— Sinto muito, mas onde é o manicômio? — A morena perguntou ao barman.
— Eu sei que é incrivelmente difícil de acreditar, ou melhor, simplesmente não dá pra acreditar, mas você não precisa acreditar em mim, apenas confiar! — Eu a acompanhava saindo do restaurante quando o barman não entendeu do que ela falava.
— Oi? Você quer que eu confie em uma estranha? Sinto muito mas isso é o contrário do que a minha mãe me ensinou. — Me deu as costas e saiu andando apressada.
— Não sou uma estranha — Eu disse passando a mão na testa. — Conhece Itachi Uchiha? — Consegui chamar a atenção dela, pois ela parou de andar e se virou para mim lentamente.
— O que tem ele?
— Ele é meu cunhado, sou a namorada do irmão mais novo dele, Sasuke Uchiha. Itachi está internado no hospital que você trabalha, Hospital Campos De Cerejeira, o hospital da família Haruno. E adivinha? Prazer, Sakura Haruno. — Estendi-lhe a mão, ela pegou sem jeito e sem palavras.
— O-o que você...
— Será que podemos conversar em um local mais reservado? — Perguntei soltando a mão dela.
•° •° •°
— Você é mais influente do que eu imaginava. — Ela disse soprando o vapor que saía da xícara de café que tomava.
Eu havia puxado ela para um Café não tão longe dali, pronta para ter uma conversa séria.
— Eu não estava brincando quando disse que você está correndo risco.
— Que tipo de risco? — Ela arqueou a sombrancelha.
Esse jeito sarcástico e debochado dela não passou despercebido desde a primeira vez que a vi.
— Itachi tem uma namorada, isso você provavelmente já sabe. — Ela assentiu — Ela é um pouco... Perigosa..? — Eu disse sem ter certeza de essa era a palavra certa para definir Konan.
— Perigosa, sério? — Ela riu.
— Escuta, eu não tô nem aí se você acredita em mim ou não. — Ela se surpreendeu. — Estou te avisando que está correndo um sério risco, quer você queira ou não.
— Entenda que eu não posso simplesmente acreditar em uma pessoa que eu nunca vi na vida!
— Eu também nunca te vi e estou aqui tentando salvar sua vida!
Ela ficou em silêncio, passando a mão no cabelo e olhando as horas no relógio de pulso prata que usava.
— Se você estiver hipoteticamente correta... — Ela começou. — E se eu estiver hipoteticamente correndo risco de vida, me conta, por quê? Eu não tenho nada a ver com a vida dela! Por que do nada ela quer me matar?!
— Não é "do nada". Você está mais envolvida do que parece.
— Então me conta no que diabos eu estou envolvida.
— Konan-
— Quem é Konan?
— A namorada do Itachi, me deixe começar, pelo menos.
— Desculpe, pode continuar.
— Konan está namorando Itachi, mas quem ela gosta é na verdade o Sasuke. — A boca dela se abriu e os olhos se arregalaram. — Ela mesma me disse, disse que ama o Sasuke.
— Ai meu Deus! — Ela levou a mão a boca. — Que babado!
— Ela começou a namorar o Itachi para se aproximar da família dele e, consequentemente, do Sasuke. Ela ficou extremamente raivosa quando descobriu que Sasuke estava namorando, e essa pessoa sou eu.
— Calma me deixa respirar antes de continuar. — Eu revirei os olhos com o exagero dela.
— Ela já tinha planejado um acidente envolvendo o Uchiha maior antes mesmo de me conhecer, ela achava que Sasuke iria ficar desamparado e seria ela a oferecer um ombro amigo, mas eu não estava nos planos dela, e comigo, Sasuke não precisaria dela. Ela pesquisou sobre uns assuntos pessoais meus, assuntos enterrados há muito tempo, para me chantagear, e conseguiu.
— O quê?! O que ela te pediu?
— Para que saísse do caminho dela.
— E você não saiu?!
— Claro que não. Já arrisquei muitas coisas nessa vida, e não vai ser agora que vou ficar com medo de arriscar ainda mais.
— Meu Deus! Você é muito corajosa! — Ela alternava em colocar as mãos no cabelo ou estralar os dedos, nervosa.
— Na verdade, eu estou morrendo de medo. — Eu disse e olhei para a janela ao nosso lado.
Arregalei os olhos ao ver uma figura nos encarando do outro lado da rua. Era o mesmo cara que estava no restaurante, mas eu tenho a sensação de já tê-lo visto antes. Forcei minha memória ao máximo, recordando de todos os momentos que aconteceram até agora e consegui lembrar.
Era o policial ruivo que apareceu na casa do Sasuke avisando do acidente de Itachi.
Não pode ser, não pode ser! Ele está com a Konan?! Ele que avisou do acidente, ele estava no mesmo restaurante que a Izumi, provavelmente esperando ela.
— Sakura? — Tive um susto ao ouvir Izumi me chamar, assustada. — O que foi? Você ficou tensa de repente, encarando o nada.
— Nada...? — Olhei outra vez ele já não estava mais lá.
O medo me invadiu e eu levantei em um salto.
— Vamos ficar perto do caixa onde tem mais pessoas, fique atrás de mim. — Saí andando apressada e ela não teve outra opção a não ser vir atrás.
— O que está acontecendo?! — Ela estava muito nervosa e já começava a suar frio.
Peguei meu celular e liguei para Haru, que atendeu no primeiro toque.
— Haru! Vem pra cá agora!
— Onde você está?!
— Num Café perto do restaurante, de umas voltas perto que você encontra. Mas vai rápido, eu descobri uma coisa.
— Vou voando. — E desligou.
— O que você descobriu?! — Izumi estava alterada e olhava para todos os lados, tentando descobrir o motivo de eu estar fazendo isso repentinamente.
— Já estão na sua cola.
— Como?! Quem?!
— Eu não sei, tá?! Não sei!
Haru entrou ofegante atraindo olhares para si, inclusive o meu. Puxei Izumi e saímos do local, na calçada, olhamos ao redor e poucas pessoas andavam por ali, o que era bom. Corremos para o carro e eu abri a porta jogando Izumi lá dentro, em seguida entrando.
— Isso parece um sequestro. — Haru disse.
— Eu sinceramente não ligo pra mais nada! Só quero saber o que está acontecendo!
— Eu te expliquei, não?! — Suspirei fundo. — Assim como eu, você está no caminho de Konan. Você inconscientemente se aproximou de Itachi, o fazendo melhorar aos poucos. Claro que ela não gostou, pois o objetivo dela era deixar Itachi internado, ela não iria precisar de uma desculpa para terminar com ele.
— Que jararaca!
— Espera, nem eu sabia disso! — Haru que até agora só dirigia, tomou palavra. — Como sabe disso tudo?
— Ela mesma me disse. Bom, pelo menos metade, eu deduzi boa parte.
— Quem estava na minha cola? — Izumi perguntou apressada.
— Não me lembro do nome dele, mas sei que é policial, e tenho certeza de que está com Konan.
— Policial?! — Izumi quase gritou.
— Ela tem amiguinhos na delegacia? Eu também tenho. Haru, vamos para a Delegacia Central Ambu.
— O que vamos fazer lá?!
— Tenho um antigo sensei que não me abandonaria em uma situação como essa.