A Escolhida

Від I_M_Malheiro

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Em Woodshack o 12º aniversário é algo muito importante. É quando os olhos dos membros das famílias fundadoras... Більше

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10

Capítulo 3

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Від I_M_Malheiro

- Ema? Está tudo bem? – perguntou ele com uma expressão divertida.

Ema engoliu em seco. O pânico instalou-se em si e não parecia querer sair. Ela queria responder mas a voz não lhe saía da garganta. Ela já não o via há muito tempo, era verdade. Mas a sua esperança era que eles nunca mais se vissem.

Depois de digerir a situação, Ema finalmente conseguiu recompor-se. Ela pôs o seu melhor sorriso falso e respondeu, numa voz ligeiramente mais fraca do que o habitual:

- Sim, sim está tudo bem. Desculpa.

A expressão divertida permaneceu na cara do jovem e ele continuou a olhar a olhar para ela, algo que a fez sentir-se um pouco desconfortável.

- Ahm, porque não se sentam? Há mais alguma coisa que gostariam de comer? Chá, biscoitos? Sabem que mais, vou à cozinha buscar mais aperitivos! Ponham-se à vontade!

Ema saiu da sala quase em passo de corrida, sem olhar para trás, deixando uma Eleanora e uns avós muito confusos e um rapaz com um ar muito divertido, contendo-se para não se rir.

Mal ela se viu sozinha e longe daquela sala, Ema encostou-se à parede mais próxima e deixou-se cair até estar sentada no chão. Depois soltou um longo suspiro e, encostando a cabeça à parede, fechou os olhos, numa tentativa vã de se acalmar.

"Tinha que ser ele."

O adolescente na sala de refeições era Calum Culbert. Tal como ela, ele era o próximo representante da sua família, que (como já sabem) consegue controlar o fogo. Calum sempre fora muito irritante aos olhos de Ema, por duas razões. A primeira era que ele era um Culbert, o que significava que ele e ela eram simplesmente inimigos pelas leis da Natureza. Além disso ele sempre fora irritante, a esquivar-se dos seus deveres e problemas, vivendo a vida como lhe apetecesse. Por causa deste tipo de vida, ninguém conseguia confiar nele, pois para se livrar de problemas, ou para se divertir, ele tinha a mania de contar os segredos das pessoas que fossem inocentes o suficiente para confiar nele. Por isso, ele era muito solitário, mas também muito famoso tendo em conta que era o rapaz mais cobiçado de Woodshack.

Calum sabia o segredo mais perigoso de Ema. Ela não sabia como, não sabe porquê, mas ele conhecia o segredo que ela escondeu melhor na sua vida. Um dia ela encontrou na sua janela uma nota dele que confessava que sabia o segredo e que o ia guardar. Ela não sabia se podia confiar nele e tentou evitá-lo o mais possível. Até ele aparecer na sua sala de refeições.

Para além disto, Calum e Ema tinham tido mais ou menos uma história. Havia algum tempo antes, já depois de todos acharem que ela era uma aberração e isso tudo, Ema tinha o ritual de ir dar um passeio na floresta para desanuviar. Nunca ninguém se aproximava dela, aliás, até fugiam, se possível. Até que, um dia, ela começou a sentir-se observada e, ao virar-se repentinamente para trás, apanhou Calum em flagrante a segui-la, apenas à distância de duas árvores de si. Ela assustou-se, ele começou-se a rir e foi assim que tudo começou. Passaram a falar todos os dias e aquela floresta era o seu local especial. Com o passar do tempo, Ema começou a perceber que Calum era muito mais do que o jovem arrogante e irresponsável que ela pensava que ele era, e isso mudou tudo. A cada dia que passava eles tornavam-se mais próximos e Ema começou a ter sentimentos por ele, um carinho inexplicável por ele. Sentimentos estes que ela não conseguia entender. Será que ela gostava dele? Eles nunca poderiam estar juntos, é claro. Uma Eglington e um Culbert? Era impossível. Até serem amigos ou apenas falarem era mal visto. E por isso mesmo ela sempre combateu aqueles sentimentos e nunca contou a Calum como se sentia. Fosse o que fosse o que ela sentisse, fosse amor ou simplesmente amizade, era proibido. O seu dever como Eglington estava primeiro. Ela não podia conviver com ninguém das outras famílias fundadoras. Assim, ela ignorou os seus sentimentos e guardou-os numa gaveta fechada a chave nas profundezas do seu ser. Eles deixaram de se ver desde o dia em que ela recebeu a carta, o que ajudou no processo de eliminação daqueles indesejados sentimentos. Ou assim ela pensava.

A verdade é que Ema tinha ficado tão nervosa quando viu Calum naquela manhã não só porque tinha medo que ele finalmente tivesse decidido revelar o seu segredo, mas também porque ela percebeu que aqueles sentimentos não tinham sido eliminados, ela tinha tido saudades dele.

"O que é que eu vou fazer?"

Silêncio. Silêncio. E...a voz de uma empregada:

- Menina, está a sentir-se bem?

A voz de Miss Clara puxou Ema de volta à realidade e ela apressou-se a responder:

- Sim, sim claro! Estava a caminho da cozinha e parei aqui para...pensar. Obrigada pela preocupação.

Mais uma vez, Ema apressou-se a sair dali, desesperada para sair daquela situação constrangedora.

A verdade é que Calum ainda não tinha dito nada sobre o segredo, o que era mais do que ele alguma tinha feito por alguém, a única pergunta era: porquê? Ao contar aquele segredo ele conseguiria colocar a família Eglington em grandes problemas, deixando a família Culbert no topo e livre do seu maior rival.

Ema finalmente dirigiu-se à cozinha e pediu a uma cozinha para fazer mais chá e biscoitos. Assim que estes estavam prontos, Ema pegou no tabuleiro e preparou-se para sair da cozinha, mas foi imediatamente parada por uma empregada.

- O que está a fazer, Menina?

Confusa, Ema olhou para o tabuleiro e depois para a empregada.

- Estou a levar o chá e os biscoitos para a sala de refeições?

A empregada fez uma cara de surpresa e depois soltou umas gargalhadas.

- Deixe-me fazer isso. Esse não é trabalho para si.

Assim que a Ema entregou o tabuleiro a empregada apressou-se a cumprir as suas ordens, sem dar tempo sequer a Ema para agradecer. Ela não gostava muito de estar sempre a dar trabalho àquelas pobre senhoras, sempre a trabalhar, e por isso gostava de fazer algumas coisas sozinha. Mas a empregada tinha razão, se ela aparecesse a carregar um tabuleiro poderia denegrir, mesmo que ligeiramente, a imagem da sua família em frente dos Culbert. E isso não podia ser.

Assim, Ema dirigiu-se de novo à sala de refeições, pronta para aguentar umas duas horas de conversa cordial e sorrisos falsos. E claro, pronta para aguentar as perguntas preocupantes que giravam na sua cabeça. Bem, talvez não estivesse assim tão pronta. Mas quando entrasse de novo naquela sala, teria de parecer que estava.

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