Todos corriam de um lado para o outro com decorações vermelhas, brancas e verdes. Seu pai estava do lado de fora colocando um pisca-pisca na porta principal, sua mãe estava terminando de decorar o corrimão da escada e sua irmã estava no mesmo ambiente que Hoseok e Sohyun enquanto se encarregava de armar a árvore de Natal.
"Você não se cansa dele?", Jiwoo perguntou para Sohyun revirando os olhos enquanto tirava algumas bolinhas vermelhas de dentro de uma caixa grande e pendurava nos galhos da árvore.
"Quem tem que se cansar é ela, não sou eu.", Sohyun riu apontando para a própria barriga.
Hoseok não estava dando a mínima para a conversa das duas mulheres presentes na sala. Estava ocupado demais acariciando e conversando com sua filhinha que até o momento estava no ventre de sua namorada.
Sua mão não saía da lateral da barriga da outra, que mal tinha volume. Sohyun sempre foi bem magra, sua gravidez não foi algo que precisava se preocupar de trocar a numeração das roupas, pois era minúscula. Correu com seus dedos até acima da barriga e apertou levemente ali esperando que sua pequenina correspondesse com um chute.
E sempre funcionava.
"Ela está acordada.", sorriu e acariciou com as pontas dos dedos por cima do pequeno volume que se formou pelo pezinho da bebê.
"Eu sei que está. Como que ela vai dormir com você perturbando-a?", Sohyun riu e Jiwoo a acompanhou.
O moreno revirou os olhos e continuou a mexer ali.
Sohyun ainda estava no sexto mês de gestação, desde o primeiro mês, quando não tinha absolutamente nada de volume, Hoseok tentava conversar com ela. A mulher sabia que ele não estava falando com ninguém, mas não era como se o garoto fosse se importar.
O choque que foi descobrir sobre a gravidez indesejada já havia partido há muito tempo. A pequena foi muito bem aceita pelos seus pais e sua irmã, mas não se pode dizer a mesma coisa dos pais de Sohyun, que sugeriram abortá-la. Mas a mulher negou.
Hoseok estava vinte e quatro horas por dia babando na barriga da namorada, conversando com a filha ou apenas fazendo carícias delicadas quando a mulher comentava que ela não parava de se mexer. Qualquer coisa que Sohyun sentia ele estava perguntando o que estava sentindo e se precisasse de alguma coisa.
Havia se tornado o que sua irmã disse no início de sua gravidez: um pai completamente babão.
Desde quando soube que seria pai de uma menina não tirava seu sorriso bobo do rosto por um segundo sequer. Seus pais e sua irmã viviam comentando que seria um pai chato que não deixaria a filha fazer nada, que iria afastá-la de tudo por ciúmes, mas garantia que só iria ser protetor como qualquer pai seria com a primeira filha.
E sempre que comentava que sua primeira filha estava a caminho sentia vontade de correr e gritar pra todos que iria ser pai.
Por Deus, estava mais animado que a própria Sohyun.
"Vocês já pensaram em um nome?", Jiwoo perguntou sentando-se no chão com as pernas cruzadas de frente para Sohyun.
"Só temos um em mente, que Hoseok escolheu. Mas não temos certeza se será esse mesmo. Ainda estamos discutindo.", olhou para a mão de Hoseok contornando seu umbigo e deu um pequeno beliscão na mesma. "Eu já falei que isso faz cócegas. Deixe de ser chato, Hobi!"
"Eu nem estou falando com você!", protestou.
Jiwoo só ria.
"Ela vai te odiar se você não deixar de ser chato desse jeito."
"Ela me disse que nunca me odiaria.", ambas as mulheres franziram o cenho para ele. "Eu falei com ela ontem sobre isso."
"E ela falou isso?", Jiwoo arqueou uma sobrancelha.
"Sim."
"Tudo bem então.", revirou os olhos e se virou para Sohyun. "Qual seria o nome?"
"Jiyoon."
"É lindo!", comentou Jiwoo sorrindo e se ajoelhou no tapete para acariciar a barriga da outra com o dedo. "Não se preocupe, Jiyoon. Eu vou te levar embora para longe desses dois doidos. Vamos morar juntas em Gwangju sozinhas."
"Ela disse que nunca ia fugir de mim. Pode esquecer.", Hoseok sorriu convencido e a irmã arqueou uma sobrancelha. "Eu e ela temos uma conexão de pai e filha. Ela consegue falar comigo quando a Soso está dormindo. Ela te acha chata e tapada."
O dedo de Hoseok só saiu da barriga de Sohyun para pressionar o nariz de Jiwoo, que levantou o braço para beliscar a parte interna da coxa do irmão. Hoseok quase gritou e tentou tirar a mão da garota dali.
"Eu sou mais velha do que você, garoto. Me respeite!", apertou mais os dedos. "Pede desculpas!"
"Deixe de ser tapada!", protestou e gemeu de dor quando a mais velha beliscou mais forte. "Para de graça, Jiwoo! Você sabe que isso dói. Eu estava vulnerável!"
"Se não doesse eu não ia fazer."
"Você não pode continuar me batendo. Eu sou pai! Como vou apanhar na frente da minha filha?"
"Ela precisa ver que é filha de um bocó.", riu e se assustou quando Hoseok pulou em cima dela e colocou seu braço atrás de suas costas. "Sai daqui, seu filho da..."
"Não fale palavrões na frente da minha filha!", protestou e continuou segurando o braço da outra. "Pede desculpas, sua tapada!"
"Acho que vamos ser só eu e você, Jiyoon.", comentou Sohyun revirando os olhos para os dois irmãos brigando no chão.
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Paz.
A única coisa que Hoseok queria era paz, mas aparentemente tudo estava indo contra suas vontades.
Dias passaram e até agora não teve o que tanto queria. Era estressante. Desde sexta-feira estava tentando o máximo dar prioridade as papeladas que teria que resolver para a audiência que terá hoje a tarde e não se preocupar com mais nada que possa o distrair, porém era impossível.
Hoje era sexta-feira e já esteve perto de explodir sete vezes.
Sua situação com Sohyun ficava pior a cada dia que passava. Era preocupante como tudo virou de cabeça pra baixo de uma hora pra outra, sem nem o dar tempo de pensar. Tudo que acontecia era motivo de uma discussão que no final cada um ia para um canto e pensava "o que acabou de acontecer aqui?". Ambos sabiam que fazer isso não ia resolver nada e só iam criar um clima horrível dentro de casa, mas era praticamente inevitável.
Sohyun insinuava que Hoseok estava colocando Jiyoon contra ela e Hoseok não aceitava como a loira falava aquilo como se a filha tivesse sido uma pedra no caminho deles. Era exaustivo.
E pra ajudar, sempre era lembrado do jantar que teria com seu sogro e Sohyun hoje à noite.
Queria sumir.
"Onde colocou a chave do carro?", ouviu a loira chamar sua atenção. Hoseok apenas apontou com o dedo para a mesa de centro na sala sem dizer nada. "Vou levar Jiyoon pra aula dela."
"Ah, tudo bem.", disse sentindo uma estranha pontada de... Lamentação? Tristeza? Não sabia dizer, muito menos sabia o porquê. "Pode voltar logo? Preciso ir antes das cinco horas."
"Sem problemas."
A loira pegou as chaves e saiu em direção ao carro que estava estacionado. Após entrar no mesmo, apenas colocou o cinto e suspirou.
No caminho até a escola da filha foi pensando em como foi complicado lidar com tantas coisas essa semana sem se quer ter tempo de saber o que estava acontecendo. Mas sua decisão já estava tomada, então não iria pensar muito nisso agora. Só seria mais dor de cabeça.
Chegou em frente ao local e ligou o pisca-alerta. De longe já conseguia ver a pequena conversando com duas amigas rindo. Ao se aproximar mais, sorriu ao ver a garotinha olhar para si e sorrir mostrando as duas covinhas nas laterais de sua boca.
"Omma!", gritou e veio correndo em sua direção e abraçar suas pernas. Mas logo largou e foi puxando a mão da mãe até o carro. "Vamos! Eu tenho aula de piano agora!"
"Eu sei, bebê.", riu da afobação da filha e abriu a porta de trás, prendendo Jiyoon e conferindo se o cinto estava bem preso. "Tudo bem com você?"
Sohyun fechou a porta e deu a volta para se sentar no banco do motorista e já arrancar com o carro.
"Sim. Cadê o appa?", perguntou procurando sua agendinha em sua bolsa.
"Ele vai sair agora a tarde. Vai ser só eu e você.", sorriu olhando para Jiyoon pelo retrovisor. "Vai ser divertido."
"Vai sim! Mas...", deu uma pausa e conferiu algo na agendinha em suas mãos. "Eu e o appa íamos assistir desenhos hoje depois que ele fosse me buscar."
"Eu posso fazer isso com você, não posso?"
"Pode! É que... É mais legal com ele."
A loira suspirou parando no semáforo e olhou para trás.
"Por que com ele é mais legal? Eu também sou, não é?"
"Sim, omma! Mas é que ele fica mais comigo...", foi diminuindo o volume da fala ao perceber que talvez o que tenha dito tenha sido errado.
Se Sohyun dissesse que aquelas palavras não a afetaram, estaria mentindo. Aquilo foi como um monte de agulhas espetando sua pele.
Era realmente frustrante sua filha dizer isto a você.
"Desculpe, omma.", a menor disse baixinho e a loira franziu o cenho.
"Pelo quê?"
"Por te deixar triste.", Sohyun olhou rapidamente pelo retrovisor e viu Jiyoon brincando com seus dedinhos no arame de sua agendinha e suspirou.
"Não estou triste, meu bem.", sorriu. "Não se preocupe comigo."
O resto do caminho até a escola de música Sohyun foi brincando para tentar descontrair com a pequena, mas sua mente estava aérea. Não conseguia parar de pensar nisso e também não conseguia espantar o sentimento de tristeza.
Por que estava tão chateada afinal? Hoseok é pai dela, não deveria sentir ciúmes com isso.
Sohyun parou do outro lado da rua e Jiyoon sorriu ao olhar pela janela e ver Yoongi parado na entrada conversando com Sunhee enquanto riam. A loira olhou para a garotinha sorrindo pulando em ansiedade no banco olhando para o professor, em seguida olhou para sua mão que ainda segurava o volante.
Respirou fundo e abriu a porta, dando a volta para poder tirar Jiyoon do carro e leva-la até a porta. A pequena não parava de pular um segundo.
"Por que está tão feliz?", perguntou enquanto atravessavam a rua.
"Hoje o Yoon vai me ensinar outras notas!", aquilo poderia ser considerado um grito pelo volume que falou.
"Jura? Mas vocês já estão tão avançados assim?"
"Não, omma. Sou só eu.", disse sorrindo orgulhosa e a loira franziu o cenho. "Yoon disse que eu aprendi mais rápido do que os outros alunos. Ele falou que eu sou a estrela mais brilhante do céu, igual o appa diz.", deu mais um pulinho e Sohyun comprimiu os lábios.
Deixe de ser boba. Ela é só uma criança.
Já em casa, Sohyun entra pisando duro e joga a chave do carro no sofá, que dão um pulo e cai direto ao chão. Com o barulho, Hoseok desce as escadas com a blusa social ainda aberta e a gravata em mãos, e franze o cenho para a loira.
"O que houve?", perguntou e pegou a chave do chão. "Aconteceu alguma coisa?"
"Não.", bufou.
É claro que o ruivo sabia que tinha acontecido algo.
"Diga o que aconteceu, Soso."
"Qual o problema com vocês dois?", perguntou de vez encarando o outro e Hoseok arqueou uma sobrancelha, claramente confuso. "Jiyoon não gosta de ficar comigo, só com você."
"Está brava só por isso?"
Sohyun soltou um risinho incrédulo. "Só? A minha filha diz na minha cara que prefere ficar com você do que comigo e você acha que eu não tenho o direito de ficar brava?"
Na verdade, não estava brava, era mais chateação do que raiva, mas não estava conseguindo administrar seus sentimentos direito.
"Pelo amor, Sohyun.", desviou o olhar e começou a abotoar sua camisa. "Você está brava comigo ou com ela?"
"Eu... Não sei.", suspirou e passou as duas mãos pelo rosto. "Parece que você manipula ela."
"O que?!", parou o que fazia para encarar a loira completamente desacreditado. "Do que você está falando? Ela só tem seis anos!"
"E qual é o problema nisso?"
"Não. Qual é o seu problema!", respirou fundo e saiu da sala terminando de abotoar os últimos botões da camisa e colocando a gravata logo após. "Nunca mais diga isso. Eu não manipulo ninguém, ela não me ama mais do que você, ela nos ama igualmente. Nós dois somos os pais dela, sem você ou sem mim ela não estaria aqui. Pare de dizer besteiras.", terminou de amarrar sua gravata e pegou seus óculos juntamente com sua pasta e tomou a chave do carro.
"Minha mãe disse que ficaria com a Jiyoon por hoje enquanto estivermos fora."
Hoseok parou na porta e se virou confuso.
"O jantar com meu pai.", lembrou-o.
O ruivo fechou os olhos e suspirou pesado antes de assentir e fechar a porta.
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A barriga de Jiyoon doía de tanto rir enquanto Yoongi falava algo de sua infância enquanto estava aprendendo a tocar piano pela primeira vez.
Antes disso estava triste e frustrada, pois não conseguia de jeito nenhum tocar a composição infantil que o professor estava tentando ensinar para os alunos, então o moreno atendeu a todos os outros que estavam tendo duvidas e parou na pequena, que estava com um bico emburrado nos lábios.
"Mas é sério, eu bati tão forte nas teclas que uma delas quebraram. Eu fiquei bravo e triste porque eu tinha quebrado meu primeiro pianinho.", riu e Jiyoon limpou uma lágrima que se formou no cantinho de seus olhos.
Yoongi ria da risada da garotinha e se agraciava com o fato dos olhinhos dela se fecharem quase completamente quando sorria.
"Tudo bem. Não vou bater nas teclas.", garantiu ao maior.
"Você está bem desconcentrada. O que aconteceu?"
"Faltam dois anos para o meu aniversário!", comentou sorrindo e o moreno ficou confuso.
"Você está ansiosa para seu aniversário que vai acontecer daqui a dois anos?"
"Não. É dia oito de março!"
Yoongi riu. "Então não faltam dois anos, são duas semanas, Yoon."
Jiyoon ficou um bom tempo olhando para a cara do maior e quando se deu conta que estava errada e que não conseguia entender a diferença, inclinou a cabeça rapidamente para o lado com as sobrancelhas franzidas.
O moreno sorriu com o ato. Era literalmente o que Hoseok fazia quando estava confuso ou surpreso.
"Dois anos são muito tempo. Por exemplo: hoje estamos em 2018, mas o ano que vem será 2019, depois de 365 dias. Isso é um ano. Agora uma semana são só sete dias, entendeu?", explicou e Jiyoon negou. O moreno riu. "Tudo bem, talvez você entenda mais pra frente, é um pouco cedo para você entender. Enfim, você faz aniversário dia oito?"
"Sim!"
"Sabia que eu faço no dia nove?", contou e a menor arregalou os olhos em surpresa.
"Jura? Somos melhores amigos de aniversário!", quase gritou e Yoongi sorriu largo assentindo.
Olhou para o relógio e vou que faltavam cinco minutos para o fim da aula, então comunicou os alunos para se prepararem e aguardar seus pais.
Assim que abriu a porta, a primeira imagem que viu foi a loira que já sabia muito bem quem era.
Seu rosto não estava muito alegre, o sorriso que costumava mostrar quando vinha buscar a garotinha não estava ali. Mesmo assim Yoongi sorriu.
"Omma!", Jiyoon veio correndo e abraçou as pernas da mulher. Antes que Yoongi perguntasse o outro, a pequena falou primeiro. "O appa ainda está ocupado."
"Sim. E vai ficar o resto da noite.", respondeu seca e a menor apenas soltou um 'ah' baixinho.
Yoongi percebeu que Sohyun estava nervosa, então não disse nada. Com certeza havia acontecido algo.
A suposição foi confirmada quando a mesma deu as costas e foi embora segurando a mão da pequena, que se virou pra trás para acenar alegre e simular o toque de mão que havia criado com Yoongi. O moreno sorriu e a imitou.
Ficou ali parado por mais um tempo até ver o pai de um de seus alunos se aproximar. Sacudiu levemente a cabeça e sorriu.
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O silêncio dentro do carro era horrível, mas nenhum dos dois queria falar algo. Hoseok não estava com a mínima vontade de ver o pai de sua esposa e Sohyun estava tensa com o que poderia acontecer.
Seu pai havia ligado um pouco mais cedo informando o restaurante que iriam jantar e o ruivo ficou mais desgostoso ao saber que teriam que usar roupas sociais. Odiava aquele restaurante. Já havia passado a tarde inteira de terno e gravata, esperava chegar em casa e poder tirar tudo aquilo, mas apenas tomou um banho e colocou outro terno.
Queria explodir.
"Pode parar ali. Meu pai reservou uma vaga para a gente.", a loira comentou e Hoseok seguiu para onde ela havia indicado sem dizer nada. "Por favor, não faça nada que possa estragar a noite, Hobi."
"Não deve dizer isso a mim, eu nunca faço nada.", respondeu e Sohyun suspirou.
Após estacionar, ambos saíram do carro e seguiram para dentro do restaurante chique. O lugar não era tão grande, mas as mesas afastadas uma das outras davam mais impressão de ser enorme. Cada mesa era iluminada por um lustre, todos conversavam baixo e o único som existente no lugar eram dos garfos e facas batendo nos pratos e da música calma que tocava de fundo.
Hoseok quis sair dali.
Foram até a mulher que tinha uma lista no hall de entrada e deram seus nomes. Sem demora a mulher sorriu e pediram para ambos a acompanharem até a mesa.
De longe viu o homem sentado enquanto mexia em seu celular e bebia uma taça de algum champanhe que com certeza valia muito. Ao perceber a presença dos dois, se levantou e a recepcionista saiu.
Dongsun não aparentava ter a idade que tem. Seu corpo estava na melhor forma, seu rosto tinha algumas rugas, mas nada que possa se notar de primeira vista. Também estava com uma vestimenta social, mas para Hoseok não era uma surpresa. O mais velho só vestia terno, todas as vezes que se viram não estava vestido diferente.
O homem sorriu para a loira e desviou o olhar rapidamente para o ruivo ao seu lado.
"Jung Hoseok.", disse se curvando levemente.
"Lee Dongsun.", o ruivo fez o mesmo.
Sohyun fechou os olhos e respirou fundo. Esperava muito que aquela conversa não saísse do controle.
Quando todos estavam já sentados, o mais velho da mesa conversava sobre a empresa com Sohyun e de vez em quando tocava no nome do ruivo, que preferia ficar calado bebendo seu vinho.
Dongsun sorria para a filha enquanto falava, mas quando a loira incluía o marido na conversa seu sorriso sumia e seu olhar se tornava neutro. Hoseok não se sentia intimidado pelo homem, tampouco abaixava sua cabeça. O respeitava como mais velho e como sogro, mas isso não era motivo para ceder a qualquer coisa que o mesmo exigia.
"Como vão as audiências, Hoseok? Sohyun disse que andava bem ocupado.", comentou chamando a atenção do ruivo.
"Ótimas.", disse somente e sentiu a mulher colocar a mão em seu joelho, acariciando levemente com o polegar. "Vão bem."
"Fico feliz em ver que está se saindo bem, apesar de Daegu não ter muito a oferecer.", disse enquanto consultava o cardápio e Hoseok franziu as sobrancelhas para o outro. "Sohyun já deve ter comentado sobre nossos planos, certo?"
"Da mudança?"
"Sim."
"Comentou sim."
O mais velho levantou seu olhar e encarou o ruivo. "E o que acha?"
"Acho que não.", respondeu firme e Sohyun abaixou o olhar para os detalhes do guardanapo que tinha em cima da mesa.
Dongsun arrumou a postura e abaixou o cardápio para poder encará-lo melhor. Não tinha a maior paciência do mundo.
"Tudo bem. Talvez nós não tenhamos apresentado as vantagens de maneira correta.", tentou sorrir e Hoseok umedeceu os lábios e apoiou o cardápio na mesa. "Seul é de longe um lugar que apresenta somente benefícios a todos vocês. Tanto para o meu negócio que logo Sohyun tomará, quanto para você e para Jihyun."
O ruivo suspirou incomodado.
"Ela irá estudar em uma escola melhor, crescerá tendo mais conhecimento e experiências que Daegu não apresenta a ela. E terá contato com a mãe e os avós dela.", sorriu. "Eu estou comprando um apartamento para que Sohyun possa morar lá, é grande o suficiente para morar todos vocês. Estou disposto a não deixar faltar nada a vocês três."
Hoseok esperou para ver se o homem diria mais alguma coisa, mas ao ver que já tinha encerrado sua parte, e arrumou sua postura e entrelaçou seus dedos em cima da mesa.
"O nome dela é Jiyoon.", consertou-o. "Eu compreendo que quer que todos vamos para Seul para ficarmos todos mais perto e para facilitar a administração de Sohyun com a empresa, mas não concordo e não irei. Jiyoon estuda em uma escola com um ensino que não é nada diferente de qualquer escola de Seul, não tem o que ela possa aprender lá que não dessa diferente do que aprenderia aqui em Daegu, eu posso garantir isso. O meu negócio aqui está indo bem e eu não me incomodo com nada, então não tenho o porquê de sair daqui tão repentinamente com Jiyoon. Meus pais continuam morando aqui e eu tenho minha casa que já está na minha família há tempo, e não pretendo sair dela. Eu sinto muito."
Dongsun perdeu a paciência e suspirou pesado fechando a expressão.
"Não é como se só você decidisse por isso, Hoseok. Eu sou avô dela."
"E eu sou o pai.", respondeu com o mesmo tom usado pelo outro.
A loira enrolava seus dedos um nos outros em puro nervosismo. Não sabia o que dizer, e sentia que era melhor ficar calada por enquanto.
"Sohyun me contou sobre o divórcio. Não acho que isso seja necessário, também não acho que seria bom para Jiyoon crescer com vocês dois separados."
Hoseok estava bebendo o restante de seu vinho na taça, e no final da sentença do mais velho colocou a taça de volta a mesa e sorriu.
"Com todo respeito, Sr. Lee, nós sabemos o que é melhor para o nosso relacionamento. Eu prefiro que Jiyoon cresça com os dois divorciados do que ouvindo os pais brigando toda semana."
Seu tom era severo, mas por dentro estava gritando por todos os cantos, descontando toda a raiva que sentia.
"O senhor não tem que achar nada.", completou sério. "Era só isso que tínhamos para resolver?"
O maxilar de Hoseok estava trincado enquanto tinha uma veia saltada no pescoço de Dongsun. Sohyun queria sair dali e ir embora de vez. Conhecia muito bem seu pai e sabia que seu temperamento era estourado e a qualquer momento poderia apontar o dedo na cara do ruivo e o xingar por não concordar com ele.
Suspirou e chamou a atenção dos dois homens que se encaravam como se estivessem brigando pelo olhar. A tensão já tinha ultrapassado os limites.
"Acho melhor irmos embora.", comentou e Hoseok se levantou.
"Ainda pretendo fazer você mudar de ideia, Hoseok.", Dongsun disse tentando manter a voz calma.
"Minha decisão já está tomada, Sr. Lee. E não pretendo mudar ela tão cedo.", foi franco e se curvou com um sorriso educado. "Boa noite."
⌘
[9H20 PM] Min Yoongi
Por que não pode ir hoje?
Pela primeira vez eu te chamo para sair e você recusa.
Que avanço.
[9H22 PM] Kim Taehyung
Estou estudando, hyung.
Sinto muito.
Mas quando minha semana de provas acabar nós com certeza vamos sair para comemorar bastante!
[9H23 PM] Min Yoongi
Tudo bem, vou chamar Jungkook.
[9H23 PM] Kim Taehyung
Nem tente, ele está com Jimin.
Yoongi choramingou e deixou o celular ao seu lado.
Queria sair para conversar com alguém, mas Tae não podia sair e Jungkook estava com Jimin em algum lugar.
Irônico, porque sempre era os dois garotos que o chamavam pra sair nos finais de semana. Mas já fazia um tempo que não saía com os dois mais novos. Estava triste agora.
Mesmo assim Yoongi levantou e tirou a toalha do corpo, colocando uma cueca em seguida. Ficou um tempinho na frente do guarda-roupas procurando uma roupa adequada para ir em um bar sem luxo algum. No fim, escolheu apenas uma calça jeans escura e um moletom preto.
Já na porta Yoongi parou para fazer um check conferindo se deixou tudo em ordem antes de sair. E por fim, saiu. O bar não era tão longe, mas resolveu ir de ônibus. Não por preguiça, mas por ser tarde e ele estar sozinho.
Não demorou muito para sair passar um que o levasse até a porta do bar que iria. Entrou e já foi direto para o balcão.
Era bem solitário estar sozinho. Não tinha ninguém para conversar, nem para o acompanhar na bebida. Nem o barman que conhecia estava trabalhando hoje, o que lhe frustrou mais.
"Que carinha é essa?", um homem perguntou ao seu lado e Yoongi se virou rapidamente.
Lembrava daquele rosto em algum lugar, mas não conseguia saber de onde. Lembrava de sua beleza absurda, mas definitivamente não se lembrava onde havia o visto.
Mas sorriu e deu um gole em sua garrafa antes de responder.
"Apenas sozinho mesmo.", deu de ombros. "Desculpe, mas eu não lembro qual o seu nome."
"Imaginei.", o homem com sorriso bonito riu. "Sou Seokjin.", mesmo dizendo quem era, Yoongi aparentava não saber quem era.
Mas não complementou.
"Oh, sim.", sorriu pequeno. "Está sozinho também?"
"Infelizmente sim. Meu melhor amigo está tendo uma crise existencial no banheiro e se recusa a sair de novo.", deu um gole em sua cerveja e o mais baixo riu. "E você?"
"A mesma coisa. Porém o meu melhor amigo anda estudando bastante para as provas da faculdade.", deu de ombros. "O que é irônico, porque quando eu estava estudando, ele me perturbava para sair."
"A vida é cheia de surpresas.", comentou e Yoongi assentiu.
Conforme Yoongi bebia, ficava um pouco mais solto para conversar com o loiro bonito. Descobriu que além de excesso de beleza, Seokjin também sabia conversar sem deixar que a conversa tomasse um rumo chato.
Ele era engraçado. Tudo que o moreno dizia, o mais velho fazia uma piadinha sem graça que Yoongi só ria por ser muito ruim.
Em meio a conversa, lembrou-se de onde conhecia ele.
"Você é o médico que estava com Hoseok naquele dia, certo?"
"Finalmente você lembrou. Estava esperando para ver até onde ia.", riu e levou o baixinho a rir junto.
"São amigos a muito tempo?"
"Desde quando nossas tarefas escolares era colorir desenhos.", sorriu com a lembrança. "E você, o conhece de onde?"
"Eu dou aula de piano para a filha dele."
Seokjin assentiu e sorriu. "Então é você o tal de Yoon que ela vive falando."
"Ela fala de mim?", encarou o loiro surpreso.
Seokjin assentiu.
"Ela fala de você pra todo mundo que conhece. Diz que você é o melhor amigo dela."
Yoongi abriu um sorriso tão grande que Seokjin se segurou para não sorrir junto a ele.
Obviamente o loiro sabia de tudo, mas mesmo assim fingiu-se de desentendido.
"Qual seu grau de intimidade com Hoseok?"
Yoongi trocou o peso do corpo de uma perna para a outra.
"Na verdade, nem eu sei.", riu. "Acho que somos amigos."
"Por que acha?"
"Hoseok é uma ótima pessoa. É divertido, engraçado e aparentemente um bom pai."
Aquilo não fez o mínimo sentido pela pergunta que o loiro fez, mas mesmo assim não falou nada.
"A Jiyoon é a vida dele.", concordou. "Vocês já saíram juntos?"
"As vezes nos encontramos em algum lugar, mas nada demais.", deu de ombros. "Eu não acho que ele vá aceitar sair comigo se eu pedisse. Não somos tão próximos assim."
"Claro que ele aceitaria. Hoseok gosta de sair com pessoas que mantém uma relação igual a de vocês.", Yoongi o encarou um pouco confuso. "Que se veem de vez em quando."
Ambos os homens beberam um gole da garrafa que tinham em mãos. Yoongi olhava para a pista que tinha na sua frente sem dizer nada. Estava sem assunto.
"Hoseok já me falou de você.", Seokjin soltou e sentiu o olhar do moreno em cima de si.
"Jura?", o outro assentiu. "Disse o que?"
"Que você é legal.", sorriu. "Hoseok parece ser bem retraído e fechado para tudo, mas se você der uma abertura de confiança vai ver que ele é uma criança que comenta de tudo que descobriu ao longo do dia."
Yoongi não sabia o que o loiro estava querendo dizer com tudo aquilo, mas continuou o encarando esperando que o mesmo complementasse sua fala.
"O que te prende de o chamar para sair?"
"Os problemas que ele está tendo com a esposa dele.", foi sincero. "Não sei se ele está com cabeça para aceitar sair com uma pessoa que mal conhece direito."
"Pode ter certeza que é disso que ele precisa.", sorriu. "Por que não tenta?"
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me desculpem pela demora, minha intenção era atualizar no dia 23, mas não consegui :(
CE chegou nos 4k e eu to muito boba, porque eu realmente comecei a escrever porque tinha criado toda história na minha mente, mas não tinha a expectativa de chegar nem em 500 visualizações, eu estou surpresa e feliz aaaaaaaaa e obrigada por votarem e por comentarem aqui ♥
feliz natal xuxus, espero que estejam aproveitando bastante essa data
se eu não der as caras até o ano novo (o que provavelmente não vai acontecer porque eu vou estar fora), feliz ano novo a todas, amo vocês ♥