Stupid Wife (REMAKE)

By Horsinha

1.5M 102K 156K

O LIVRO DESSA FANFIC JÁ ESTÁ DISPONÍVEL PARA VENDA NO SITE DA: editoraeuphoria.com.br Corra para garantir nos... More

Prólogo.
Capítulo 1 - Sonho Louco
Capítulo 2 - Encarando a realidade.
Capítulo 3 - Egoísmo
Capítulo 4 - Carinha.
Capítulo 5 - Diários
Capítulo 6 - Família.
Capítulo 7 - O Maldito Verão.
Capítulo 8 - Desejos.
Capítulo 9 - Dor Compartilhada.
Capítulo 10 - Aniversário.
Capítulo 12 - Reconhecer.
Capítulo 13 - Conexão.
Capítulo 14 - Primeiro beijo.
Capítulo 15 - Esperanças.
Capítulo 16 - Lugar Certo.
Capítulo 17 - Familiar.
Capítulo 18 - Um pedaço do seu coração.
Capítulo 19 - Resposta óbvia.
Capítulo 20 - Até quando resistir?
Capítulo 21 - Minha pessoa.
Capítulo 22 - Dias melhores.
Capítulo 23 - Tudo acontece por um motivo.
Capítulo 24 - Cuidar dela.
Capítulo 25 - Na alegria e na tristeza
Capítulo 26 - Feliz natal
Capítulo 27 - O primeiro passo.
Capítulo 28 - Ponto de paz.
Capítulo 29 - O pedido dela.
Capítulo 30 - Tudo.
Capítulo 31 - Momentos.
Capítulo 32 - Diversas sensações.
Capítulo 33 - Uma lembrança.
Capítulo 34 - Pronta.
Capítulo 35 - Eu sou seu presente.
Capítulo 36 - A escolha perfeita.
Capítulo 37 - Gravidez dupla?
Capítulo 38 - FINALMENTE COMPLETAS.
Capítulo 39 - O GRANDE DIA.
Capítulo 40 - Esposa estúpida.
LIVRO!

Capítulo 11 - Recomeço.

44.6K 3.2K 5.1K
By Horsinha


Olá carinhas. Uma MEGA surpresa, hein?

Merece muito carinho e amor então não poupem as opiniões. É isto, amo os debates.

Espero que gostem do mimo.

******


CENA ESPECIAL.


O sol está batendo em meu rosto. Não está calor, apenas um pouco aquecido. É inicio da manhã e o céu está lindo. Parada em frente ao lago que corta esse sitio de fora a fora, observo cada detalhe ao meu redor. Incrível como a natureza pode ser algo lindo.

— Um beijo pelos seus pensamentos.

Seu sussurro repentino em meu ouvido, faz com que eu me arrepie dos pés a cabeça. Os braços, protetores como sempre, abraçam minha cintura. Ela gruda seu corpo no meu, e eu me aconchego em seu peito, deitando a cabeça em seu ombro.

Somos o verdadeiro encaixe perfeito.

— Você não acha a natureza maravilhosa?

Lauren solta uma risadinha. Fecho os olhos para apreciar aquele som maravilho ressoando ao pé do meu ouvido. É a música mais linda do mundo.

— Eu achei que fosse a doida que bate palmas para o sol.

— Já ouviu aquele ditado: você é o que você come? Então...

— Uh... – Ela afasta meus cabelos, deixando exposto meu pescoço. Um beijo molhado é depositado na região. Estremeço em seus braços. — Está cada vez mais espertinha.

— Aprendi tudo com você.

Me viro em seus braços, passando os meus por trás de seu pescoço. Lauren é alguns centímetros apenas mais alta que eu, mas dá para sentir a diferença quando ficamos assim. Por isso, fico na ponta dos meus pés para beijá-la. Ela agarra minha cintura, puxando-me para cima. Os seus beijos sempre são maravilhosos.

E mesmo depois de todos esses anos eu ainda fico sem chão quando ela me beija.

— Vamos subir? Estou com saudades do nosso lugar.

Concordo com a cabeça. Nos afastamos e ela entrelaça nossos dedos. Vou andando na frente, ao longe é possível ver nossa casa na árvore em meio as folhas que as cercam. Eu amo estar aqui, e senti muitas saudades. O ruim de crescer é que quanto mais os anos se passam, com menos tempo de fazer suas coisas favoritas você fica.

— Parece que passamos anos sem vir aqui e foram só alguns meses... Lauren!

— Desculpe-me!

Solto sua mão e viro-me para ela. Com os olhos cheios de ódio. Ela está com as mãos erguidas e uma falsa expressão de culpa. Estou desacreditada que ela simplesmente me deu um tapa na bunda sem qualquer motivo.

— Eu vou matar você.

— Perdão, amor. Mas esse short fica muito lindo em você.

— Corre. Eu vou te dar apenas alguns segundos. – Lauren arregala os olhos ao ouvir meu tom de voz. Não demora muito para que ela saia correndo para longe de mim em direção ao nosso lugar. — É bom ser rápida mesmo.

— Me perdoa, Camz!

Ela pede, mas eu nego com a cabeça, mesmo que ela não possa ver isso. Corro atrás dela. Sei que obviamente não irei alcançá-la, mas posso pegá-la e lhe dar uma lição assim que chegarmos a casa na árvore. Lauren sobe com agilidade, e eu vou calmamente atrás dela. Ostentando um sorriso maligno em meus lábios.

— Peguei você.

Falo assim que eu chego ao topo da casa. Lauren está de frente para mim, sorrindo abertamente. Me aproximo devagar, com cautela. Quando chego mais perto, tudo acontece muito rápido. Só me lembro que ela se moveu com agilidade impressionante e em segundos estávamos as duas no colchão posicionado no centro da casa.

— Não. Eu peguei você.

Ela sussurra para mim. Com suas coxas ao lado do meu quadril, e seu tronco pressionando o meu para baixo, somente posso erguer as mãos e segurá-la pelos cabelos. Puxo-a contra mim e tomo seus lábios com os meus, beijando-a com paixão.

— Você é uma idiota.

Murmuro tentando soar irritada, mas seus lábios descendo para o meu pescoço me desarmar totalmente. Lauren sorri sobre mim pele, continuando os beijos.

— E você me ama.

As mãos atrevidas logo acariciam minhas coxas. Ela aperta algumas vezes. Eu fecho os olhos toda vez que isso acontece. É surreal o poder que essa mulher tem sobre mim. Lauren chega no limite da minha regata, beijando o topo dos meus seios que aparecem graças ao decote. Olho para baixo, tendo seus olhos verdes fixos em meu rosto. Um arrepio sobe por minha espinha. Seu olhar é intenso.

— Nada de sexo antes do casamento.

— Só estou fazendo carinho. – A voz dela está mais rouca que o normal. Isso me faz engolir saliva. Ela usa o dedo indicador para puxar meu decote para baixo, expondo mais meus seios cobertos por um sutiã de renda azul bem clarinho. — Lindos.

— Lauren... – Resmungo. Começo a sentir meu corpo reagir aqueles toques nada inocentes. Ela ignora, continuando a beijar minha pele. E se já não fosse maldade o suficiente, ela resolve usar a língua. — Pare com isso agora.

Ela me obedece instantaneamente. Um sorriso está em seus lábios. Pressiono meus olhos e a encaro séria. Lauren ignora. Deita por cima do meu corpo outra vez e me beija delicadamente, mesmo que eu não esteja retribuindo o contato.

— Estou com saudade...

Resmunga, escondendo o rosto em meu pescoço. Sorrio para sua clara manha. Levo minha mão esquerda até sua cabeça para acariciar seu cabelo.

— Eu também estou, amor. – Lauren suspira. O ar que saí de suas narinas fazem meus pelos do braço ficarem eriçados. — Lembre-me de nunca mais fazer uma promessa como essa.

Lauren rapidamente ergue a cabeça. Seu rosto tem uma expressão bem conhecida por mim. Reviro os olhos para aquele olhar convencido.

— Sabia! Eu tinha certeza que você não aguentaria. Quem é a maníaca agora?

— Idiota. Você ainda é a maníaca. – Dou um tapinha em suas costas. Lauren ri. — Mas eu sinto saudades, ok? Como não poderia? Você me transformou em uma viciada em sexo. É tudo culpa sua.

— Não tenho culpa de nada. Sexo é ótimo, e comigo é melhor ainda.

— Convencida.

— Realista.

— Que seja.

— Eu tenho razão. – Ela sorri convencida. Abaixa a cabeça e sela nossos lábios.

— Preciso te entregar uma coisa antes que acabe deixando você conseguir o que quer.

— Nós duas queremos.

— Shhh... Levante-se. – Lauren nega com a cabeça. Ela agarra minha cintura e coloca outra vez o rosto na curva de meu pescoço. Solto uma lufada de ar e tento afastá-la. — Lauren, por favor. É importante.

— Tudo bem.

Ela finalmente me obedece e ergue seu corpo, saindo de cima de mim. Tem um enorme bico nos lábios. Sentada entre minhas pernas, olhando para baixo. É como um bebê que faz birra. Minha noiva simplesmente consegue se assemelhar a um.

— Lembra quando me pediu em casamento e eu tinha o mesmo plano...

— E nós duas tínhamos alianças nos bolsos. – Lauren joga a cabeça para trás e gargalha. — Foi a coisa mais engraçada do mundo.

Eu acabo rindo também e concordo com a cabeça. Realmente, foi muito engraçado. Lauren me trouxe até aqui, há dois anos atrás e pediu minha mão em casamento. O que ela não sabia era que eu tinha o mesmo plano e a pediria naquele final de semana também. Foi a coisa mais hilária do mundo quando eu contei a ela sobre a minha intenção. Depois que aceitei seu pedido, ficamos horas rindo disso tudo.

É uma história que contaremos aos nossos filhos e netos.

— Se não fosse assim não seriamos nós duas.

— Um fato.

— Lembro-me como se tivesse sido ontem. Você, ajoelhada na chuva, com aquele sorriso enorme que eu amo tanto. – Ela abre um sorriso em seguida. Sorrio por consequência. — Esse aí mesmo. Ah... Eu não conseguia parar de dizer sim.

— Eu amei cada sim dito por você. Era um salto que meu coração dava toda hora.

— Eu teria dito milhões de vezes mais aquele sim. Porque eu sempre vou dizer sim para você. Minha eterna sorte.

Seguro em sua nuca e inclino-me para frente, tomando seus lábios com os meus.

— Eu amo você.

Ela sussurro. Sorrio e a beijo outra vez. Não preciso responder sempre, Lauren sabe apenas olhando nos meus olhos que todo esse amor sempre será reciproco.

— Você me deu esse anel. Que é o mesmo anel que seu avô deu a sua avó quando a pediu em casamento. – Olho para o meu anelar esquerdo, onde o anel dourado com uma bela pérola em cima está. — Lembro-me da sua preocupação quando explicou o motivo de ter me dado esse anel. Ficou receosa de que eu não gostaria por não ser um diamante caro. Só que, de você, eu aceitaria até um anel de plástico.

Olho para o amor da minha vida. Ela está com um enorme sorriso nos lábios e olhos brilhando de emoção. Lauren pega minha mão esquerda e leva até sua boca, depositando um beijo carinhoso sobre o anel.

— Você é incrível.

— Eu me senti especial naquela época, e ainda hoje me sinto da mesma forma. Esse anel é importante para os seus avós, sua família e para você. E agora é especial para mim também. Porque simboliza a nova etapa da nossa vida. Um lembrete do dia em que aceitei juntar minha vida totalmente a sua. O objeto que simboliza a nossa união.

— Você merece tudo.

Você é o meu tudo. – Entrelaço nossos dedos e trago sua mão até minha boca, beijando o dorso da mesma. — Quando eu comprei sua aliança de noivado, fiquei pensando se seria o suficiente. E no dia em que me pediu em casamento, eu percebi que nada do que eu te desse, seria tão grande quanto o que você me deu.

— Camz...

— Espere. Deixe-me terminar. – Ela concorda com a cabeça. Suspiro e umedeço os lábios antes de continuar. Meu coração parece que vai saltar do meu peito a qualquer instante. Estou nervosa. — Mas agora, faltando uma semana para o nosso casamento... Eu quero dar a aliança para você.

— Amor...

Pego em meu bolso a caixinha branca. Abro-a lentamente, revelando para ela o anel semelhante ao que está no meu anelar. Lauren abre a boca em choque.

— Esse ainda não tem história, mas nós duas o faremos ter. Quero que no futuro, nossos filhos e netos possam repassar essas duas alianças de geração para geração. Para que eles saibam de onde vem tanto amor. E eu quero que se case comigo agora.

— O que? Aqui?

— Sim. Eu sei que é loucura, mas... Preciso disso. Quero que se torne minha mulher aqui, sem ninguém além de nós duas. Uma coisa só nossa e na semana que vem iremos casar na frente das pessoas que amamos. Só que nesse momento, eu preciso que você se torne a minha esposa.

Uma lágrima escorre por sua bochecha. Lauren está sorrindo.

— Eu aceito.

Retiro o anel da caixinha e seguro sua mão esquerda.

— Não iremos trocar nossos votos agora. Somente preciso que me diga estar disposta a compartilhar todos os momentos comigo. Os bons e os ruins. Quando a dificuldade crescer, me prometa que vai estar ao meu lado para me sustentar e sustentar a si própria. Que na minha carência ou nos momentos de raiva, você vai me amar da mesma forma. E caso tudo comece a desabar... Prometa-me que vai me ajudar a reconstruir pedaço por pedaço.

Coloco o anel em seu anelar e deposito um beijo no mesmo. Lauren faz o mesmo comigo, entrelaçando nossos dedos em seguida.

— Eu prometo se você estiver comigo.

— Para sempre, minha eterna sorte. Eu amo você.

Lauren solta nossas mãos e segura meu rosto. Puxa-me para ela começamos um beijo repleto de amor. Meu peito parece estar se expandindo de carinho e afeição.

— Eu era completa antes, mas agora eu transbordo... Graças a você.

***********


DIAS ATUAIS.


Atordoada. É assim que estou desde o momento em que Lauren saiu daqui. Não sei para onde ela foi, nem se irá demorar. Só sei que preciso fazer alguma coisa para amenizar essa situação. Eu sinto seu incomodo. Está na hora de fazer algo por ela.

Pego meu celular de desbloqueio a tela. Rapidamente procuro pelo contato da minha irmã e lhe mando uma mensagem. Não demora muito para que a resposta chegue.


"Você já quer seu filho de volta? Por Deus, deixe o garoto viver com outras crianças um pouco!"

"Não seja chata. Preciso da sua ajuda."

"Aconteceu alguma coisa?"

"Você sabia que hoje é meu aniversário de casamento?"


Karla não respondeu. Na verdade ela me ligou.

— VOCÊ SE LEMBROU?

Seu grito foi tão alto e repentino, que eu mal tive tempo de falar alguma coisa. Tive que afastar o aparelho celular da minha orelha para não ficar surda.

— Não. Lauren me desejou parabéns e disse algumas coisas. Eu só liguei os pontos e cheguei à conclusão de que deveria ser. E você acabou de me confirmar isso.

— Ah... Pensei que tinha se lembrado disso. – Suspira longamente, causando um leve chiado na ligação. — Mas sim, hoje é o aniversario de casamento de vocês. Por isso o Louis já estava preparado para vir dormir aqui hoje. Tínhamos combinado isso meses antes. Quero dizer, combinei com a Lauren porque ela te faria uma surpresa.

— Ela saiu desnorteada daqui... Não sei aonde ela foi.

— Está preocupada, né? Isso é normal, Mila. Mas fique tranquila, Lauren nunca faria algo estúpido. Talvez ela apareça por aqui.

— Sobre isso... Preciso da sua ajuda.

— O que está aprontando? Conheço esse tom de voz.

— Não estou aprontando nada. Quero melhorar as coisas entre nós e alegrá-la um pouco.

— Olha só... Que grande evolução, Camila Cabello! Estou orgulhosa.

— Sem gracinhas, Karla.

— Você sabe que adoro implicar contigo. Mas conte-me dos seus planos. O que eu tenho que fazer?

— Caso ela apareça por aí, não deixe que ela traga o Louis e garanta que ela não volte cedo para casa também.

— Você não está planejando matá-la, está?

— Não, Karla!

— Hmmm... Vocês vão transar?

— Eu vou desligar a maldita ligação!

— Estou brincando. Parei. Fique tranquila. Pode deixar que eu a seguro aqui.

— Muito obrigada, sua idiota.

Hoje é o dia da ofensa por acaso? Estou aqui tentando ser prestativa e é assim que me trata?

— Karla... Obrigada. Ok?

— Melhor assim. – Reviro os olhos. Ela consegue ser muito irritante quando quer. — E Camila?

— Eu?

— Boa sorte. Espero que tudo ocorra bem. Vocês duas merecem a felicidade.

Não respondo essa última frase e apenas me despeço dela. Fico olhando alguns segundos para o telefone, pensando no que exatamente eu posso fazer para melhorar as coisas. Começo a criar possibilidades, até que uma ideia me vem à mente.

(...)

As horas seguintes foram todas em prol de preparar um jantar. Eu tentaria amenizar a situação da minha forma, e conversaria algumas coisas essenciais com ela. Lauren e eu precisamos começar a dar outros passos nessa convivência. Precisamos agir como as adultas que somos. Além de termos uma criança em casa, não tem como voltar no tempo e mudar as coisas. É hora de encarar a vida como ela realmente é.

Não quis exagerar na hora de arrumar a mesa do jantar para que isso não parecesse algo além do que realmente é. Somente fiz de tudo para que fosse como um jantar normal. Karla tinha me mandado uma mensagem avisando que Lauren realmente tinha ido até lá, mas que ela faria de tudo para que Louis permanecesse em sua casa. Eu acho que será melhor assim, apenas nós duas sem a interrupção de outra pessoa.

O relógio prateado em meu pulso marca 7pm. Fico preocupada que Lauren demore mais para o jantar, mas minhas preocupações logo acabam quando ouço o barulho de carro em frente a casa. Respiro fundo algumas vezes. Esse momento é crucial. Vou até a sala de estar para recebê-la. Não demora muito para que ela entre.

— Boa noite, Lauren.

Ela fecha a porta atrás de si e olha em minha direção. Sua boca se abre lentamente e os olhos descem da minha cabeça até meus pés. Fico nervosa sob aquele olhar, mas mantenho a pose de calma e confiante.

— Boa noite... Nós, digo... Você vai sair?

Olho para minha roupa e depois volto a olhar para ela. Estou confusa. Não tinha colocado nenhum traje especial, apenas escolhi um vestido mais social, porém simples.

— Uh... não. Eu preparei o jantar.

— Louis não vem para casa hoje. Eu tentei convencê-lo, mas sua festa do pijama com Harry e Serena estava marcada há muito tempo. Então...

— Sem problemas. Precisamos conversar algumas coisas.

Lauren não responde mais nada. Ela pressiona os lábios e acena em concordância com a cabeça. Eu faço um movimento com a cabeça, convidando-a me acompanhar. Vamos caladas até a sala de jantar. Tudo que se pode ouvir pela casa é o som dos nossos passos, os meus pés descalços e os dela com aquelas botas de couro.

— Algum motivo especial para esse jantar?

Ela questiona, afastando uma cadeira para se sentar. Dou a volta na mesa, sentando de frente para ela. Lauren coloca os cotovelos sobre a mesa e os usa como apoio para inclinar-se para frente. Seus olhos estão fixos em meu rosto.

— Hoje é nosso aniversário de casamento...

— Espera aí! – Ela ergue suas mãos e se recosta na cadeira. Solta uma risada sarcástica e nega com a cabeça. — Você não está fazendo isso por achar que eu quero isso ou por pena, né?

— O que? Lauren... não! Eu não fiz por pena.

— Camila, você não tem culpa do que aconteceu. E não precisa me recompensar pela sua falta de memória.

Estava começando a perder a paciência com suas interrupções e precipitações. Só queria falar algo legal para melhor nossa convivência e ela nem me deixa falar.

— Será que você pode calar a boca e me ouvir? – Lauren ergue as sobrancelhas. Cruza os braços e continua recostada na cadeira. — Eu não fiz isso por pena e nem para te compensar pela minha falta memória. Só quero melhorar as coisas entre a gente. Tenho sido rude com você desde o dia em que acordei sem memória. Descontando em você a frustração de não lembrar de nada e estar presa nisso aqui sem saber como cheguei nesse ponto contigo.

— Então é só um jantar?

— Um jantar de recomeço. Vamos colocar assim.

— Recomeço?

Faz círculos no ar, apontando para nós duas.

— Sim. Recomeço... Tipo duas pessoas se reconhecendo. No caso eu vou conhecer você de verdade. Quero saber mais sobre tudo isso.

— Karla sabia de tudo isso?

— Como assim?

— Bom, ela meio que me expulsou da casa dela. E nem ofereceu jantar, sua irmã sempre nos oferece comida quando estamos lá. – deu de ombros. — Agora entendi porque ela parecia muito inquieta e insistiu para eu deixar Louis lá.

— Ela sabia sim.

— Irmãs unidas em tudo, né? – Brinca, causando uma gargalhada em mim. O clima muda drasticamente de tenso para descontraído. — Podemos comer antes de conversarmos sobre o que você quiser? Estou com fome de verdade.

— Ainda bem que você sugeriu isso porque eu estava quase comendo sem te esperar.

— Podia ter jantado, Camz... – Ela pressiona os lábios. Lauren fica sem jeito toda vez que me chama dessa forma. Eu odiava esse apelido na minha adolescência porque sempre pareceu deboche dela. — Quer ajuda?

Pergunta ao notar que estou tendo dificuldade com a rolha da garrafa de vinho. Eu concordo com a cabeça. Lauren arrasta sua cadeira para trás e se levanta, vindo em minha direção. Entrego as coisas a ela.

— Não sei se fiquei mais experiente com o passar do tempo, mas sempre fui péssima em abrir garrafas de vinho.

— Você continua tendo dificuldades com elas.

— Eu costumo beber muito?

— Na verdade não. Você quase não bebe, apenas em ocasiões que pedem por isso. – Ela pega minha taça e enche com o vinho. Coloca a garrafa sobre a mesa e volta para o seu lugar, sem encher a taça dela. Eu franzo o cenho. — Tudo está muito cheiroso.

— Espero que o sabor esteja tão bom quanto o cheiro.

— Você sempre foi ótima na cozinha. Eu tenho certeza que está maravilhoso.

Somente sorrio para seu elogio. Começamos a nos servir, sem conversar, mas o clima está agradável. Para a noite de hoje eu resolvi fazer uma coisa que eu sempre gostei muito: Carpaccio de salmão defumado. Lembro-me que provei esse prato a primeira vez em um restaurante com meus pais. Prometi a mim mesma que aprenderia a receita. Felizmente nunca esqueci como prepará-lo.

Ao menos o dom para cozinhar continua intacto na minha mente defeituosa.

— Não é porque eu preparei tudo, mas ficou delicioso.

Lauren gargalha. Limpa sua boca com o guardanapo de pano, depois o coloca sobre a mesa. O jantar acabou, devoramos quase tudo. Estávamos mesmo com fome.

— Ficou mesmo. Sem dom continua intacto.

— Ainda bem, né?

— Louis e eu agradecemos. – Solto uma risadinha. Pego a garrafa e encho minha taça outra vez. Olho para ela e a ofereço. Lauren nega com a cabeça. — Obrigada, mas não estou bebendo.

— Parou?

— Só por algum tempo.

— Tudo bem.

Digo apenas, voltando a tomar meu vinho. Os minutos foram passando e acabamos entrando em diversos assuntos. Lauren está me contando sobre alguns acontecimentos que ocorreram durante esses anos. Vê-la tão alegre falando do nosso passado, me faz ter certeza que fomos muito felizes.

— Dinah sempre foi uma mulher extremamente brava, mas no dia em que Anthony nasceu... Quase chamamos um padre para exorcizá-la.

— Eu consigo imaginar isso perfeitamente.

Comento em meio as risadas. Lauren também está rindo bastante. Ela acabou de me contar sobre o dia em que Dinah deu à luz ao seu primeiro filho. E eu podia visualizar perfeitamente Hunter desesperado pelo hospital com medo de entrar na sala e ser assassinado por minha melhor amiga.

— Nunca tinha visto meu irmão chorar como uma criança da forma em que ele chorou quando segurou Anthony nos braços pela primeira vez.

— Deve ser mesmo emocionante um momento desses.

— Sim. E foi muito engraçado o medo dele achando que poderia quebrar o próprio filho se o segurasse errado. E nossos pais desesperados com qualquer som estranho que o pequeno fazia.

— Parece uma comédia os acontecimentos.

— Nossa família sempre proporcionou os melhores e mais engraçados momentos. Passamos por muitas coisas juntos.

— Estou vendo que sim. Eu quero saber de tudo.

— Sempre tivemos o costume de gravar tudo. Podemos assistir coisas importantes com o nascimento do nosso filho e o crescimento dele ao longo desses anos.

Um aperto surge em meu peito ao me dar conta de talvez nunca consiga me lembrar dessas coisas por mim mesma. Sempre terei que buscar auxilio em gravações, ou ouvir as pessoas falarem sobre. É agoniante não lembrar do passado.

— Queria poder me lembrar disso tudo sem precisar de ajuda. – Confesso sob um suspiro melancólico. Lauren pressiona os lábios, parece entender meu sofrimento. Bebo mais um gole do vinho. Estou sentindo meus sentidos ficando mais aflorados. Eu deveria parar de beber, mas quero um pouco de leveza. — Odeio essa merda de amnésia.

— É totalmente reciproco... Eu também odeio essa merda de amnésia.

Olho para ela, toda largada na cadeira e o olhar fixo em algum ponto da mesa. Dá para sentir seu sofrimento. Sei que não sou a única sendo sufocada por tudo isso. Não existe sensação pior do que ter vivido algo e não lembrar. Ver as pessoas sofrerem por causa disso e não ter como ajudar. Porque a única coisa que posso fazer é continuar tentando me lembrar de algo. E me frustra quando não consigo.

— Eu queria saber de uma coisa...

— Pergunte qualquer coisa. Eu responderei tudo.

Termino de beber o resto do vinho que contém na minha taça. Coloco-a sobre a mesa e apoio meus cotovelos nela, inclinando-me para frente. Sinto as coisas ao redor parecem se mover sozinhas, mas sei que isso é o efeito da bebida alcoólica.

— Nossa história começou naquele verão de 2000, certo?

Ela abre um enorme sorriso quando me encara. Em seus olhos dá para ver um brilho de felicidade por talvez estar se lembrando de como tudo começou.

— Sim. Foi naquele verão sim. Mas não pense que as coisas foram como nos filmes, sabe? Você era muito difícil.

— Você sabe que sempre teve uma parcela de culpa no meu comportamento com relação a você.

— Sim, eu sei disso. – Lauren leva a mão na nuca e alisa. Parece sem jeito. — Fiquei muito tempo me retratando contigo pelas coisas que fiz. Fui muito desrespeitosa e infantil. Queria poder voltar no tempo e mudar as coisas.

— Eu acredito em você. De verdade... sinto sua sinceridade, e reconheço isso. Também sei que tenho sido rude e queria me desculpar. Só que... é difícil me acostumar com tudo isso.

— Desde o dia que você acordou sem lembrar de nada, e aconteceram todas aquelas coisas... eu me senti como um lixo. Parecia que nada do que eu fiz durante esses anos foi o suficiente. E ter você me tratando daquele jeito era como viver sendo torturada. Foram poucos dias, mas estou acostumada com nossos anos de amor. – Ela fecha os olhos durante alguns segundos. Suspira e nega com a cabeça. Não consigo desviar meu olhar dela. É a primeira vez desde que tudo aconteceu que estamos sendo sinceras e abertas uma com a outra. — Pensei bastante no divórcio. Não temos motivos para continuarmos juntas se não for para que tudo fique bem. Eu passei dias pensando nisso com toda cautela possível.

Meus olhos quase saltam das órbitas ao ouvi-la dizer aquilo. Eu também pensei no divórcio, mas não fazia ideia que ela tinha pensado o mesmo. Isso me surpreendeu de verdade.

— Você acha que essa pode ser uma opção?

— Sinceramente? Sim. Se não podemos conviver... melhor cada uma seguir a própria vida. Mas no fundo eu sinto que vou simplesmente sucumbir e enlouquecer. Você consegue entender?

— Eu acho que sim. – Engulo a saliva que estava em minha boca. Minha garganta parece ter ficado um mês sem receber água de tão seca. — Não sei o que fazer. Quero saber de tudo o que aconteceu entre nós duas. Tenho medo pelo filho que temos. É tudo confuso.

— Eu entendo você. De verdade. Precisamos encontrar uma forma de fazer as coisas funcionarem.

— Sim.

— Camila, eu não quero perder você. Mas eu não vou te prender comigo se não for esse o seu desejo. Sempre frisei pela sua felicidade e sempre serei assim.

— Lauren... – Levanto-me da mesa e tropeço um pouco em meus próprios pés. Estou nervosa e nem totalmente consciente. Mas irei me lembrar de tudo isso, tenho certeza. E chegou o momento de tomar uma decisão adulta. — Nunca coloque outra pessoa acima de você. Nem mesmo eu. Por favor, pense sempre em você também. Não quero ser a pessoa que vai te fazer chegar ao fundo do poço por nunca se valorizar o suficiente. Todos falaram que você mudou muito e eu vejo isso.

— Mas, Camz...

Coloco minhas mãos sobre sua boca. Lauren está me olhando como se eu não fizesse o menor sentido. E eu espero de verdade estar sendo clara o suficiente.

— Prometa para mim que qualquer decisão futura que você tomar, será pensando em você mesma primeiro. Só me prometa isso.

— Não vou conseguir fazer isso.

— Você precisa. Por favor...

— Quão bêbada você está agora?

— De zero a dez? – Ela concorda com a cabeça. — Vinte, provavelmente.

Tento me apoiar na cadeira que ela está sentada, mas quase não consigo segurá-la. Lauren rapidamente se afasta da mesa e fica de pé, com uma mão segura minha cintura e a outra em meu braço esquerdo.

— Nós vamos subir e você vai tomar um banho. Tudo bem? Depois continuaremos essa conversa.

— Lauren... – Ela me guia pela casa com cuidado. Quando chegamos perto da escada, eu paro e olho para seu rosto. — Prometa para mim que sempre vai se colocar em primeiro lugar.

— Camila...

— Prometa.

Lauren continua me olhando como se fosse negar, mas mantenho o meu olhar firme. Eu realmente quero fazê-la ver que deve sempre se colocar em primeiro lugar em qualquer situação. Nunca devemos colocar as pessoas acima de nós mesmos porque quando tudo dá errado, você fica sozinha. Então não deve ser uma opção esquecer suas prioridades para dar valor as dos outros. Não faça isso jamais.

— Tudo bem, Camz... eu prometo.

— Obrigada.

Ela sorri, mas não responde nada. Continuamos nosso caminho. Somente quando estou no meio das escadas que percebo quão tonta eu estou. Certeza que acordarei com uma bela ressaca de presente. Só que incrivelmente não me preocupo com isso. Sinto que hoje chegamos a algum lugar importante e demos outro passo. O que vai acontecer daqui para frente é incerto, mas juntas podemos chegar lá.

O destino é algo curioso. Por vezes incerto. Mas a certeza que temos é tudo acontece por uma razão. E essa situação toda não é uma exceção. Eu sei que teve um motivo, e também sei que iremos descobrir onde tudo isso levará.

— Vou te dar privacidade.

— Eu pensei que a nudez fosse algo natural.

Olho em direção a ela. Estamos no banheiro e Lauren estava prestes a sair dali e me deixar sozinha.

— E realmente é algo natural, mas somente quando a outra pessoa está totalmente confortável e consciente do que está acontecendo.

Um sorriso involuntário surge em meu rosto. Ela realmente mudou bastante. Não que eu pensasse que Lauren seria o tipo de pessoa que se aproveitaria de outra em momentos como esse, mas vê-la tão amadurecida é algo surpreendente.

— Estou começando a entender porque a Camila que eu não lembro, foi tão apaixonada por você durante todos esses anos.

— Fico feliz em ouvir isso. Queria que lembrasse de como fomos felizes, mas eu sei que conseguiremos... Bom, chegaremos em algum lugar. – Aceno com a cabeça, começando a retirar minhas roupas lentamente. — Vou te deixar sozinha. Qualquer coisa pode me chamar, irei esperar você no quarto. Apenas para garantir que tudo está bem.

Ela saí do banheiro e eu fico ali sozinha. Retiro todas as minhas roupas e entro no box, ligando o registro do chuveiro para tomar um banho relaxante. Meus sentidos estão bem desorganizados e tudo parece cada vez mais fora do lugar. O álcool está me dando sono. Sinto que poderei dormir a qualquer momento. Quando termino, noto que ela não está ali, mas tem umas roupas sobre a cama. Não demora muito e a porta do quarto é aberta.

— Pode abrir os olhos, estou vestida.

— Trouxe água para você e um remédio para que você não fique enjoada. Fazia tempo que não bebia tanto assim, e pode ser que seu organismo rejeite o álcool.

— Obrigada. – Pego o copo de água e o comprimido. Tomo tudo e depois subo na cama. Preciso dormir, meus olhos estão pesados. — Eu nem lembrava mais da sensação de estar bêbada.

Lauren não diz nada. Me cubro totalmente, sentindo a maciez da cama e cada vez com mais sono. Ela apaga todas as luzes. Eu abro os olhos para conferir se ela ainda está presente.

— Tenho uma boa noite, Camz.

— Você também, Laur... Dorme bem.

Volto a fechar os olhos. Espero que o sono não demore muito. Não sei dizer quantos minutos levaram, nem se eu peguei no sono instantaneamente ou fiquei delirando durante algum tempo. Mas ouvi algumas palavras. Só não sei distinguir se foram reais ou apenas um devaneio da minha mente bêbada. Porém tenho quase certeza que antes da porta ser fechada, eu a ouvi dizer:

— Casar com você sempre vai ser o meu maior acerto.

E depois disso, tudo simplesmente virou um mar escuro e eu dormi.

******

Como estamos?????

E aí hein???? Divórcio é real ou não? hsuahsuahsuahs

Os erros vão ficar aí mesmo porque eu nunca corrijo e fico com uma preguiça enorme então vocês apenas devem conviver com eles. SOMOS TODOS FAMÍLIA! SEM JULGAMENTO!

Espero que tenham gostado. Quem sabe eu apareça por aqui rápido de novo.

Nos vemos em breve, carinhas. Amo vocês ♥

Continue Reading

You'll Also Like

4.5M 225K 53
Quando se é jovem geramos expectativas e sonhos muitas vezes maiores que nós mesmos, o amor é o extremo do perfeito e canta a melodia mesmo sem saber...
29.9K 3.2K 43
Livro 1 "Você pode não entender o porquê, mas o pra quê vai te fazer sorrir!" Sonhos e pesadelos entraram na rotina das noites de Julieta. Desde que...
8.3K 610 12
O Sr. Jeon criou seu filho sua vida inteira depois do abandono da mãe. E quando ele descobriu que ele tem câncer, Jungkook, de 16 anos resolveu retor...
949 80 7
Como um vulcão se sente? Emily tinha sua vida, que não era perfeita, mas tendo seu namorado Ben ao seu lado tudo parecida mais fácil, até que algo ac...