Ele é Como Rheya {jikook}

Por nicolypachecos

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É o começo do primeiro dia de aula depois das férias de verão quando Jeon Jeongguk sente que o ano letivo de... Mais

♡ avisos ♡
[ PLAYLISTS ]
1. Ele é como uma Tangerina
2. Ele é como um Gêmeo
3. Ele é como Daphne Blake
4. Ele é como um invisível
5. Ele é como Yoongi
7. Ele é como Us And Them
8. Ele é como uma Criança
9. Ele é como Panqueca de Mirtilo
10. Ele é como uma Maçã do Amor
11. Ele é como Escutar uma Música Boa
12. Ele é como uma Florzinha
13. Ele é como o Sol
14. Ele é como um Filme cheio de cor
15. Ele é como um Gatinho
16. Ele é como uma Cereja
17. Ele é como Daisy
18. Ele é como um Anjinho da guarda
19. Ele é como o Amor Mais Puro
Especial de dia das mães: família de dois
20. Ele é como uma Viola Lilás
21. Ele é como um Sonho
22. Jimin é Como Rheya
23. Ele é como Meu Coração
24. Ele é como o Universo
25. Ele é como as Estrelas
26. Ele é como um Beijo
27. Ele é como um Coelhinho
28. Ele é como Chocolate
Ele é como o Livro físico de "Ele é como Rheya"
29. Ele é como um Presente
30. Ele é como o Amor da minha vida
31. Ele é como meu Porto Seguro
32. Ele é como uma Cenoura
Aviso sobre o livrinho de Ele é Como Rheya
33. Ele é como minha Vida
34. Ele é como um Conforto
35. Ele é como meu Refúgio
36. Ele é como um Arrepio
37. Ele é como meu Paraíso
38. Ele é como uma Confusão
39. Ele é como o Amor

6. Ele é como uma Figura Sagrada

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Por nicolypachecos

JUNGKOOK

HEAVY METAL É MELHOR DO QUE ROCK?!

— ELE É MALUCO?! — bati com o punho na mesa. Depois mordi o lábio, aquilo doeu.

— Por que você tá tão grilado com isso?! — Seokjin puxou meu sanduíche da minha mão, impaciente.

— Ei! Eu não acabei de comer! — eu tentei pegar o lanche de volta, mas Jin me deu uma cotovelada. E ela doeu pra caramba.

Levantei o punho e acertei um soco em seu pescoço, o fazendo gritar e começar a me bater pra valer. Brigamos até a orientadora Nyn mandar a gente parar, lá do outro lado do refeitório, ameaçando também nos levar para a diretoria. E é claro que nós paramos, inconformados.

— Engole isso também. Saco. — falei de boca cheia após dar uma última mordida no meu sanduba.

— Tá. — ele pegou, mordeu, e mastigou com pressa, como de costume. Deu bons goles no suquinho de caixinha e suspirou. — Agora eu preciso entender direito essa sua revolta, Jeongguk, é... é porque você tá obcecado pelo The Cure? Ou... é porque você não gosta do Yoongi?

— Por que eu não gostaria do Yoongi? — indaguei, o olhando quase confuso.

Jin deu de ombros e puxou o lábio. Batucou os dedos na mesa e fez cara de quem iria fazer besteira. Eu podia sentir isso.

— Não sei... sei lá, sabe. Talvez seja porque ele tirou uma nota maior que a sua em biologia, não sei...

Ah não. Agora ele foi longe demais.

Larguei meu lanche, peguei minha mochila e levantei.

— Quer saber? Não fala mais comigo, Seokjin. — arremessei o salgadinho nele e afastei-me. Jin me chamou mais umas vezes, mas eu estava chateado demais para tentar o dar ouvidos.

Tipo, puxa, quem liga pro fato do Yoongi ter tirado uma nota maior que a minha em biologia? Eu não ligo! É tão infantil ligar para esse tipo de coisa, são só... notas. Não acredito que Jin me acusou de uma coisa dessas. Traidor insensível.

Ah, mas de qualquer forma, eu já havia acabado de comer mesmo. E também tinha algo para pegar no meu armário que fica lá no fim do mundo do prédio (para o lado oposto do da sala que eu vou ter de ir após o sinal e, inclusive, é bem abandonado e assustador). Que seja, Seokjin que fique só.

Soltei um muxoxo ao dobrar o primeiro corredor. Não sei porquê me importo com essas coisas... ficar bravo com esse lance sobre música é bem idiota, se eu pensar direito. Eu devo ser mesmo infantil, mas, caramba, simplesmente não pude evitar ficar irritado... porque Yoongi meio que desprezou meu gênero musical favorito para falar que o dele é melhor. E falou que The Cure era "maneirinho". E sim, eu também sei que Yoongi não sabia que era uma banda que eu gostava, tampouco viu que eu estava o ouvindo, mas... isso não se faz. Pelo menos eu acho que não...

Bem, em compensação, agora eu sei que Jimin tem bom gosto para música.

Ainda estou tentando entender o que ele quis dizer com "eu comecei a escutar música agora". Ele deveria estar falando sobre usar o walkman, talvez... sei que não o usou antes, pelo menos não na escola. Sou um bom observador, não apenas de Jimin, e sim... de todo mundo. E o Jimin nunca usou um walkman aqui antes. Ele parece ter mais interesse em livros do que em qualquer outra coisa, sério, às vezes ele até lê no ônibus. Não sei como não fica enjoado.

E, sabe, o Jimin é tão estranho. Por algum motivo desconhecido, ele continua sendo legal comigo. Ele me cumprimenta, pergunta por mim, acena quando me vê... ele fala comigo todos os dias, e eu não sei porquê. Sério, não consigo entender. Não estou reclamando e nem acho isso ruim, é só... é um pouco estranho. Mas não é como se eu não gostasse. É bom estar com Jimin, ele é diferente, parece que nada é difícil para ele, sabe... sei lá. Ele meio que exala positividade e é amigável de forma natural. Jimin tem um olhar amigável. É praticamente aconchegante.

Balancei a cabeça para pensar em outra coisa. Desci o próximo lance de escadas e enfim estava no corredor certo. Fui até o fim, me pus de frente para meu armário, peguei no cadeado, e girei a senha, que é composta por quatro números (a data do ano da formação do Joy Division porque eu amo demais a música desses caras), e destranquei. Como pensei, há algumas fitas aqui.

Reuni todas que pude em minha frente. Ok, tem ao todo seis fitas (é eu tenho bastante delas) que estavam enumeradas e resumidas com uns desenhos meio toscos que eu fiz. Mas, infelizmente, nenhuma das fitas tinham The Cure o bastante para eu dar a Jimin.

Mas mesmo assim, eu queria emprestar uma fita para ele. Eu não queria que ele virasse um metaleiro... nada contra, mas heavy metal... sei lá, não combina com ele. Não que eu esteja querendo definir o gosto musical dele, não! Longe disso, mas... se ele curte Boys Don't Cry, é certo que heavy metal não é lá a melhor escolha de gênero musical para apresentar à ele agora. Não mesmo...

Pensei em dar a fita número 13 à ele, porque tinha muitos artistas bons e semelhantes ao The Cure. Se bem que Pink Floyd não combina muito... mas New Order, com certeza... ah. É difícil.

— Jeongguk!

Tá, eu estaria mentindo se dissesse que não tomei um baita susto com o chamado repentino no corredor deserto e assustador. Meus ombros tremeram e eu me virei com tudo, quase acertando a mão do indivíduo, que era Jimin, que segurava o que parecia ser um livro de capa cor-de-rosa. Ele se assustou com o meu susto, dando alguns passos para trás e seguidamente rindo um pouquinho da cena de nós nos assustando um com o outro.

— Jimin! Oi. Desculpa, eu pensei que estivesse sozinho... — eu disse, meio encabulado.

— Ah eu cheguei do nada, não foi? Desculpa também. — disse e depois olhou em volta. — Eu nunca vejo ninguém por aqui. Por que você tá aqui? — indagou e tentou olhar dentro do meu armário. Jimin é claramente curioso.

— Eu estava vendo umas fitas... — eu disse, dando espaço para ele olhar. — Já que a gente vai ter história junto mais tarde, pensei em pegar uma para te emprestar de uma vez.

— Sério?! — se aproximou mais, animado.

— É! Mas infelizmente não tem nenhuma do The Cure aqui... — eu disse e agora estávamos meio que esmagados na frente da abertura do meu armário pois queríamos ver o interior ao mesmo tempo. Eu estava vendo a lista de música da fita 13 ao que ele olhava as outras. — Hum, mas eu posso te emprestar a outra que eu acho que tem o ritmo bem calminho... meio semelhante ao do The Cure...

— Eu quero! Muito... — disse e virou-se para mim no decorrer da última palavra. E ele estava tão perto que eu pude sentir o cheiro de iogurte de morango vindo dele. — Eu posso pegar meu walkman e você pode me mostrar agora. Que tal?

— O quê? A fita? — perguntei, já pegando a fita 13 e dando mais uma olhada.

— É! Ainda tem uns minutos antes do sinal tocar... — disse, dando uma olhada meio torta pro relógio do corredor. Que cheiro de morango, meu Deus. — Eu não sei qual fita você quer me emprestar, mas eu tô muito ansioso pra ouvir mais alguma coisa que eu goste, sabe, eu amei tanto a música número dez que eu preciso de mais músicas que eu goste para ouvir, então eu quero muito ouvir outras músicas e amar elas.... — ele disse rápido e empolgado, e até apertou os olhos pequenos. Me pergunto o que é a música número dez. — Mas... sei lá, a gente pode começar a ouvir junto agora e depois você deixa comigo para eu terminar. — murmurou e olhou para mim novamente.

Por não conhecer ele muito bem, foi estranho estar tão perto, então eu me afastei quase um passo, mas nem tanto. A ideia de escutarmos a fita agora era bem legal, porque eu amo muito as músicas da fita 13, e eu ia ficar muito feliz se ele gostasse também. Puxa, ia ser demais...

Meu Deus, pode ser constrangedor por não nos conhecermos muito bem. Mas eu...

— Tudo bem, eu quero. — eu disse, é.

Isso o fez sorrir e sair de perto do armário, o qual eu fechei com cautela após pegar a fita.

— Legal! Tem um parquinho meio abandonado ali atrás, a gente pode ir pra lá. — disse Jimin, olhando o relógio com mais atenção. — Ainda tem tempo antes da próxima aula.

— Sim, tudo bem. Eu te espero lá enquanto você pega o walkman e os fones. — eu disse, olhando o relógio também.

— Beleza! Já volto, até lá! — disse e saiu andando apressado do nada. Eu cheguei a rir da correria dele. Ele tem pernas curtas.

Me escorei no armário e li a lista de músicas novamente. De fato era uma coletânea muito boa. Era melancólica, ou seja, era boa.

A guardei no bolso do meu casaco e fui atrás do parquinho abandonado. Saí pelas portas do prédio da escola e caminhei em busca deste. Estava ventando bastante desde que amanheceu, mas não estava muito frio, então não me incomodei. Assim que avistei o parquinho, me aproximei dele, me sentando no primeiro balanço que vi.

Não demorou muito para Jimin chegar, ainda apressado e agora com as bochechas vermelhas, provavelmente porque correu, o que me fez rir antes de olhá-lo com mais atenção, quando ele se sentou no balanço ao lado do meu. Ele não disse nada enquanto me entregava o walkman dele. E tenho que dizer que aquela coisa era, literalmente, praticamente, uma réplica do Jimin.

Tipo, sério. Era amarelo e todo bonitinho. Não tinha sequer um arranhão, e os adesivos eram brilhantes, e tinha até um do Garfield. Depois de ver o dele o meu parece super sem graça... é fofo.

Tirei a fita antiga e coloquei nas mãos de Jimin, colocando a minha logo depois. Eu também havia tirado o papel com a lista das músicas da fita 13, segurando-o nas mãos.

Me assustei levemente quando Jimin colocou o fone na minha cabeça, com tanto cuidado e leveza que eu só notei quando estavam, literalmente, sobre meus ouvidos. O olhei, confuso.

— O quê...

— Eu não pensei nisso, mas... como podemos dividir o fone? — indagou e depois entortou o lábio. Isso me fez rir um pouco porque até eu me esqueci do detalhe.

— Aqui, é melhor assim. — eu disse tirando o fone da minha cabeça e colocando na dele, o conectando ao walkman logo depois. — Se você virar esse lado, eu consigo escutar. Mas vou ter que deixar bem alto. — expliquei ao que ele virava um dos lados e fazia as correntes do balanço fazerem barulho ao aproximar-se de mim.

— Tudo bem. Quer tentar? — indagou. Afirmei com a cabeça enquanto mexia no aparelho e dava play na primeira música.

Certamente, dava para ouvir. O fone é alto naturalmente, virado e no silêncio daquela parte da escola então... é como uma música baixinha. Mas tem volume o suficiente para eu conseguir curtir a música com ele.

— E aí? — perguntou, com os olhos levemente fechados.

— Consigo escutar... — eu disse e fiz as correntes do balanço fazerem barulho novamente ao me aproximar ainda mais dele. Posso ouvir a bateria da primeira música.

— Wow, isso é bom... — disse e fechou os olhos de vez. Sua reação foi engraçadinha o suficiente para me fazer sorrir. — Nossa, Jeongguk, nossa... que música boa... qual é o nome dela?

— Aqui. — puxei o papel, apontando para o nome da primeira música.

— Love will tear us apart... — disse e a forma como o inglês dele é me fez sorrir. — É perfeito...

— É sim.

Fechei as mãos em torno da corrente e pendi a cabeça para o lado, o observando. Ele fecha os olhos quando está escutando música. É um costume tão diferente...

— O que quer dizer? — ele abriu os olhos. — Digo, o nome da música... você sabe? Eu não tenho ideia do que possa significar.

O amor vai nos destruir. — eu disse e ele pareceu extremamente surpreso com a minha fala. Ah. — Ah! O nome, o nome... da música. Entendeu? É isso que significa. — eu esclareci, rindo nervoso.

— Ah tá! Espera. É sério? — ele voltou os olhos para a folha.

— Sim.

— Nossa... — Jimin passou a mão pela corrente e alcançou o walkman, no meu colo, aumentando o volume. Depois, soltou um muxoxo. — Isso é tão triste... — fez um biquinho e, automaticamente, eu fiz um também.

— Eu sei...

É triste porque ele não viu a tradução da letra ainda. E as teorias sobre ela. É de fazer chorar de verdade.

A gente ficou em silêncio o resto da música. O vento balançou as árvores e Jimin puxou o lábio inferior de, aparentemente, frio. Pensei em dizer alguma coisa sobre isso, mas ele parecia tão envolvido na hora que a terceira música começou a tocar que eu me silenciei. Ele parecia cativado demais para ser interrompido.

— Ei, Jeongguk... escuta... — ele começou, chamando minha atenção. Olhei nos olhos dele quando ele os abriu. — Hoje, mais cedo, lá no corredor... sei lá, você parecia meio bravo, e...

— Eu? — indaguei, meio confuso, o interrompendo.

— Sim, quer dizer, parecia chateado... com o Yoongi, entende? — explicou. E eu fiquei todo encabulado ao ver que ele percebeu uma coisa dessas. — Eu fiquei curioso... está tudo bem?

— Sim! Com certeza, tá tudo bem, é só que... — desviei o olhar para a grama e pensei seriamente em mentir. Em dizer que ele se enganou. — É que... — voltei a olhar para ele.

E no momento em que encontrei os olhos dele, vi que eu definitivamente não podia mentir.

Nem mesmo se eu quisesse.

— O quê? — perguntou em um tom baixinho. Mas eu fiquei quieto.

Puxa, olhar para um par de olhos tão sinceros ao som de Pink Floyd me deixou praticamente besta.

— Eu escutei a conversa de vocês. Mais ainda. Desculpa... — definitivamente, devo parecer um retardado para ele. Já é a terceira vez que eu admito isso só hoje. — Eu fiquei chateado, eu acho... porque gosto muito de rock, e The Cure, e ouvi-lo dizer que era só maneirinho... e que heavy metal era muito melhor, me deixou meio irritado...

— Ah... — prendeu a respiração. — Ah, sim... — olhou para mim. E começou a fazer cara de mãe.

Ai meu Deus.

Ele franziu e elevou as sobrancelhas ruivas, olhando tão intensamente nos meus olhos que eu podia jurar que iria explodir. Preciso dizer que isso é como ser encarado por uma figura sagrada, tipo, sei lá, o senhor Jesus Cristo... você simplesmente não consegue mentir ou ser desonesto. Não dá.

— M-mas, tudo bem... — eu disse, afastando meu balanço do dele. — Foi uma coisa do momento.

— Sim, eu entendo. E já passou? — questionou, visivelmente preocupado.

— Já! Com certeza já. Não se preocupe. — eu respondi, o que é quase uma verdade. Pensando bem, depois que me sentei aqui, eu nem pensei mais nesse lance.

Ele soltou um suspiro bem pesado. Depois deu uma risadinha.

— Ainda bem! Eu gosto tanto de vocês dois, eu ficaria muito triste se ficassem bravos um com o outro ou algo do tipo... — disse ele, naturalmente e animado.

Puxa, ele gosta (tanto) de mim? É quase surreal que eu esteja fazendo amigos.

— Bem, eu não estou bravo com ele, então não precisa se preocupar. — eu disse.

— Ainda bem! E... — parou de falar. A música do Pink Floyd acabou. E outra começou. — Nossa... — ele sorriu e as bochechas ruborizaram. Ele é tão branquinho que eu consigo ver detalhadamente sempre que acontece. — Olha essa música!

— O que tem? — perguntei, rindo um pouco da empolgação alheia.

— Ela é perfeita! — ele disse, com os olhos brilhando.

— Quer saber o que o nome significa? — perguntei, rindo baixinho quando ele afirmou e sorriu, balançando-se de leve. Tive de me balançar também para o walkman não voar longe.

— Com certeza! — respondeu, olhando para mim em expectativa. Eu sabia de có a letra inteira daquela música, o nome dela e até em que mês, dia e ano fora lançada.

Talvez, só talvez, eu seja loucamente apaixonado por ela.

Canção romântica da era espacial. — eu respondi.

E Jimin sorriu tanto que os olhos dele sumiram. Sério, sumiram. Eu nunca vi os olhos dele ficarem tão apertados quanto agora.

— Eu não sei você, mas, eu preciso balançar ao som dessa música. — ele disse. E começou a impulsionar o corpo para frente e para trás.

Comecei a rir quando ele riu e me balancei junto, agarrado ao seu walkman. Nós íamos ao ar na mesma intensidade. E na mesma velocidade também. Com certeza era incrível se balançar ao som de Space age love song. E com certeza eu precisava o fazer também.

No refrão da música, o sinal tocou lá dentro da escola. E eu estava dando tanta risada com o lance de pernas que o Jimin fazia quando balançava que me fiz de bobo e não disse nada sobre ir para a aula no momento. Ele parecia saber também que deveríamos levantar dali e ir para a aula, mas, como eu, preferiu não dizer nada sobre isso.

E continuamos nos balançando pelos próximos minutos. O sinal parou de tocar e nós não fomos para a sala. Estávamos matando aula. E agíamos como se nada estivesse acontecendo.

E continuamos agindo normalmente nos próximos minutos.

— Ei, você sabe por que ninguém vem à esse parque? — Jimin perguntou, após um tempo parado, com a bochecha esmagada contra a corrente. Para você ter uma noção, os pés dele quase não tocavam ao chão quando ele ficava daquele jeito.

Estava flutuando com a ajuda do balanço.

— Acho que é porque tem um maior e bem mais novo lá na frente. E tem muitos outros brinquedos nele. — eu disse. — E esse parquinho que estamos não é público, eu acho que é propriedade escolar. O lá da frente não. Ele é aberto.

— Ah, entendi... — soltou baixinho. — Ninguém nunca vem aqui... mas o parquinho está inteirinho. A tinta do escorregador nem está descascando.

— Pois é... — eu murmurei. — Você passa muito tempo aqui? — perguntei, curioso. Ele deu de ombros e confirmou com a cabeça.

— Todos os dias. — respondeu. — Eu não sei se você percebeu, mas eu não almoço no refeitório...

— Sim, eu percebi. — eu disse, e isso fez ele abrir os olhos novamente. Jimin sorriu levemente para mim.

— Obrigado por perceber. — e sorriu um pouco mais. Me senti tímido, mas quando ele fechou os olhos novamente, eu me estabilizei. — Eu costumo sair antes do horário do almoço para comer aqui. Mas hoje eu me aventurei para ir até a sala de leitura e saí com todos os outros alunos.

— O que foi fazer lá?

— Pegar um livro... é para um trabalho da aula avançada. — disse ele, enquanto a fita trocava de faixa novamente. — Aí percebi que até no intervalo isso aqui fica meio vazio... por isso me surpreendi com você naquela parte do corredor. É sempre tão vazio lá.

— É... o meu armário sempre ficou por lá, é junto com os armários não ocupados, então é bem abandonado mesmo.

Jimin sorriu e abriu os olhos.

— O meu armário é lá também. — ele disse e riu contido. Acabei rindo também. — Eu descobri hoje como que fecha ele, e tal...

— Espero que você não seja como eu, porque eu encho o meu armário de tralha. É uma bagunça. — eu disse, o fazendo rir mais melodioso que antes. — Acho que ainda tem coisas do ano retrasado lá.

— É sério?!

— É! Eu nem precisei esvaziar antes das férias do ano passado e retrasado, essa escola me detesta, cara. Eles nunca colocaram meu armário em um lugar decente! — Jimin riu mais e eu acabei rindo alto também. De certa forma, a desgraça é engraçada. — Mas pelo menos você está no fim do mundo comigo, agora... — eu disse e me balancei um pouco, olhando para meus sapatos na grama.

— Sim... — disse. E quando eu o olhei, percebi que fechou os olhos novamente. Acho que Jimin faz isso sempre que a música o agrada. — Jeongguk... — resmunguei para que ele dissesse.  — Essa música é muito boa também. — ele suspirou. Ainda estou olhando para o rosto dele. — Parece que elas foram feitas para mim.

— Mesmo?

— Mesmo... — Jimin abriu seus olhos. Legal, estou o encarando novamente. — Nossa, Jeongguk... você tem um gosto maravilhoso.

Ah. Uauuuuuuuuuu.

Dei uma risadinha nervosa. E virei o rosto para frente, apertando o walkman amarelo dele entre os dedos. Aquilo que ele disse me deixou com vergonha. Eu estava envergonhado de verdade e nem sabia ao certo o porquê.

— Obrigado por me mostrar elas. É sério, eu fico muito feliz... — ele permaneceu falando. Pigarreei e o fitei novamente, feliz por ele ter voltado a fechar os olhos.

— Tudo bem, eu gosto muito delas, você... você gostar, é legal, eu fico muito feliz também. — eu disse, meio encabulado. É provável que elogiar minhas bandas favoritas é meu ponto fraco. — Jimin...

— Sim?

— Sobre o almoço... — comecei, pensando brevemente nas coisas que ele me disse. — Você deveria lanchar no refeitório. Não é tão ruim assim, aqueles boçais do ônibus costumam ficar no teatro.

— Teatro?

— É, eles tem um clube... É meio esquisito. — eu disse e fiz uma careta. Jimin riu. — Não é tão ruim ficar no refeitório. Se você quiser se sentar comigo e com o Seokjin da próxima vez... — abaixei o olhar quando ele abriu os olhos.

— Eu posso?

— Pode. Com certeza... — eu voltei a olhá-lo.

— Seria muito legal. — ele se inclinou e seus pés firmaram no chão. — Eu vou, então...

— Bacana...

Jimin ficou de pé e eu também. Pensei que ele iria falar sobre entrar e esperar o próximo sinal lá dentro, mas na verdade ele foi na direção da árvore que tinha sobre a gangorra. E eu fui junto por ainda estar com seu walkman.

— Você... — comecei, mas parei. Isso porque Jimin acaba de se sentar na grama e parece completamente desnorteado. — A música que te deixou assim? — perguntei, rindo um bocado. Ele me olhou e pressionou os lábios, afirmando com a cabeça.

— Deu vontade de deitar e me esfregar numa montanha de neve. — disse, e realmente se deitou. Eu me sentei no chão, ao seu lado. — Mas só tem grama por agora. Droga!

Ri baixinho. Era o efeito música. Quem não se dá mal por essa causa? Exatamente. Ninguém.

Eu sabia que aquela era a última música da fita, então me deitei também. E o volume ficou mais alto porque estávamos mais próximos. Me permiti fechar os olhos enquanto o vento batia em nós dois. Foi uma sensação boa.

Quando a música terminou, Jimin tirou os fones cuidadosamente e suspirou. Depois ele começou a rir, se erguendo, sentando ao meu lado e olhando para mim, deitado. E riu muito.

— Não me julga, foi você que deitou primeiro. — eu disse, rindo também e cobrindo a boca por isso.

— Não estou te julgando! É que isso é muito legal. — disse e depois cessou as risadas, soltando suspiros de riso. — Acho que estou feliz.

Eu também me sinto feliz. Mas uma folha ressecada caiu no meu rosto e a gente começou a rir de novo, então eu não disse isso.

A fita tem quase quarenta minutos, então o horário para a próxima aula estava próximo. Nós nos levantamos e entramos no prédio da escola e mal posso acreditar que matamos aula juntos. A gente meio que só se cumprimenta no dia-a-dia e agora parecemos super amigos. Talvez sejamos super amigos. Ele até pagou um chocolate quente para mim, e comemos biscoitinho doce no banco do lado da sala de aula que nós iríamos entrar depois do toque do próximo sinal. Não lembro qual foi a última vez que eu matei aula e me diverti tanto assim. A gente até fez um campeonato de guerra de polegares.

A mão dele continua tão macia quanto era no dia em que tivemos um aperto de mão.

Quando o sinal tocou novamente e entramos na sala, eu pareci voltar para uma realidade que eu estava (praticamente) desacostumado. Jimin foi para o lado das carteiras oposto que o meu e fez dupla com o Yoongi lá atrás, enquanto eu ia até Seokjin e me sentava com ele. Eu estava rindo tanto lá fora com Jimin que quando parei as minhas bochechas começaram a doer um pouco. Meu rosto estava morninho, até.

— Ei. Jungkook, você ainda está bravo comigo?  — eu ouvi Seokjin perguntar, quase encabulado. Acabei de lembrar que nós tivemos uma briguinha.

Eu nem lembro mais qual foi o motivo de tal.

— Não... relaxa. — respondi. E comecei a rir quando ele me puxou para esfregar o punho na minha cabeça, dizendo que esse era o seu Jungkook.

E eu me diverti na medida do possível com Jin — porque estávamos em uma sala de aula e a diversão é limitada nessas ocasiões — durante a aula de geografia. Mas depois, senti que estava traindo o meu melhor amigo de forma indireta. Porque enquanto o tempo passava, eu só conseguia pensar na aula avançada de história que teria mais tarde... porque Seokjin não está nela, e nem Yoongi... e isso significa que eu vou poder fazer dupla com Jimin.

E eu fiquei muito ansioso por isso. Tanto que removi o papel da lista de músicas da fita 13 — que Jimin aparentemente esqueceu comigo, junto com seu fone e walkman, já que ambos ainda estão no bolso da frente do meu casacão — e amassei, fazendo outro em outra folha, mais limpo. E para que Jimin não precisasse morrer de curiosidade sobre os nomes, eu os traduzi também.

FITA 13 — de: JJK.

1. Love will tear us apart (O amor vai nos destruir), do Joy Division.

2. The Him (O Ele), do New Order.

3. October (Outubro), do U2.

4. Us and them (Nós e eles), do Pink Floyd.

5. Space age love song (Canção romântica da era espacial), do A Flock of Seagulls.

6. Age of consent (Maioridade), do New Order.

7. Venus, do Television.

8. Atmosphere (Atmosfera), do Joy Division.

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