As Mentiras de Isla Britch | ✓

By JulesBraga

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Quantas mentiras uma única pessoa pode ter na vida? Isla Britch tem uma coleção delas. O que se esperar de u... More

Notas Iniciais
1. Sob controle, chefe
2. Dia de Sorte
3. Mentira tem perna curta
4. Onde está a namorada?
5. Negócio fechado
6. Uma Herança de Família
7. Cinza e Amarelo
8. Quem é você de verdade?
9. Péssimos hábitos
10. Merda. Merda. Merda
11. Dos males, o menor
12. Visita(s)
13. Vamos dançar?
14. Caos
15. Encontro de família
16. Feriado (1)
17. Feriado (2)
18. A história para outro dia
20. Confusos
21. Descobertas
22. Reunião
23. Convite
24. Marcos de uma vida
25. Perdão e Recomeço
26. A Carta e o Fim
Epílogo
Curiosidades
Notas Finais

19. Maldita casa

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By JulesBraga

Christopher estava em seu escritório, já havia passado das sete da noite e ele não conseguia sair de lá. Havia dispensado a secretária, mas permaneceu ali. Seu dia não havia rendido absolutamente nada.

Na verdade, já fazia algum tempo que o trabalho não estava rendendo como antes.

Na madrugada de segunda para terça-feira não havia dormido direito porque sua mente não parava de reviver a história que Isla tinha lhe contado.

Na quarta-feira havia ido até a obra para encontrar com um investidor que iria alugar um andar inteiro no novo empreendimento. O seu assunto era com o homem, mas seus olhos não paravam de procurar pela engenheira responsável pela obra. Assim que notou o sorriso que ela deu em sua direção, perdeu todo o contexto da conversa com o executivo ao seu lado.

E na quinta-feira estava ali, até tarde no escritório porque não terminou as tarefas que havia planejado para o dia. Não terminou porque seus pensamentos hora e outra iam para a engenheira. Sua mente era quase assombrada por memórias.

Lembrava-se do dia em que se conheceram, dos olhos castanhos gentis, do sorriso cativante, da dança despretensiosa em seu apartamento, do dia em que dividiram uma cama, do dia em que dançaram juntos, da visão do corpo dela no biquíni amarelo...

E quando notou, estava perdido novamente em pensamentos e o arquivo aberto em seu notebook havia ficado para trás mais uma vez.

— Em que planeta Christopher Kyle está? — a voz conhecida o tirou dos devaneios bruscamente.

O executivo riu baixo ao encarar o indivíduo que estava no batente da porta. O homem era alto, de pele negra, olhos escuros intimidadores, com um sorriso cafajeste desenhado nos lábios e uma garrafa de Whisky nas mãos.

— Finalmente está de volta! — Chris falou levantando-se e caminhando em direção ao amigo para dar-lhe um abraço. — Achei que fosse ficar na França para sempre — comentou maldoso.

— Eu amo as mulheres francesas, mas nem elas me fazem mudar de Nova Iorque — Nolan Parker disse sentando-se no pequeno sofá preto que havia no escritório. — Me diga que você ainda tem copos aqui — apontou para a garrafa de bebida.

Christopher revirou os olhos e providenciou tudo o que precisariam para uma rodada, ou várias, de bebida.

— Como estava a França? — perguntou puxando a cadeira para sentar de frente com o sofá.

— Ensolarada, com mulheres bonitas, muitos turistas, gente falando francês o tempo inteiro... — Nolan disse com tédio. — Me diga, como Nova Iorque sobreviveu nesse tempo sem a minha presença?

Christopher riu alto do ego exacerbado do amigo. Nolan era um advogado dos bons e ele sabia disso, mas apesar de ser extremamente dedicado no trabalho, faz questão de tirar férias prolongadas para gastar sua fortuna em outros continentes.

— Nova Iorque passa bem — o executivo respondeu tomando um gole da bebida alcoólica e aprovando o sabor.

Nolan estreitou os olhos e inclinou o corpo levemente na direção do amigo.

— O que aconteceu com você nesse tempo em que estive fora? — perguntou mais sugestivo do que curioso.

Era um advogado dos bons porque sabia ler muito bem as pessoas. Christopher nunca entendeu como ele conseguia fazer isso, mas o amigo era bom naquilo.

— Nada de interessante — respondeu dando de ombros.

Nolan o observou atentamente e o executivo bufou impaciente.

— O que foi? — Chris questionou deixando as costas ficarem mais firmes contra o encosto da cadeira.

— Me diga quem é a responsável por seus pensamentos perdidos no mundo da lua — soltou antes de bebericar a própria bebida. — Ela é gostosa? — perguntou curioso. — Ah, esquece, ela é gostosa. Você só sai com mulheres muito bonitas. Ela é loira? Certeza que é loira — dizia tudo muito rapidamente assim como velocidade dos seus pensamentos. Nolan não tinha muito filtro em alguns momentos.

— Lisa está morando em Nova Iorque de novo — Christopher soltou a informação fingindo uma falsa inocência. A sua irmã era o ponto fraco do advogado e ele sabia disso.

— Lisa voltou? — o homem disse surpreso. — Como ela está? E Jacob? Estão morando em que lugar? — Nolan soltava as perguntas de forma rápida.

Christopher sorriu maldoso e o advogado riu leve antes de tomar mais um gole da bebida.

— Espertinho — o negro disse encarando o amigo.

— Esse seu interesse na minha irmã já dura há muito tempo, você deveria ao menos conversar com ela de forma decente — Chris disse em tom maldoso.

A verdade é que Nolan conhecia Lisa há anos e toda vez que botava os olhos nela a sua pose de advogado foda de Nova Iorque simplesmente sumia. O negro virava um verdadeiro adolescente sem conseguir formar uma linha de raciocínio decente.

— Eu prefiro falar sobre o seu interesse amoroso — o amigo respondeu dando de ombros. — Quem é a dona dos seus pensamentos?

Christopher suspirou e começou a soltar o nó da gravata. Nolan e a gravata estavam o sufocando.

— Isla Britch — ele respondeu pegando a garrafa e enchendo o copo que ainda não estava completamente vazio.

Nolan ficou em silêncio, só esperando que o amigo completasse a informação.

— Ela é engenheira civil da Construtora Bergman — Christopher falou bebendo um gole generoso da bebida. — Ela é minha namorada de mentira.

Nolan arregalou os olhos levemente e inclinou o corpo para frente.

— Me explica isso direito... — pediu sério e com confusão estampada no rosto.

E conforme a bebida ia entrando, a história ia saindo por seus lábios. Christopher contou tudo. Cada detalhe.

— E você está gostando da mentirosa? — Nolan perguntou já sabendo a resposta.

— Eu gosto dela — Christopher disse um pouco bêbado. — Ela é uma mulher interessante e nós passamos por momentos juntos... eu sei lá, só sei que essa mentira está me deixando maluco.

— A mentira ou a mentirosa? — Nolan perguntou tomando um gole da bebida. — Eu acho que é a mentirosa porque você não se importaria nenhum pouco se o namoro fosse real — opinou sorrindo de lado.

Christopher passou as mãos pelo rosto e bufou impaciente consigo mesmo. Era pra ser um único almoço e ele nunca mais teria que lidar com as loucuras da mulher, mas agora tudo o que ele queria era se enfiar ainda mais na vida dela.

— Quase dez horas da noite, hora de levar o bêbado para casa — Nolan comentou ficando de pé. — Seu motorista pode me dar uma carona, né? Não quero pegar um táxi agora.

Christopher assentiu sem prestar muita atenção no que o amigo estava falando.

Isla Britch iria enlouquecê-lo no final de tudo aquilo. Ele tinha certeza disso.

xxx

Isla estava em um restaurante com Emma e Ana, era uma data importante e a mulher havia tirado o horário de almoço para aproveitar com a família. Estavam em um restaurante de comida francesa, o local não era dos mais chiques, mas definitivamente era elegante e possuía o seu charme. As paredes eram em tons de creme com detalhes em dourado e as mesas eram forradas com toalhas brancas.

Assim que o garçom deixou os pedidos na mesa, Isla sorriu ao levantar a taça de champanhe.

Happy Amélie's day — a engenheira falou brindando e foi acompanhada pelas outras duas. Emma estava no champanhe também, mas Anastacia tomava um suco de morango.

Happy Amélie's day — as duas repetiram com sorrisos no rosto.

O dia sete de julho era sempre marcado com carinho pela família Britch. Era o aniversário de Amélie e mesmo que a mulher já não estivesse presente nos últimos treze anos, o dia em que o mundo conheceu Amélie Britch deveria ser comemorado.

— Quão brava Amélie estaria por nós estarmos bebendo antes das seis da tarde? — Emma perguntou rindo baixo.

— Ela já deve estar brava há algum tempo com nós duas — Isla respondeu antes de tomar um gole da bebida alcoólica. — Só Ana não decepciona o espírito de Amélie — a tia disse rindo e vendo a menina ficar extremamente vermelha e Emma parar de rir. — Falei algo errado? — questionou confusa.

— Seu celular está tocando, tia — Ana comentou sem olhá-la e começando a comer o seu tartare de boeuf, um prato típico da França.

Isla encarou Emma e a mulher também não a olhava.

Qual era o segredinho daquelas duas?

Isla bufou impaciente e levantou-se rapidamente para atender o celular. Não conhecia o número que estava ali e pensou que poderia ser Jack avisando-a de algo.

— Isla Britch — disse ao atender a ligação em uma área mais calma do restaurante.

Happy Amélie's day — ela ouviu a voz suave de sua mãe. — Como está Nova Iorque, querida?

A engenheira caminhou até ao banheiro feminino e assim que entrou no ambiente muito branco, observou a própria imagem no grande espelho.

— Está como sempre, me diga, como está a vida de hippie fingindo que não vendeu a casa da sua falecida mãe para que uma grande empresa demolisse tudo e todas as lembranças de infância da família virassem pó? — Isla disse maldosa.

No reflexo do espelho ela conseguia notar a raiva queimando em seus olhos. Sentia o corpo tenso e o maxilar travado. Se fossem retratar uma imagem de raiva em um quadro, aquele seria o momento ideal.

— Annette... — a mãe disse com um suspiro cansado. — Não seja assim.

— Eu nunca vou te perdoar por ter vendido a casa para pessoas que você sabia que iriam demolir tudo aquilo — Isla disse magoada.

Ela ouviu a mãe bufando impaciente ao outro lado.

— Annette, aquela maldita casa era um mausoléu da sua avó! Ela morreu lá! — a Sra. Brtich disse alto e Isla arregalou os olhos levemente. — Você ficou lá por mais três anos, mas na primeira oportunidade que teve pôde ir embora. Eu não queria morar na casa onde a minha mãe morreu, ok? — a mulher dizia tudo rapidamente e Isla conseguia ouvir a respiração descompassada dela. — Eu sinto muito que você tenha ficado chateada, mas sinceramente, você tem todas as lembranças da sua avó com você, não é uma maldita casa que vai mudar isso!

Isla abriu e fechou a boca em alguns momentos, mas não sabia o que dizer. Nunca tinha visto a mãe falar daquela forma. A mãe, sempre tão contida, havia explodido.

— Eu sei que Amélie foi como uma mãe em diversos momentos... — a Sra. Britch disse calma e em tom baixo. — Mas parece que você esquece que ela foi a minha mãe... E não é justo que você me trate mal porque acha que não fui boa o suficiente para você.

A engenheira viu os próprios olhos ficarem lacrimejados.

— Sinto muito — foi tudo o que Isla conseguiu dizer enquanto segurava o choro.

Mãe e filha ficaram minutos em silêncio no telefone, só ouvindo a respiração uma da outra. Isla nunca tinha parado para pensar que havia sido injusta com a mãe.

— Minha vida está uma confusão... — soltou em um fio de voz. E antes que a progenitora pudesse se manifestar, ela completou em tom mais ameno. — Nova Iorque é ótima, você iria gostar daqui. Deveria me visitar algum dia.

E ali, naquela pequena frase com um convite, Isla soube que a mãe merecia algo melhor do que uma filha que se comportava como adolescente rebelde sendo contrariada.

Afinal, Amélie estaria para sempre em seu coração e a casa em Melbourne era só uma maldita casa. 

xxx

N/A (01.10.2018)

Olá, espero que estejam gostando! 

Faltam 8 capítulos para o fim e eu agradeço desde já cada comentário, voto e visualização <3

Beijos e boa semana!


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