Série Corações Feridos: Não m...

By RayhBennett

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VOLUME IV Para melhor entendimento, aconselho ler: 1 - Corações Feridos; 2 - Você nunca estará só; 3 - O seu... More

Não me esqueça
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Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Epílogo

Vinte e quatro

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By RayhBennett

Melissa


Os dias passam infernalmente lentos, arrastando-se de uma forma a me deixar em um tormento constante, principalmente, quando preciso me afastar para trabalhar. Nunca a profissão de médica pesou tanto em meus ombros como no último mês, mas nem por isso dei menos que 300% de mim aos meus pacientes. A vida é muito rara para não ser cuidada com o máximo de respeito e comprometimento. Eu jurei salvar vidas e farei isso mesmo morrendo um pouquinho a cada dia que se passa e Gabriel não desperta.

Os inúmeros exames não mostraram nenhuma atividade anormal que explique o estado de Gabriel, aparentemente, está tudo bem e não existe nada que os médicos possam fazer para acordá-lo. Tudo depende da boa vontade de Deus; agora e todos os momentos Lhe imploro para que o traga de volta. Sinto tanta falta de ouvir sua voz e seu riso, de sentir seu cheiro, o calor de seu abraço, de ver aqueles olhos indefinidos entre o verde e o azul.

Eu o amo tanto que dói tudo em meu corpo a cada minuto nessa incerteza, que machuca o coração e fere a alma. Sinto-me doente psicologicamente e isso reflete em meu corpo: no cansaço extremo, que causa enjoos e tonturas. Só nas últimas duas horas precisei correr para o banheiro três vezes após sentir o cheiro de algumas medicações. A doutora Collins me olha de forma estranha e não demora muito para que me chame em seu consultório, longe dos olhares curiosos de todos.

"Você está grávida." Se eu não estivesse sentada, com certeza teria caído de susto. Nego imediatamente com um aceno de cabeça. "Sua menstruação está atrasada quantos meses, Salvatore?"

Faço as contas mentalmente. A dura realidade sendo esfregada na minha cara. Levo as mãos até a barriga escondida sob a blusa azul e as lágrimas já escorrem copiosamente, o gosto salgado em minha boca.

Um bebê meu e de Gabriel. Um filho nosso. Se eu não consigo cuidar direito nem de mim mesma, como vou cuidar de um serzinho indefeso e tão dependente?

"Vá até sua avó e peça para fazer uma ultra-sonografia. Será mais rápido e poderá saber exatamente de quantas semanas está." Pego o copo que a doutora me estende e bebo a água fria em longos goles. Preciso me acalmar ou vou acabar passando mal mais uma vez e não posso deixar meu bebê passar tanto nervoso. Vai que ele se sinta rejeitado e isso acabe lhe fazendo mal. "Está liberada por hoje, Salvatore."

"Obrigada, doutora Collins." Jogo o copo descartavel na lixeira, então, em um ato de coragem, dou um abraço na minha mentora, pegando-a de surpresa. "A senhora não é tão má como quer que todos pensem."

Antes que ela tenha a chance de me expulsar, corro para fora em busca de minha avó. Cinco minutos depois estou em frente a mesa de Katlyn - a secretária de vovó - e por sorte não há nenhuma paciente à vista.

"Posso falar com a doutora Salvatore? É um caso de vida ou morte." A simpática Katlyn apenas balança a cabeça indicando a porta do consultório, dando-me permissão para entrar. "Obrigada."

Bato na porta antes de abri-la. Vovó me oferece um doce sorriso, seus olhos fazem uma varredura por todo o meu corpo, a testa franze suavemente antes de seu sorriso se tornar ainda maior. Tenho a sensação de me sentir totalmente exposta, como se ela já soubesse a razão de minha visita.

"Vovó, eu quero..." Respiro fundo e resolvo ser direta. Não adianta esconder nada mesmo, ela sempre dá um jeito de descobrir tudo o que lhe convém. "Eu estou grávida. Tenho certeza disso, mas quero ver como meu bebê está."

"Nunca pensei que viveria para ver meus bisnetos." Vovó está emocionada, seus olhos inundados de um carinho desmedido. Ela vem ao meu encontro e me envolve em seu abraço maternal. Fecho os olhos aproveitando o carinho, que sempre me deu segurança. "Desde que chegou na minha vida, só me trouxe felicidades, minha menina."

"Ah, vovó!" As lágrimas já caem novamente. "Não tem nem vinte minutos que descobri e já amo o meu bebê. Como isso é possível?"

"Amor de mãe é inexplicável, Melissa. Ele nasce sem pedir licença e quando vemos, já tomou conta de nossa alma." Afasta-se, passa as mãos no rosto para enxugar as poucas lágrimas que derramou. Até para chorar minha vó tem classe, não é como eu que figo parecendo um moribundo gripado. "Vamos fazer uma ultra-sonografia para vermos esse lindo bebê."

Deito na maca enquanto vovó faz todos os procedimentos para o exame. Quando passa o gel gelado em minha barriga, compartilhamos um sorriso cúmplice. Não tiro os olhos da pequena tela quando vovó coloca o aparelho em contato com minha pele. Não demora para aquele som alto, conhecido aos meus ouvidos preencha a sala. É o tum, tum, tum mais bonito do mundo. A confirmação da vida que cresce dentro de mim. Olho com atenção as manchas escuras, que no princípio parecem apenas um amontoado de borrões disformes, até reconhecer aquele pontinho diferenciado, que me encanta e aumenta as lágrimas.

É o meu bebê. Meu bebê e de Gabriel. O fruto de nosso amor.

"Seis semanas." Dois meses que meu bebê está se desenvolvendo escondidinho e só agora fez a mamãe idiota notá-lo. Já pensou se tivesse demorado mais, eu levaria um susto quando daqui mais uma semana ele começasse a se mexer. "Está tudo bem com ele, mas precisa ter muito cuidado. Tem conhecimento que os três primeiros meses requerem cuidado redobrado por causa dos riscos de aborto. Vai fazer uma bateria de exames para sabermos como realmente está."

"Vai ser nossa médica, não é vovó? Vai me ajudar a trazer meu Feijão ao mundo?" Seu sorriso é a resposta que preciso para respirar aliviada.

"A vantagem de ser mãe cedo é a de ter força e lucidez para cuidar até dos bisnetos." Limpo o gel da minha barriga, tomando cuidado para não fazer uma bagunça. Estou tão feliz que nada é capaz de estragar essa felicidade.

"Preciso contar ao Gabriel. Quem sabe ele não acorda ao ouvir que seremos pais?" Beijo o rosto de vovó e consigo sair depois de ouvir inúmeras recomendações sobre ter muito cuidado.

Tomo um banho na velocidade da luz e pela primeira vez vou visitar Gabriel com o coração leve, distribuindo sorrisos em todas as direções. Se estou feliz, meu Feijão também está feliz. Passo a mão na barriga quando estaciono o carro em frente ao hospital. Fica a quase vinte minutos de onde trabalho e nunca pareceu tão longe como hoje, mas não importa.

Apresso os passos ao me dar conta que está na metade do horário de visitas. Tomo o devido cuidado para não tropeçar nos próprios pés enquanto adentro o hospital. Cumprimento o porteiro e a recepcionista de plantão com quem fiz amizade nas últimas semanas, então, subo até o segundo andar naquele elevador lerdo. Quando as portas metálicas se abrem, vejo Milena e Gael ainda com os uniformes do colégio. Ambos sorriem ao notarem minha presença, mas percebo o olhar estranho que trocam antes da loirinha alta e bonita se levantar para me abraçar apertado.

"Ele acordou, Mel. Meu irmão acordou."

Meu corpo congela, o coração começa a bater descompassado contra a caixa torácica. Meus olhos ardem mais uma vez de felicidade, alívio, um mundo de coisas a me consumir.

Minhas pernas ganham vida própria e avanço em direção ao quarto, desejando ver com meus próprios olhos, a realização de um sonho desejado com tanto fervor. Antes que possa abrir a porta, sinto uma mão segurar meu ombro, olho para Gael estranhando sua atitude.

"Mel... olha, meu irmão acordou meio confuso." Pigarreia e tenho a certeza de que algo não está certo quando desvia os olha para o teto. "O médico está aí dentro conversando com meus pais e meu irmão. É melhor esperar até que deem autorização para entrar."

"Eu já esperei tempo demais. Preciso vê-lo agora ou vou enlouquecer, Gael. Pela primeira vez em dias é como se o sol voltasse a dar sinais de vida em meio a uma densa escuridão." O garoto pálido, de cabelos claros e olhos de um azul profundo me fita com um toque de pena, que envia arrepios por minha espinha. "O que estão me escondendo? Por que não ligaram antes avisando que Gabriel tinha despertado?"

"Mel..." A voz melodiosa de Milena rompe o silêncio pesado naquele corredor quando para ao lado do irmão. "Gabriel está com uns lapsos de memória. Ele não se lembra de nada do último ano. De nada mesmo."

Balanço a cabeça desacreditada. Só posso ter ouvido mal ou esses dois estão fazendo algum tipo de brincadeira idiota. Não é possível. Gabriel não pode ter nos esquecido. Não pode.

"Gabriel nunca esqueceria o nosso amor." Dou-lhes meu melhor sorriso forçado, mesmo que por dentro esteja morrendo de medo. O bolo apertando minha garganta dolorosamente. "Ele nunca me esqueceria."

Não suportando os olhares de pena que recebo, afasto a mão de Gael de meu ombro e respiro fundo, decidida a entrar neste quarto. Ambos compreendem e não tentam me impedir quando me viro e abro lentamente a porta branca. Recebo olhares compadecidos de meus tios, um analítico do médico, mas os que me interessam são os olhos azuis esverdeados, que me miram intensamente enquanto um sorriso de reconhecimento me atinge em cheio. Lágrimas escorrem por meu rosto ao vê-lo acordado, ao ter a certeza que está vivo. Corro ao seu encontro, não me importando com qualquer outra coisa que não seja senti-lo por perto. Tomo o máximo de cuidado com a agulha enfiada em seu braço mesmo esmagando-o em um abraço apertado. Afundo o rosto em seu pescoço, sentindo o seu cheiro, que nem mesmo os medicamentos foram capazes de mudar.

"Está tudo bem." Por Deus, como senti falta de sua voz e de seu abraço! As lágrimas caem com mais intensidade, misturando-se com meus soluços. "Está me assustando, Melissa. Acalme-se, por favor."

Inspiro e expiro repetidas vezes em busca de controle. Preciso me acalmar ou o meu Feijão vai acabar passando mal e não posso colocá-lo em risco.

"Tive tanto medo." Afasto-me para olhar seu rosto bonito. "Nunca mais se ponha em risco outra vez, por favor. Eu tive tanto medo de perdê-lo."

"Não vai se livrar tão fácil de mim. Melhores amigos nunca se separam." Gabriel desvia o olhar para os pais parados do outro lado da cama e depois para o médico. A expressão vaga, como se estivesse procurando algo. "Eu só não entendo..." Suspira frustrado e meu coração aperta quando as palavras de Gael burbulham na minha cabeça. "A última coisa que me lembro é de estar em Berlim, na casa do Henry..." Faz uma careta levando a mão até a testa.

"Peço que saíam, por favor." O médico exige. "Gabriel precisa descansar. Os exames não apresentaram nada de anormal, então, não pode se desesperar por não recordar dos últimos meses de sua vida, Gabriel. Descanse e depois conversaremos melhor sobre isso."

"Eu vou ficar aqui com o meu filho." Tia Caroline informa enfrentando o médico, que ao trocar um rápido olhar com tio Klaus, dá de ombros parecendo amedrontado. "Leve os meninos e a Mel para casa, querido. Nada de dormirem tarde ou comerem besteiras."

Tio Klaus revira os olhos antes de se aproximar do filho e deixar um beijo em sua testa. Seu olhar para o filho mostra o amor profundo e o alívio por tê-lo de volta. Ofereço um sorriso fraco para Gabriel incapaz de falar qualquer coisa sem cair no choro outro vez.

Está doendo tudo no meu interior.

A escuridão e o inverno voltaram a inundar o meu mundo.

Gabriel não lembra do nosso amor; não recorda que somos namorados.

Seus olhos não possuem mais aquela intensidade como ferro derretido no fogo mais ardente ao me olhar. É tudo como antes... somente o amor de melhor amigo.

Tio Klaus me abraça pelo ombro ao nos guiar para fora daquele quarto. Meu corpo trêmulo se mantém em pé por milagre quando o que mais desejo é sufocar na minha própria dor.

"Ele vai se lembrar, Mel. O amor verdadeiro nunca morre ou é esquecido." A certeza de tio Klaus não me atinge como ele espera e preciso piscar várias vezes ao sentir uma leve tontura. "Está se sentindo mal?"

"Está muito pálida." Milena segura minha mão. "E gelada."

"Eu cuido dela a partir de agora." Levanto a cabeça ao ouvir a voz de papai. Desprendo-me de tio Klaus e vou ao encontro da minha âncora. "Vamos para casa, meu raio de sol."

"Ele não se lembra de mim." Sussurro como se isso fosse amenizar o impacto daquelas palavras.

Sem deixar de me abraçar, papai me leva até o seu carro. Entrego a chave do meu veículo para um segurança e entro no de papai. Não me surpreendo ao encontrar tio Damon sentado confortavelmente, oferecendo-me um de seus sorrisos enquanto papai assume a direção.

"Eu posso finalmente usar minha pistola?" Brinca tentando aliviar a tensão, mas ao perceber meu estado, passa o braço por meu ombro e beija o topo da minha cabeça. "A lição número cinco do manual das meninas é: nunca chore por garotos. Pensei que tivesse te ensinado direitinho. Isso tudo é culpa do seu pai que não te colocou para estudar em um colégio religioso."

"Cala a boca, Damon!" Papai ralha sem tirar os olhos da estrada. "Melissa está mal e não precisa de você com suas paranóias. O que eles precisam agora é do nosso amor e cuidados, enquanto o Gabriel se recupera."

Algo nas palavras de papai me alerta que ele sabe do Feijão. Encontro seu olhar carinhoso pelo retrovisor e não há nada além de amor e a promessa de que não me abandonará nunca.

"Eles?" Tio Damon questiona confuso, até seus olhos caírem sobre a minha mão descansando sobre minha barriga. "Ah, meu Deus! Você... você... Meu Deus, Melissa! Você não era virgem, menina? Onde foram parar todos os conselhos sobre virgindade que eu te dei?" Ele afrouxa a gravata e sem paciência a arranca. "Já não basta o Naruto ter perdido a virgindade ano passado, agora é você. Ainda me aparece grávida."

Em qualquer outra situação eu estaria gargalhando do meu tio e sua maluquice, mas agora só consigo pensar em Gabriel e em como estaria exultante ao saber que estou esperando o nosso bebê.

"Eu sou tão jovem e já serei tio-avô. Poderia ao menos colocar o nome dele de Damon Junior como uma homenagem." Tio Damon coloca a mão sobre a minha, está mais calmo. "O que acha Stefan?"

"Que o meu neto não vai ter o nome de um idiota." Papai zomba para o desespero do irmão, que começa a chamá-lo de ingrato por todos os bons conselhos que dar não só aos filhos como a todos os sobrinhos, que chegaram graças ao círculo de amizade de papai.

Na verdade, os dois não brigam, apenas tentam me distrair dessa dor que me machuca dolorosamente.

Pra que falar
Se você não quer me ouvir?
Fugir agora não resolve nada
Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade um dia vai acabar

Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos
A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza
A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão

Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos
A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza
A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela e veja eu sou o sol
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão

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