Consegui dizer.

Os olhos de Yugyeom saltaram.

- Está me dizendo que o novato...

- Sim, é ele, sem dúvida é. - Confirmei, abraçando a mim mesma. - Lucas, o garoto por quem eu me apaixonei quando era mais nova.

Estendi a mão para pegar um copo com água, mas na hora em que eu ia fazê-lo Yukhei me pegou o olhando.

- Merda. - Falei baixinho. - Ele ouviu toda nossa conversa.

- Não tem como, ele está muito longe... - Joy começou, eu a atrapalhei.

- Não, não. Yukhei é um Sentinela, mas não um Sentinela comum. Ele é um Sentinela auditivo. Pode ouvir coisas há quilômetros. - Eu ditava, sem quebrar nosso contato visual. O chinês ouvia claramente o que eu dizia.

• • •

- Mark, não podemos! O QG vai ficar desprotegido...

- Yu-Mi, eu estou cansado. - Mark passou as mãos no rosto. - Sem reclamações. Se não formos atrás de alimentos morreremos de fome. Serão apenas duas noites, e deixarei encarregados no comando.

- Mas...

- Já chega. - Me interrompeu. - Vá checar as armas. Sairemos assim que o sol se pôr. Sem mais protestos.

Revirei os olhos e suspirei.

- Sim, senhor. - Saí do local e fui fazer o que Mark me pedira.

Algumas horas mais tarde o líder nos chamou para nos reunirmos no portão principal do QG. Éramos uma equipe grande, o que mais me preocupava, claro.

Respirei fundo, avaliando quais Erísticos iriam. A maioria eram os mais antigos e bem qualificados.

- Como... - Meus olhos pousaram nos fios dourados de Yukhei, que prestava atenção mas instruções de Mark.

O universo só podia estar de brincadeira comigo.

- Ele deve ser muito bom para já ser enviado numa missão. - Yugyeom comentou, conferindo as armas no próprio cinto.

- É. - Não mudei meu campo de visão, o chinês tentava conter um sorriso de lado. O desgraçado estava ouvindo. - Muito bom.

Ao fim de dar as ordens que devíamos seguir, Mark abriu os portões e começamos a marchar para o lado de fora.

Durante a noite não haviam muitos caçadores de recompensa, mas ainda era arriscado para qualquer Erístico sair nas ruas, independente do horário.

A correria não durou mais do que 40 minutos até chegarmos num armazém abandonado. Rapidamente nos encaminhamos para dentro.

Seguindo as ordens previamente dadas por Mark, nós abastecemos com todos os tipos de produtos não perecíveis as sacolas de pano que havíamos levado.

Após fazermos nossa limpa, foi ordenado que estirássemos nossos sacos de dormir. Mark faria a primeira ronda juntamente a Yien Tuan, um outro velocista.

Como Yugyeom me fez o favor de atravessar o ambiente só para poder dormir perto de Bambam, fui para um canto vazio e me recolhi lá.

Antes que eu pudesse me deitar definitivamente, o universo olhou para mim e falou "por que não acabar com a vida dela mais um tiquinho?", e, como pode imaginar, Lucas, que estava alguns metros a minha frente, arrastou seu saco de dormir e o posicionou logo ao lado do meu.

O maldito se deitou, apoiou o cotovelo no chão, a cabeça em sua palma e olhou para mim sorrindo minimamente.

- Oi.

Eu vou quebrar o rosto lindo dele na porrada.

Lucas me disse oi como se estivéssemos numa situação normal, como se nada tivesse acontecido e como... Se ainda estivéssemos juntos.

Eu queria ter respondido. Juro que queria.

Mas eu estava tão em choque com o fato de Yukhei estar ali, vivo, na minha frente, que eu travei. O fato de Yugyeom e o seu futuro peguete estarem cochichando e olhando para nós dois ajudou muito, também.

Então fiz o que meus olhos e coração mandavam.

Virei de costas para o chinês e fechei os olhos, caindo no sono quase que imediatamente.

• • •

Tão rápido quanto caí no sono, fui tirada dele.

Mark me cutucava para me acordar.

- Vamos, sua vez de fazer a ronda.

- Está bem. - Respondi, após um bocejo curto. Me levantei e rumei a saída do armazém.

- E você, Wong. - Aquelas palavras me fizeram congelar. - Aproveite que já está acordado e faça a ronda também.

Controlei a minha vontade de me virar e espancar Mark até que ele desmaiasse e continuei meu caminho para a saída do armazém. Puxei o ar com força, sem ousar olhar para trás.

A noite estava deixando soprar uma ventania fraca e fresquinha, as ruas do velho comércio estavam silenciosas de maneira que só podiam ser ouvidos nossos passos, grilos e uma coruja ao longe. As únicas luzes além da lua provinham dos postes e de um grande edifício moderno, que parecia ser um hospital ou um laboratório médico.

Pelo canto dos olhos, vi que Yukhei se sentara à porta, deixando as pernas largadas e a coluna relaxada. Permaneci de pé, sem coragem o suficiente para olhá-lo diretamente.

- Não vai dizer nada? - Disse. Todos os meus pelos se arrepiaram, se é que era possível, sua voz ficara ainda mais grossa com o passar do tempo.

Continuei calada e em guarda.

O ouvi suspirar e mesmo não o vendo pude visualizar sua imagem inflando as bochechas ao respirar de modo pesado.

- É sério? Vamos ficar aqui sem trocar uma mísera palavra?

Permaneci sem respondê-lo.

- E se acontecer alguma coisa?

- Não vai acontecer nada.

- Eu não diria isso, em pouco tempo amanhece e é quando mais nos atacam.

- Cala a boca, Wong.

- Wong? Não estava me chamando de Lucas? O que aconteceu com o Lucas por quem você se apaixonou quando mais nova?

Não o respondi. Preferi me concentrar no meu serviço, que era fazer a ronda. Lucas suspirou mais uma vez.

Eu estava concentrada no que devia, quando algo me tirou a atenção.

Algo pesado bateu contra minha panturrilha e, em meio a queda, tentei tirar uma faca do meu bolso. Mas não foi preciso.

O que havia e dado uma rasteira fora o braço de Yukhei. O último impediu que eu caísse agarrando-me pela cintura.

Congelei, se perceber que minhas mãos repousavam e seu peito.

- Para uma atiradora líder, você até que é bem lenta. - Sorriu como um digno badboy de contos clichês.

Perdi todos os movimentos num só segundo, notando o quão perto ele estava. Sua respiração batia contra meu rosto, os poucos músculos que haviam e seus braços podiam ser vistos através da regata preta e eu podia sentir o tecido de sua calça camuflada contra minhas próprias pernas, que só estavam cobertas por um short da cor preta e uma pequena aljava para guardar facas.

Engoli em seco, minhas costas contra as portas de metal do armazém.

- Se quiser que eu te solte é só falar.

O miserável estava me testando!

Minha mente gritava um nome do qual eu não gostaria de lembrar naquele momento. Era errado. Estava tudo errado.

E eu deixei que o errado acontecesse.

- Eu te odeio. - Sussurrei, irritada com toda a minha confusão interna.

O sorris do outro só fez aumentar.

- Não odeia nada.

E uma de suas mãos subiram para minha nuca, finalmente juntando nossos rostos e fazendo com que o beijo acontecesse.

Droga, eu havia sentido falta de beijar os lábios grossos de Lucas. Ele sempre sabia o que fazer, a maior prova daquilo era sua mão apertando meu quadril e sua pausa apenas para morder meu lábio inferior.

Sem pensar, levei as mãos para seu pescoço, trazendo-o mais para perto.

Uma parte do meu cérebro gritou PARE JÁ COM ISSO!, enquanto a outra estava pedindo para que aquilo não acabasse, queria ir... mais longe.

Meu Deus, eu queria transar com Lucas.

Concluindo aquele pensamento, eu percebi a loucura que estava fazendo. O afastei no esmo segundo em que um trovão ribombou no céu.

Não, pensei. Aquilo não podia estar acontecendo.

Mas estava.

Olhei para o lado. A figura de um rapaz de joelhos assistia a cena, paralisado em choque. Meu coração se apertou e, quando percebi que havia uma lágrima solitária escorrendo pelo rosto do Nakamoto, ele se estiçalhou em mil pedaços.

Eu era a pior pessoa do mundo.

Yuta finalmente se levantou e, veloz, se virou de costas e se pôs a correr para a direção oposta. Empurrei Lucas e o segui sem pensar no que estava fazendo.

Escutei Yukhei me chamando, mas eu não lhe dei ouvidos. Continuei correndo.

Uma chuva fortíssima começou a cair, eu sabia que era Yuta quem a estava causando. Seus poderes ficavam descontrolados quando ele sentia algo muito forte.

Com um pouco de esforço, consegui alcançá-lo. O agarrei pelo braço, sem me importar se eu estava completamente encharcada.

- Yuta, me escuta!

- Escutar? - Seu semblante carregava um sentimento que eu jamais imaginei que ele sentiria por mim: repulsa. - ESCUTAR?! Eu saio por uma noite e quando volto te encontro quase engolindo outro cara?!

- N-não, não, Yuta, me ouve... - Não sabia quem chorava mais: ele ou eu.

- QUEM É ELE? - Me agarrou pelos braços, os olhos vermelhos. - ME RESPONDE!

- Y-Yuta...

- ME FALA O NOME DELE, YU-MI!

- Lucas. - Baixei os olhos, eu não conseguia encará-lo.

- Lu... Está me dizendo que aquele filho de uma puta é o idiota que foi capturado antes de você ir para a E8?!

- Yuta, não! Ele não tem culpa de nada, eu... Eu que não o impedi de fazer nada.

- O quê? - Sua expressão de raiva deu a lugar a uma de tristeza misturada com descrença. - Você nem sequer pensou em dizer que estávamos juntos?

Na última frase sua voz saiu tão ferida que eu quis morrer. Se eu já estava chorando antes, àquele ponto sentia que iria desidratar a qualquer segundo.

- Me desculpa... Eu estou arrependida, Yuta, por favor...

- Adeus, Yu-Mi. - Me entregou uma bolsa preta. - Os antídotos que Mark pediu estão aí. Até nunca.

Largou meu braço de uma vez e me virou as costas. Correu noite adentro.

Caí de joelhos. O que eu tinha feito?!

Escondi o rosto nas mãos e me coloquei a chorar mais do que nunca. Eu havia estragado tudo, havia jogado fora a melhor coisa que já me acontecera por puro desejo carnal.

- Não, não, não, não, não... - Fui murmurando enquanto soluçava, caída no chão.

Eu queria morrer. Eu tinha magoado a pessoa mais especial do mundo, havia machucado aquele que prometeu nunca me machucar... Eu era horrível. Nojenta. Repugnante.

• • •

Antes de qualquer coisa, obrigada por ler até aqui! É muito importante para mim. Agora, o aviso que eu queria dar a vocês. Sim, esse é o fim da One-Shot, mas, por favor, prestem atenção:

Eu criei esse novo universo de um modo muito espontâneo e, ao invés de fazer apenas algo simples, acabei tecendo toda uma nova estória. Onde quero chegar?

Bom, vocês gostaram dessa One-Shot? Querem saber mais sobre Yu-Mi, querem algo menos corrido, com detalhes do que aconteceu antes e depois de todo esse incidente contado?

Eu posso escrever uma long-fic dentro desse universo que vocês acabaram de conhecer... eu só preciso saber... Vocês querem?

Então, por favor, me digam. Comentem, peçam, mostre para seus/suas amigxs que curtem o NCT e fanfics de kpop nesse estilo!

E por fim, me deêm palpites... O que acham que pode acontecer daqui para frente? Vocês têm teorias? Vamos interagir!

Espero que tenham gostado e se entretido durante a leitura, me dediquei de verdade para escrever algo bom para vocês.

Até a próxima, se vocês quiserem, claro, haha!

Tchauzinho!



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