"Juro que não foi por querer. Eu te vi, e de repende... Você virou poesia."
― desconhecido
Eu nunca soube como começar uma carta, aliás para que me daria o papel quando a tecnologia está tão avançada e temos emails, mensagens ou ligações? Mas você sempre apreciou coisas de papel e tinta, e cartas por mais demorativas sejam, pareceram ser a melhor opção para expressar tudo que eu sentia, ainda sinto por você Hope.
Você veio como uma calmaria de uma bela onda do oceano, e depois aumentou, crescendo e se transformado em um imenso tsunami destruindo tudo ao redor.
Me pergunto todos os dias por mais que tanto tempo tenha passado, o que eu fiz de errado? O que a fez ir embora em paz e me deixar em mil pedaços. O que a fez desistir de nós, Hope?
Antes de contar o fim de nossa trágica história, eu preciso contar como tudo começou e o quão me deixei ser facilmente apaixonado por você.
Era uma tarde ensolarada e preguiçosa de verão em Chicago, e o inverno estava próximo como de costume. O professor Willis falava entendiado, e tentando fazer que prestássemos atenção sobre o relatório do livro que mandará lermos até aquela aula, e eu estava enojado.
De todos livros que possíveis, ele escolherá justamente Romeo & Juliet.
Era a história mais cliché e ridícula de todos os tempos. Me fazia achar o amor tão absurdamente idiota? Se é que aquilo era considerado amor por toda a rapidez que teve ao acontece-lo. Mas era uma literatura clássica então teriam que sermos obrigados a estudá-la.
Recordo- me que eu e Cameron, soltávamos piadinhas sobre o livro o que irritava o professor Wills, que ora ou outra prometia que uma hora faria nos ser expulsos de sua aula, mas nunca o fazia, eu estava rindo no momento que você justamente entrou na sala. Você usava uma típica roupa vintage, seus cabelos curtos e cacheados estavam soltos e voavam ao vento das janelas abertas.
Eu parei de dar a atenção a Cameron, e pelo visto de fazer tudo que estava fazendo para observá-la, você tinha alguns livros em mãos e estava se esforçando para não fazer todos caírem, e claramente estava atrasada porém o professor não se deu por si pela sua entrada disfarçamente.
E parecia que a cada passo que você dava eram feitos com lentidão, como passos desajustados de ballet, como se estivesse andando em camera lenta e que fôssemos os únicos na sala. E foi quando você me olhou, o azul encontrando o castanho escuro quase preto, e ao mesmo tempo quando Cameron me deu um peteleco na orelha me fazendo perder todo o contato visual com você.
"O que foi?" ― eu perguntei irritado e Cameron me olhava como se não fosse óbvio.
"Cara, você estava a comendo com os olhos. Parecia até um maníaco atrás de sua presa" ― ele disse rindo um pouco e fico me perguntando se você pensou o mesmo.
Que ótima primeira impressão !
"Não estava, não" ― minto o encarando e Cameron arqueia as sombracelhas e reviro os olhos.
"Bem, se você quer comer a Hope Sanders, quem sou eu para reclamar" ― ele disse levantando as mãos em sinal de defesa e dar de ombros.
Cameron sempre foi o tipo de cara canalha e cafageste, que apenas pensava em sexo quando o assunto tratava-se de garotas, e ainda continua sendo.
Mas pouco me importava o que ele havia dito, eu apenas prestei atenção no efeito que seu nome causará.
Hope Sanders.
Você já ouviu um som de nome mais bonito que o seu? Causava uma impressão tão forte, mesmo sendo tão simples. Eu adorava repetir seu nome em volta dos meus lábios sempre quando a via, e que por mais impressionante que seja, sempre causava o mesmo efeito deis da primeira vez que o ouvi.
"Quem é ela?" ― perguntei tentando não monstrar minha curiosidade a Cameron, porque se eu demonstrasse qualquer interesse, ele me arrastaria até você e começaria a falar todas minhas boas qualidades, e pelo seu modo exagerado provavelmente a assustaria, assim como fez com todas garotas a qual me interessei.
"Ela veio de Indiana a uns dias atrás, enquanto você estava matando aula"
Eu sempre odiei aulas de literatura, faltava a todas sem exceção e meus pais não eram uma preocupação, porque viviam muito ocupados para atender os telefones da escola. O impressionante disso tudo Hope, é que entre todas as aulas que eu faltei do ano, eu decidi ir aquela, algo me disse para ir, e eu e naquele dia a encontrei, como se tivéssemos destinados pelo mais ridiculamente cliché isso soe.
Eu perguntaria mais sobre você a Cameron, se não fôssemos os únicos a falar e todos da sala estivessem quietos e nós observando, junto ao professor Willis que me encarava com irritação.
"Talvez o Sr° Lervings, queira ser o primeiro a falar sua opinião sobre o livro ao debate" ― ele diz irónico.
E sorriu ao falar:
"Romeo & Juliet são idiotas, qual é? quem se mata por amor? É algo tão estúpido, sua história emocionou milhares de pessoas mundo a forá, mas só consigo rir de tão absurdo que é. Quem diabos se mata por outra pessoa a qual acabará de conhecer?" ― digo sincero, sorrindo com a confusão do rosto do professor Willis ao estar boquiaberto e procurar algum argumento para me contrariar.
"Romeo & Juliet não estão mortos!"
Lembro de ter soltado uma risada, e estava pronto pra fazer alguma piada a quem disse aquilo, e quando me virei na direção da voz me supreendi ao te ver, você me encarava intensamente, ao continuar a falar:
"Eles são personagens fictícios, nós leitores que os imaginamos, imaginamos o começo de suas vidas e até muitas vezes sua morte, mas isso depende de nós, Romeo & Juliet estão apenas mortos se imaginarmos isso, se lermos o final de seu livro. Eles podem muito bem ter fugido e conseguido viver seu amor, isso depende do enredo que planejamos a eles, pois nós leitores que temos o poder de trazê-los a vida." ― quando você acabou de dizer tudo aquilo, me senti ficar sem graça, você havia esmagado minha opinião completamente.
Mas algo me manteve intrigado, o fato de o que você disse ser verdade, se não lermos o final de algum livro, nós teríamos a vida dos personagens e seus rumos na ponta de nossas mãos, mas qual seria o sentido nisso?
"Bem, você não lê finais, então?" ― foi a única coisa que pensei em dizer e você sorriu a mim.
E meu deus Hope, você sabia que seu sorriso pode facilmente ganhar corações? Porque foi exatamente o que aconteceu a mim naquele momento quando sorriu a primeira vez à mim.
No momento exato que você abriu a boca, o sinal da escola bateu, anunciando a hora de irmos embora, e pela primeira vez odiei-o, eu queria tanto saber o que você pensava.
Quando terminei de guardar meu material, deixei Cameron para trás e corri ate você quando a vi que saia da sala junto aos outros alunos. Você se misturou um pouco na imensidão de alunos que atravessavam os corredores rumo a saída, mas correndo a encontrei e comecei a andar ao seu lado sorrindo.
Você me olhou, curiosa e também desconfiada, você era mais bonita de perto.
"E então" ― eu disse esperando você me falar, o que estava querendo quando estávamos na sala.
"Minha opinião é tão importante assim a você?" ― você disse parando de andar e me encarando enquanto segurava os livros sobre o peito, e senti minhas bochechas queimaram.
Cocei a cabeça, e implorando para meu cérebro planejar uma resposta inteligente, ou algo que não fosse estúpido e a fizesse achar que estava dando em cima de você.
Mas você virou as costas para mim e foi embora. Você foi embora sem dizer nada, como a última vez que nós vimos Hope.
Você sempre virou as costas para as situações complicadas ou problemas em sua vida. Você nunca deu uma chance de consertá-las.
E a primeira carta é sobre o quão você me deixou sem palavras quando eu sempre as tive, e como desde do primeiro momento que a vi me causou arrepios, e quando a primeira vez que você foi embora e eu não soube que você vieria a fazer isso muitas e muitas vezes.