Boa noite, Aquiles ✓

By sofianeglia

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" O olhar dava medo e eu quase perdi o sorriso o qual tentava seduzir ela do rosto. - Esquece, porque i... More

intro + sinopse
0. prólogo
1. ela procura
2. ele tem que sair
3. ela se nega
4. ele cozinha e convence
5. ela estabelece as regras
6. ele quebra uma das regras
7. ela não consegue dormir
8. ele chega de madrugada
9. ela conhece o resto do grupo
10. ele não quer ela no grupo - pt.2
11. ela não consegue dormir de novo
12. ele quebra mais uma regra - pt.1
12. ele quebra mais uma regra - pt.2
13. ela tenta ser simpática - pt.1
13. ela tenta ser simpática - pt.2
14. ele conquista algo
15. ela vira gelo
16. ele é fogo
17. ela vê o que não quer
18. ele sente o que não queria
19. ela cozinha e chora (repostado)
20. ele fica
epílogo
epílogo olímpios
nota final
OLIMPIOS REESCRITO!!

10. ele não quer ela no grupo - pt.1

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By sofianeglia




10. ele não quer ela no grupo - pt.1

     Tinha limpado a última mesa da cafeteria e estava prestes a ir trocar de roupa, passando pelos tantos livros que Iara amava e embaixo da escada, entrando no banheiro.

     Queria sair dali logo, evitar encarar Iara e Aimée como estava fazendo, tentar conversar com Zeus e saber como que ele andou todos aqueles meses sem que me desse uma única notícia diretamente, e queria mais que tudo ir pra casa antes da aula, pra conseguir deixar o filme pronto para Lívia assistir na TV.

     Quando que meu melhor amigo se tornou uma emergência menor do que a minha colega de apartamento eu não sabia, mas ia persistir na ideia dos filmes até ela vir falar comigo, ou até eu conseguir ver um filme com ela.

     Vestindo novamente meu jeans preto e colocando uma camiseta preta, vesti minha jaqueta jeans e me olhei no espelho, arrumando meu cabelo. Pegando a mochila do chão e colocando o resto da roupa dentro, sem nem me preocupar em arrumar, ri sozinho pensando em com Lívia iria reagir se visse de verdade como eu não era organizado.

     Aquilo não era motivo para eu rir por muito tempo, porque ter Lívia irritada era divertido, mas não tão divertido quanto ter ela conversando comigo, e talvez me elogiando, percebendo que eu e ela no final podíamos viver um com o outro. Essa ideia fazia com que eu quisesse acabar me encaixando com ela de um jeito que nunca tentei, mostrando que iria aos poucos, fora e dentro de quatro paredes, ser quem ela podia usar para espairecer. Se ela percebesse, seria muito mais fácil toda a função da gente transar.

     No momento em que fechei a porta do banheiro, Aimée estava encostada em uma das prateleiras, as mãos cruzadas na frente do seu corpo apoiadas na barriga que cada dia crescia mais. Por mais que olhar pra ela, toda grávida e sendo a amada do grupo, fizesse eu simplesmente querer sorrir, o seu olhar de inquisição me dizia que eu deveria ter ido embora sem nem trocar a roupa como tinha feito todos os outros dias.

     — Tu tem que parar de fugir de mim. — Falou, os olhos se fechando mais ainda e as narinas abrindo em falsa raiva.

     — Eu? Fugindo de ti? — Perguntei, a mão no meu peito dando ênfase da brincadeira toda. Não tinha como dizer que não estava fugindo aquela semana inteira depois do Chá de Fraldas.

     Balançando a cabeça, Aimée me seguiu enquanto eu ajustava de novo a alça da mochila no ombro e passava pelas prateleiras, chegando perto do balcão onde Iara normalmente ficava, mas de repente não estava mais.

     Me apoiando e decidindo continuar toda aquela função, para que ela simplesmente não acontecesse de novo, coloquei a minha melhor expressão de interessado e esperei Aimée começar toda a palestra sobre eu não tomar rumo.

     — O trabalho aqui termina sexta que vem, tu te mudou sem que eu soubesse, tá morando com uma guria que nem sabia existir e, ainda, — colocou a mão na barriga — tu vai ser tio... isso tudo requer responsabilidade, Aquiles.

     — O que eu parar de trabalhar aqui tem a ver com responsabilidade? — Perguntei sorrindo, minhas sobrancelhas se juntando.

     — Tem a ver que tu vai parar de ganhar teu dinheiro e vai voltar a usar tudo da mesada que teus pais deixam cair na tua conta.

     Levantando uma das bochechas em uma careta improvisada, não deixei de mostrar os dentes. — Até agora só vi vantagem.

     Aimée não conseguiu manter o rosto sério por muito tempo, e em um suspiro baixou os olhos até o chão. Tinha o rosto decepcionado o qual já era costume eu ver.

     Sabia que queria o meu melhor, mas nem ela ou outros realmente tinham noção do que precisava. Eu era.. eu. Uma garrafa de uísque, algumas festas na semana e música boa eram o que eu pedia para sobreviver e me sentir bem. Com alguns bicos aqui e ali depois da formatura, sabia que era estranho dizer, mas viveria da melhor forma com aquele pouco. Não queria aquela baboseira de responsabilidade e que precisava de um trabalho, uma namorada fixa e roupas mais sérias. 

      — Se tu não quer falar sobre o trabalho, tudo bem, termino a conversa dizendo que tu tá estudando administração e tua ajuda aqui dentro seria muito bem vinda. — Aimée disse, indo até umas das mesas e movimentando a cabeça para que eu seguisse ela. — Mas de uma coisa tu vai falar comigo. 

      Revirando os olhos, imitei ela e sentei em uma cadeira, ainda apoiando meu cotovelo na mesa e olhando para todo o resto do espaço. O movimento era o mesmo naquele início de noite, quase todos os dias. Pessoas que se perdiam no trabalho e não viam as horas passando, alguns solitários, outros casais. Algumas pessoas que apareciam porque eu tinha divulgado, outras porque sabiam que eu trabalhava lá. 

      — Que coisa? — Perguntei, ainda olhando o local e tentando lembrar a última vez que tinha ficado com a funcionária que atendia um homem que estava trabalhando no seu computador. Tinha os cabelos em mechas loiras, cabelo longo e ondulado que imitava as curvas do corpo. Me perguntei se eu devia mesmo tentar algo de novo, também. 

        — Sobre todo o resto. — Aimée disse, fazendo eu parar de examinar o resto e voltar os olhos pro seu rosto. Ela examinava a barriga, nem percebendo que estava com uma reação confusa no rosto. — Tu precisa te esforçar, Aquiles. A gente é família.

      Eu levantei os lábios em um sorriso. Não queria estar participando daquela conversa, mas aquela era Aimée, então mesmo eu não querendo precisava tranquilizar ela de alguma maneira, porque ela merecia e porque eu não queria admitir que me sentia importante quando ela me questionava daquele jeito. Bem diferente de quando ela que fugia das conversas. 

     — Eu te amo. E só porque tu tá grávida e eu te amo por isso também, não significa que tu precisa colocar os instintos maternos pra cima de mim. Eu dou meu jeito. — Quando respondi, estiquei a mão e senti a sua barriga, rindo para ela e tentando tirar aquele peso que estava no ambiente. 

      Era algo quase sufocante, e o que eu detestava em conversas daquele tipo. A vida não era pra ser tão pesada assim. 

      — Ei, não é porque eu to grávida que eu to falando isso. 

      — Acho que sim... — Disse, rindo e tirando um pouco mais do peso. 

       Aimée soltou uma risada. — É, acho que to ficando um pouco materna demais. Mas eu quero que o tio da minha filha seja uma boa influência... 

       Colocando a mão no meu peito de novo, forcei de mim uma expressão ofendida. — Tu tá dizendo que eu sou uma má influência? — Questionei, e então logo tirei aquela falsidade de mim. — É, tu tem razão. Só vou ensinar coisa errada pra ela, mas prometo que é no sentido divertido. 

        Minha cunhada balançou a cabeça com uma risada, sua mão levantou abanando na minha direção e basicamente me mandando ir embora. Com um sorriso por finalmente terminar com aquilo e sem precisar contar qualquer coisa, peguei minha mochila e me levantei. 

       Aimée já estava pegando o seu celular e provavelmente abrindo a conversa de Apolo, então eu somente dei um beijo na sua testa e me virei para ir embora. Neste momento, então, a outra pessoa que eu estava evitando apareceu, causando uma revirada de olhos extrema mas também o meu melhor sorriso falso. 

       Iara estendeu sua mão na minha direção, um embrulho no formato exato de um livro seguro nos seus dedos.  — Entrega pra Lívia. 

        — Poxa, Iarazinha, nem um "por favor"? — Afinei a voz e disse, pegando o livro mesmo que não tivesse intenção de entregar para a minha colega de apartamento. 

        Iara não mudou nenhuma parte das suas feições e dobrou os braços na frente do seu corpo. Eu conseguia sentir o desprezo que ela tinha por mim, e se eu soubesse direito o porquê de tanto ódio, minha vida seria mais fácil. 

     — Não, sem nenhum por favor neste caso, porém, — começou, dando a volta no meu corpo e sentando na mesma mesa que Aimée ainda estava. — tu podes, por favor, convidar ela para a janta de Domingo que vamos fazer aqui? 

     — Mas eu pensei que eu não era convidado. — Respondi, rindo e nada confortável com aquela situação.

     — Tu podes vir acompanhado dela.

     — Ah, gostei da ideia. Queria conversar mais um pouco com a guria, acabei ficando um pouco envolta demais na minha bolinha da última vez. — Falou Aimée, se juntando com a outra e me encarando. 

      Eu balancei a cabeça para aquilo, alongando minhas costas. — Ela não vai querer. — Dei de ombros. 

     — Ué, por que não? — Aimée perguntou e Iara ficou me encarando, examinando todos os tiques que começaram a aparecer pelo meu corpo, como eu estava piscando um pouco mais rápido e a unha que arranhava o tecido da alça da mochila.

      — Ela nem sabe direito sobre o trabalho de vocês aqui, cunha. — Mentira, ela já tinha sabia o básico. — E ela tem compromisso já com algumas amigas dela. — Outra mentira. 

      — Tu levou ela no chá de fraldas, por que não queres trazer ela aqui? — Iara perguntou, seu olhos agora mostravam curiosidade e a cabeça pendeu milímetros para o lado. 

     O chá de fraldas tinha sido um inferno em si, e era diferente. Não eram só eles, eram pessoas do trabalho novo de Apolo, e alguns familiares que a gente nunca via, o pai da Aimée, outras pessoas... não só eles. Não só eles com ela, e eles brigando e falando sobre como eu era galinha na sua frente. Ela já sabia, mas, não sabia por completo. Eles confirmarem me irritava, ainda mais quando eu sentia vontade de aumentar toda história que eles falavam de mim.

      No chá de fraldas eu já tinha me distanciado para que eles não achassem que era uma boa ideia trazer ela pro grupo, e aquilo já tinha me dado uma dor de cabeça com Lívia. Levar ela no jantar iria piorar a situação.

       — Não convém trazer a guria. — Dei de ombros de novo e sorri, preparando para a minha saída e para irritar Iara. — Ela nem é tão legal assim. Mas, já que tu disse que eu poderia vir, pode contar com a minha presença. 

        Andando de costas, saí escutando a risada de Aimée e Iara começando a reclamar de mim. Eu virei assim que cheguei perto da porta, tirando o riso do meu rosto e apertando mais forte o livro na minha mão. Não me orgulhei do que fiz, mas não dei importância para aquilo. Caminhando até o meu carro, passei por uma mulher aleatória na rua e de raiva acabei entregando o livro embrulhado de Iara para ela com a desculpa de que era um livro de repasse, daqueles que as pessoas entregam para estranhos entregarem para estranhos. 

      A mulher sorriu e eu entrei dentro do meu carro, jogando a mochila para o banco de trás.

      Como no automático, meu braço alcançou até o porta-luvas, abrindo o compartimento e pegando o frasco falso de perfume. Girando a tampa, virei o conteúdo de dentro e tomei dois goles grandes de tequila. A embalagem falsa servia para despistar Apolo quando ele tentava encontrar alguma coisa que fizesse ele pensar que eu estava bebendo demais, e servia como um alívio em dias onde a pressão deles sobre a minha vida era demais. 

      Ao sentir aquela ardência na minha garganta, fechei os olhos e encostei a cabeça no banco. Não estava relaxando e dentro do meu peito a queimação não vinha só da bebida. 

      Voltando e olhando para a rua, liguei o carro já decidindo que não ia para a aula nem para o apartamento.



      Vênus e Luan estavam fazendo um aquece* na casa dela, como ela tinha me avisado por mensagem. Estacionando o carro na sua rua, já tinha terminado com o pouco de tequila que tinha e meus olhos estavam começando a embaçar, mas a ideia de beber mais com eles e aproveitar para relaxar um pouco mais com Vênus parecia melhor ainda. 

      Eu desci e tranquei o carro, me apoiando na porta e respirando fundo, estralando as costas. Pensei em pegar a minha mochila, mas deixei ela atirada no bando de trás e fui até a entrada do prédio da Vênus. 

       Não estava sentindo aquele entorpecimento que eu amava e a sede começava a aumentar toda vez que eu pensava sobre a conversa que tinha tido minutos antes com minha cunhada e Iara e o jeito que a segunda sabia direitinho que eu não queria levar Lívia para o meio deles. O que me fez mentir, piorando a situação da confusão do que eu tava sentindo. 

      E eu só queria beber, para tentar esclarecer também o porque falar dela fazia eu lembrar o meu jeito trouxa em deixar ela de lado no momento em que chegamos no meu antigo apartamento para o chá de fraldas.

      Eu balancei minha cabeça, querendo arrancar os meus cabelos ou socar alguma parede, meu humor oscilando entre raiva, confusão e arrependimento. E eu fui assim até meus dedos tocarem na porta de Vênus. 

       Ela atendeu, vestindo um vestido reto e preto com lantejoulas que tinha um decote na frente e atrás e eu sabia que ela não tinha vergonha alguma caso qualquer parte do seu corpo aparecesse quando ela fosse dançar. 

       — Boa noite, meu bem... Já estão aproveitando? — Falei, levantando o sorriso de um lado e colocando uma mão na sua cintura, trazendo o seu corpo pro meu, beijando o seu rosto, mas aquilo pareceu ser errado demais. 

       Vênus colocando a mão por cima da minha bunda em uma risada. — Tu sabe que eu sempre aproveito. 

        Soltando ela com uma risada sem força fui até a cozinha, que estava limpa, e dei oi para Luan e outro cara. Provavelmente era o que a outra estava ficando aquela semana e tinha todo o aspecto de quem acabaria se deixando levar pelo corpo dela e o jeito como os seus olhos mudavam, fingindo bondade. Mas a verdade era que ele estaria sofrendo dentro de alguns dias. Essa era a especialidade de Vênus, e minha, há muito tempo.

      Dando um abraço de lado neles dois, me apresentei pro novato e ele confirmou, só pelo jeito que falava sobre estar ali a convite de Vênus, que realmente ia sair daquilo sofrendo. Não tive coragem de contar nada pra ele, e aceitei logo de cara o copo de whisky que Luan me ofereceu. Com cada gole desejei que a clareza sobre o que fazer viesse, assim como a tontura e aquele sentimento de que eu era capaz de fazer o que ninguém esperava de mim.


n o t a  d a  a u t o r a: 

gente, desculpa pelo capítulo menor, mas o resto vem domingo! 

p e r g u n t a   d o   d i a : o que vocês acham que vai acontecer?

Não esqueçam de VOTAR, COMENTAR E COMPARTILHAAAR. obrigada.

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