Sobre o Natal

Von DirleneRezende

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Um conto baseado em lendas de Natal, que tem influencia no sul do Brasil. Mas também sobre alguém ter sua op... Mehr

Sobre o Natal

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Von DirleneRezende

Era sábado primeiro de dezembro quando Natalia decidiu que sairia com as amigas para mais uma noitada daquelas. Ela adorava esse tipo de programa bebidas a vontade badalação e por que não muita, mas muita bajulação. Paloma trabalhava no cargo mais alto de uma gigantesca corporação em Curitiba. Possuía uma vida de dar inveja a qualquer um, morava em um apartamento sofisticado amplo e com todo conforto que o dinheiro pudesse comprar, trocava de carro uma vez ao ano, tinha um gosto bastante exigente quanto a isso. No amor, não se apegava muito, trocava de parceiros sempre que percebia que algum deles pudesse estar se envolvendo emocionalmente. As duas melhores amigas, eram mais ponderadas sabiam dos excessos de Paloma, Carol tentava algumas vezes dizer que ela precisava de coisas que trouxessem valor a sua vida, mas a resposta era sempre a mesma já tenho tudo que preciso.

— Não sei por que você tenta abrir a mente dela Carol, eu já desisti faz tempo. — Retrucou Sofia.

O gosto refinado de Paloma a fez escolher a melhor bebida e paquerar os homens mais interessantes, terminou a noite com um deles. No outro dia pela manhã ela levantou antes da companhia.

— Deixei a porta da sala aberta vou tomar um banho. Quem sabe nos vemos por ai.

— Você nem quer meu telefone?

Ela entrou para tomar um banho sem responder, assim que terminou, abriu a porta com delicadeza para ter certeza que estava sozinha, e respirava aliviada ao ver que sim. Foi até a cozinha e preparou um belo café da manhã, frutas, suco e tudo que gostava na mesa da sacada ficar ali vendo as pessoas andarem na rua era relaxante. Enquanto tomava um suco de laranja, viu um estranho risco de ferrugem no chão. Levantou e foi ver se não era uma sujeira, assim que se abaixou para ver sentiu um vultou passar por ela, seu coração gelou na hora olhou em todas as direções e nada, estava absolutamente sozinha.

— Será que ele não foi embora ainda? — Pensou

Andou por todos os cômodos do apartamento e não havia sinal de ninguém, mas percebeu mais uns rastros de ferrugem por alguns lugares, e no canto da área de serviço um sino enferrujado.

Paloma olhou aquilo por alguns minutos, curiosa, se abaixou para pegar e o sino se atou em seu pulso começou a escutar mais sinos, seu coração saltou como ela poderia estar escutando sinos. Depois disso ouviu um leve trotar pelo apartamento.

— Quem está ai? — Ela estava apavorada.

Em um canto escuro viu um silhueta estranha e olhos vermelhos aterrorizantes.

— Saia dai! — Ela começava a ter uma ideia de quem era a sua visita.

A criatura saiu do canto escuro e se mostrou sob á luz. Uma criatura alta com pés de bode, corpo peludo e a cabeça humanoide, mas assustadora, uma língua gigante e chifres maiores ainda. O pelo era preto, e arrastava várias correntes e sinos enferrujados pelo corpo.

— Krampus Pelznickel! — Assim que terminou de dizer o nome da criatura Paloma caiu desmaiada no chão.

Um tempo depois ela despertou deitada no sofá, olhou para o teto por um tempo levou o braço á testa, era um pesadelo, só poderia ser um pesadelo. Assim que ela olhou a poltrona do lado, lá estava a criatura sentada mexendo em uma de suas correntes.

— Você pesa mais que a última vez que nós estivemos juntos.

— Eu tinha dez anos!

— E o que combinamos?

— Eu te pedi para não me castigar porque eu não merecia e tinha motivos para agir como agia.

— Você não teve medo de mim e então eu disse que te daria uma chance e no seu trigésimo quinto natal eu voltaria a falar com você, se não tivesse aprendido seria transformada em uma Krampus e iria trabalhar comigo.

— E eu não me comportei!

A criatura continuou a mexer na corrente dando sinal que não com a cabeça.

— Você dará uma ótima Krampus.

— Vamos negociar isso ai? Não tenho ninguém que pode interceder por mim?

— Não!

De repente escutaram um forte espirro vindo da varanda.

— Esse clima vai acabar com minha tranquilidade.

Paloma olhava abismada, um homem bem vestido entrar e sentar-se na outra poltrona.

— Esse lugar é muito quente. — reclamava ele com o nariz vermelho — Sou Rudolph, vou tentar ajudar você.

— Ela já tem compromisso comigo pisca alerta. — Esbravejou Krampus.

— Krampus alguém intercedeu por ela, e eu fui designado a ajuda-la.

— A vida dela é um caos.

— Minha vida não é um caos!

— Sua vida é um caos, nisso Krampus tem razão, mas eu proponho algo a você Krampus, se até o dia 24 ela não provar que mudou e não consertar tudo ela irá com você.

— E como eu vou fazer isso?

— Arrume suas malas, queridinha. Vamos pra sua cidade natal. — Ironizou Krampus.

— Eu não vou para lá!

— Farolzinho, eu estou certo, já separei correntes enormes para ela.
Paloma correu até o quarto.

—Vou usar uma forma humana como você usa. — Continuou Krampus.

Krampus se transformou em um homem com roupas pretas e ar sombrio.

Rudolph se serviu de um copo de água saborizada que Paloma costumava deixar na sala e serviu um copo para Krampus, até que ela retornou com malas nas mãos e pronta para ir.

— Eu não fico bem arrastando correntes.

Ela entrou no carro, acompanhada pelos dois, temia que alguém os visse, principalmente á Krampus, mas ele já a acalmou dizendo que somente ela via os dois. Ela seguia até sua cidade natal agoniada, sabia que havia deixado varias pontas soltas naquele lugar e talvez esse fosse um teste bem complicado de passar. Enquanto ela pensava nisso Krampus mexia em dois sinos enferrujados.

— Qual dos dois você acha melhor?

— Nenhum. — Eram para ela e ela não iria usar.

Rudolph seguia atrás mexendo em um tablete. Ele parecia concentrado e ela preferia evitar atrapalhar já que ele estava ali para tentar ajuda-la.

— Vou torcer para achar vaga em um Hotel.

— Eu já pesquisei aqui.

— Preciso dar uns telefonemas antes de passar por essas torturas que vocês vão me fazer passar.

Paloma ligou para sua secretária e avisou que iria tirar uns dias de descanso, já que tinha férias acumuladas e várias vezes pediram que ela fizesse isso, depois ligou para as duas amigas que estranharam a decisão repentina dela e muito mais ainda o fato de voltar para um lugar que ela não queria.

— Aonde vamos primeiro? — Perguntou ela apreensiva.

— Eu fiz uma listinha aqui. — Disse Rudolph.

— Rena agora você vai de copiloto com ela, guiando, afinal nisso você tem experiência.

— Você é muito debochado Krampus.

— Sou quase seu espelho minha querida.

Paloma viu em seu pulso uma corrente enferrujada acompanhando o sino.

— Temos pressa? — perguntou Krampus debochando novamente — Mas relaxe por enquanto só você as enxerga.

Rudolph a fez seguir por alguns caminhos que ela às vezes parecia conhecer outras vezes nem lembrava, muita coisa havia mudado. Ele disse que os dois desceriam para acompanhar tudo afinal iriam decidir o que aconteceria. Pararam na frente de uma oficina mecânica, ela ainda do carro olhou o nome da oficina era o sobrenome dela e do irmão, provavelmente era dele. Na frente uma menininha de uns oito anos brincava com algumas peças e ferramentas. Paloma respirou fundo, não tinha alternativa então se encheu de coragem e desceu.

— Olá! — Disse ela á menina.

— Oi! Você precisa de ajuda com seu carro, eu sou ótima para arrumar.

— Você não tem idade para isso. — Sorriu Paloma.

— Mas já estou aprendendo quero seguir a profissão do meu pai.

Paloma olhava a menina que lembrava muito ela mesma naquela idade. Fisicamente e esse jeito confiante.

— Manu! Com quem você está falando? — Perguntou um homem.

— Com essa moça pai.

Assim que o pai de Manu chegou perto delas ele olhava Paloma sem falar nada, Paloma estava sem graça sem saber o que dizer, mas viu Rudolph anotando algumas coisas, e Krampus rindo dela.

— Olá irmão! Quanto tempo.

— O que veio fazer aqui Paloma?

— Não sei.

— Ponto para mim! Marque ai. — Disse Krampus.

— Quando a mãe de Manu faleceu eu precisei de você, queria seu apoio. E você simplesmente ignorou.

Paloma olhou os olhos de Manu espantados, ela nunca tinha conhecido a tia, e conheceu assim marcada pela magoa que o pai carregava dela.

— Me desculpa.

— Vá embora Paloma.

— Eu quero me redimir com você, quero conhecer a Manu.

— Vá embora!

Paloma pegou um cartão do Hotel que estava e entregou ao irmão e saiu, Manu ficou olhando a tia ir embora admirada, até que o pai a chamou para entrar e ela viu o cartão jogado no lixo. Pegou escondido e guardou.

— Você está bem encrencada! — Afirmou Rudolph.

— Não me façam passar por mais nada hoje. Já foi complicado isso.

— Não! Vamos só tomar uma cerveja, creio que você precisa disso. — Disse Krampus.

Rudolph os guiou até uma cervejaria artesanal.

— Que lugar legal! — Admirou ela.

— Vamos ficar no balcão. — Sugeriu Krampus.

Paloma seguiu até o balcão sentou-se e reparou no homem que trabalhava ali, ele conversava com todo mundo, parecia muito simpático.

— Olá! — Disse ele entregando a ela um cardápio.

Paloma olhou para ele e sentiu seu corpo tremer.

— A cerveja de vocês. Quero experimentar.

— Ótima escolha, sou eu mesmo que faço. Você vai gostar dela Paloma.

— Como você se lembra de mim?

— Não confundiria você em lugar nenhum. Só não sei se você se lembra de mim.

— Claro que lembro Daniel. — ela abaixou a cabeça — Sempre lembro na verdade.

— Nada como um grande amor do passado para mostrar que ele nunca foi embora. — Debochou Krampus.

— Vocês querem me torturar.

— É essa a intenção. — Continuou Krampus.

Daniel voltou com uma tulipa da cerveja para Paloma e alguns petiscos.

— Os petiscos são por conta da casa, você sempre foi muito exigente, fiz esse pensando em você e é o que mais tem saída.

Paloma experimentou um pouco da cerveja e depois um pouco do petisco.

— São ótimos!

— Que bom que você gostou.

— Esse estabelecimento é seu?

— Sim! Foi minha segunda maior conquista.

— Você se casou, tem filhos?

— Não e não.

Daniel continuou a servir os outros que chegavam ao local, Paloma percebeu que era bastante frequentado, muita gente chagava, musica ao vivo, era incrível ver o que ele construiu.

Um tempo depois uma mulher sentou-se ao lado dela.

— Que eu vejo aqui! Um fantasma!

— Não me provoca Regina.

— Que bom que se lembra de mim. Você está aqui para atormentar a vida do meu irmão de novo?

— Não me de tanto poder assim, não sei se posso fazer isso ainda.

— Olha pensando bem, acho que agora você até não tem mais mesmo. Ele está em outra.

— Já terminei, vou embora. — Disse Paloma.

Daniel viu quando ela se dirigiu ao caixa e depois saiu do bar, olhou a irmã sentada perto de onde Paloma estava com certeza as duas discutiram.

— Você presta atenção, ela é perigo para você, e você está em outra. — Advertiu Regina.

Paloma entrou no quarto do Hotel que estava, tomou um banho de deitou na cama, percebeu que estava sozinha nenhum dos seus acompanhantes estavam com ela desde que encontrou Regina. Ela chorou por alguns instantes, lembrava-se do irmão, da sobrinha e de Daniel. Essas eram as suas provas para não ser uma Krampus. Ela precisava do perdão do irmão e da sobrinha, e resolver as pontas soltas que tinha com Daniel.

Pela manhã Paloma levantou e foi tomar café, Rudolph e Krampus estavam sentados esperando por ela, ela sentou-se com um copo e suco e umas frutas.

— Não vou aguentar esse baque todo, melhor aceitar que serei uma Krampus.

— Partiremos hoje então!

— Mas você desiste muito fácil. — Observou Rudolph.

— Não é questão de desistir, é que eu não vou aguentar resolver essas coisas com essas pessoas. — Ela viu mais uma corrente no outro pulso.

Uma moça da recepção do Hotel se aproximou dela.

— Senhora Paloma! Conhece alguma menininha chamada Manu?

— Conheço.

— Ela está na recepção esperando por você disse que é sua sobrinha.

— Ela pode vir aqui tomar café comigo?

— Pode sim, vou falar para ela vir.

— Essa menina vai ser um prego troto na minha ferradura. — Esbravejou Krampus.

Manu chegou timidamente e disse oi á tia.

— Senta Manu, o que você gosta de comer?

— Suco e frutas pela manhã.

— Se fosse sua filha não seria tão parecida. — Ironizou Krampus.

— Você veio com quem? — Perguntou Paloma a Manu.

— Com meu pai, ele está esperando na recepção, caso eu precise ele me leva para casa.

— Espera um pouco, toma seu suco que eu já volto.

Paloma seguiu até a recepção e viu o irmão sentado no sofá lendo uma revista.

— Paolo!

— A Manu ficou no meu pé a noite toda para vir te ver.

— A gente poderia sair hoje levar ela para passear!

— Ela quer se aproximar de você então cuida dela, depois eu venho buscar.

— Eu cuido.

Paloma voltou para junto de Manu e percebeu algo estranho, ela conversava com Rudolph e Krampus, e não tinha medo deles.

— Você está conversando com alguém? — Perguntou Paloma.

— Com seus amigos. Verdade que você vai virar uma Krampus?

— Espero que não.

— Vamos passear hoje?

— Tem algum lugar especial que quer ir?

— Não, só quero passear.

— Então vamos terminar o café e vamos andar.

Assim que terminaram o café foram andar pela cidade caminharam pela praça e por paisagens que Paloma nem sequer lembrava mais, era nostálgico rever tudo, Manu percebia o semblante de Paloma mudar, era luminoso.

— Por que você não quis me conhecer antes?

— Manu, sua tia sempre foi muito ocupada.

— Não é o que meu pai diz. Ele diz que você é egoísta, fútil e olha que eu nem sei o que isso quer dizer direito.

— E por isso eu vou virar uma Krampus.

Já estava perto da hora do almoço quando Manu reclamou de fome, escolheram um restaurante perto da praça que estavam, Paloma só não contava que se depararia com Daniel e acompanhado dentro dele. E muito menos que Manu fosse próxima dele.

— Oi tio Daniel. — Disse a menina sem nenhuma cerimonia.

— Ele não é seu tio. — Respondeu na namorada dele olhando para Paloma.

— Passeando Manu? —Daniel se abaixando na altura da menina.

— Sim com a minha tia.

Paloma viu a cara fechada que a acompanhante dele fez.

— Vamos nos servir Manu, você estava reclamando de fome.

As duas se sentaram mais afastadas, Manu percebeu o semblante triste da tia.

— Por que você ficou triste?

— Coisa de gente arrependida.

— Me conte.

— Eu já namorei o Daniel há muito tempo atrás, terminamos por uma confusão.

— Eu ia gostar se ele fosse meu tio de verdade.

— Pena que ela vai virar uma Krampus antes disso acontecer, você acha que ela vai conseguir provar que merece uma nova chance?

— Ela vai sim. — Respondeu Manu brava.

— Se eu não conseguir minha segunda chance já valeu a pena ter conhecido você. — Disse Paloma segurando a mão de Manu.

O celular que Manu carregava dentro de uma bolsa pequena tocou.

— Oi pai! Estou almoçando com a tia.

Ela esperou um pouco de desligou.

— Meu pai vem me buscar daqui a pouco. Você não quer ir ficar com a gente?

— Seu pai não ia gostar.

— Vai gostar sim. Eu estou convidado.

— Você é só uma criança Manu.

— Mas quero que você venha. Aos domingos eu ajudo meu pai a conferir as coisas da oficina, ai você me ajuda.

— Se seu pai não brigar eu vou.

Quando Paolo chegou para buscar Manu ela pediu que a tia fosse com ele, vendo que não teria como contrariar a filha ele acabou cedendo.

Paloma foi atrás quieta e pensativa, sem a presença de seus ilustres amigos. Ela talvez tivesse agora uma oportunidade para se entender com o irmão, quem sabe os dois já fossem o suficiente para que ela não se tornasse uma Krampus.

Na oficina Manu catalogava todas as ferramentas do pai Paloma via o quanto ela conhecia cada uma pelo nome e para o que servia.

— Você tem um grande talento Manu. — Comentou Paloma.

Paolo se mantinha distante delas. Ele remoía muito a ausência de irmã quando ele mais precisou talvez tudo tivesse sido mais fácil se ela tivesse ajudado, afinal eram somente os dois. E a mãe de Manu também não possuía mais nenhum outro familiar. Paloma decidiu se aproximar dele, quando viu que agora seu tornozelo esquerdo arrastava mais uma corrente.

— Precisamos conversar!

— Tudo bem Paloma diga.

— Você está fazendo um ótimo trabalho com a Manu, ela é inteligente, disciplinada.

— Você não a conhece direito é uma pimentinha.

— Me perdoe por não ter te ajudado, eu tinha medo desse lugar.

— Seu medo foi maior que seu amor por mim, pela sua sobrinha?

— Não é essa a questão, eu não sabia como retornar. Fui embora assim que consegui para estudar e pensando em te ajudar também.

— Eu sei que se não fosse você eu não teria estudado, e muito menos teria construído essa oficina. Mas eu aguentei uma barra sozinho, eu me deparei com uma garotinha recém-nascida sem mãe que só tinha a mim no mundo.

— Me perdoe.

— Eu nem sei contar quantas vezes eu te liguei, quantas vezes pedi ajuda.

Paloma sentiu as correntes que carregava começarem a pesar, seus pulsos ficaram vermelhos. Olhou em direção a Manu a viu ela ainda contando as ferramentas, mas dessa vez acompanhada por Rudolph e Krampus.

— As correntes dela vão ficar ainda mais pesadas. — Contou Krampus.

— Ela vai conseguir derrotar você. — Retrucou a menina.

— Por que você quer tanto que ela tenha uma segunda chance menina? Ela conseguindo isso vai voltar para vida fútil e superficial que ela levava.

Manu ficou um pouco triste com a provocação de Krampus, era bem possível que Paloma voltasse a ter a vida que sempre teve, mas na ilusão da menina ela ficaria ali com eles. Mas Krampus fez questão de quebrar essa ilusão.

— Por que a Manu está falando sozinha? — Perguntou Paolo.

— Não está. Ela conversa com Rudolph e Krampus. Krampus quer me levar para ser uma ajudante dele.

— Você é loca. — Debochou Paolo.

— Não é pai. — Manu se aproximou.

— Krampus é uma lenda para assustar crianças malcriadas, e Rudolph é uma rena.

— Você lembra quando eu tinha dez anos e você sete, nos estávamos tristes porque nossa mãe não tinha como nos dar um Natal, e nosso pai sempre bêbado, violento, destruindo o pouco que ela conseguiu fazer.

Paolo se sentou para ouvir o que a irmã diria talvez algumas coisas fossem explicadas ali.

— Você chorava por que ele tinha quebrado uma árvore que nos tínhamos feitos de pinhas. Minha raiva naquele dia aumentou não sei nem explicar o quanto, eu queria que ele sumisse dali, ele fazia mal a nossa mãe e agora a você. Eu vi quando ele bateu em nossa mãe e empurrei-o da escada. Corri depois até não aguentar e fui detida por Krampus, ele me disse que eu era uma dessas crianças malcriadas, eu pensei em você e na mamãe, então fiz um trato com ele. Só que agora eu perdi.

— Nosso pai não se feriu muito naquele dia, mas conseguimos nos livrar dele, nossa mãe se virou na nossa criação até o dia que não mais aguentou você tinha dezoito anos e eu quinze. Ela nunca contou que você o empurrou da escada.

— Eu trabalhei e estudei muito para que você só estudasse, quando tive uma oportunidade melhor numa cidade maior eu fui, pensei que isso pudesse trazer mais benefícios a nós dois. Paguei sua faculdade queria te ver bem porque você sempre foi à pessoa mais importante no mundo para mim.

Manu ficava quieta observando a conversa dos dois, os olhos do pai não escondiam a emoção do que estava sendo dito ali.

— Mas se eu sou tão importante para você, por que não veio me ajudar com a Manu , você tem agora boas oportunidades de trabalho aqui.

— Eu não tinha mais coragem de encarar tudo isso que deixei pra trás. Eu vivia lutando contra as lembranças de tudo aquilo.

— Você deixou o Daniel sem entender nada, você só pegou suas coisas e foi e me disse que assim eu teria um futuro, você nunca me deixou faltar nada, mas você faltava.

— E agora eu estou aqui tentando resolver tudo.

— Vá para o Hotel, vamos esfriar a cabeça, depois voltamos a conversar. — Pediu Paolo.

Paloma se despediu de Manu se voltou para o Hotel, à conversa foi um choque para ambos, mas Paloma tirou um peso das costas.

A semana correu sem que Paolo a procurasse, ela já não tinha esperanças de reatar os laços familiares, mas o combinado era que permanecesse ali até o dia 24. Ela estava lendo um pouco deitada na cama quando a recepcionista do Hotel ligou dizendo eu ela tinha uma visita o coração de Paloma acelerou quando a recepcionista disse que era Daniel, Paloma pediu que ele esperasse no bar do Hotel e ela correu para se arrumar.

Assim que desceu ele estava sentado em um banco esperando por ela.

— Que surpresa! Não imaginava que você pudesse vir aqui.

— Eu precisava.

— Vamos beber alguma coisa? Não é tão bom quanto o que você faz, mas ajuda a quebrar o gelo.

— Vamos!

— Você não teria que estar no bar hoje?

— Hoje posso tirar uma folga.

Paloma e Daniel começaram a conversar, os dois estavam completamente afinados, parecia que jamais ficaram longe, era a sensação que Paloma mais ansiava por sentir novamente.

— Você é feliz? — Perguntou ele.

Paloma se assustou com a pergunta, não tinha parado para pensar nisso de maneira racional.

— Profissionalmente sou sim.

— E na vida pessoal?

Ela segurou um pouco a resposta queria dizer que não, mas talvez fosse muito afoita em dizer isso a ele.

— Não se pode ter tudo não é?

Daniel passou a mão pelo rosto dela, ela olhou nos olhos dele e ele a beijou.

— Desculpa. — Disse ele.

— Não se desculpe, eu também queria isso.

E novamente os dois se beijaram, dessa vez mais intensamente.

— Sobe comigo. — Convidou ela.

Paloma e Daniel seguiram para o quarto dela, ela estava ansiosa e radiante, nunca imaginava que fosse ter essa oportunidade novamente, de estar junto do homem que ela sempre amou.

— O quarto que você está é lindo.

— Sou exigente lembra? — Brincou ela.

Paloma queria que aquela noite durasse eternamente, cada segundo dela, os dois adormeceram juntos, e bem cedo ela deslizou a mão no lado dele da cama, queria ter certeza que não era somente um sonho, mas ele não estava ali.

— Daniel?

— Oi! Levantei bem cedo já estou de saída. Acho que nos precipitamos.

— Espera para tomar um café comigo.

— Não! Eu não deveria ter vindo.

Daniel saiu do quarto deixando Paloma sem entender nada. Ela então se arrumou e desceu para tomar café.

— Bom dia dorminhoca. — Cumprimentou Krampus.

— Não estou a fim das suas piadas hoje.

Ela estava tão chateada que não se deu conta que carregava mais uma corrente, agora no outro tornozelo.

— Não entendo Rudolph, estou aqui fazendo o que me pediram e só estou tendo que enfrentar dores, e as correntes só aumentam.

— Você agora vê as correntes que te faram virar uma Krampus, mas foi você que as colocou ai.

Paloma estranhava nem mesmo Manu procurar por ela, achava que as duas tinham feito amizade, depois do café ela voltou para o quarto, pensou refletiu e decidiu.

— Vou voltar para casa, e me preparar para ser uma Krampus.

— Toma o sino. — Krampus fez um sino aparecer atado a cintura de Paloma.

— Não desista ainda, você não é tão forte quanto pensava, mas algumas pessoas querem que você se esforce.

— Vou dar uma volta então.

Paloma estava com a cabeça cheia, com tristeza no olhar, ela ainda amava Daniel, e ter conhecido a sobrinha foi algo maravilhoso. O irmão não conseguia perdoa-la. Andava sem rumo, perdida pela cidade, queria esquecer tudo. Suas correntes pesavam cada vez mais, e ela sabia que ainda pesariam mais.

Andou tanto que se esqueceu de almoçar já era tarde quando resolveu voltar para o hotel, no caminho viu Daniel passeando com a namorada, se sentiu péssima. O que fez mais uma corrente aparecer em volta da sua cintura. Talvez agora ele também tivesse uma, pensava ela.

Assim que chegou ao Hotel viu Regina sentada na recepção, pensou em passar direto, as duas juntas não teriam um comportamento cortês, mas Regina a interceptou antes que ela subisse para o quarto.

— Vamos conversar na piscina Regina, temos mais privacidade.

— Você veio assombrar meu irmão. Estragou o relacionamento dele.

— Não foi o que eu vi. Eles estão bem.

— Bem? Ele terminou com ela.

— Mas os dois estavam andando juntos.

— E dai? Você veio estragar a vida de todo mundo que um dia te amou.

— O que nós duas temos de tão ruim? Você sempre implicou comigo.

— E eu tinha minhas razões. Você está a fim de recuperar sua vida mesmo ou é apenas uma brincadeira sádica e egoísta?

— Eu estou a fim de consertar as coisas sim.

— Então vá atrás do meu irmão e explica isso para ele.

Paloma subiu se arrumou e seguiu até o bar de Daniel. Ele estava lá trabalhando e ela empolgada com a noticia que recebeu de Regina.

— Oi!

— Oi Paloma.

— Está bravo comigo?

— Nem um pouco, estou bravo comigo mesmo, por ter caído nas suas artimanhas.

— Não eram artimanhas quero você de volta.

— Quem garante isso?

— Eu garanto.

— Vamos ver. Está com fome?

— Um pouco só tomei o café da manha hoje.

Daniel arrumou alguma coisa para Paloma comer e voltou a trabalhar, ela ficou ali até a última pessoa sair, e seguiu com ele para o Hotel.

— Meu irmão não me procurou mais.

— Quem sabe ele procura ainda, tenha paciência.

Os dois dormiram novamente juntos, e pela manhã ela passou a mão do lado dele da cama, e ali ele estava dormindo.

— Você nunca mais escapa de mim. — Disse ela baixinho.

— Eu nunca escapei.

— Eu vou procurar meu irmão hoje.

— Você tem certeza?

— Tenho. Eu voltei para isso.

Paloma e Daniel passaram o dia juntos até o momento de ele voltar ao bar e ela ir procurar pelo irmão. Quando ela andava em direção á casa de Paolo e Manu percebeu que uma corrente da cintura e um sino sumiram.

— Deve ser por ter me resolvido com Daniel.

— Foi exatamente isso, mas as mais pesadas, vamos ver se você consegue tirar agora.

— Krampus.

— Você só tem oito dias para me provar que não será uma Krampus.

Paloma bateu na porta da casa do irmão e quem atendeu foi Manu.

— Você não deveria vir mais.

— O que aconteceu Manu?

— Você vai ter sua segunda chance e depois vai abandonar a gente de novo.

— Eu jamais vou abandonar vocês de novo.

— Vai sim.

Manu fechou a porta. Paloma voltou ao Hotel, decidida a ir embora.

— Para mim basta Krampus. Me arruma uma pelagem castanha.

— Certo.

— Aonde você vai?

— Voltar pra minha vida Rudolph, ainda tenho oito dias para vive-la.

— E vai deixar Daniel novamente.

— Vou dar a ele meu endereço e a gente vê o que vai fazendo.

Assim Paloma fez, entregou a ele o endereço e voltou para casa, Daniel dessa vez ficou mais tranquilo, sabia onde procura-la e sentia que ela iria voltar, mas precisava resolver sua vida.

Paloma trabalhava com muito mais empenho, na mesa uma foto dela com Manu e outra com Daniel, coisa que surpreendeu a todos que a conheciam. As correntes a acompanhavam sempre, e ela já estava se acostumando a elas, uma noite enquanto conversava com Krampus e Rudolph sobre sua nova vida foi avisada que tinha uma visita, Daniel estava esperando por ela. Ela disse que subisse e quando abriu a porta se deparou com ele, o irmão e Manu.

— Então essa é sua casa?

— Sim Manu entra.

— É enorme.

— Trouxe os dois para conversarem com você. — Disse Daniel.

— Você realmente quer meu perdão?

— Quero irmão.

— Então me dê um abraço e vamos ver se recomeçamos todo da melhor maneira.

— Eu falei que ela derrotava você. — Manu debochou de Krampus.

— Esse Natal passaremos todos juntos. — Disse Manu.

Paloma convidou as amigas para irem com eles, normalmente passariam essa noite bebendo em algum lugar, dessa vez as duas iriam conhecer a vida que Paloma tanto escondia. Carol não conseguia esconder o encanto pelo irmão de Paloma. Era uma noite limpa todas as estrelas estavam desfilando por ela. Manu e Paloma conversavam na varanda com Krampus e Rudolph quando Regina chegou.

— Sinto que te magoei no passado. — Disse Paloma a ela.

— Você magoou, nos éramos amigas, as melhores eu vi quando você fez seu pacto com Krampus e desde aquele dia prometi que te ajudaria e não ser como ele, mas você não quis minha ajuda e foi se afastando de mim, se envolvendo com pessoas que nenhuma de nos duas gostava.

— Você consegue em desculpar? Vou te apresentar Sofia e Carol são minha amigas agora e sei que você se darão muito bem.

— Vou te dar essa chance, meu irmão disse que você mudou. Vou entrar. Termine de ser avaliada por Krampus e Rudolph.

Manu e Paloma ficaram espantadas com o fato dela saber que os dois estavam ali, assim que ela entrou Paloma viu sua ultima corrente cair.

— Infelizmente você teve sua segunda chance. — Disse Krampus, assumindo sua forma original. Assim nunca vou conseguir mais seguidores.

— Não se preocupe Krampus, tem muita gente que dará um brilho especial ao seu exército.

Manu abraçava a tia.

— Quem intercedeu por mim Rudolph?

— Olha ali.

Paloma e Manu viram a imagem translucida de duas mulheres.

— Essas são sua mãe e a minha Manu.

Era um Natal diferente dessa vez, Manu jamais sonhou em ver Daniel como seu tio de verdade conhecer a tia, e ver o pai tão feliz. As amigas de Paloma se deram bem com Regina com já era previsto. Esse foi o presente que Manu mais gostou de receber naquele Natal.

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