Algo maior do que nós dois

By Lari_Plisetsky

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Há quem diga que os relacionamentos se desgastam com o tempo. Bom, este não era o caso de Yuri e Otabek. Aind... More

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By Lari_Plisetsky

  DEMORAY, MAS VOLTAY

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  Alguns raios de sol fracos entravam pela persiana da janela, batendo contra o rosto de Yuri e o incomodando o suficiente para que despertasse. Bocejou longamente, sentindo que era observado.

   — Bom dia — Otabek disse sonolento, lhe beijando a testa.

  
   — Estava me espiando enquanto eu dormia? — Sorriu.

   — É, você me pegou — Respondeu, abraçando o marido por trás e acariciando sua barriga saliente. — Estava conversando com o bebê.

   — Poxa, sem mim? — Soou falsamente ofendido.

   — Assuntos de pai e filho — Beijou a orelha alheia, ouvindo o mesmo rir. — O que? Está sentindo cócegas?

   Voltou a beijar o local, bem como o resto do pescoço.

   — Para, Beka! — Yuri ria baixinho, tentando se libertar dos braços que o prendiam.

   Após a pequena sessão de cócegas, ambos se aconchegaram confortavelmente na cama, apenas encarando o teto em silêncio e aproveitando o calor entre os dois em meio à manhã fria.

   — Eu também estava pensando... Sabe, sobre a minha mãe — Revelou, sentindo uma movimentação no colchão quando o loiro virou em sua direção. — O que acha que eu devo fazer?

   — Você sabe que isso não cabe a mim, Beka — Yuri explicou. — Essa decisão é sua. Qualquer que seja a sua escolha, apenas decida o que é melhor para você e eu irei te apoiar.

   O alpha abraçou forte o ômega, respirando o cheiro doce e suave que vinha da glândula do pescoço alheio.

   — Eu não te mereço, sabia?

   — É claro que merece, não é a toa que te suporto há mais de 3 anos — Riu, beijando suavemente a ponta do nariz do outro. — Que horas são?

   — 07:54 — Deu um bocejo longo. — Por que?

   — Não sei, 'tô com a impressão que estou esquecendo alguma coisa — Explicou.

     Se encararam durante alguns segundos, antes de arregalarem os olhos ao se lembrarem do compromisso esquecido.

    — A escola das crianças! — Yuri gritou enquanto se levantava bruscamente da cama, ainda que sua barriga pesasse um pouco.

   — Merda! Esqueci de pôr o despertador pra tocar — Otabek vestia a camisa social branca de forma apressada e desajeitada, pulando num pé só enquanto tentava passar a perna pela calça preta.

   — Ah! Seu sapato! — Yuri arremessou o sapato social preto em direção do marido, acertando o rosto do mesmo sem querer.

   — Porra! — O alpha levou a mão ao nariz.

   — Desculpa! — Disse enquanto se enfiava em um moletom azul claro.

   — Por que estamos gritando?!

   — Eu não sei! Se arruma logo! — Exclamou, tentando calçar os tênis em seus pés já inchados.

    Depois da correria, tamanha foi a surpresa de ambos ao entrarem no quarto ao lado onde as crianças dormiam, não as encontrando nos colchões que colocaram no chão.

   — Meu deus, eles foram sequestrados! — Colocou a mão na cabeça, já desesperado.

   — Amor, calma, esse estresse não faz bem para você e nem para o bebê — Otabek o puxou em direção à escada, descendo a mesma com passos rápidos e o levando junto.

    — Bom dia — A voz baixinha e infantil vinda da sala os retirou do estado de preocupação.

   Makoto e Igor se encontravam sentados no sofá, já vestidos e agasalhados, segurando suas mochilas escolares.

    — V-Vocês já acordaram? — Yuri perguntou, surpreso.

   — A gente 'tá acostumado a acordar cedo, e o papai Yuuri ensinou a gente a se arrumar sozinho — Igor explicou.

    — A-Ah, que bom! Já tomaram café? — O cazaque perguntou.

   — A gente comeu um cereal que tinha na geladeira, tudo bem?

   — Claro, não tem problema.

   — Sim, sim, tudo certo. Agora vamos, temos que andar rápido! — Yuri pegou a mão dos dois e os levou até a porta enquanto Otabek ia para a garagem retirar o carro.

   Felizmente, a escolinha dos dois ficava pela vizinhança, então não iriam demorar muito para chegar.

   — Vocês estão levando algo para o lanche, né? — O loiro perguntou, lembrando-se daquilo apenas quando estavam na metade do caminho.

  — Não precisa, as tias que servem o lanchinho — Makoto respondeu.

   — Ah, entendi — Concordou, ainda tentando assimilar como crianças de 5 anos conseguiam se virar tão bem sozinhas. — Mas por que não acordaram a gente quando levantaram?

   — A gente tentou, mas vocês 'tavam dormindo tão pesado que nem acordaram — Igor explicou, segurando o riso.

   — Nosso primeiro dia e já perdemos a hora — Yuri cochichou de forma envergonhada para o marido, que riu levemente.

   — Vamos ter que nos acostumar com esse tipo de rotina daqui para frente — Concluiu.

    Chegaram em frente à escola alguns minutos depois, podendo ver que havia uma grande movimentação de pais levando os filhos até a porta, indicando que chegaram bem a tempo do horário da entrada.

    — Prontinho — Otabek destravou a porta do carro. — Já podem ir.

 
    Makoto cochichou algo de forma silenciosa para o irmão.

    — O Mako quer saber se vocês podem levar a gente até a sala, porque o papai sempre faz isso.

   O cazaque encarou o loiro, não podendo evitar sorrir com tamanha fofura.

   — Claro, tudo bem — Responderam.

   O casal acompanhou os dois pequenos até dentro do prédio pintado em tons de azul, seguindo pelo corredor decorado com diversas figuras e cartazes coloridos.

   — Onde fica a sala de vocês? — Yuri perguntou enquanto o Igor puxava sua mão ao longo do corredor.

   — Ali — Makoto apontou para uma sala onde uma mulher cumprimentava as crianças que chegavam com os pais. — Oi, tia Mary.

   — Bom dia, Mako — A mulher acariciou os cabelos negros do pequeno. — Trouxe o Koton junto com você?

   — Trouxe, ó — O ômega menor retirou seu porquinho de pelúcia de dentro da mochila. — Mas 'tá muito frio, então tive que trazer ele na mochila.

   — Entendi, melhor vocês dois irem entrando, a aula já vai começar — A beta morena e com cabelos cacheados avisou.

    Os dois acenaram para o casal e entraram na sala, já se sentando nas carteiras coloridas.

   — Bom, presumo que vocês sejam os parentes que o senhor Nikiforov informou que iriam cuidar das crianças — A professora estendeu a mão, cumprimentando os dois. — Sou Mary, responsável pela sala deles.

   — É um prazer — Otabek sorriu educadamente.

   — Ah, meus parabéns — A mulher exclamou ao reparar na barriga de Yuri. — Está com quantos meses?

   — Quatro meses e meio — O ômega respondeu gentilmente.

   Enquanto a professora e Otabek conversavam animadamente sobre a possibilidade do pequeno deles um dia estudar ali, Yuri não pode deixar de notar alguns olhares curiosos.

   Algumas mães, e até certos pais estavam olhando para os dois, mais precisamente para seu marido. Olhares um tanto bisbilhoteiros demais. Duas mulheres soltavam risinhos e cochichavam entre si enquanto secavam o alpha com o canto dos olhos.

   Maldito fosse ele por conseguir se arrumar tão rápido e ficar impecável e fodidamente atraente em uma segunda de manhã.

   — Beka, vamos. A aula já vai começar — Chamou o marido em um tom seco.

   — Ah, é verdade, temos que ir para o hospital também — Concluiu, checando o relógio de pulso.

   Otabek se despediu gentilmente da beta enquanto Yuri o arrastava para fora da escola até o carro.

   — Está decidido, vamos educar nosso filho em casa — Disse emburrado ao colocar seu cinto.

   — O que aconteceu, Yuri? — O cazaque tentava entender o porquê do outro estar daquele jeito.

   — Ora, não se faça de inocente! Vai me dizer que não viu todas aquelas mães e pais carentes te secando? — Cruzou os braços, fazendo um bico irritado.

  Otabek permaneceu em silêncio por alguns instantes antes de começar a rir.

   — Para de rir, idiota! — Reclamou, virando o rosto envergonhado.

   — Você fica muito fofo quando fica com ciúmes, sabia? — O marido deu um beijo em seu rosto enquanto continuava a gargalhar.

   — Eu vou te dar um soco. Fica vindo todo gostoso, usando esse terno em todo lugar que vai e acha que ninguém vai prestar atenção.

   — Ah, então você acha que estou gostoso?

   — Você é meu marido, só casei com você porque te acho gostoso — Sorriu de forma convencida.

   — Poxa, pensei que era pela minha maravilhosa personalidade — Otabek soou falsamente ofendido.

   — Isso é um defeito que eu ignoro pra usufruir do seu corpo, me desculpe te decepcionar — Yuri deu um selinho rápido nos lábios do outro. — Agora vamos, está quase na hora da nossa consulta.

  
      O alpha dirigiu por conta de quinze minutos até parar em frente do hospital onde o marido estava fazendo o pré-natal. Não demorou até achar uma vaga, mas quando estacionou, percebeu que Yuri estava inquieto.

    — O que foi? — Acariciou a bochecha do outro, o retirando de seu pequeno transe.

   — Não sei, acho que estou ansioso — Acariciou a barriga saliente. — Eu sei que gênero não é algo que importe para definir alguém como pessoa, mas não deixo de ficar curioso.

  — Eu também estou, acho que é algo normal, certo? — O cazaque disse de forma compreensiva.

   — Eu só... Quero ser um bom pai para ele ou para ela — Sua voz soou baixa, como se refletisse sua própria insegurança.

   — Hey, mas é claro que vai ser! — Otabek segurou sua mão. — Lembra do curso pré-natal que fomos na semana passada? Você fez tudo direitinho enquanto eu fiquei todo enrolado só para trocar uma fralda.

   — Isso é porque eu ajudei o Velho e o Porco a cuidarem das crias deles enquanto ainda morava com eles. Mas não é só sobre isso que estou falando...

   — Olha, não sei se vindo de mim vai soar como um grande elogio, mas eu teria tido muita sorte se tivesse tido um pai como o que o nosso filho vai ter — Sorriu de forma carinhosa e acolhedora.

   O ômega não pode evitar se sentir mais calmo, beijando suavemente o rosto do outro.

   — É melhor irmos antes que a Mila nos dê uma bronca por chegarmos atrasados — Otabek concluiu, rindo levemente.

   Entraram no prédio, passaram pela recepção e subiram até o andar de sempre, batendo na porta da tão conhecida sala.

    — Podem entrar, estão atrasados — A voz da beta ressoou enquanto os dois abriam a porta. — Andem logo, acham que não estou curiosa? Apostei com a Sala se vai ser menino ou menina.

    — Não use o nosso filho de justificativa para essa mania estranha de vocês duas — Yuri revirou os olhos, já se deitando sobre a maca.

   — Já vi que esses hormônios da gravidez estão fazendo um ótimo efeito em você — Mila brincou enquanto colocava as luvas brancas em suas mãos, se virando para Otabek. — Ele tem comido muita besteira?

   — O que você acha? — Cruzou os braços, lançando um olhar acusador para o marido. — Pelo menos eu tento.

   — Ah pronto, agora vai virar uma intervenção contra mim? — O russo cruzou os braços.

   — Trouxe o DVD, Otabek? — Perguntou.

    — É claro, você acha que eu iria esquecer? — Entregou o CD virgem na mão da amiga, que já o preparou no aparelho.

   Yuri retirou os casacos que usava e levantou a blusa, sentindo o gel frio sendo espalhado por sua barriga, o que sempre o transmitia uma sensação confortável, por mais incrível que parecesse. O marido segurou sua mão, parecendo extremamente ansioso enquanto olhava para ele com expectativa.

   — Bom, vamos lá — A beta levou o aparelho até seu ventre, deslizando pela pele.

   A imagem do bebê surgiu na tela rapidamente, e apesar de já tê-la visto tantas vezes, ficava ainda mais emocionado ao notar como ele se desenvolvia com o passar do tempo. Se dar conta que ele crescia dentro de si era sempre uma sensação única e inexplicável.

   — Ótimo, acho que estou conseguindo ver alguma coisa — A obstetra comentou.

    Após alguns instantes observando a imagem, o casal pode ver um sorriso pequeno surgir no rosto da ruiva.

   — É, acho que vou ficar devendo 20 pratas para a Sala — Mila se virou para os dois. — Parabéns, é um menininho forte e saudável.

   E o mundo pareceu se iluminar mais para si naquele instante. Olhou para o marido, que encarava ele com um sorriso radiante.

  
   — É o nosso menininho, Beka
— Pode sentir seus olhos lacrimejarem um pouco.

   Otabek lhe beijou carinhosamente, também com os olhos levemente molhados.

  — Porra, eu já 'tô de TPM e vocês me vêm com uma dessas — Mila enxugou o canto dos olhos. Apesar de já ter presenciado momentos como aquele por várias vezes, ainda era um pouco difícil controlar suas emoções.

   Os dois riram, em parte pela felicidade que ainda sentiam. Agora era como se pudessem visualizar o pequeno em sua frente, um pedacinho do amor deles.

     
            (...)

   — Vamos ter que pensar em um nome — Yuri concluiu enquanto o marido lhe levava de volta para casa antes de seguir para o trabalho. — O pior é que eu só havia pensado em nomes femininos.

   — Sério? Quais?

   — Yulia, eu gosto desse nome — Respondeu. — Mas acho que não sou muito bom com nomes masculinos.

   — Ainda vamos ter tempo para isso — Otabek disse ao estacionar o carro na porta de casa.

   — Bom, já podemos começar a planejar o chá de bebê. Já que todos querem ser padrinhos do nosso filho, pelo menos que façam por merecer — Informou.

   — Você está querendo usar o nosso filho como moeda de troca para ganhar presentes?

   — É óbvio, coisas de bebês são muito caras. Só aquele quarto vai nos custar uma grana.

   — Okay, okay, já entendi, senhor Aproveitador — Sorriu, depositando um beijo rápido no marido. — Melhor eu ir, tive sorte que posso chegar um pouco mais tarde no trabalho hoje.

  — É melhor se alimentar direito, não quero ter que mandar mensagem pro Jean te arrastar pra um restaurante — Ergueu uma das sobrancelhas loiras.

  — Tudo bem, eu prometo — Beijou-o novamente antes que este saísse do carro. — Tchau, e descansa, okay?

  Acenou brevemente para o outro, vendo o carro descer pela rua. Entrou em casa levemente cansado, seus pés já doíam devido ao inchaço decorrido da gravidez.

   Potya e Shoto se esfregaram por suas pernas, obrigando-o a acariciá-los demoradamente.

   — É, vocês dois vão ter oficialmente um irmãozinho — Riu, vendo que Potya aproximou o focinho de sua barriga.

   A gata colocou-se sobre as patas traseiras, apoiando as outras duas sobre a saliência e massageando-a com suas almofadinhas. E logo sentiu um pequeno movimento dentro de si, mais forte do que os que havia sentido antes, uma rápida tremidinha. Não tão demorada, mas o suficiente para sentí-la perfeitamente.

   Tocou seu ventre e sorriu, tendo a sensação que seu coração se iluminava com sua felicidade.

   
   — Também estou feliz, meu pequeno...

    (...)

   O loiro se encolhia dentro do casaco branco enquanto esperava do lado de fora do portão. Via sua respiração se transformar em uma nuvem de vapor por conta do ar frio.

  Era para Otabek já ter chegado àquela hora, faltavam poucos minutos para a saída dos alunos e muitos pais já se encontravam ali.

   Havia passado o dia na cama, apenas maratonando filmes e aninhado com milhares de almofadas, salgadinhos e potes de sorvete que havia comprado. Sabia que o noivo não gostaria de vê-lo estragando sua dieta, mas até ele já havia percebido que não poderia fazer nada.

   Felizmente a escola dos dois pequenos era em período integral, então não teve de se preocupar em cuidar deles durante a tarde.

   — Você vai ter um neném? — Uma voz baixinha perguntou.

   Uma garotinha de no máximo três anos lhe perguntou enquanto segurava a mão de seu pai.

  — Vou sim — Sorriu para ela.

  — Papai — a menor puxou a mão do homem. — Ele também vai ter um neném.

   O homem se virou, possibilitando que Yuri visse sua barriga também saliente.

   — Será que a gente pode dar o seu neném pra ele? Daí ele fica com os dois — A menor sugeriu.

   — Lindsey, não fale assim da sua irmãzinha — O ômega repreendeu a filha ao pegá-la em seu colo. — Me desculpe, ela anda toda ciumenta porque vai ganhar outra irmãzinha.

   — Tudo bem, eu entendo — O loiro riu brevemente. — Tem quantos filhos?

   — Três meninas... Bom, quatro agora — Acariciou o ventre. — Acho que minha esposa estava falando sério quando disse que só queria ter filhas... E você?

   — Na verdade, só esse aqui — Apontou para a barriga. — Os dois que eu vim buscar são... Ahm, meus sobrinhos, eu acho.

   — Bom, boa sorte. Ser pai de primeira viagem nunca é uma tarefa fácil — O homem lhe disse, poucos minutos antes do portão se abrir.

   Diversas crianças corriam animadas na direção de seus pais, e não demorou muito para que avistasse Makoto e Igor. Contudo, parecia haver algo de errado. Mas mal tivera tempo de perguntar o que era, pois o pequeno ômega logo abraçou sua perna, escondendo o seu rosto.

   — Mako, o que aconteceu? — Agachou-se para ficar na altura do menor.

   Makoto fungava e tinha os olhos e as bochechinhas inchadas e úmidas pelas pequenas lágrimas que escorriam por seu rosto, que tentava enxugar com suas mãos.

   — E-Eu... — Tentou falar, mas sua voz era atrapalhada pelos soluços que não conseguia conter.

   — Dois meninos mais velhos ficaram implicando com o Mako! — Igor parecia extremamente irritado com o que fizeram com seu irmão. — Eu defendi ele, mas eles me deram um empurrão e eu caí no chão.

   — E-Eles disseram que se eu gostava tanto de porcos era p-porque eu também era um — O ômega menor chorava de forma que partia seu coração. — P-Pegaram o Koton, rabiscaram ele com canetinha e ficaram fazendo barulho de porquinho. Eu não sou um porquinho, tio Yuri...

   — Eu sei que você não é Mako — Sentiu seu coração apertar enquanto abraçava o pequeno. Crianças podiam ser extremamente cruéis às vezes. — Quem foi que fez isso com você?

   — Foram aqueles dois ali — O pequeno platinado apontou de forma acusadora para dois meninos um pouco mais altos que ele, que caminhavam com um homem em direção a um carro.

   — Okay, venham aqui — Levantou-se e tomou os dois menores pelas mãos, indo até aqueles dois terroristas mirins.

   Sentia seu sangue ferver, ninguém mexia com sua família e saía impune por isso, pouco lhe importava se eram crianças.

  — Hey -— Chamou de forma fria o homem que levava os dois meninos. — Posso falar com o senhor um pouco?

  O homem o encarou secamente, olhando para Igor e Makoto de forma intimidadora.

   — O que foi?

   — Os seus dois moleques maltrataram o meu sobrinho, e acho que ele merece um pedido de desculpas — Informou, de forma autoritária.

 
   — Vocês fizeram isso? — O homem beta perguntou para um dos filhos.

  — Não, papai, é mentira dele — O garoto respondeu.

   — Fez sim! Mentiroso! — Igor teria avançado contra o menino se Yuri não estivesse segurando sua mão.

   — Viu? Eles não fizeram nada. Agora, se me der licença, eu tenho que ir — O homem deu as costas.

  — Mas é claro que fizeram! — O russo protestou.

   — Olha — O beta virou-se para si, o encarando com desprezo. — Eles são crianças, não sabem o que estão fazendo. E outra, por que não ensina os seus dois pirralhos a se defenderem sozinhos ao invés de vir encher o saco dos outros? Ômegas, bando de desequilibrados...

  Yuri serrou os punhos, pronto para desferir um soco contra aquele idiota.
 

  — O que disse, senhor? — Uma voz firme e familiar ressoou atrás de si.

   Otabek olhava para o beta com completa raiva, e emitia uma aura de feromônios que alertavam para que o outro contesse suas palavras e não ousasse se aproximar de seu ômega ou das crianças.

   O loiro pode jurar que vira o homem estremecer com a presença alpha do cazaque, bem como os dois meninos.

  — M-Me desculpe, senhor... — O homem disse para Otabek. — Eu estou num dia cheio e-

   — Não é para mim que o senhor deve desculpas, e sim para o meu marido — Respondeu-lhe secamente. — E pelo o que eu entendi, seus filhos também devem se desculpar com o Makoto.

 
   — C-Claro — O homem concordou, nervoso, olhando para o Yuri. — Me desculpe, senhor, não foi minha intenção ofendê-lo — Deu um tapa na cabeça de cada filho, indicando que fizessem o mesmo. — Andem logo.

   — Desculpa a gente, Makoto — Um dos garotos disse com muita má vontade.

   — É, a gente não vai fazer de novo — O outro concordou.

   — Bom, acho que está tudo resolvido — O loiro sorriu, satisfeito.

  O homem se afastou com os dois meninos, mas o pequeno ômega ainda parecia triste.

   — Hey Mako — O cazaque o pegou no colo. — Não fica assim, okay? Já passou.

   — Mas o Koton 'tá sujo — O menor tirou o leitãozinho de pelúcia de dentro da mochila, completamente rabiscado. — E ele não gosta de ficar sujo.

   — Eu prometo que lavo ele assim que a gente chegar em casa, tudo bem? Ele vai ficar limpinho e cheiroso, vai parecer até novo.

   — Okay... — Makoto concordou, ainda um pouco chateado.

   — Hum... Que tal se a gente for naquela confeitaria e comprar uma torta bem gostosa para a gente? — Yuri sugeriu, tentando animar o pequeno de qualquer forma.

   — A gente vai poder comer antes do jantar? — Igor questionou, seus olhinhos castanhos brilhando em expectativa.

   — Vão sim — Yuri concordou, pensando que Victor e Yuuri provavelmente o matariam por aquilo. — O que acha, Mako?

   — Okay... — O menor mostrou um sorriso mínimo.

    Caminharam até a confeitaria do outro lado da rua, que se encontrava levemente cheia.

   — Olha, Mako! Tem cheesecake de morango — Igor apontou para a vitrine onde os doces eram expostos.

   Otabek colocou o pequeno no chão, que tratou de escolher a sobremesa junto com o irmão.

   — Você chegou em boa hora — Yuri disse para o marido. — 'Tava quase dando um soco naquele babaca.

   — Shhh, já foi — Abraçou-o e beijou sua testa, pouco se importando com as pessoas ao redor. — Esse estresse todo não faz bem para você, eu já disse.

   — Eu sei... Mas é que, não sei, alguma coisa cresceu dentro de mim naquela hora, sabe? Não só pelo o que ele disse, mas também pelo o que os pirralhos dele fizeram com o Mako — Olhou para o pequeno ômega, que agora sorria mais abertamente enquanto apontava para uma torta na vitrine. — Crianças podem ser cruéis quando querem... O que foi?

  — Nada, é só fofo ver você agindo assim, tão protetor — O moreno sorriu calorosamente.

   — Que seja... — Virou o rosto, levemente envergonhado.

   — Tio Yuri, a gente já escolheu! — Igor informou.

  Enquanto esperavam na fila, ouviram uma voz animada um tanto familiar um pouco à frente.

  — Amanhã eu volto para lá, Bella! Você vai ver.

   — Jean, já é a segunda vez que te expulsam do consulado francês, você precisa aceitar que essa sua dupla cidadania não sai — Uma voz feminina ressoou, entediada.

   — Escute aqui, mulher de pouca fé, meu sangue francês ainda vai ser reconhecido, pode esperar — O alpha cruzou seu olhar com o casal de amigos. — Olha só quem está aqui! Meu casal pré-natal favorito.

   — Boa tarde — Isabella os cumprimentou gentilmente, reparando nas duas crianças que acompanhavam o casal. — E quem são esses dois?

   — São os filhos do Victor e do Yuuri, estamos cuidando deles por alguns dias — Yuri explicou.

   — Nossa, como cresceram — Jean exclamou. — Mike e Ian, né?

   — Makoto e Igor — Otabek corrigiu. — Digam "olá", crianças.

   Ambos cumprimentaram os dois alphas de maneira tímida, começando a sussurrar no ouvido um do outro, deixando os quatro adultos curiosos.

   — Você é casada com ele? — Igor perguntou para Bella, apontando para JJ.

   — Sou sim, por quê? — A mulher sorriu gentilmente e curiosa.

   — É por que você é muito bonita... — Makoto disse.

   — A-Ah, obrigada... — A alpha corou levemente.

   — E ele é muito feio — O pequeno platinado complementou.

   Isabella e Yuri explodiram em gargalhadas enquanto Jean parecia chocado.

   — C-Como?! — O alpha perguntou.

   — Você ouviu, amor — Isabella disse em meio ao riso. — Não podemos contestar crianças, você sabe que elas não mentem.

   — Escuta aqui — JJ se pronunciou. — Sempre me disseram que eu sou um homem muito bonito.

   — Não é não, parece um bulldog — Igor complementou, fazendo Bella rir ainda mais.

   — Bella, você me acha feio? — Jean parecia completamente abalada.

   — Existem coisas mais importantes que beleza, querido — A mulher respondeu.

   Conversaram por alguns instantes até chegarem ao caixa. Os dois pequenos corriam com a embalagem de torta e Yuri gritava para eles tomarem cuidado para não derrubá-la.

   Otabek olhava para os pés, pensativo. Sua mãe havia pedido no bilhete que comparecesse no dia seguinte ao local informado. E por mais que já tivesse tomado sua decisão, refletia se era mesmo a certa.

   — Hey — Yuri tocou sua mão. — Tudo bem?

   — Sim — Mentiu. — Vamos logo, já está tarde.

    
(...)

   "Toulouse: Casa de chá"

   Era o que dizia no letreiro luxuoso e pintado com letras douradas. Pela vitrine, podia ver diversas senhoras sentadas nas mesas e fofocando aos risos umas com as outras.

   Assim que entrou, um garçom veio retirar-lhe o casaco. Informou que estava ali à convite de alguém, e o homem lhe apontou a mesa a qual deveria se dirigir.

   Sua mãe ergueu os olhos negros para si quando o viu ao seu lado, um tanto surpresa.

   — Bom — Disse ao se sentar na cadeira acolchoada. Cruzou os braços, encarando-a com certa desconfiança. — Você já pode começar.

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EH ISTO!

SIM, É MENININHO!

SIM, OMEGAFÓBICXS NÃO PASSARÃO

Gente, eu amo o JJ okay? Kkkk meu marido sim, mas eu amo zoar ele também

  E agora... Bom, vamos ver o que a mãe de Beka tem a dizer no próximo capítulo...

Perdão pela demora, mas só agora consegui acabar o cap. E para quem acompanha "Sua Alteza", minha outra Otayuri ABO, muito provavelmente tem capítulo novo sexta, só falta eu revisar, mas a semana tá cheia :/

Beijos xuxus, e espero que tenham gostado 💚

  

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