Lembro-me como se fosse ontem em que cada habitante do planeta terra era alertado acerca dos malefícios da poluição, desmatamento e dos consumos desenfreáveis, mas principalmente o que isso acarretaria não somente sobre a vida da população, bem como do planeta terra.
O equívoco do ser humano foi não dar total importância para o que era de real importância e de extrema urgência, até ser tarde demais para isso.
Durante toda a minha infância e parte da minha adolescência, ouvi dizer que nós,seremos humanos, habitaríamos logo mais um novo planeta, onde poderíamos colonizar e mais uma vez prosseguir no ciclo de consumismo desenfreado, mas com uma ideologia falsa e muito longe da realidade chamada "consumo consciente".
Já que a humanidade não foi capaz de resolver um problema que ela mesma havia criado, a ordem natural - natureza - tomou as rédeas e decidiu tomar partido...
(...)
Acordo às sete horas da manhã com o meu despertador tocando no volume máximo e as milhões de mensagens de Simon - meu melhor amigo - dizendo que eu estava atrasada e que precisava acordar logo, afinal era dia de aula e também de avaliação. Último ano de escola e a tão esperada formatura.
Apressadamente, levanto da cama e me arrumo para o colégio. Para o meu azar, meu irmão - Finn - havia saído há tempos para a escola . Por esse motivo e não me restando outra opção que fosse mais rápida, decido aguardar o ônibus que passa em frente ao meu colégio.
(...)
Ao descer do ônibus, verifico o horário e percebo - para a minha sorte - que cheguei a tempo do horário da prova.
Corro imediatamente para a minha sala de aula que fica no terceiro andar e lá mesmo , percebo que Simon havia guardado um lugar para mim.
-Bom dia, bela adormecida! - diz Simon rindo da minha respiração ofegante.
-Bom dia, Cinderela! -retruco.
Nesse mesmo momento meu professor de geografia entra esbaforido dentro da sala de aula, dando um breve bom dia e agilizando para entregar as provas. Meu professor sempre foi bem agitado, ansioso e um tanto quanto com parafusos a menos na cabeça. Mas, naquela manhã ele estava particularmente ainda mais esquisito.
Devo dizer que passei a noite toda estudando, não dormi quase nada, o que muito justifica o meu quase atraso nessa manhã para essa avaliação. Então além de preparada, também estou confiante que me sairei bem.
O professor Robert entrega as provas a cada um dos alunos na sala e senta em sua mesa, enquanto corrige outras provas que presumo ser de outros anos do colégio.
Ao receber a minha prova percebo logo de cara que haviam somente duas perguntas, o que particularmente já me deixou um tanto quanto irritada, já que eu havia estudado a noite inteira para esse teste. Porém, minha irritação foi agravada, posteriormente, quando li as duas questões:
1- Se o planeta terra estivesse predestinado a acabar, como você acha que ele acabaria e quais são as razões/embasamentos da sua teoria ?
2- Quais seriam os melhores métodos de desenvolvimento para uma vida correta? Quem são os verdadeiros destruidores do ecossistema?
Isso só pode ser brincadeira - penso comigo mesma - Eu passei a noite em claro estudando sobre tipos de rochas e processos de intemperismo atoa. Desde quando o professor Robert dá uma avaliação totalmente incoerente e com um assunto sem nexo?
Com extrema insatisfação e raiva, escrevo na prova sem pensar duas vezes no fato de que responder aquelas perguntas seria extremamente fácil comparado ao tanto que eu estudei sobre diversos assuntos na noite passada, ainda que nenhum falasse sobre isso.
1- O geógrafo aqui é o senhor . Sou apenas uma aluna. Pouco me importa esse assunto.
2- Professores darem uma prova correta de acordo com a matéria dada em sala de aula, sem perguntas estúpidas, baseadas na própria loucura e instabilidade do professor .
(...)
Após uma hora de prova o sinal bate, marcando o final da avaliação e o início do intervalo. Não era supresa nenhuma para mim que o professor Robert já havia corrigido minha prova, afinal, terminei a avaliação uns cinco minutos após o início do teste.
Arrumo minha mochila, pego o dinheiro para comprar algo no intervalo e enquanto estou aguardando o Simon entregar a prova, o professor Robert me chama para falar algo importante.
-Senhorita Clary, gostaria de entender o porquê das respostas mal criadas dadas por você na minha avaliação. Poderia me explicar ?
- Eu passei a noite anterior toda estudando sobre os assuntos mais abordados pelo senhor em sala de aula, suas provas sempre foram rigorosas e do nada, baseado pelo que eu presumo ser um surto de loucura, o senhor vem me falar a respeito do fim do mundo? Imagine o porquê estou indigninada!
-Clary, você sempre foi uma boa aluna e muito educada comigo. É por esse motivo que eu irei esquecer esse seu surto de loucura e não te mandá-la para a secretaria por tais respostas dadas na minha prova. Além disso, aconselho que você veja mais televisão, notícias na internet sobre esse assunto. A hipótese do fim do mundo em um futuro próximo está sendo altamente discutida. Há um grande alvoroço de grandes estudiosos em mudanças climáticas sobre como o planeta terra está cada vez mais debilitado! A grande pauta que mais se fala dentre esses dois últimos dias é que, possivelmente, daqui há alguns séculos, entraremos em um período chamado pelos cientistas de "Revolução natural", onde o planeta terra sofrerá com diversos desastres naturais e escalas jamais vistas antes...
-Daqui há alguns séculos. Até lá, eu estarei morta, não preciso me preocupar!
-É uma pena ouvir esse argumento, ainda mais vindo de uma aluna tão empenhada e dedicada como você, Clary. Aviso que já está de recuperação. Resolveremos isso na próxima aula.
(...)
- Patético! Ele não pode me reprovar,Simon! Não era isso que ia cair na prova! - digo indignada, enquanto desabafava com Simon na casa dele.
-Clary, eu sei que não era bem isso que deveria cair na prova, mas isso é um assunto importante e é o que mais se fala! Eu ouvi dizer que os desastres naturais ocorrerão de maneira absurda! Pense o quão difícil será a humanidade sobreviver e mesmo aqueles que sobreviverem com os fenômenos naturais , como vão se manter num planeta devastado ?
-Isso vai acontecer só daqui há alguns séculos! Não estaremos vivos! Por que a preocupação agora ?
-Porque Clary...
Antes que Simon pudesse terminar a frase, ocorre um grande tremor, de maneira repentina e com uma força tão grande que árvores e edifícios são derrubados em questões de segundos de maneira quase que imediata.
Assim que tudo volta à normalidade, Simon liga a televisão e coloca no canal de notícias global, de modo que para a nossa surpresa outras regiões e outros lugares do mundo todo, foram atingidos por algum fenômeno ao longo do dia.
De repente me deparo com a lembrança do professor Robert falando sobre os desastres naturais, sua postura tensa nessa manhã, as notícias, as informações, os debates e a preocupação dos estudiosos e ambientalistas.
Por um segundo foi como se tudo se encaixasse. O fim do mundo poderá não ocorrer daqui há alguns séculos como previam os estudiosos.
Tudo indica que ele pode começar agora.
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