The four elements

By fwelements

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Quatro adolescentes, uma cidade e um mistério. A feliz e inocente cidade de Stowe parece agradar todos os seu... More

02 - Lar doce lar
03 - "Típico de Stowe"
04 - Perfeita sempre
05 - Edelweiss
06 - Bem-vindo a Stowe High School
07 - Primeiro suicídio
08 - A lenda
09 - Perícia
10 - Famílias
11 - Griffim & Rennes
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01 - Novo habitante

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By fwelements

Ignis Griffim

Chamas vivas e quentes se espalhavam por toda a cidade. As ruas eram cobertas por fumaça e as pessoas corriam desesperadas de um lado para o outro, sem saber ao certo como se proteger daquela grande onda vermelha que se alastrava mais e mais a cada segundo. As árvores, que antes exibiam beleza por suas folhas alaranjadas, agora estavam cinzas e secas devido ao incêndio. A floresta que fazia parte do cenário daquela singela cidade havia sido destruída, assim como a esperança dos cidadãos em presenciar um novo dia. Sorrisos e gargalhadas foram substituídos por gritos e sangue. Era um caos. Era um pesadelo. Um quente e assustador pesadelo!

Acordei assustado com minhas pálpebras se arregalando, tinha sido apenas um sonho ruim, mais um entre muitos que eu havia tido nessas últimas semanas. Vários pensamentos inundaram minha mente. Um incêndio? Em uma pequena cidade? Será que me mudar seria tão horrível assim? — Talvez a mudança não fosse o grande problema, mas as circunstâncias que eu me encontrava para precisar ir morar com minha avó Esther Griffim, em uma cidadezinha chamada Stowe, localizada no interior do estado de Vermont, sim — pensei comigo mesmo.

Aquela pequena e graciosa cidade era um espetáculo de beleza, segundo minha avó. Fora o lugar onde ela nasceu, cresceu e estabeleceu família. Onde conheceu meu avô em um dos lindos campos de grama baixa e flores das mais variadas cores. Fora o lugar em que viveu uma linda história de amor. Amor esse que resultou no nascimento dos irmãos Richard e Ethel Griffim, meu tio e minha mãe, respectivamente.

Eu costumava morar com minha mãe, vivíamos uma vida difícil em Montpelier, capital de Vermont. Morávamos em uma casa com pouco mais de 5 cômodos: dois quartos, um banheiro, uma cozinha e uma sala com TV. Quando eu tinha 14 anos, ela foi diagnosticada com câncer de mama. E então tudo começou a desandar, o tratamento era muito caro e a medicação também. Conseguíamos nos virar com muito esforço, mas chegou um período que a intervenção do meu tio se fez necessária e ele passou a morar com nós. Foram 3 anos difíceis e minha mãe acabou falecendo há pouco mais de 2 semanas. Desde então, meu tio vem cuidando de mim. Sei que não posso continuar fazendo isso com ele, afinal, Richard tem uma vida fora daqui.

— Sim, é por isso que estou indo morar com minha avó. Eu disse que os motivos não eram bons — respondi mentalmente para mim mesmo.

E meu pai? Não cheguei a conhecê-lo, ele morreu antes do meu nascimento em um acidente de carro. Isso mesmo, qual a probabilidade de ser órfão e passar por uma mudança repentina dessas? Bom, para mim, essa probabilidade indica 100% de chances.

Olhei para o lado e avistei meu despertador em cima do criado mudo, ele marcava 3:37 da manhã. Precisava dormir, o dia seguinte seria bastante enfadonho. Voltei a me enrolar com o grosso lençol cujo tecido não sabia identificar e logo senti meus olhos se fechando...

-----X-----

10:53 da manhã. Minha mala estava pronta, o carro abastecido e meu tio já estava fechando a porta que dava entrada para minha antiga casa. A casa em que vivi toda minha vida. Confesso que estou em partes aliviado com essa mudança, seria impossível seguir em frente vivendo em um lugar que me lembrava de tudo que perdi, cheio de recordações e momentos que compartilhei com minha amada mãe.

— Pronto? — perguntou meu tio logo após se posicionar ao meu lado e levar uma de suas mãos para meu ombro, em um gesto de solidariedade. Agora os dois observavam a pequena casa à frente.

— Sim.

— Então vamos, é um longo caminho até chegar em Stowe — dito isso, caminhou até a porta do motorista e entrou dentro do carro.

— É, tá na hora de recomeçar. — fui de encontro ao carro onde meu tio me esperava, logo após pronunciar aquela frase em voz alta.

O caminho estava incrivelmente silencioso, a única coisa que não deixava aquele ambiente em silêncio absoluto era uma música qualquer que Richard insistia em ouvir pelo rádio. Sabia que seria uma longa viagem, portanto tirei o mesmo lençol que havia dormido na noite anterior e me cobri. Encostei a cabeça no vidro da janela do carro e fiquei esperando o sono vir, o que não demorou, admito.

Acordei um pouco atordoado. Olhei para o lado e o banco do motorista estava vazio. Caramba, dormi por quantas horas? Abri a porta e sai para fora em busca do meu tio. Foi quando ouvi sua voz ao telefone não muito longe de onde eu e o carro estava. Ao perceber que eu estava ali fora, ele rapidamente veio ao meu encontro.

— Você apagou, dormiu feito pedra — disse em um tom de humor.

— Estava com um pouco de sono — tentei retribuir com o mesmo humor. — Por que estamos parados aqui? Aconteceu alguma coisa?

— O pneu do carro furou — apontou para o local danificado, o pneu esquerdo de trás — mas não se preocupe, já estamos perto de Stowe. Não tivemos tanto azar assim, afinal. O pneu furou a poucos quilômetros de lá. Acabei de ligar para o mecânico da cidade, por sorte ele é um velho conhecido meu e disse que vem com um reboque até aqui.

— Ele trabalha em pleno sábado? — perguntei.

— Como eu falei, ele é um velho amigo, disse que quebraria esse galho para mim.

Esperamos por uns 40 minutos até avistarmos de longe uma luz se aproximando.

— Deve ser o reboque — pronunciou meu tio, suspirando de alívio pelo fim da espera.

Não falei nada, apenas observei um homem alto, levemente musculoso e com uma feição amigável descer do carro e vir em nossa direção. Devia ter por volta dos 40 anos. Ele e meu tio trocaram um abraço caloroso e alguns comentários sobre como as coisas mudavam ao decorrer do tempo. Ele não pareceu notar minha presença, tirou e trocou o pneu do nosso carro rapidamente, demonstrando que tinha costume de realizar aquele tipo de trabalho.

— E então, Richard, veio passar alguns dias em Stowe? A Sra. Griffim vai ficar feliz, ela não para de falar em como sente saudades do filho mais velho. E depois do que aconteceu com a Ethel, ela precisa da sua companhia — o mecânico disse aquela última parte com uma tristeza na voz.

Minha mãe e meu tio cresceram em Stowe, cidade com uma população de pouco mais de 4.000 habitantes. Todos os moradores se conheciam, então era natural todos serem próximos.

— Bem que eu gostaria, Rag. Mas tenho algumas coisas para resolver em Montpelier, e depois, vou voltar para minha casa em Burlington, aquele lugar já deve ter criado mofo depois de tanto tempo. Vim apenas para trazer meu sobrinho, ele vai morar com a mamãe — apontou com a cabeça para mim.

Finalmente o tal Rag notou minha presença e mirou sua visão para mim. Ele tinha consigo um olhar triste, como se sentisse pena da minha pessoa. Ele parecia que tinha acabado de encaixar todas as peças do quebra-cabeças, como se tivesse se dado conta que, a filha mais nova da vovó Griffim que morrera há poucas semanas, era minha mãe.

— É um prazer conhecer você, garoto. Se parece muito com sua mãe, tem o mesmo cabelo dela. Ah propósito, me chamo Ragnar Liberato.

Era verdade, um traço inconfundível da minha mãe era seus lindos cabelos ruivos, cor que herdou de minha avó e passou para mim. Eles pareciam grandes chamas vermelhas alaranjadas. Aquele tipo de chama que aquece e deixa tudo mais confortável. Doeu muito ver ela perdendo fio por fio em decorrência do câncer.

— Obrigado, eu acho — minha resposta não foi das melhores, mas não sabia o que dizer.

— Ah, e a sua avó tem a melhor sopa de toda a cidade, você vai gostar — continuou Ragnar, tentando amenizar aquele clima pesado que se formou.

— Meu tio chegou a falar isso para mim uma vez, tenho certeza que vou gostar.

— Richard, já matriculou ele no colégio? — voltou seu olhar para meu tio.

— Sim, sim. Liguei para o diretor ainda quando estava em Montpelier. Já está tudo pronto para Ignis ir para o colégio assim que as aulas começarem.

— Entendi. Ignis, certo? Meu filho estuda lá, ele se chama Pietro. Se precisar de alguém para te ajudar nos primeiros dias, ele não vai recusar.

Balancei a cabeça positivamente.

— Acho que tá na hora da gente ir. Não é legal ficar de noite nas ruas — interviu meu tio.

— Claro — disse Ragnar com um sorriso.

Essas foram as últimas palavras ditas antes de cada um entrar em seu respectivo carro. Seguimos viagem por mais 37 minutos até o nosso destino. Já conseguia enxergar a placa da entrada da cidade. Uma pequena e delicada placa de madeira que dizia "Bem vindo à Stowe". Impressionante como tudo aqui era pequeno. Em determinada hora, eu e meu tio tomamos um caminho diferente de Ragnar. Nós fomos para a casa da vovó e ele para a dele, suponho.

É quando o carro para novamente, desta vez não por um imprevisto, mas sim porque finalmente chegamos onde queríamos chegar desde o início. Olhei pela janela aquela linda casa. Sua arquitetura era típica de uma residência americana; um delicado jardim com cercas brancas que batiam na canela completava a paisagem.

Era isso. Minha nova casa, minha nova vida.

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