Aqui, com Jungkook ao meu lado, consigo pensar por como as coisas podem acontecer rapidamente. Que nem sempre tudo é uma questão de tempo e que pelo menos uma vez eu me sobressai do que meros segundos contados por um relógio.
É reconfortante pra mim saber que criamos algum tipo de amizade confidente. Sendo mais velho que ele, quero ter essa posição de poder estar pra ele nessas fases difíceis que ele tem passado.
E depois de tanto tempo esperando, tentando, eu acho que consegui... Não sei exatamente em qual momento, mas finalmente sinto que dei um passo na minha vida.
Tanta coisa pode acontecer dentro de uma semana. Ainda que eu não tivesse minha família de sangue me amando, eu tinha meus amigos, e agora, isso incluia Jungkook.
Fico me perguntando se ele também me considera um amigo, ou algo do gênero.
Olhando para ele quietinho, encarando a paisagem, abaixo seu capuz, mostrando suas orelhas negras pedindo por carinho. Quase não me aguentei e acariciei, mas isso seria evasivo demais.
– Já estamos chegando? – perguntou, virando seu rosto para mim.
– Na verdade, sim. – respondi, vendo seu suspiro satisfeito. – Nem fomos tão longe assim.
– Você me deixou curioso e nem me disse aonde estamos indo. Vai que você me sequestra ou faz pizza de mim... – ele ri.
– Sério isso?
– Sérissimo.
Apertei o botão do ônibus para enfim podermos descer, quando na realidade não era tão distante assim. Jungkook estava realmente ansioso, porque ficamos por volta de quinze minutos dentro do transporte. Mas valeria a pena, eu tinha confiança de que ele iria gostar do lugar tanto quanto eu gosto.
Eu enrolei ele um pouco, não disse exatamente o que iria mostrar, e chegando perto o fiz fechar os olhos. Jungkook quase escorregou na subida, mas deu tudo certo.
– Estou realmente achando que é um sequestro, acho que vou voltar... – Jeon disse, tentando tocar algo ao seu alcance. – Espera, já sei onde estamos... é...
– Abre os olhos, Jungkook.
Perto da minha antiga casa, havia uma praia muito boa e gostosa na qual eu adorava passar o tempo na época do colégio. Ela nem mesmo ficava cheia. Foi o primeiro lugar que veio a minha cabeça quando inventei de levar Jeon para sair. Era uma parte de mim, me acolhia.
Isso desde que comecei a vir aqui muito, quando ficar em casa se tornou insuportável.
– Aqui é muito bonito, Jimin! – ele olhou para a vista. – Poxa, eu acho que nem me lembro de como é ir numa praia!
– Então vou refrescar sua memória. Melhor tirar a roupa, gatinho. – me referi aos sapatos e seu moletom.
Por alguns segundos ele hesitou, olhou ao redor e viu que não tinham tantas pessoas por perto. Observei Jeongguk retirar seus sapatos e colocar com cuidado numa pedra. E seu moletom se foi junto.
Acabei sorrindo. Neste tipo de momento, me sinto privilegiado de ter Jungkook comigo. Se desafiando por mim.
– Vem. – puxei sua mão, andando de costas em direção ao mar, guiando-o.
A água gelada tocou primeiramente meu calcanhar e em questão de um segundo, Jungkook abriu um sorriso gigante, do tipo que está se questionando se este momento está mesmo acontecendo. Com os dedinhos dos pés encharcados logo em seguida.
Honestamente, eu não imaginava que Jungkook era um garoto mau. Mas ele não pensou nem duas vezes antes de jogar água no meu rosto. Iniciando um combate.
– É sério isso? – ri, desacreditado.
– Mas eu não fiz nada, hyung.– respondeu, descaradinho. – Foi totalmente... sem querer!
E eu levo mais uma onda – de golpes aquáticos – vindo dele. Só que Jungkook foi muito inocente, pois ele achou mesmo que eu deixaria barato assim e que eu revidaria com pouco.
Coitado.
– Hyung, não, não! – falou gargalhando, enquanto eu o puxava para trás. Estávamos molhados até o joelho. E por mim, iríamos muito mais longe. – A água está muito fria!
– Você sabe que pediu guerra!
Suas mãos se agarraram ao meu ombro, como se pudessem se perder no mar quando longe de mim. De alguma forma, eu podia sentir meu coração batendo tão forte quanto um martelo, porque tudo parecia bom demais, incrível demais. Um dia inalcançável.
E depois de nos molharmos dos pés a cabeça – sem ao menos nos preocuparmos com a toalha que não trouxemos – corri com ele até a areia, derrotado depois de tanta guerra.
Deitamos no chão ainda rindo. Areia grudou na nossa pele e Jungkook tirou uma pedrinha de suas costas. Então quando nossos risos cessaram e apenas nossos suspiros restaram, virei para ver seu rosto melhor.
Nós nos olhamos. Por longos minutos.
Eu gostaria de poder saber tudo que ele pensava agora. Seus olhos brilhavam tanto, e meu coração aqueceu e apertou como se estivesse sendo esmagado por um punho, porque eu soube que Jungkook finalmente estava genuinamente feliz.
Não consigo parar de encará-lo.
Jungkook tinha realmente um rosto bonito... Parecia ter sido desenhado com muito carinho por alguém. Alguém inspirado, verdadeiramente apaixonado. Cada detalhe tinha sido construído para desestabilizar a todos que estivessem ao seu redor.
Desde a pontinha de suas orelhas até o último fio de sua cauda. Era tudo muito, muito, muito bonito. Cada detalhe, sua cicatriz na bochecha, sua boca...
– Hyung?
Eu instantaneamente tremi, como quem tinha sido pego no flagra. Mordi meu lábio um pouco envergonhado, confesso. Não consegui imaginar o que aconteceria, só desviei o olhar, culpado.
Seus dedos gelados foram até o topo da minha cabeça, fazendo carinho no meu cabelo úmido. Ele sorria pra mim sem dizer nada e eu queria poder eternizar aquele momento.
Fechei meus olhos.
Comecei a me tremer todo, porque parecia tinha acabado de descobrir que estranhamente, o toque de Jungkook me trazia sensações turbulentas demais. Ultimamente, tudo vindo dele parece como... é, como uma onda. Forte, que vem de repente e você leva o maior susto... mas é tão bom.
Seja lá o que for isso, não quero parar de sentir nunca. Mas claro, Jungkook parou de fazer carinho no meu cabelo, contradizendo todos os meus desejos.
– Estava quase dormindo, não é? – perguntou e eu neguei. Mal sabia ele que meus pensamentos estavam distantes. – Você avisou minha irmã sobre isso, não é?
– Sobre isso o que? – questionei, um pouco avoado.
– Que você me levou pra sair. Ela pode ficar preocupada se nós simplesmente sumirmos sem deixar recado. Mas você avisou né?
– Ah, claro.
Que não.
Sorri meio bobo, deixando evidente que na verdade eu tinha esquecido deste pequeno detalhe. Não demorou para que ele arregalasse os olhos, preocupado com nosso possível futuro trágico.
– Ela vai nos matar, hyung. – disse, segurando a risada. – Mas talvez ela não tenha chegado em casa ainda.
Levantei do chão e peguei meu celular que estava na pedra ao nosso lado, entrando no chat com Tzuyu. Enviei uma mensagem breve e direta o mais rápido possível.
Somos muito sortudos mesmo, por que tudo indicava que ela não tinha chegado em casa.
Quando resolvi isso, decidimos juntos ir tomar milkshake e fiquei grato por ainda ter um pouco de dinheiro guardado dentro da capinha do celular. Eu não me perdoaria de deixar Jungkook na vontade.
– Hyung, eu queria perguntar uma coisa...
Eu vou morrer.
– Pode perguntar.
Me senti apreensivo, não sei explicar. Não tinha o que temer, mas por algum motivo eu temi. Tentei focar na bebida e não em algo que não podia ser descoberto pelo poder da mente. Nem ao menos sei porque diabos estou surtando internamente por conta de uma simples pergunta. Desviei o olhar para outra direção, ansioso.
Só que eu paralisei. Porque ele estava vindo em nossa direção como uma bomba relógio, prestes a explodir.
Meu irmão, Jihyun.
[ To be continued... ♡]
oi pessoal entao agora eu tenho MUITO tempo livre e vou me dedicar mais as histórias, amem. obrigado por todo o carinho, favoritos. me incentivam DEMAIS e são meu calor no peito quando me sinto pra baixo.
eita que o irmão do jimin está chegando.... o que o jungkook iria dizer hein?
beijos a todos vocês.