Série Corações Feridos: Não m...

By RayhBennett

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VOLUME IV Para melhor entendimento, aconselho ler: 1 - Corações Feridos; 2 - Você nunca estará só; 3 - O seu... More

Não me esqueça
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Catorze
Novidades
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Epílogo

Quinze

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By RayhBennett

Melissa

Depois de várias tentativas consigo finalmente abrir os olhos para me deparar com a semi-escuridão do quarto. Poucos raios de luz entram por entre uma fresta da cortina mal fechada da janela. Viro de lado e encontro Gabriel ocupando mais da metade da cama, ele dorme esparramado de bruços, abraçado ao travesseiro. É até surpreendente que não tenha me derrubado da cama como fazia quando éramos crianças. Levanto com bastante cuidado para não despertá-lo, mas com a sorte que tenho, acabo com o pé enrolado no lençol e tenho um maravilhoso encontro com o chão. Agora não só a cabeça dói como também todo o meu corpo e até minha alma. Até consigo ver as estrelas  cintilando ao fechar os olhos, meu estômago embrulha e para completar a tragédia, o líquido amargo e fétido sobe de uma vez por minha garganta, derramando-se no que era um piso imaculadamente branco e limpo.

Eu sou uma negação mesmo. Não costumo beber e quando o faço, acordo no dia seguinte em um quarto diferente do meu e ainda vomitando para fechar o circo de horrores com grande estilo. Sou uma piada, essa é bem a verdade.

"Sempre fazendo bagunça logo cedo, Melissa." Gabriel me segura pela cintura, levantando-me do chão e continuo de cabeça baixa para que não veja a Melissa-Espantalho que me tornei. "Ainda está enjoada?" Nego com um menear de cabeça. "Tonta?"

"Desde o dia em que me envolvi com um covarde desgraçado, que agora está fazendo da minha vida um inferno e eu não consigo fazer nada além de sentir medo e chorar." Aperto minhas mãos em punho e algumas lágrimas caem sem permissão, mas as enxugo rapidamente, pois estou cansada de secar meus ductos lacrimais por quem não merece.

"Vai tomar um banho enquanto eu limpo essa bagunça." Gabriel ordena em um tom de voz que não admite ser contestado e não serei eu a contrariá-lo, já que uma vez também limpei o vômito dele do chão da cozinha do tio Klaus. Foi a primeira vez que Gabriel bebeu três taças de vinho na vida e não aguentou. Sobrou para euzinha aqui lavar a cozinha toda para aprender a não acobertar mais o melhor amigo de 16 anos nas suas loucuras, papai ainda me deixou um mês sem mesada e para piorar tio Klaus fez o mesmo com Gabriel, sorte a nossa que meu amigo sempre foi bom em economizar e tinha um dinheiro reserva para nos alimentar durante os intervalos das aulas.

Arrasto-me até o banheiro e após retirar a roupa, deixo a água morna cair sobre minha cabeça como se fosse uma terapia relaxante. Lavo os cabelos com shampoo e condicionar, tomando o cuidado de desembaraçá-los com os dedos. Não sei quanto tempo demoro, mas quando termino o banho, não sinto mais dor a não ser um desconforto na boca. Visto um roupão branco e enrolo uma toalha nos cabelos para absorver a água. Ao me olhar no espelho, suspiro ao ver o estrago em meu rosto, além do lábio inferior inchado e com um leve corte, tem um hematoma roxo na minha bochecha direita. Passo os dedos nas marcas das agressões causadas por aquele bastardo e sinto um grande ódio, uma enorme sede por justiça. Se eu pudesse, eliminaria da face da terra os malditos parasitas que covardemente agridem os mais fracos.

Vasculho as gavetas em busca de uma nova escova de dentes, mas não encontro nenhuma. Só tem uma verde junto ao tubo de creme dental e não ligo de usá-la porque não vou ficar com bafo de vômito e que Gabriel não venha reclamar pois uma vez ele usou a minha escova rosa também. Tínhamos só seis anos e nenhuma cárie como acredito não termos agora. Bem que poderia ter maquiagens por aqui, nessas horas que uma melhor amiga ou amigo gay fazem falta.

Ao sair do banhe encontro o quarto totalmente limpo com cheirinho de eucalipto, a cama está perfeitamente arrumada e sobre ela encontro uma camiseta vermelha de Gabriel e a calça jeans, que usei na noite passada. Caminho até o pequeno closet e não me surpreendo ao encontrar algumas poucas peças de roupas do meu amigo. Ele é tão organizado que as cuecas estão perfeitamente arrumadas na primeira gaveta, conforme suas cores. Pego uma boxe preta e a visto sem qualquer cerimônia, não vou andar por aí sem calcinha ou com uma suja. Se ele achar ruim depois compro uma nova, ou não. Aproveito e uso o desodorante dele também para a conta ficar completa. Corro para me vestir no banheiro ao escutar a campainha e ao sair de lá ouço a voz irritada de tio Damon, misturando-se com a de meu pai, que o manda calar a boca. Desço os degraus da escada com cuidado e ganho a atenção dos três homens, que parecem ocupar todo o espaço da pequena sala bem decorada e que um dia ainda terei tempo de conhecer com bastante calma.

Papai me puxa para seus braços assim que piso no último degrau. Seu cheiro e o calor de seu abraço é como um calmante para todas as minhas dores. Ele é o meu porto seguro, o homem que faz de tudo para manter a família em segurança e feliz. Quando ele se afasta e segura meu queixo fazendo-me levantar o rosto, suas feições mudam e vejo algo que nunca imaginei enxergar nos olhos de meu pai: ódio puro. Eu sei se Murilo estivesse agora em sua frente, papai seria capaz de matá-lo sem piedade. Meus olhos ardem quando ele toca com cuidado o hematoma em meu rosto, com muito esforço engulo a vontade de chorar pois será pior se isso acontecer.

"Vai ter um verme a menos sobre a terra. Ah, se vai ter." Tio Damon grunhe furioso e me puxa para um abraço de urso, quase arrancando-me dos braços de papai, que se mantém em silêncio. "Não se preocupa, minha pequena fofoqueira, o tio promete que aquele desgraçado nunca mais vai voltar a por os olhos em você. Nenhum homem vai mais fazê-la sofrer. Sabia que ainda dá tempo de se tornar freira?" Ele diz em tom brincalhão tentando amenizar o clima pesado, mas sei que sonha que alguma garota da família se case somente com Jesus. "Ainda é virgem não é querida? Ninguém tirou sua pureza não é mesmo?"

"Vamos logo, Damon. Temos um assunto importante para resolver." Papai tem um tom de voz duro, os olhos cheios de uma raiva má contida. Engulo em seco com medo de que algo possa lhe acontecer por minha culpa.

"Eu vou denunciá-lo." Ganho a atenção de todos, principalmente do meu pai. "Além disso..." Aponto para meu rosto. "Ele ainda ameaçou nossa família e tenho medo que Murilo machuque aqueles que mais amo."

"Deixe que eu cuido de tudo, Melissa. Aquele desgraçado vai aprender por mal que com a minha família ninguém se mete." Tio Damon concorda imediatamente com o irmão e me dá um beijo na testa antes de se afastar. Procuro Gabriel com os olhos e ele vem para perto e passa o braço pelos meus ombros. "Sua mãe ainda não sabe o que aconteceu e só não desconfiou de nada porque está cuidando de Ethan, que passou a noite com uma gripe daquelas acompanhada de febre. Fique aqui com Gabriel até que venha buscá-la mais tarde." Tento falar algo, mas desisto quando papai se aproxima e beija minha testa, seus olhos mais brandos. "Vou cuidar de tudo, meu raio de sol. Eu juro que ninguém nunca mais vai machucá-la dessa forma. Eu te amo."

"Eu também te amo, papai." Mais uma vez trocamos um longo abraço e papai sai acompanhado de tio Damon, que antes de fechar a porta, lança para Gabriel um olhar de cuidado, estou de olho em você.

Gabriel me arrasta até a cozinha e sento em uma cadeira em frente ao balcão. Pela primeira vez na vida não sinto fome ao ver um misto quente e uma xícara de achocolatado. Até a vontade de comer aquele desgraçado levou. Como se minha paz já não fosse o bastante.

"Come alguma coisa enquanto tomo um banho." Gabriel coloca a xícara na minha mão e se afasta.

"Usei sua escova de dentes e peguei uma cueca emprestada." Decido avisá-lo para que não seja pego de surpresa.

"Só... coma, Melissa." É tão cavalheiro que não reclama.

Como metade do misto e todo o achocolatado. Ainda sinto um pouco de enjoo e a cabeça doendo, por isso mesmo obrigo-me a engolir o que posso. Não posso ir para casa agora ajudar a mamãe a cuidar do meu irmão porquê papai ordenou que o espere aqui. Tenho medo que se machuque pois de uma coisa tenho certeza: se papai ainda não sabe onde Murilo está, ele não vai descansar até por as mãos nele para poder quebrar alguns de seus ossos antes de entregá-lo à polícia. Stefan Salvatore é o homem mais pacífico que conheço, porém, não mexa com sua família pois é o mesmo que está banhado de sangue e entrar na jaula de um leão. E junto com o tio Damon, então, que nem juízo tem, as coisas só vão piorar.

"Não se preocupe, Mel. Eles sabem se cuidar." Gabriel senta ao meu lado já de banho tomado e o cheiro do sabonete fica muito melhor nele que em mim. Os cabelos molhados estão uma bagunça e os olhos hoje estão em um tom mais para o azul claro. Ele me analisa atentamente, os olhos fixos na minha boca e abaixo a cabeça usando os cabelos para esconder os machucados. "Ei, não precisa ter vergonha de mim. Nos conhecemos a vida toda, sabemos tudo da vida um do outro, desde as coisas mais louváveis até as mais vergonhosas." Ele segura meu queixo, forçando-me a olhá-lo. Meu sorriso favorito está lá em seu rosto e é impossível não retribuir um gesto tão bonito. "É a minha pessoa favorita no mundo todo e não quero mais vê-la triste, andando de cabeça baixa por aí e sofrendo por um canalha."

"Eu não gosto mais do Murilo. Só sinto nojo e raiva dele. Não estou sofrendo por ele, mas pelo o que pode fazer contra as pessoas que amo." Gabriel fica pensativo com o olhar perdido por alguns longos segundos até que levo minha mão até seu rosto e acaricio seu queixo com a barba por fazer. "Hoje vejo que nem apaixonada por ele, eu fui. Foi mais um gostar do primeiro homem que mostrou me enxergar mais do que apenas uma desastrada mimada, que só estava no hospital por ser neta de quem sou. Foi mais carência mesmo de saber como era ter alguém do sexo masculino gostando de mim como mulher. Mas no final foi apenas a maior decepção que já tive na vida."

"Você ainda vai viver um grande e verdadeiro amor, Melissa. E sortudo vai ser o homem que ganhar seu coração." Sorrimos um para o outro.

"E você também será muito feliz com a sortuda que ganhar seu coração. Ela só terá que entender e aceitar que sempre serei sua melhor amiga e que nossa amizade é eterna daqui até além de Plutão." Ainda terá de passar por minha aprovação e da tia Caroline, o que será bem difícil pois acredito que não existirá nenhuma garota boa o bastante para ser digna de se casar com o Gabriel, principalmente se depender dos tipinhos fúteis com quem ele se envolve. "Eu não gostei da Megan Fox do Paraguai da boca de sapo. Ela é bem artificial."

"Mirelle é até legal quando não está falando sobre roupas, bolsas e sapatos." Gabriel aperta meu nariz e bato em sua mão para soltá-lo. "Mas realmente não sei onde estava com a cabeça quando sai com ela."

"Preciso mesmo responder?" Faço uma careta e sinto uma pontadinha de raiva só de imaginá-los juntos. "Não entendo porquê sai com essas mulheres se nenhuma delas faz o seu tipo. Talvez eu devesse conhecer outros homens também, quem sabe eu não encontro o homem dos meus sonhos." Recordo-me do misterioso homem que nunca mostra seu rosto e diz me amar nos meus sonhos mais profundos.

"Não mesmo." Reviro os olhos por causa da atitude machista de Gabriel. Eu não falei sério até por razões óbvias não quero saber de homem tão cedo em minha vida. "Não vai sair por aí se envolvendo com todo tipo de babaca. Você não é assim."

"Você está com ciúmes." Brinco e Gabriel dá de ombros como senão tivesse a mínima importância. "Quando você vai me dar as minhas cópias das chaves daqui?"

"E quem disse que vou dar?" Ele enche uma xícara com café e leva o líquido fumegante à boca. "Talvez eu tenha comprado esse loft com a intenção de trazer as minhas vítimas para cá e vai que você chegue em um momento inapropriado. Aqui não tem paredes e acabaria vendo o que não deve."

Ele fala com tanta seriedade que enganaria qualquer pessoa menos a mim. Conheço-o suficientemente bem para saber que nunca vai trazer nenhuma conquista para cá, em um lugar que tem a intenção de transformar em um ponto de descanso para os dias estressantes. É muito mais fácil ele ir para um motel com as Megan's Foxes do Paraguai que encontrar pelo caminho. Estranhamente pensar nele com outras me causa um incômodo pois tenho medo que ao se apaixonar por alguém, Gabriel acabe se afastando e não sei se suportaria ser deixada de lado por ele.

"Ei, não precisa ficar triste. Eu só estava brincando. Olha aqui as suas chaves." Ele retira algo do bolso e balança um molho de chaves com um chaveiro rosa em formato de borboleta. "Pode fugir pra cá sempre que quiser sem preocupação alguma."

"Promete que ninguém vai nos separar e que nunca, jamais vai esquecer nossa amizade e o que ela representa em nossa vida?" Questiono com um aperto no peito só de falar aquilo em voz alta.

"Ninguém e nada vai nos separar, Mel. Independente de qualquer coisa somos você e eu contra tudo e todos. Nós dois juntos contra o mundo." Respiro aliviada quando Gabriel segura minha mão entrelaçando nossos dedos. "Isso está virando uma grande bagunça."

"O que?" Diante da minha confusão, Gabriel apenas força um sorriso e com a mão livre bagunça meus cabelos antes de voltar a atenção para sua xícara de café.


"Eu sou uma fênix na água
Um peixe que aprendeu a voar
E eu sempre fui uma filha
Mas penas foram feitas para o céu
Então eu estou desejando, desejando além
Pela empolgação de chegar
É só que eu prefiro estar causando o caos
Do que deitar na ponta afiada desta faca

Com cada pequeno desastre
Eu vou deixar as águas paradas
Me levar para algum lugar real

Porque eles dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra
É onde você vai quando está sozinho
É onde você vai para descansar o corpo
Não é apenas onde você deita sua cabeça
Não é apenas onde você arruma sua cama
Contanto que estejamos juntos, importa pra onde vamos?
Lar

Então quando eu estiver pronta para ser corajosa
E meus cortes curados com o tempo
O conforto irá descansar em meus ombros
E vou enterrar meu futuro para trás
Eu sempre irei lhe guardar comigo
Você sempre estará em minha mente
Mas há um brilho nas sombras
Eu nunca saberei se não tentar

Com cada pequeno desastre
Eu vou deixar as águas paradas
Me levar para algum lugar real

Porque dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra
É onde você vai quando está sozinho
É onde você vai para descansar o corpo
Não é apenas onde você deita sua cabeça
Não é apenas onde você arruma sua cama
Contanto que estejamos juntos, importa pra onde vamos?
Lar

Porque dizem que lar é onde seu coração está gravado na pedra
É onde você vai quando está sozinho
É onde você vai para descansar o corpo
Não é apenas onde você deita sua cabeça
Não é apenas onde você arruma sua cama
Contanto que estejamos juntos, importa pra onde vamos?
Lar"















🍬🍬

Está próximo dos nossos amorzinhos se envolverem além da amizade. 🙈🙈

E quem está curioso para saber o que Stefan e Damon estão aprontando? Garanto que Murilosongo não vai gostar nadinha. 🙊🙈

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