Noah
Não consegui me concentrar em mais nada depois do que aconteceu naquela sala, então acabei vindo embora. Ouvir que ela esperou por mim todo esse tempo... que eu a fiz sofrer repetidas vezes... me destruiu completamente. Seu eu soubesse, ou ao menos desconfiasse, que Lillian me amava da mesma forma que eu a amo...
- Seu grande imbecil! - Grito comigo mesmo, socando uma almofada. - Estúpido, filho de uma... - Sou interrompido por batidas na porta e me surpreendo ao ver tia Aurora entrar no meu apartamento, feito um furacão.
- Olá, querido. - Cumprimenta se acomodando no sofá.
- Aconteceu alguma coisa, tia?
- Ainda não, mas tenho esperanças que essa conversa coloque tudo nos trilhos.
- É sobre a Lilli? - Pergunto me sentando.
- Na verdade, é sobre vocês dois.
- Parece que todos já sabiam, menos nós. - Acabo de constatar o óbvio.
- Não se sinta tão culpado, os homens dessa família tem fama de serem lerdos e um tantinho sem noção.
- Poxa, nem sei como agradecer pelos elogios. - Digo com a voz pingando sarcasmo.
- Seja sincero comigo, Noah Clark Bennett, você ama a minha filha?
- Mais do que um dia achei ser possível. - Respondo no mesmo instante.
- E o que você está disposto a fazer, para reconquista-la?
- O que for preciso.
- Consegue imaginar um futuro ao lado dela?
- Consigo imaginar uma vida ao lado dela.
- Não esperava nada menos do que isso. Agora, levante-se! Temos muito o que fazer.
- Aonde vamos?
- Consertar essa situação, começando com algo que tenho certeza que vai abalar aquele coraçãozinho.
[...]
- Noah? O que diabos você está fazendo aqui? Esse não é o melhor momento para tentar algo com ela, vai por mim. - Nathaly despeja tudo em um fôlego só.
- Eu só preciso de cinco minutos.
- Não acho...
-Por favor?! - Faço minha melhor expressão de cachorrinho abandonado, para convence-la.
- Não me decepcione. - Adverte abrindo passagem. - Ela esta no quarto.
- Obrigado. - Beijo seu rosto em agradecimento.
Caminho apressadamente até o quarto de Lillian e a encontro deitada de bruços mexendo no celular.
- Oi... - Me aproximo cautelosamente.
- O que você quer? - Sua voz sai fria e sem emoção.
- Te dar algo. - Lilli gira o corpo até ficar de frente para mim, meu peito se aquece quando seus olhos se encontram com os meus.
- Eu não quero nada, Noah. Por favor, vai embora. - Pede se sentando na beirada da cama.
- Depois que você me deixou sozinho naquela sala, percebi qual foi o meu maior erro. Sufocar os meus sentimentos. Fui egoísta por não me permitir sentir esse amor, por tentar te substituir por mulheres que nunca chegariam aos seus pés e principalmente, por não tentar algo com você. Sei que não te mereço, não mereço seu amor e não mereço suas lágrimas, mas como eu disse antes, sou egoísta e não posso te deixar livre. Eu te amo, Lillian Thompson Sawyer, e peço não que me perdoe, por que eu mesmo nunca vou me perdoar, mas que me dê uma segunda chance de te mostrar, que eu ainda sou aquele mesmo garotinho que te deu uma bexiga aos cinco anos de idade, para ver um lindo sorriso no lugar das suas lágrimas.
Me abaixo até ficar a sua frente e coloco em suas mãos uma bexiga azul, meu coração perde uma batida quando ela abre um pequeno sorriso. Algumas lágrimas caem dos seus olhos e eu me apresso em seca-las.
- Eu estou com medo... - Confessa baixinho.
- Eu também, tenho medo de não ser bom o bastante pra te fazer feliz.
- Medo que você me machuque. - Essa frase vem como um soco certeiro, na boca do meu estômago.
- Lilli, você não é um passa tempo, é a mulher que eu amo e com quem quero construir uma vida. Nossa família tem um histórico de casamentos relâmpagos, mas todos eles duraram até hoje. Eu te conheço a vida toda e sei que nós dois também vai ser pra sempre.
- Você não pode dizer essas coisas pra mim.
- Me dá mais uma chance? - Peço segurando seu rosto suavemente.
- Vai ser pra sempre?
- Pra sempre. - Afirmo olhando dentro dos seus olhos e ela se curva para frente, depositando um beijo na minha bochecha. - Isso é um sim? - Pergunto confuso.
- Eu disse sim há dezenove anos atrás, quando você me deu aquela bexiga.
Acabo com a pequena distância que nos separa e selo esse "sim" com um beijo apaixonado, cheio de amor e esperanças de um final feliz.
- Obrigado por não desistir de mim.
- Só não pisa na bola, priminho. - Nathaly surge na porta, assustando nós dois.
- Você ouviu tudo? - Lilli pergunta acusadoramente.
- Com certeza e devo admitir, ele mandou bem com essa história da bexiga. - Ela me lança uma piscadela e eu tento reprimir uma gargalhada.
- Fora daqui, sua intrometida!
- Eu acho que não, então... o casamento vai seguir a tradição da nossa família?
- Que casamento? E que tradição?
- O meu é que não é, priminha. A tradição de no máximo dois meses, foi assim com os nossos pais. - Explica se jogando na cama.
- Eu disse sim para um relacionamento, Nathaly, nós não vamos nos casar.
- Não? - Questiono confuso.
- Não!
- Porque não?
- Mal nos entendemos!
- Eu disse que seria "pra sempre".
- Eu pensei que você estava me pedindo em namoro ou algo do tipo! - Diz exasperada.
- Então você não quer se casar comigo?
- Não! Quero dizer, sim!
- Então isso é um "sim"? - Sorrio abertamente.
- Você esta me deixando confusa!
- Tudo bem. Lillian Thompson Sawyer, casa comigo? Seja minha esposa, amiga e companheira? - Me ajoelho segurando suas mãos.
- Oh my Good! Isso está melhor que novela mexicana! - Nathy grita eufórica, batendo palmas.
- Isso é loucura!
- Loucura é continuar escondendo os nossos sentimentos. Não precisa me dar uma resposta agora, vou esperar o tempo que for preciso. Eu não brinquei quando disse que seria "pra sempre".
- Nós acabamos de nos acertar...
- Nos conhecemos há vinte e quatro anos, não há nada que um não saiba sobre o outro e o namoro serve para o casal se conhecer melhor. Já passamos dessa fase.
- Lilli, para de fazer cú doce e diz "sim", pelo amor de Deus!
- Céus... espero não me arrepender depois, mas... sim, eu aceito me casar com você. - Ela pula no meu colo e eu a abraço apertado, girando pelo quarto.
- Eu te amo!
- Te amo!
- E eu, amo vocês! - Nathaly se joga em cima de nós e eu perco o equilíbrio caindo com as duas no chão. - Já sei! Vocês podem se casar no aniversário da Lilli.
- Mas é uma festa a fantasia. - Falo tentando me sentar.
- Eu gostei da ideia, vai ser perfeito e completamente diferente. - Minha noiva afirma sorrindo.
- Espera só até eu contar as nossas mães!
- Eu não me preocuparia com nossas mães, e sim com os nossos pais... o meu pai, específicamente. - Lilli me lança um sorriso torto.
- Puta que pariu...
Muitos comentários e estrelinhas!
O que acharam desse casamento relâmpago? É a cara dessa família, não?
Beijokas.