A Caçadora da Meia-Noite

By Mrs_Soldier

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[COMPLETO APENAS NA AMAZON] Durante a Era Vitoriana, um lorde poderoso fundou a Caçada da Meia-Noite, uma org... More

I. A Caçadora
II.Missão Perigosa
III. O Inventor
IV. Mais perigoso que a Realeza
V. Garota da Biblioteca
VI. Noite de Caça
VII. Blaze's
VIII. Capitão Exílio
IX. Inquisidores
X. Não se preocupe comigo
XI. Ele está de volta
XII. Corredor da Inquisição
XIII. Encontro Noturno
XIV. Novas Amizades
XV. Dias de Luta
XVI. Dia de Resposta
XVII. Fugir
XVIII. Eu Consegui
XIX. Juntos Somos Mais Fortes
XX. Longas Distâncias
XXI. Restaurante no Fim do Mundo
XXII. As Masmorras da Floresta
XXIII. Experimentos
XXV. Uma Noite de Descanso
XXVI. Ekatherine
XXVII. De volta à Hawkshead.
XXVIII. Problemas de Família
XXIX. De volta à estrada.
XXX. Mudança de Planos
XXXII. Próxima Parada

XXIV. O Acampamento Blackwolf

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By Mrs_Soldier

Os cavalos roubados mantiveram o ritmo do trote mesmo com quilômetros de distância entre mim e a prisão. Adam e eu nos embrenhamos na floresta e o convenci a seguir os outros prisioneiros libertos que também escolheram aquela trilha.

Dianna continuava conosco, mas ninguém ali reduziu a velocidade até que a prisão já não pudesse ser vista, ouvida ou sequer sentida.

— Finalmente alguma coisa está dando certo.- Adam levantou os braços, esticando a coluna sobre o tronco do cavalo ao olhar a floresta iluminada pelo sol. Obviamente estava aliviado.- Como isso é raro, considerando a nossa falta de sorte.

Soltei uma gargalhada maliciosa.

— E ainda assim decidiu invadir uma fortaleza altamente protegida.

— Achei que o universo poderia ser minimamente misericordioso, depois de tudo que fizeram com você.- Adam argumentou.- Precisava buscar você daquele lugar.

Movi a cabeça e segurei mais firme as rédeas do cavalo quando ele deu um passo à frente e mudou as patas em que se apoiava.

— Fico feliz que minha liberdade o agrade, mas eu não confiaria na misericórdia do destino ou de qualquer entidade, religiosa ou não, para garantir proteção.- Eu o alertei.- Fé nenhuma vai nos salvar agora.

Dianna parecia insegura sobre a égua que montava, mas sabia que logo ela se acostumaria àquilo, era só uma questão de mudar os hábitos de cavalgar de lado como as mulheres faziam. Ela tinha que se acostumar.

— Eu preciso agradecê-los por me tirarem de lá.- Dianna nos interrompeu, ainda que de forma constrangida.- Principalmente você, Saphira.

—Não precisa nos agradecer. - dispensei-a com um gesto de minhas mãos. - Eu fiz o que achava certo. Não podia te deixar lá.

—Podia sim, mas não deixou. -insistiu. - Então preciso retribuir de alguma forma. Não posso fazer muita coisa por enquanto, mas podem me chamar para qualquer coisa que quiserem. Por agora, sei de um lugar que vocês podem estar em segurança, se for necessário. Vá para oeste, seguindo sempre nesta direção pela floresta, vão encontrar um acampamento.

— Que tipo de acampamento?

— Totalmente seguro.- A bruxa me assegurou.- É uma espécie de refúgio secreto para licantropes. Permitem a entrada de qualquer um que não vá causar problemas. Minha mãe um dia foi chamada lá para curar um lobo ferido. Eu fui junto, conheço o lugar, mas o importante é que agora eles têm uma dívida com a minha família.

— Acha que vão aceitar entrarmos lá assim tão fácil?

— As regras que seguem são bastante simples. Quando um lobisomem decide se juntar ao acampamento, permitem.- Ela explicou, dando de ombros, como se não fosse nada demais.- Diga-lhes que Dianna James os mandou até lá. Vão ajuda-los no que precisarem.

A informação com certeza vinha em boa hora. Se eu pudesse conversar com o alfa daquele acampamento, talvez teria alguém que soubesse sobre os planos de Romckpay e desse um jeito de impedi-los. E mesmo que não o fizesse, era bom que outras comunidades de criaturas das sombras soubessem do que vinha acontecendo para possivelmente ter a chance de decidir o que fazer.

— O acampamento, é muito longe?

—Não muito, acho. -ela pensou.- Umas 5 horas a cavalo. Provavelmente.

—Obrigada, Dianna. -agradeci com sinceridade. - Isso pode mesmo ser útil.

—Não há de quê.-a garota sorriu. - Agora eu preciso ir. Vou pra casa, graças a vocês. Minha mãe deve estar esperando por mim. Obrigada por tudo e boa sorte, Saphira.

Sorri de volta.

—Tenha uma boa viagem para casa, Dianna. - despedi-me e a jovem bruxa balançou a cabeça.

—Adeus. - Com um gesto de suas mãos, fez a égua começar a galopar e nos deixou para trás, seguindo a estrada. Meus ombros relaxaram quando os cabelos claros e soltos de Dianna desapareceram em uma curva fora da trilha. Estava mais tranquila sabendo que a garota ficaria bem.

—Quanto tempo fiquei presa, Adam?- questionei, voltando a atenção para meu amigo. - Tive dificuldade para contar os dias lá.

—Quase uma semana, Saphira. - hesitou em responder. - Foram 4 dias desde a manhã que acordei e não te vi lá na floresta, conforme combinamos.

Movi a cabeça. Não sabia nem como poderia responder. No entanto, Adam tinha outros planos.

—Para onde vamos?

Pelo visto ele entendeu que não era o momento adequado para falar sobre o que aconteceu naquela manhã. Mesmo assim, eu não era a única com histórias para compartilhar.

—Vamos até o acampamento lobisomem que Dianna comentou.-sugeri.-Posso precisar de ajuda confiável, para variar. E uma noite calma e comida decente não seriam má ideia, certo?

—Como quiser. - Adam sorriu, um pouco inseguro, mas acatou minha ordem, já guiando o cavalo para seguir a trilha para oeste. Eu não queria discutir sobre seu mau-humor agora, então apenas fui atrás dele, mantendo-me sempre atrás de seu cavalo afim de evitar discussões.

*****************

Na verdade, demoramos mais tempo para estar próximos do acampamento do que as 5 horas que Dianna tinha previsto.

No entanto, dei créditos a ela pelo chute. Até que não foi tão longe da realidade, considerando a falta de um mapa. A bruxa devia conhecer mesmo os cantos mais remotos daquele país, ou tinha um senso de localização e magia muito fortes.

A simples visão das luzes de fogueiras e tochas além das muralhas anunciando a presença de vida racional no meio da floresta já era o suficiente para alegrar meu coração, deixando-me ansiosa por um jantar decente e uma cama para dormir, se me permitissem entrar.

Quando os portões do acampamento se estenderam à nossa frente, a noite já havia se estabelecido na mata densa. Estava há quilômetros da estrada, em algum ponto da Inglaterra desconhecido para mim, mas ainda assim aqueles lobisomens conseguiram construir uma cidade só para eles no meio do nada. Parei os cavalos diante dos portões fechados, notando o nome do lugar entalhado na pedra acima.

Provavelmente, em alguma clareira, ainda devia haver resquícios de luz, mas com a copa das árvores tapando o céu ao nosso redor, as tochas já se faziam necessárias. Não diria que fogo era uma boa ideia para quem quer se esconder na mata, mas não acreditaria que podia tentar argumentar com quem fosse o líder daquele acampamento. Ou melhor, o alfa.

Lobisomens eram liderados por um alfa escolhido em uma batalha de vida ou morte e aquele acampamento certamente não devia ser diferente. Era exatamente o que a Peeira tinha descrito. Sim, eu tinha certeza de que era isso que Dianna era.

—Quem são vocês?-ouvi a voz masculina dizer. Olhando sobre os muros que cercavam o acampamento, notei um lobisomem de aparência não muito mais velha do que eu por trás de um fuzil militar, mirando de cima de uma das torres de vigilância em ambos os lados dos portões. - Desconhecidos devem ir embora. Humanos não podem entrar aqui. Só lobisomens.

Aparentemente, eles trabalhavam na lógica de um acampamento militar. E esse garoto era um tipo de guarda da cerca, hierarquia baixa, mesmo naqueles termos. Não podia enxergar muito do lugar além de alguns vultos seguindo suas vidas do outro lado, mas já estava entendendo como as coisas funcionavam.

—Meu nome é Saphira Cartwright, sou tão lobisomem quanto vocês. - levantei minhas mãos em frente ao corpo em sinal de paz, deixando meus olhos assumirem aquela cor dourada de ômega, lobisomem sem matilha que era, para que vissem que falava a verdade. - Esse é Adam, meu parceiro. Não temos a intenção de causar confusão. Só queremos conversar com seu alfa.

—Sim, loba. - o garoto assentiu. - Sinto seu cheiro. Se não for nos causar problemas, pode entrar, mas o humano fica.

—Não vou ficar sem meu parceiro. - avisei-lhe, negando suas ordens. Enfatizei a decisão balançando a cabeça, já abaixando minhas mãos. No entanto, o guarda continuava impassível. Seria difícil lidar com ele, pelo visto.- Somos uma dupla. Não nos separamos.

—Não vão entrar, então. - ele ainda apontava o fuzil para baixo, se recusando a baixar a guarda, mas seu alvo dessa vez era Adam, não mais eu. Isso não me reconfortava, tampouco. - Sem humanos, são as regras.

—Por favor, só queremos conversar com seu alfa. - insisti.- Não estaria aqui se não fosse importante.

Em uma atitude bastante sábia, Adam se mantinha em silêncio, embora não parecesse confortável com a situação. Isso, Adam, não fale nada, pensei, deixe os lobisomens conversarem.

O garoto ia responder, mas outro homem, mais velho, mais alto, subiu as escadas por trás da plataforma na cerca e segurou o cano do fuzil, tirando-o das mãos do garoto. O gesto fez o guarda olhá-lo, e pelo que podia notar com aqueles olhos tão melhores do que os humanos, parecia intimidado. Não podia ver muito do rosto daquele lobisomem na escuridão, mas parecia ser jovem e, ainda assim, bastante influente, a julgar pela expressão no rosto do outro.

—Meu nome é Khan. - o lobisomem nos cumprimentou, assumindo o lugar do guarda quando este deixou a torre. A comunicação era complicada daquela distância, mas ao menos eu o escutava bem graças à audição aguçada, agora já permanente. Tinha certeza que Adam escutava só metade da conversa, como se estivesse bisbilhotando uma ligação, mas sabia que me deixaria lidar com a situação do jeito que considerasse certo. O lado bom de tudo aquilo era que não estavam mais apontando aquela arma para nós.- O que estão fazendo aqui?

—Você é o responsável?-questionei. - Quero falar com seu chefe.

—Não tenho chefe.

Franzi as sobrancelhas. O alfa com certeza estava no acampamento, mas seria possível que fosse alguém tão jovem? Não havia conhecido muitos, mas aquele homem não devia ter nem 30 anos ainda. Além do mais, não queria ter uma conversa daquelas ali.

— Sou o alfa.- Ele garantiu.- O que querem?

Evitei demostrar minha surpresa. Ele era o alfa, certamente tinha a pose de um, e a reação do guarda parecia justificada.

— Não quero lhe dar trabalho, sequer vou exigir que me deixe passar a noite aqui, mas venho de Londres e tenho notícias que creio que devem ser compartilhadas.- Expliquei-lhe apenas o suficiente para que o convencesse de nos deixar passar.- Não vou discutir o assunto aqui, mas o humano é meu amigo e não quero deixa-lo aqui.

Khan assentiu, interessado. Na verdade, era possível desafiar um alfa em qualquer idade, só era raro que os mais novos sobrevivessem.

Adam também parecia estar tendo as mesmas dúvidas, só não sabia disfarçar as emoções da mesma maneira que eu.

—Dianna James disse que poderíamos vir. - Conclui, dando de ombros.- Disse que vocês nos ajudariam se precisássemos.

—Dianna James, a bruxa?- Khan questionou, obviamente reconhecia o nome.

Assenti.

—Sim, ela mesma.

—Como a conhecem?-continuou. - Ela não costuma manter contato com outros seres sobrenaturais. Não vemos a família James há meses.

—Eu ajudei a resgata-la.-esclareci.-Fui presa em uma masmorra não tão longe daqui. Ela era minha vizinha de cela. Quando fugimos, ela nos contou sobre esse lugar.

—O que vocês duas estavam fazendo presas?-Khan franziu as sobrancelhas. - Não queremos criminosos aqui dentro.

—Eu era da Caçada da Meia-Noite.-apontei para as minhas roupas pretas, facilmente reconhecíveis debaixo da capa que usava desde que anoiteceu.-Tive que desertar para sobreviver já que...bem, sou lobisomem. Eles me capturaram e me levaram até aquela prisão. Quanto à Dianna, não tenho ideia da razão pela qual ela estava lá.

—Muito bem.-Khan se permitiu ficar em silêncio, então voltou ao comando. - Abram os portões!

O mesmo guarda de antes correu até seu alfa, e me esforcei para pelo menos ler as palavras que sussurrou ao homem. Algo como, "mas senhor, eles podem ser perigosos". Revirei os olhos, já cansada daquele garoto. Não o escutava daquela distância, mas o que tinha aprendido de leitura labial nos meus anos na Academia me fazia ter quase certeza de que fora isso.

Khan descartou os resmungos do jovem guarda com um aceno rápido de mãos e o garoto imediatamente se calou. O alfa repetiu o comando aos outros guardas e no mesmo momento o portão foi aberto, liberando a passagem. Tinha minha resposta, então. Ainda havia um problema, no entanto.

—Não vou entrar sem meu parceiro.

—Tudo bem.-Khan levantou a voz sobre os resmungos dos outros guardas.- Dessa vez vou deixar passar. Podem entrar.

—Obrigada.

Fiz o cavalo avançar, mas quis agradecê-lo antes que o alfa desaparecesse nas escadas.

Adam me seguiu, ainda em silêncio, conforme conduzi o animal através dos portões, surpresa por vê-los tão calmos naquele lugar. Ouvi o mecanismo da muralha se movendo quando os guardas a fecharam às nossas costas. Desci dos cavalos e caminhei com Adam pelo acampamento até onde Khan nos esperava com os braços cruzados atrás das costas, segurando os animais pelas rédeas. O alfa assentiu à nossa aproximação, talvez querendo nos receber à sua maneira. Ele certamente estava agindo como um anfitrião, de fato.

—Sejam bem-vindos ao Acampamento Black Wolf!-Khan cumprimentou, ainda mantendo a expressão severa.- Criamos esse lugar para ser um refúgio para aqueles de nós que querem se afastar dos perigos presentes nas cidades e vilas. Deixem que nossos cavalariços cuidem de seus animais a partir de agora. Enquanto isso, por que não me acompanham? Venham até meu escritório, acho que temos que conversar.

Dois lobisomens jovens apareceram à porta da casa atrás de Khan, desceram as escadas e não me disseram uma só palavra ao tomar as rédeas dos cavalos de minhas mãos e partiram com as montarias para uma construção de madeira e ferro pintada de vermelho ao longe. Escutei os relinchos de outros cavalos naquela direção, e só por isso não questionei o que pretendiam fazer com os nossos.

Ao lado da construção, um celeiro bem maior chamava a atenção. A julgar pelo cheiro, era onde ficavam os outros animais. Provavelmente eram os de abate, como gado, frango e caprinos. Pelo menos eu via algumas galinhas ciscando pelo caminho. Ao que parecia, o acampamento era autossustentável, independente do resto do mundo. Realmente inteligente.

Khan nos levou até a ala administrativa, onde aparentemente ficava seu escritório. No caminho, apresentou o lugar, e escutei ele explicar a história e o funcionamento do acampamento, onde cada área era separada como um setor, um bairro, exatamente como uma cidade humana. Até que era interessante tudo aquilo, mas minha mente só se concentrava em outras preocupações, e, apesar de parecer ainda um pouco desconfortável por estar ali, Adam escutava cada palavra dita com atenção. Ótimo. Mais tarde ele podia resumir aquilo que eu não tinha prestado atenção, se quisesse ouvir. Minha única dúvida, no entanto, era a real motivação do meu amigo para demonstrar tanto interesse, já que não sabia se era apenas a cidade que o impressionava.

—...e por fim, logo ali naquele galpão, fica o nosso refeitório. - concluiu Khan, parando em frente a uma pequena casa feita de madeira e pedras.- Não é um restaurante 5 estrelas, mas é bom para nós. Todas as refeições do dia são servidas ali e as portas estão sempre abertas caso queiram fazer um lanche fora do horário.

Ele gesticulou para a porta às suas costas.

—Aqui é a Central. Tudo que quiserem saber sobre o acampamento e programações, é aqui que devem vir.-explicou, provavelmente o mesmo que dizia à todos que chegavam ali. -Os alistamentos para a guarda e os interessados em contratar deixam suas exigências aqui. Meu escritório também fica nessa casa. É uma espécie de Prefeitura.

Balancei a cabeça quase involuntariamente, mas meu olhar se desviou para além dos ombros de Khan, para a sala iluminada lá dentro.

— Todos aqui têm algo a fazer e incentivamos aqueles que estão aptos a trabalharem para fazer o mesmo. Ficamos ocupados todos os dias, exceto aos finais de semana, quando há folga. Agimos como qualquer cidade, só que essa é restrita para lobisomens dispostos a sumir do mapa.

Khan segurou a porta aberta no topo das escadas, em um gesto que só queria dizer que eu devia entrar primeiro. Caminhei entre as mesas de trabalho atrás dos dois homens que me acompanhavam, pouco notando os empregados concentrados em seus serviços ao passar pela porta de uma espécie de escritório fechado.

Khan se sentou diante da mesa de madeira na sala e nos indicou as cadeiras à sua frente, ainda formal. Toda aquela cena me fazia ter um deja vú de quando a minha vida era mais fácil, mas precisava manter o foco, então me esforcei para esquecer daquilo.

Analisei a sala, ainda de pé.

Era espaçosa, com uma janela grande com vista para o refeitório ao longe, a copa das árvores aparecendo no topo dos muros. Havia uma prateleira cheia de livros de todos os tipos atrás da mesa dele, mas notei a bagunça de papéis sobre ela. Era uma sala simples, porém ali a regra parecia ser praticidade.

—O que os trás aqui?-Khan perguntou, desviando o olhar entre mim e Adam quando já estamos acomodados nas cadeiras. Então ele ainda estava desconfiado. -Não foi só porque Dianna pediu que viessem até aqui.

—Na verdade, não.- Adam se manifestou, movendo-se desconfortável na poltrona, mas ele sabia disfarçar bem.

Khan desviou sua atenção para ele. Pela sua expressão, ele não parecia nada feliz por Adam ter dito qualquer coisa.

Droga, Adam. Fique quieto pelo menos uma vez na sua vida.

—Humano, não é porque abri uma exceção para você que estou feliz com sua presença aqui. -o Alfa avisou, mas notei a sua expressão de desagrado.- Perguntei para a sua amiga. Ela sim tem o direito de estar aqui.

Adam parecia chocado, pois talvez estivesse pensando que o Alfa tinha aceitado os termos assim como eu. Eu não diria isso, de qualquer forma, mas apesar de tudo, me agradava muito finalmente ser aquela a que devem consultar, ao invés de meu amigo, mesmo que a estratégia sempre fosse minha.

— Não pretendemos ficar muito tempo. -me apressei em tentar fazê-lo prestar atenção em mim. Felizmente, Khan não demorou para tirar seu foco de Adam. Uma briga entre homens era tudo de que eu não precisava naquele momento. Especialmente se um deles era uma criatura que podia muito bem cortar a garganta do meu amigo se ficar estressado demais. Humanos eram tão frágeis com seus corpos sem proteção! E pensar que já fui assim. Continuei minha história.- Só precisamos de um lugar para ficar essa noite. Os soldados da prisão com certeza vão rodar a região a noite inteira procurando pelos fugitivos. Não podemos arriscar. Por favor, prometemos que vamos embora em breve. Precisamos mesmo ir.

—Por que tenho a impressão de que estão com pressa para chegar a algum lugar?

—Porque estamos. -Admiti, dando de ombros. Com o canto de olho, observei Adam por alguns segundos, esperando que me confirmasse se devia mesmo dar mais detalhes ou não, mas ele assentiu em concordância. Independentemente do que acontecesse naquele escritório, as coisas mudariam para sempre. Não queria tomar essa decisão sozinha, depois de tudo, mas prossegui.- É uma história bem longa e complicada.

—Tenho tempo. - Khan sorriu.

Ao perceber que o alfa não mudaria de ideia, contei a ele tudo que Courtney me explicou naquela noite ainda no Instituto Millenium, uma vida atrás, depois de tudo que já passei. Expliquei-lhe sobre a inesperada visita dos Inquisidores na mansão da Romckpay e a arma de destruição em massa que estavam construindo debaixo dos olhos de todos.

Aquela noite parecia ter sido há tanto tempo, nem conseguia assimilar que só fazia umas semana desde que tinha partido. Portanto, contei à Khan sobre o que vi naquela prisão, a máquina escondida que suspeitava ser a arma que Courtney me alertara da existência. Eu o deixei saber sobre a invenção do tal David e os sobrenaturais que estavam sendo feitos de cobaia. Expliquei tudo, mas a imagem daquele corpo sob o lençol não saía da minha cabeça. Não queria voltar a ver algo como aquilo. Nunca mais.

Quando terminei meu relato, permiti que Khan ficasse em silêncio até assimilar todas aquelas informações. Batuquei as pontas de meus dedos no encosto da poltrona no ritmo de uma música que rondava minha cabeça naquele momento. Aguardando, enquanto o alfa daquela matilha permanecia de cabeça baixa, pensando naquilo que tinha acabado de ouvir.

—Então, se nós não fizermos alguma coisa a respeito ou seguirmos seu exemplo, vamos todos morrer?-ele finalmente levantou o olhar. - Todos os sobrenaturais que nunca fizeram nada também?

—Sim.

Não hesitei em confirmar, mas ter de dizer aquilo era pior do que eu imaginava. 

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