Stupid Wife (REMAKE)

By Horsinha

1.5M 101K 156K

O LIVRO DESSA FANFIC JÁ ESTÁ DISPONÍVEL PARA VENDA NO SITE DA: editoraeuphoria.com.br Corra para garantir nos... More

Prólogo.
Capítulo 1 - Sonho Louco
Capítulo 2 - Encarando a realidade.
Capítulo 3 - Egoísmo
Capítulo 4 - Carinha.
Capítulo 5 - Diários
Capítulo 6 - Família.
Capítulo 7 - O Maldito Verão.
Capítulo 8 - Desejos.
Capítulo 9 - Dor Compartilhada.
Capítulo 10 - Aniversário.
Capítulo 11 - Recomeço.
Capítulo 13 - Conexão.
Capítulo 14 - Primeiro beijo.
Capítulo 15 - Esperanças.
Capítulo 16 - Lugar Certo.
Capítulo 17 - Familiar.
Capítulo 18 - Um pedaço do seu coração.
Capítulo 19 - Resposta óbvia.
Capítulo 20 - Até quando resistir?
Capítulo 21 - Minha pessoa.
Capítulo 22 - Dias melhores.
Capítulo 23 - Tudo acontece por um motivo.
Capítulo 24 - Cuidar dela.
Capítulo 25 - Na alegria e na tristeza
Capítulo 26 - Feliz natal
Capítulo 27 - O primeiro passo.
Capítulo 28 - Ponto de paz.
Capítulo 29 - O pedido dela.
Capítulo 30 - Tudo.
Capítulo 31 - Momentos.
Capítulo 32 - Diversas sensações.
Capítulo 33 - Uma lembrança.
Capítulo 34 - Pronta.
Capítulo 35 - Eu sou seu presente.
Capítulo 36 - A escolha perfeita.
Capítulo 37 - Gravidez dupla?
Capítulo 38 - FINALMENTE COMPLETAS.
Capítulo 39 - O GRANDE DIA.
Capítulo 40 - Esposa estúpida.
LIVRO!

Capítulo 12 - Reconhecer.

44.9K 3.2K 3.8K
By Horsinha

Olá carinhas! OLÁ!!!!!!!!

Como vocês estão? Quanto tempo.

Eu não sumi de propósito, já avisei por aqui e no twitter que estou sem computador e fica muito complicado escrever assim. Porém consegui terminar esse aqui e pari uma nova criança para vocês.

Confesso que estou MUITO nervosa com esse capítulo porque assim como os outros, eu mudei muita coisa, mas é aqui que as coisas começam a ficar intensas.

Então não sintam-se acanhados de opinarem, apenas sejam respeitáveis, por favor. Eu não sou rude com ninguém e não quero ser porque eu sou muito da paz.

Enfim, espero que gostem, nos vemos lá embaixo.

(...)


SEGUNDA-FEIRA (28 – NOVEMBRO)

Despertar na manhã seguinte foi doloroso. Minha cabeça parece que irá explodir a qualquer momento, pulsando sem parar como um coração disparado. O quarto todo escuro é a primeira coisa que vejo assim que abro meus olhos. Eu agradeço muito por isso. Não sei dizer ao certo que horas são, talvez já tenha amanhecido. As cortinas são escuras, os raios solares mal entram aqui quando estão fechadas. Estico a mão até o criado mudo para acender a luz do pequeno abajur ao meu lado. Meus olhos captam rapidamente uma cartela de remédios e um copo de água.

Lauren. Sorrio para seu ato. Ela se preocupa bastante comigo.

Preciso me lembrar de agradecê-la. E que me proíba de beber tanto em uma próxima vez que jantarmos juntas.

Meus olhos se abrem por reflexo. Eu realmente acabei de pensar em repetir a noite de ontem com ela?

Céus...

O mundo está uma loucura.

Tomo um dos comprimidos da cartela que eu acredito serem para dores de cabeça, bebo toda a água presente no copo. Estou com muita sede, acho que bebida alcoólica causa isso nas pessoas. Deito-me outra vez para descansar mais alguns minutos antes de me levantar para tomar banho e me arrumar. Eu ainda tenho que ir para a consulta com a Doutora Brooke, e confesso que gostaria de cancelar, mas sei que tenho muitas coisas para desabafar com ela.

..

Meu corpo todo relaxa quando entro debaixo da ducha de água quente. Sempre é relaxante tomar um banho assim logo depois de acordar. Tenho o costume de me banhar após acordar desde que me entendo por gente. Minha mãe sempre dizia que eu também tinha essa mania quando era apenas um bebê, só ficava calma e feliz depois de tomar um banho pela manhã. Nunca tive o costume de acordar tarde, mas existiam exceções, é claro.

Enrolo-me na toalha e fecho o blindex do box. Sinto-me renovada e uma nova mulher. Minha cabeça não parece mais um coração disparado, e eu não sinto vontade de arrancá-la. Estou cheirosa e pronta para um novo dia. Saio do banheiro com um pequeno sorriso no rosto ao sentir no ar o cheiro do sabonete tomar conta do ambiente. Ele é muito cheiroso e deixa minha pele tão macia. Lauren usa um diferente, mas tem um cheiro tão bom quanto o meu. Sempre toma conta de tudo quando ela saí do banho, é impossível não notar.

Quando estou escolhendo uma peça nova de roupa, ouço meu celular vibrando em algum lugar pelo quarto. É possível ouvir porque a casa está silenciosa, e lembro-me de tê-lo deixado sobre a cabeceira da cama na noite anterior. Pego uma calça de moletom justa e uma camisa de mangas longas, saio do closet trajando somente calcinha e sutiã. Vou até meu aparelho telefônico e antes mesmo de pegá-lo, vejo aparecer na tela duas mensagens de "Mi suerte".

"Eu troquei o horário da sua consulta para as 14hrs. Perdoe-me por fazer isso, mas não sabia se você conseguiria acordar cedo."

"Deixei seu café da manhã preparado. Tomou o remédio que deixei no criado mudo? Beba bastante água se não estiver se sentindo totalmente bem."

Eu estava prestes a reclamar por ela ter mudado o horário da consulta sem me avisar, mas levei um susto ao verificar as horas e perceber que já passava de meio dia. Parece que eu realmente apaguei noite passada. Todo aquele vinho não me fez bem, devo evitá-lo daqui para frente. Deixo o celular sobre a cama e me visto rapidamente, apenas passando as mãos em meu cabelo para ajeitá-lo. Pego o aparelho outra vez na intenção de responder Lauren, mas antes que eu possa, ela me manda outra mensagem.

"Estava começando a ficar preocupada. Finalmente acordou, bela adormecida. Tudo bem?"

"Eu entendo sua preocupação, levei um susto ao perceber quanto tempo demorei a acordar. Sim, estou bem, e obrigada por ter agendado outro horário para mim com a psicóloga."

"Não precisa agradecer, é minha obrigação..."

Queria poder discordar disso, mas não sou criança e muito menos estúpida. Independente de qualquer coisa, nós duas somos casadas, e com isso vem as obrigações, tais como zelar pelo bem da outra e cuidar dos compromissos de ambas caso ocorram alguns problemas. Lauren parece se sair melhor nisso do que eu. É compreensível dado as circunstâncias. Fico me perguntando se a antiga Camila também se preocupava assim com as nossas coisas e com ela.

Tenho tanta coisa para aprender sobre mim e sobre ela. Tantas coisas a serem descobertas. Estou nervosa e um pouco ansiosa. É estranho isso de ter que me reconhecer, mas sinto-me disposta a enfrentar qualquer receio para saber do passado e entender o presente.

Estou pronta para o que vier pela frente.

(..)

— Está se sentindo melhor? – Doutora Brooke questiona logo após sentar-se na cadeira a minha frente. Franzo um pouco o cenho. — Lauren me ligou hoje cedo para avisar que você teria que mudar o horário por não estar se sentindo bem.

Esclarece e a realização caí sobre mim. Tinha me esquecido momentaneamente sobre a mudança de horário. Estou muito distraída hoje para ser sincera. Depois que terminei meu café da manhã, dei uma olhada pela casa e encontrei algumas fotos que fizeram minha cabeça doer. Mas não era dor causada pela ressaca, era como se minhas lembranças estivessem entrando em conflito. O meu cérebro queria lembrar e ao mesmo tempo me impedia de visualizar lembranças.

Sinto-me presa em um buraco negro.

— Oh, sim. Estou me sentindo melhor sim... bom, o suficiente para conseguir vir até aqui.

— Você pare um pouco aérea. – Ela conclui. Não posso fazer nada além de suspirar. Eu não negaria sua constatação, acredito que minha expressão está entregando o desconforto dentro de mim. — Quer conversar sobre isso?

— Parece que minha mente ficou um pouco bagunçada.

— Aconteceu alguma coisa que causou isso?

— Encontrei algumas fotos minhas com a Lauren, pareciam da época em que éramos bem jovens. Minha cabeça pareceu ficar embaralhada. Não sei explicar, é como se meu cérebro tentasse reviver as memórias esquecidas, mas algo impedisse.

Olho para a Doutora, ela está debruçada sobre sua mesa anotando algo em sua agenda.

— Parece que suas lembranças entraram em conflito. Pode ser uma consequência da amnésia. O seu médico disse algo sobre isso na última vez que conversou com ele?

— Ele comentou que eu poderia acabar me lembrando de alguma coisa, mas não parecia muito esperançoso sobre isso. Para ser sincera, nem eu estou.

Suspiro derrotada. É uma sensação horrível não ter controle sobre isso.

— Imagino que deve ser difícil, e até mesmo doloroso para você toda essa situação, mas é preciso manter alguma chama de esperança. Precisa estimular sua memória, quem sabe o que pode acontecer...

— Tenho medo de tentar tudo e não me lembrar de nada.

Ou talvez eu tenha medo de acabar me lembrando de tudo.

(..)

A consulta com a psicóloga foi ótima. Está sendo muito bom poder falar sobre tudo o que acontece e me apavora com uma pessoa que não está diretamente envolvida em tudo isso. Ela é imparcial, e sempre me dá umas boas formas de pensar e caminhos interessantes a percorrer. Gosto de conseguir me abrir com ela. E ainda mais o fato de não ter um peso colocado nos meus ombros todas às vezes em que desabafo.

Quando peguei o Uber, sabia que não queria ir direto para casa. Não tem ninguém lá a essa hora, e eu não estou com vontade de ficar sozinha nesse momento. Quero poder me distrair com algo ou alguém. Minhas opções estavam entre conhecer um pouco mais de Jacksonville, ir até minha escola de dança ou visitar algum conhecido.

Eu escolhi visitar alguém ao direcionar o motorista para a casa de Dinah.

— Chancho!

Uma animada, e receptiva Dinah de braços bem abertos, atendeu-me assim que toquei a campainha de sua casa. Sorrio abertamente antes de abraçá-la com força. Fecho os olhos quando o aperto reconfortante me envolve. Eu sempre gosto de abraçar minha melhor amiga. Por toda paz e segurança que sua presença sempre me trouxe. Nós duas nos conhecemos desde que somos bem pequenas, entramos no colégio juntas praticamente e temos sido carne e unha desde então.

Ela sempre esteve comigo nos bons e piores momentos. É uma das poucas pessoas que me conhece como ninguém poderia ser capaz.

— Chee... Eu estava mesmo precisando desse abraço.

— Hm... Conheço esse tom de voz. – Dinah se afasta de mim um pouco. Com as mãos em meus ombros, analisa meu rosto minuciosamente. Não tem como esconder alguma coisa dela. É praticamente impossível. — Entre, vamos conversar.

Ela diz e abre espaço para que eu adentre sua casa. Estou mais familiarizada com esse lugar, mas ainda me surpreendo em todas as vezes que venho até aqui. É uma casa realmente bonita, com luxo na medida certa e sem exageros. Uma sofisticação de dar inveja a qualquer pessoa interessada em decoração de bom gosto. Caminhamos em direção a sala de estar e nos sentamos no sofá confortável.

— Acabei de sair da consulta com a psicóloga.

— E como tem sido? Aceita alguma coisa?

— Não, obrigada. Só quero conversar mesmo. E tem sido muito legal, na verdade...

— Tem alguma coisa te incomodando?

— Eu acho difícil dizer algo que não esteja me incomodando nessa minha rotina. Não me acostumei totalmente. Há dias em que acordo e penso que estou no passado, com a minha vida de adolescente no colegial com grandes sonhos e sem muitas responsabilidades.

— Eram bons tempos, né? Apesar de todo o estresse com a escola e tudo mais.

— Eram ótimos tempos comparados a esses na verdade.

Ela ri e a acompanho. Eu realmente preferia conviver outra vez com o estresse da vida de colegial do que enfrentar as cegas uma vida adulta onde sou mãe e esposa com responsabilidades enormes e preocupações gigantescas. É muita coisa para acompanhar.

— Não sei se isso é algo legal de ser dito, mas... é bom ver essa Camila comunicativa de volta. Quero dizer... você está diferente, porém não é algo ruim.

Franzo o cenho, confusa.

— Como assim é bom me ver sendo comunicativa?

— Uh... – Ela ergue as costas. Parece tensa ao meu lado. — Digamos que as coisas mudam com o passar do tempo. Quanto mais velhos ficamos, menos tempo temos para outras coisas. Quando temos uma família para cuidar e tudo mais, outras partes das nossas vidas acabam sendo deixadas de lado.

— Você está querendo me dizer que a nossa amizade tinha mudado?

— Bom, sim. – Responde sem hesitar. Surpreendo-me com sua revelação. Não fazia ideia de que algum dia minha amizade com ela poderia mudar de alguma forma. Eu não consigo imaginar um mundo onde nós duas fiquemos afastadas por mais que algumas horas. — Não foi só culpa sua, e não foi só entre nós duas. Acho que em algum momento todo mundo meio que se afastou, entende? Outras coisas se tornaram prioridade nas nossas vidas.

— Não consigo imaginar isso. De verdade.

— Eu me lembro de tudo e ainda não acredito. Era como se eu estivesse vendo tudo se acabar, mas não podia fazer nada. Também foquei em outras coisas, sabe? Uma casa, um filho para cuidar, meu trabalho e tudo mais. Todos ficamos muito ocupados com nossas questões.

— Ser adulto é ruim.

Dinah gargalha.

— Às vezes. Mas tem seu lado bom... por exemplo, nós temos filhos lindos que amamos muito.

— Isso é verdade.

— Temos nossa própria casa e... – Um sorriso estranho surge em seus lábios. — Somos muito bem casadas.

— Oh, Dinah! Cale a boca.

Resmungo e a empurro. Meu rosto está um pouco quente. Tenho certeza que minhas bochechas estão vermelhas. Não sinto raiva de seu comentário e a insinuação explicita, apenas fico sem jeito. Ela gargalha de minha visível timidez. Isso me irrita.

— Será que temos um avanço aqui?

— Como assim?

— Você não xingou a Lauren de estúpida. Eu acho que isso é um bom sinal.

Reviro os olhos.

— Estamos nos bons termos... digamos assim.

— Sério?

Ela parece realmente surpresa.

— Nós meio que entramos em um acordo de recomeço ontem. Então, sim, é muito sério.

— Recomeço? Meu Deus! Eu não acredito. Lauren deve estar radiante.

— Ela parecia mais tranquila.

— Tenho certeza que sim. Mas e então... vocês jantaram ontem em comemoração. O pequeno não estava em casa...

— O que...

— Tiraram o atraso?

— Ficou louca?

— Por que o espanto? Vocês ficaram meses sem sexo. – Meu rosto parecia estar em chamas de tão quente. — Droga...

— O que foi?

— Por um momento esqueci da sua perda de memória. Isso é muito confuso para mim.

— Imagina para mim. – Murmuro. Meu rosto ainda está queimando de vergonha. Ficamos em silêncio durante alguns segundos. Sua frase ecoa em minha mente. E então uma parte me vem em destaque e desperta minha curiosidade. — Chee?

— Fala.

— Lauren e eu ficamos... você sabe... muito tempo...

— Sem sexo? Sim. Em um dos poucos finais de semanas que passamos todos juntos em família, ela acabou comentando que não fazia sexo por um longo período. E olha, para vocês duas não estarem fazendo cosplay de coelhos, era notável que algo estava errado.

— Sabe, eu li em um dos meus diários algo sobre não estarmos bem. Você sabe o que estava acontecendo? Era sobre o sexo? Eu não queria mais?

— Chancho, você devia fazer essas perguntas a sua esposa. É algo entre vocês, e somente ela saberá te responder com precisão. Além do mais, não devo me meter nessas questões. Vocês precisam conversar.

— Eu sei que sim.

— Não tenho medo de falar com ela. Lauren é uma pessoa excelente, vai responder todas as suas perguntas.

Aceno com a cabeça em concordância. Eu sabia que ela responderia tudo o que eu perguntasse, mas estava cheia de perguntas na cabeça agora. O que de fato acontecia entre nós duas nos últimos meses para ficarmos estranhas?

— Me responde apenas uma coisa. Meu casamento com Lauren estava muito ruim?

Olho diretamente nos olhos de Dinah. Ela encolhe os ombros e suspira longamente. Parece indecisa sobre quais palavras usar. Posso dizer isso com certeza, a conheço o suficiente para conhecer sua linguagem corporal.

— Sim, estava muito ruim. Com proporções realmente preocupantes.

(..)

O assunto com Dinah mudou drasticamente quando ela notou a forma que eu fiquei com sua revelação. A tarde foi agradável, apesar disso. Conversamos sobre muitas coisas. Fiquei triste em saber que tinha me afastado de muitas pessoas que sempre foram importantes para mim. Queria entender o que estava acontecendo comigo. Eu entendi que a vida adulta te traz coisa e tira coisas também, mas nunca pensei que seria o tipo de pessoa que acaba se tornando ausente.

Ouço o forno apitar, avisando-me que tinha acabado o tempo programado. Estava precisando distrair minha mente quando voltei para casa e resolvi cozinhar biscoitos com gotas de chocolate. Minha avó me ensinou uma receita antiga de família e desde então nunca me esqueci. Eu ainda me lembrava direitinho. E tenho certeza que Lauren e Louis irão adorar prová-los. Acredito que eu provavelmente já os tenha feito em algum momento.

— Meu Deus! – Exclamo assusta ao me virar e me deparar com aquele ser humano inclinado sobre a ilha da cozinha, pegando alguns biscoitos no tabuleiro. — Jauregui!

Ela arregala os olhos quando se dá conta que a peguei no flagra. Parecendo uma criança que foi pega fazendo besteira, afasta-se rapidamente. Olha para baixo e só então me dou conta de não está sozinha. Meu pequeno filho está ao seu lado.

Ótimo. Tenho uma dupla de ladrões dentro de casa.

— Toma, carinha. Corra para se salvar. Corra!

— Ah! Eu vou pegar vocês dois!

Jogo o pano de prato que estava em minhas mãos para trás e começo a ir na direção deles. Lauren e Louis saem da cozinha correndo rapidamente. Um sorriso acaba surgindo em meu rosto. Ter uma família é divertido, para ser bem sincera.

Estou gostando cada vez mais disso.

Só para esclarecer algo: eu os peguei. Bom, na verdade eu fui pega. Não foi uma luta justa. Dois contra uma. Quando agarrei o pequeno no andar de cima, Lauren surgiu de algum lugar e me imobilizou. Fui atacada ferozmente com cócegas, mas consegui revidar em alguns momentos. Depois de nossa diversão, meu filho foi tomar um banho e tirar a roupa da escola, ela fez o mesmo que ele e eu desci para terminar de preparar o lanche. E agora estamos os três jogados na sala assistindo desenhos após termos comido todos os biscoitos.

— Como foi o dia na escola, filho?

Pergunto a Louis, que está deitado no sofá com as pernas sobre as de Lauren e sua cabeça em meu colo. Eu acaricio seus cabelos. Os fios escuros parecem cada vez maiores, eles crescem muito rápido, mas ele parece gostar disso. Quando o sugeri que cortasse as pontas, sua carinha de tristeza apertou meu coração. Talvez eu não conseguisse negar as coisas para ele.

— Muito legal, mas estou animado para as férias.

Eu sabia que ele entraria de férias em breve. Confesso que também estou ansiosa porque terei uma companhia durante os dias em que fico em casa. Essa casa parece maior do que realmente é quando estou sozinha e odeio isso.

— Só mais essa semana, carinha.

Nós poderíamos deixá-lo ficar em casa nos poucos dias que faltam. Mas quando conversei com Lauren e a sugeri isso, ela me disse que o pequeno adora ir à escola e não gosta de faltar. São momentos raros os quais permitimos que ele fique em casa. Além do mais, os últimos dias de aula são sempre importantes para tirar algumas dúvidas. Digo isso por experiência própria.

— Podemos ir ao cinema domingo?

Louis questiona e não demora muito para que tanto ele, quanto Lauren estejam me encarando. Fico um pouco confusa até me dar conta de que eles estão me convidando também e esperando algum tipo de concordância da minha parte. Ou talvez permissão. Ser mãe é uma coisa curiosa.

— Eu... acho que sim. Faz tempo que não vou ao cinema. Quero dizer...

— Faz realmente algum tempo. – Lauren emenda minha fala. Eu não saberia dizer com precisão se minha fala tinha fundamento ou não, mas ao que parece eu realmente não frequentava o cinema com frequência. Quero dizer, nós não parecíamos frequentar. — Vou procurar na internet quais filmes estão em cartaz e comprar nossos ingressos.

— Oba!

Louis comemora e eu sorrio, bagunçando levemente seus cabelos. Voltamos nossa atenção para a televisão. Para ser sincera já não estou mais tão focada no que se passa na tela. Um sorriso genuíno enfeita meus lábios. Pensei que essa rotina seria complicada e até mesmo triste, mas consegui me adaptar com maestria.

Ter uma família é realmente bom.

..

Meu filho começou a ficar sonolento logo após o jantar e Lauren subiu com ele. Não demorou muito para ela descer e me auxiliar com a limpeza da cozinha. Sorri para ela em agradecimento e trabalhamos juntas, em silêncio durante alguns minutos. Sua presença não me incomoda tanto mais, mas ainda não sei ao certo como iniciar uma conversa. Isso deve ser estranho para ela, convivemos juntas por tantos anos e agora eu me sinto uma desconhecida ao seu lado. Isso é difícil para mim também, confesso.

— Como foi a consulta hoje?

Surpreendo-me com sua pergunta. Estamos terminando com as louças. Eu as lavo e passo para ela secar. Olho de relance para seu rosto. Lauren tem um pequeno e amigável sorriso no rosto. Isso de certa forma me faz relaxar.

— Muito boa. Eu realmente precisava falar algumas coisas para ela e tirar daqui de dentro.

— Se sentindo sufocada ainda?

Nego com a cabeça.

— Apenas confusa... é estranho algumas vezes quando eu acordo e lembro de como minha vida deu uma volta completa e ficou de pernas para o ar.

— É, as coisas ficaram mesmo confusas.

— Sim. – Demos uma pequena pausa na conversa e ficamos em silêncio. Só era possível ouvir o som da água caindo e a bucha sendo esfregada no prato. Não é mais desconfortável ficar perto dela sem dizer nada. — Passei o dia com a Dinah. Colocamos a conversa em dia.

— Ela deve ter amado isso.

— Com certeza. E eu amei também. Foi muito bom, eu precisava disso.

Terminamos de lavar toda a louça. Com tudo perfeitamente no lugar e limpo, voltamos para a sala. Não sei ao certo o que fazer agora, mas espero que continuemos conversando. Eu ainda tenho que conhecê-la um pouco mais.

— Está cansada? Quer subir?

— Na verdade... – Sento-me no sofá. Ela me encara, esperando que eu termine de falar o que pretendia. Estou nervosa. — Queria conversar um pouco mais.

Seu rosto parece se iluminar quando digo isso. De certa forma, vê-la assim por uma coisa tão mínima deixa meu coração feliz. Eu realmente não estava gostando daquele jeito cabisbaixo dela. Lauren parece mesmo ter um efeito sobre mim.

— Sobre o que quer falar?

— Faz algum tempo que tudo aconteceu, mas eu não lembro de ter perguntado ou ouvido você falar sobre o seu emprego.

— Uh... você quer saber com o que eu trabalho?

— Sim.

— Lembra de como eu sempre vivia com câmeras fotográficas na escola?

— Como eu poderia esquecer? Perdi as contas de quantas vezes senti vontade de te matar quando a via com aquelas malditas lentes viradas para mim.

Reviro os olhos, mas tem um sorriso brincalhão em meus lábios, Lauren soltando uma risadinha sem graça, levando uma mão até sua nuca.

— Eu gostava de fotografar você. E também de te irritar, confesso...

— Sabia que seu intuito era me tirar do sério.

— Era divertido.

— Não era não. – Finjo seriedade e ela ergue as mãos, como se pedisse desculpas por aquilo. — Então você se profissionalizou?

— Sim. Eu abri meu próprio estúdio há alguns anos. Fica no centro da cidade.

— Era de esperar, na verdade. Estou me sentindo lerda por não ter cogitado essa possibilidade. É só olhar em volta, tem fotos em todos os cantos dessa casa.

— Para a falar a verdade, quem quis essas fotos todas foi você. Não que eu não as quisesse espalhadas por aqui também, mas acho que minha paixão por fotografia acabou refletindo em você.

— Então eu sou uma boa fotógrafa também?

— Você sabe tirar fotos...

— Hm, por esse tom de voz tenho certeza que eu sou uma droga.

Lauren solta uma breve gargalhada.

— Você não é de todo ruim, apenas não tem muito jeito com a análise de ambiente. Sabe? Encontra a luz perfeita e o ângulo certo, coisas básicas assim.

— Estaria disposta a me ensinar? – Minha pergunta parece surpreendê-la de verdade. Posso deduzir isso pela expressão de choque em seu rosto. — O que? Tantos anos morando com você e nunca a pedi isso?

— Ah... sim, você pediu. Tivemos algumas aulas, mas depois da última tentativa pensei que nunca mais teria essa chance.

Franzo o cenho.

— Como assim?

— Bom, as coisas pareciam estranhas nos últimos meses. – Ela se mexe desconfortável. — Digo, entre nós duas principalmente. Não sei dizer ao certo o que aconteceu, mas parecia que a nossa compatibilidade estava limitada.

— Dinah falou algo parecido hoje cedo. Comentou sobre todos estarem afastados e nós duas não estávamos... – Calo-me antes de completar essa frase. Não iria falar sobre aquilo com ela, óbvio. Meu rosto esquentou apenas em me lembrar dos comentários idiotas da minha melhor amiga. — Nosso casamento estava acabando?

Lauren suspira alto. Ela fecha os olhos durante alguns segundos. Parece uma eternidade para mim. Meu peito está comprimido e o coração parece diminuir o tamanho. No fundo eu sentia que alguma coisa estava fora de lugar, mas não tinha ideia de que tudo parecia ruim assim. Quando acordei naquele fatídico dia, os comentários dela não me deixaram alguma brecha sobre uma possível crise.

— Você tinha mudado bastante, Camila. E não foi só comigo. Nossos amigos, familiares, seus alunos... O nosso filho. Todos comentavam comigo sobre as suas mudanças.

— Eu não entendo...

— Começamos a ter brigas constantes. Por tudo, absolutamente tudo. Era cada vez mais desgastante. Como se não tivéssemos mais diálogos, apenas brigas. E então você não queria aceitar mais os convites de ninguém, só queria ficar em casa isolada. Quando estava no trabalho ficava focada em dançar, mal se comunicava com as pessoas. Tentei perguntar diversas vezes se tinha algo sério acontecendo, mas como você pode esperar isso só resultava em mais brigas desnecessárias.

— Nossa, isso é... Chocante.

— Foram meses difíceis, Camz. Sendo sincera comecei a cogitar e aceitar que acabaríamos nos divorciando em algum momento.

— Sério?

— Muito.

— Mas, eu... você... no inicio parecia tão apaixonada por mim e disposta a me fazer ficar. Por que não aproveitou essa chance para finalmente se livrar de mim e seguir com a sua vida sem nossos estresses? Eu te tratei tão mal.

— Porque amo você. De uma forma que ninguém nunca será capaz de entender um dia. Porque sempre fui apaixonada por cada detalhe seu. E meu coração só fica calmo quando eu estou contigo. – Ela abaixa a cabeça. Meu coração está disparado no peito. Minha mente parece um mar agitado. São muitas coisas se passando, lembranças em conflito constante. — Eu fiquei porque por mais ruim que fosse, senti que isso que aconteceu foi a nossa segunda chance de fazer tudo dar certo. Não sei explicar, eu só... Queria você de volta.

— Desculpe-me pelas vezes em que tratei você mal. Eu só estava sendo uma criança mimada e assustada. Não foi fácil acordar sem lembrar de nada.

Me desculpo com toda sinceridade que há dentro de mim. E acho que ela sente isso. Nesse momento, estou arrependida por ter sido tão rude e infantil. Tudo poderia ter sido tratado de uma forma melhor, mas acho que por outro lado é compreensível a minha reação.

Você consegue imaginar acordar um dia e descobrir que esqueceu metade da sua vida, tem um filho e é casada com uma pessoa que você jurava odiar no passado?

— Preciso te perguntar uma coisa, mas somente responda aquilo que seu coração mandar. Ou a razão. Não sinta medo de ser sincera.

— Pode perguntar.

Engulo a saliva em minha boca. Parece descer rasgando tudo.

— Está disposta a me reconhecer e quem sabe recomeçar tudo? Porque eu não quero desistir de você sem lutar. Vou até onde eu puder.

— Lauren...

Tudo parece paralisado a minha volta. Somente vejo ela e seus malditos olhos verdes e esse rosto angelical. Por alguma razão sinto aquele nervosismo que faz nosso estômago revirar sem parar. Sabe quando você está na presença de alguém que realmente gosta e parece que vamos cuspir algum órgão para fora de tão nervosa?

— Só diz que está disposta e eu prometo, serei melhor do que nunca.

Aproximo-me dela e pego suas mãos. Lauren parece muito nervosa, as palmas das mãos dela estão geladas. Olho bem em seus olhos.

— Quem precisa estar disposta a me reconhecer, é você... Está disposta?

Ela não me responde de imediato. Lauren abre um enorme sorriso e me puxa contra ela, envolvendo-me em um abraço apertado. Por alguns segundos pensei que ela me beijaria, mas a conhecendo um pouco melhor sei que não gosta de ultrapassar os limites de ninguém. É muito respeitadora, e admiro isso nela cada vez mais.

— Estou disposta a tudo se você estiver comigo, Camz.

(.....)


Como estamos????????????????

Uau! Estamos evoluindo TANTO! Não vejo a hora de chegar nas minhas partes favoritas.

Espero que tenham gostado, de verdade. Esse capítulo me deixou muito feliz, mas quero saber de vocês o que acharam com toda a sinceridade.

Prometo tentar não demorar tanto como da última vez, apenas lembrem-se que além de ter outras coisas para fazer, eu também estou sem computador.

Era isso, carinhas. Vocês estão no meu coração, obrigada por tudo. ♥

Continue Reading

You'll Also Like

1.1M 53.4K 73
"Anjos como você não podem ir para o inferno comigo." Toda confusão começa quando Alice Ferreira, filha do primeiro casamento de Abel Ferreira, vem m...
1.6M 144K 54
Over the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Camila, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se...
419K 44 1
Lauren Jauregui seria apenas mais uma adolescente normal, terminando o ensino médio, meio invisível no meio de todo mundo e com uma birra inexplicáve...
15.7K 1.4K 22
Camila Cabello tem 24 anos, é alfa e é formada em medicina veterinária. É herdeira da Cabellos World, uma ONG criada pela sua família, onde ela geren...