I'll show you the world ¦ pjm...

By bttomjjk

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Uma infância marcada pelo assassinato dos pais, uma adolescência em cárcere e um destino incerto, era o que J... More

Congrats on your luck
Pinky promise?
Questions
Obviously
Precautions
The same path
No need to talk
Maybe Q&A

Clear conscience

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By bttomjjk

“Independência é a melhor coisa que alguém pode ter, você segue seus próprios passos e regras, não precisa se preocupar em obedecer alguém”. “Arrume um emprego, vai ser muito bom ter seu próprio dinheiro”. “A faculdade vai ser a melhor época da sua vida”. “Já está na hora de sair da asa dos seus pais, Park Jimin!”. Foram algumas das coisas que tive que escutar por um longo período depois que terminei o ensino médio.

Adultos têm uma mania de quererem decidir o futuro dos adolescentes e falar sobre isso como se fosse uma coisa legal, fácil, engraçada. Um mundo de fadinhas e unicórnios.

Quebrei a cara logo que tive a coragem de largar minha cidade natal e vir me arriscar na capital, na inocência e esperança de um futuro lindo e fácil. Mera ilusão.

Assim que cheguei e me instalei no apartamento onde moro até hoje, comecei uma busca implacável por emprego, tendo grandes dificuldades porque ninguém queria empregar um jovem de dezoito anos que nunca fez nada da vida, à não ser que passar o dia todo comendo pizza e jogando videogame contem como vocação. Seis meses foram o tempo que levei para conseguir alguma coisa, depois de quase arrancar os cabelos de nervoso e vergonha por ter que ficar pedindo ajuda para meus pais.

Consegui um emprego num pequeno escritório de advocacia, trabalhando como secretário durante a tarde e fazendo faculdade durante a noite, além de dar algumas aulas de dança pela manhã de vez em quando. Uma rotina cansativa, mas que de um jeito ou de outro, me deixa “ter meus próprios passos” como os mais velhos diziam. Aos trancos e barrancos, mas tudo está sob controle.

O curso que escolhi foi, sem dúvidas, a decisão mais certa que tomei. Música é algo que me fascina, faz parte de mim desde o primeiro momento em que ouvi meu pai tocando seu violão favorito na varanda de casa durante um fim de tarde. As notas em uma harmonia que me atraiu a atenção desde aquele tempo, fazendo com que eu queira isso para o resto da minha vida. Música.

O tempo em Seul muda drasticamente, à poucos minutos atrás uma brisa leve e calma acarinhava meus cabelos e minha pele. Agora, o céu parece aborrecido com algo, já que parece querer despejar toda sua fúria em meros humanos desprotegidos andando pela rua.

Certo, eu sei que onze e meia da noite não é o melhor horário para se estar andando nas ruas da capital enquanto uma tempestade acontece, mas meu professor pareceu não se importar muito com isso quando mandou eu ficar até mais tarde dentro da sala de aula, pois queria me dar um aviso importante. O aviso? “Lembre-se de quê só tem mais três semanas para entregar sua composição, senhor Park.” Muito importante, como puderam ver. Se fossem três dias, três horas, sei lá, eu poderia tentar entender. Mas, três semanas? Eu tenho cara de burro por acaso?

Agora enquanto meu querido professor, senhor Choi, volta pra casa quentinho e protegido em seu carro que provavelmente vale mais que meu apartamento, um certo Park Jimin sai batendo os dentes pelas ruas completamente ensopado. Vida linda.

Mesmo que a faculdade não seja muito longe de meu apartamento, qualquer oportunidade de me abrigar parece bem vinda, o que me faz lembrar de um beco próximo do local onde me encontro, que também pode ser utilizado como atalho para chegar ao prédio onde resido. Pondero por alguns instantes se é melhor me abrigar ali por um tempo ou continuar andando correndo o risco de ter uma hipotermia, além do resfriado que com certeza vai dar as caras de manhã. Pensando nisso, apresso os passos e chego rapidamente ao local escuro, mas paraliso antes de tomar qualquer atitude que tenha mesmo o intuito de me proteger da chuva.

Um espirro ecoa pelo local, atraindo minha atenção imediatamente para um canto um pouco afastado, onde algumas caixas de madeira estão dispostas, o que me faz pensar que alguém está escondido ali e pode estar precisando de ajuda agora.

Uma característica muito marcante que dizem que eu tenho, é o famoso “coração mole”. Não importa a situação, qualquer oportunidade que eu tiver de ajudar, é isso que vou fazer, independentemente da pessoa. Sei que isso é um pouco arriscado por se tratar de um desconhecido que pode muito bem estar armado ou coisa parecida, mas minha consciência limpa é o que importa.

Agarro a alça da mochila com a mão esquerda e começo a dar passos pesados em direção às caixas. Estico o braço livre e toco o ombro de quem quer que esteja ali, percebendo que o sujeito estremece e paralisa logo em seguida, encolhido. Respiro fundo e tomo coragem de falar quando a pessoa, que descobri ser um rapaz, me encara com os olhos arregalados e levemente marejados.

— Quem é você, e por que tá nesse beco sozinho à essa hora da noite? — falo calmamente, ele já parece assustado o bastante.

Espero uma resposta por alguns minutos, esses que serviram para nos molhar ainda mais, já que a chuva engrossou. Canso de esperar pela resposta e retiro a mão de seu ombro, me viro e tiro minha mochila das costas, apenas para tirar o moletom preto que me cobre, ficando apenas com uma camiseta branca.

— Toma. — estendo o moletom em sua direção, vejo que ele treme mais que eu. — Está molhado, mas vai te ajudar um pouco com o frio.

— Você… não vai… ficar… com frio? —pergunta pausadamente, baixinho.— Eu… não posso… aceitar.

— Pode sim, toma. — dessa vez pego uma de suas mãos e coloco a peça de roupa nela. — Você está precisando mais que eu, minha casa está perto então não precisa se preocupar.

Finalmente ele cede, levanta o corpo levemente e veste meu moletom extremamente largo, pelo menos pra mim, que ficou perfeito em si, já que encolheu um pouco por estar molhado.

Só então percebo um detalhe, as grandes orelhas negras no topo da sua cabeça. Provavelmente se levantaram por ele estar mais aquecido. Ele aparentemente nota minha expressão de espanto, já que se encolhe novamente, abraçando o próprio corpo.

— Agora é o momento em que você me bate e me chama de aberração? — diz baixinho. — Vai logo então.

— Eu… — abro e fecho a boca diversas vezes antes de sair do pequeno transe. — Não vou fazer nada com você. Só quero ajudar.

O híbrido não se move, provavelmente não confia facilmente nas pessoas, deve ter sofrido algum tipo de preconceito ou trauma, por isso o dito anterior.

— Meu nome é Jimin, eu sou um universitário e não vou fazer nada de ruim pra você. — digo chegando mais perto dele e me agachando à sua frente. — Qual seu nome?

— Jeon...— diz baixinho e completa depois de uma pausa. —Jeongguk.

— Certo, Jeongguk. Você ainda não me respondeu o por quê de estar sozinho aqui.

— Eu fugi de casa. — abaixa a cabeça, encarando os próprios dedos que parecem mais interessantes que meu rosto. — Aconteceu muita coisa e eu não aguentava mais.

— Pra onde vai agora? Família, amigos? — continuo calmo, provavelmente é um assunto delicado.

— Minha família está morta e não tenho amigos. — diz fungando. — Não tenho lugar pra ir à não ser que volte para de onde eu fugi.

Essas palavras foram o suficiente para ativar o “Park Jimin coração mole”. É uma situação um tanto trágica, mas com jeitinho deve se resolver ou, ao menos, melhorar um pouco.

— Você provavelmente não confia em mim e continua desconfiado mas… — passo a mão em minha franja ensopada, a jogando para trás. — Quer vir comigo?

— Ir com você, pra onde? — diz parecendo alarmado, já que suas orelhas se levantaram rapidamente.

— Minha casa. — continuo baixinho, tudo que eu menos quero é o assustar. — Você não pode ficar aqui e eu não vou conseguir dormir se souber que não fiz nada pra te ajudar.

— Eu não posso. — diz negando com a cabeça. — Não quero ser um fardo, e eu sou um estranho pra você.

— Eu não te convidaria se não quisesse te ajudar de verdade. — me levanto e lhe estendo a mão.— Vem comigo, por favor. De manhã podemos procurar um lugar pra você, mas por enquanto, me deixa te ajudar.

Um silêncio sufocante, interrompido somente pelo barulho da chuva forte, se estende por alguns minutos.Jeongguk respira fundo e decide finalmente segurar minha mão para levantar. Dou um sorriso que se transforma eu um biquinho rapidamente quando vejo que ele é mais alto que eu. Disfarço minha insatisfação e pego novamente a mochila no chão, essa que joguei ali novamente quando me agachei em frente à Jeongguk.

— Vamos, essa chuva não vai parar tão cedo e já nos molhamos demais. — abraço o próprio corpo tentando me esquentar. — Podemos correr? Ou você tá machucado?

— Podemos correr, eu acho.

Arrumo melhor a mochila nos ombros e agarro o pulso de Jeongguk, correndo em meio à chuva, cegos pelos pingos grossos que batem em nossos olhos.

Alguns minutos correndo e chegamos à portaria do meu prédio, peço desculpas para o porteiro e dou um sorriso amarelo enquanto ele nos olha com cara de poucos amigos. Vou para o elevador com Jeongguk em meu encalço, entramos no automóvel e aperto o botão do sétimo andar, demorando algum tempo até estar em frente ao meu apartamento. Entro e fecho a porta assim que o híbrido entra.

— O banheiro é a segunda porta do corredor, vai tomar um banho primeiro que vou procurar roupas para você e fazer alguma coisa pra comer.

— A casa é sua, não deveria ir primeiro? — pergunta e suspira quando insisto em ele ir primeiro. — Obrigado...

Observo ele ir em direção ao corredor e vou para meu quarto quando ele entra no banheiro. Abro meu guarda roupas e procuro algumas peças que ficam grandes em mim, as coloco sobre a cama e vou até a porta do banheiro.

—Jeongguk? — dou duas batidinhas na porta e prossigo ao receber um “hm”. — As toalhas estão em um armarinho debaixo da pia. Tem roupas pra você em cima da minha cama, a porta da frente.

Chego na cozinha e pego uma panela com dois pacotes de lamen, coloco água até a metade do recipiente e adiciono o macarrão quando a mesma ferve. Alguns minutos depois, coloco dois pratos na mesa ao centro da cozinha e a panela sobre ela. Espero mais um tempo até Jeongguk sair do meu quarto já vestido, as roupas um pouco apertadas em si.

— Desculpa por isso. São as maiores que eu tenho. — coço a nuca e aponto para a mesa. — Não é muita coisa, mas você deve estar com fome, então melhor alguma coisa rápida. Eu vou tomar um banho, você pode comer enquanto isso.

— Obrigado. — diz se sentando. — Não prefere que eu te espere?

— Você que sabe, se estiver com muita fome, melhor comer logo. — me viro e vou em direção ao corredor. — Eu já volto.

Entro no banheiro e fecho a porta, o corpo se aliviando por se livrar das roupas molhadas e os músculos relaxando quando entram em contato com a água quente. Me esfrego lentamente e lavo os cabelos, cuja tinta rosa já precisa ser retocada e saio do banheiro com uma toalha em volta da cintura enquanto uma menor é usada em meus fios. Vou ao meu quarto e visto um conjunto de moletom cinza, volto para a cozinha e encontro Jeongguk sentado brincando com as orelhas molhadas enquanto sorri de leve. Adorável. Ando em passos pesados para não o assustar e me sento à sua frente, notando que ele nem sequer tocou no alimento na panela.

— Eu achei melhor te esperar. — diz, como se lesse meus pensamentos.

Assinto e nos servimos, comendo em silêncio ouvindo apenas o barulho da chuva que insiste em cair. Depois que terminamos, pegos as louças usadas e coloco na pia, chamando o híbrido até meu quarto em seguida.

— Você vai dormir aqui. — aponto para minha cama. — Eu vou dormir no sofá e não adianta tentar discutir. Suas orelhas precisam de algum tipo de cuidado?

— Não… — diz baixinho, ainda contrariado com a ideia. — Me deixa dormir no sofá, não quero incomodar mais do que já estou.

— Não ouvi nada… — cantarolo cínico enquanto pego um edredom e um travesseiro no maleiro. — Vamos dormir, já está tarde. Boa noite. — fecho a porta antes que ele tente discutir mais, ouvindo somente um “boa noite” gritado de dentro do cômodo.

Suspiro enquanto arrumo o travesseiro e o edredom no sofá, me deitando e olhando o teto. Um sorriso pequeno adorna meus lábios, a consciência tranquila me deixa mais leve. Adormeço pensando no híbrido de coelho de grandes orelhas negras, que agora repousa em minha cama.

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