— Está muito ruim? — mordi o lábio apreensiva.
— Está comestível, até bom— Tae disse antes de levar mais uma colher a boca.
— Então está horrível — suspirei frustrada.
— Experimenta, não está ruim — ele continuava comendo.
Eu vim direto para casa dele após o trabalho, decidi fazer uma sopa mas minhas habilidades culinárias eram pequenas.
Servi um pouco para mim e levei a boca. Realmente, não estava ruim mas poderia ser melhor.
— Talvez se eu tentar mais, fique melhor — cruzei os braços.
— Me ofereço como cobaia — ele sorriu e a mancha roxa próxima a seu olho me chamou atenção.
— Parece que hoje está pior do que ontem — apontei para o ferimento.
— É o processo natural de cicatrização — pôs a tigela vazia sobre a mesa — Está tudo bem.
— É mesmo, doutor Taehyung? — questionei sorrindo.
— Eu quase ne tornei médico — fez um bico — mas as coisas deram errado.
— Ainda dá tempo se quiser — ele pegou minha mão sobre a mesa — Você é muito inteligente.
— É complicado — a melancolia em sua voz me deixava preocupada — as coisas não são como antes.
— Não pode deixar o seu pai te afetar para sempre — apertei sua mão e sorri fraco — imagina você de jaleco? Ia ficar tentador.
— Você tem fetiche por médicos? — ele riu
Eu tenho um fetiche por você.
— Talvez, o Jin é um gato — ri com a cara que ele fez.
— Vai me trocar assim? — se fez de ofendido.
— Como se eu conseguisse — sorri boba.
***
— Hana, sou eu — a voz de Tae me fez despertar.
Meu coração estava acelerado e eu suspirei aliviada quando percebi que ainda estava na sala dele. Nós deitamos no sofá e começamos a assistir um filme e eu acabei adormecendo.
Tive um pesadelo, Tae me deixava e dizia coisas horríveis, então eu acabava nas mãos de Seon Woo.
— Tive um pesadelo — susurrei matendo a cabeça apoiada em seu ombro bom.
— Você estava se debatendo — acariciou minhas costas — fiquei preocupado.
— Sonhei que você se cansava de mim e então me jogava de volta para o Seon Woo — engoli em seco — foi horrível.
— Isso não vai acontecer, eu nunca deixaria ele te tocar de novo — a voz de Tae me acalmava.
— Por muito tempo ele foi tudo o que eu tinha — apenas lembrar me deixava mal — eu o deixei me machucar por tempo demais.
— Agora você tem a mim e por mais que eu não seja bom, nunca seria capaz de te bater — afagou meus cabelos.
Eu tinha medo que Taehyung se cansasse de mim ou que simplesmente fosse me usar e jogar fora depois.
Me sentia mais segura com ele, no entanto o mundo dele era perigoso e a qualquer momento tudo poderia dar errado.
— Obrigada por se importar comigo — moldei seu rosto com as mãos — Tae, você está quente.
— Sua mão que está fria — me encarou.
— Acho que você está com febre — me sentei franzindo o cenho — isso não é bom.
— De novo... — murmurou.
— Já teve febre antes? — lhe encarei preocupada.
— Pouco depois que você saiu — engoliu em seco — não avisei porque não queria te preocupar.
— Devia ter me avisado — me levantei — onde você guarda o termômetro? Febre nunca é um bom sinal.
— Fica calma, eu já estou tomando remédio, vou ficar bem.
— Quem me garante? — suspirei frustada — e se você pegar uma super bactéria?
— Vira essa boca para lá — resmungou se sentando — eu vou tomar os remédios direito e vai dar tudo certo.
Passei as mãos pelo rosto, Taehyung parecia calmo mas eu imaginava o pior prognóstico possível.
Tudo bem que o Jin era médico e que Tae sabia muitas coisas, mas saúde era sempre algo delicado.
— Eu vou pegar um remédio e o termômetro — avisei antes de começar a andar pela casa.
Taehyung estava com 38° graus de febre. O remédio logo iria fazer abaixar mas era preciso ficar atenta.
Eu insisti para ele tomar um banho, já que sempre dizem que ajuda a abaixar a febre, mas eu não esperava que Taehyung fosse aparecer só de boxer.
— Não podia ter se vestido no banheiro? — desviei o olhar envergonhada.
— Eu esqueci — fez uma cara fofa e em seguida começou a encarar as peças no armário — te incomoda?
— N..Não — sorri tímida — mas se veste logo.
Taehyung colocou um pijama cinza de flanela. Quando ele veio para cama seu perfume me envolveu.
— Passa a noite aqui? — pediu acariciando meu rosto.
— Eu nem trouxe nada, não posso dormir suja — fiz uma careta.
— Usa minhas coisas — insistiu — por favor.
— Eu não quero incomodar.
— Hana, você não me incomoda nenhum pouco — ele parecia estar com a temperatura mais baixa — tem vários sabonetes no armário, toalha limpa também e uma camisa minha serve em você.
— Tudo bem, mas amanhã eu vou dormir em casa — lhe encarei sério — está ficando difícil enganar meus pais.
— Ok — se ajeitou na cama.
Eu segui para o banheiro, o chuveiro da suíte dele era forte e a água morna me fez relaxar. O sabonete que escolho tinha cheiro de pêssego e deixou minha pele macia.
Tinha pego uma das blusas de Taehyung, que por sinal ia até o meio da minha coxa. Pelo menos agora eu estava cheirosa.
— Serviu — falei enquanto saía cruzando os braços.
— Até assim você fica bonita — ele puxou o piercing entre os dentes — assim eu não aguento.
— Pare de ser bobo — ri sem graça enquanto me deitava ao seu lado.
Taehyung me puxou para perto, seus lábios começaram a dar beijos em meu pescoço e eu me arrepiei inteira.
— Você me deixa louco — sussurou beijando próximo a minha orelha — eu não entendo como um homem pode não dar valor a uma mulher incrível como você.
Sorri boba, seus dedos acariciavam meus braços e o frio em minha barriga só parecia crescer.
— Você está melhor? — perguntei tentando não dizer algo que incendiassse a situação.
— Estou — seu nariz fez cócegas em meu pescoço — está com um cheirinho bom.
— Se chama sabonete — ri.
— Engraçadinha, espera só até eu melhorar.
Senti minhas bochechas corando mas não disse nada. Taehyung me deixava feliz.
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Hana é muito fofa preocupada.
Quando o Tae melhorar...