⋆ Eu sou tão burro.
Concordo plenamente! ⋆
P.O.V. Peter Parker
Aquela batida eletrônica estava quase me deixando surdo, pessoas esbarravam em mim toda hora. Eu definitivamente não estou acostumado com festas.
— Ned, você viu a Liz? — Grito no ouvido de meu amigo.
— Acho que ela foi lá pra cima. — Responde no mesmo tom.
— Vou procurar ela. — Ele confirma com a cabeça e vai conversar com um grupo de pessoas. Queria ter essa facilidade de socializar igual ele.
Subo as escadas, dando de cara com um corredor cheio de portas. Bato em algumas, e apenas ouço xingamentos e gemidos. Quase na última porta do corredor, encontro Liz.
Ela está sozinha deitada em uma cama enorme. Minha oportunidade.
— Liz?! — Chamo-a, mas ela parece não escutar. — Liz! — Falo mais alto indo até ela. Só então percebo que ela estava muito bêbada.
— Pedro? — Fala com a voz arrastada tentando se levantar.
— É Peter. — Ajudo-a a se sentar na cama, e sento-me ao seu lado.
— Isso. — Me olha rindo. — Você está muito gostoso. — Ri mais.
— Obrigado?! — Ela deita sua cabeça em meu ombro, fazendo-me ficar tenso. — Eu quero te falar uma coisa. — Crio coragem. É agora!
— O que? — Olha-me, seu corpo estava mole e seus olhos semiabertos.
— E-eu gosto d-de você. — Gaguejo. Ótimo, Peter. Começou muito bem.
— Eu sei. — Ri.
— O que? — Falo alto. — Como assim?
— Você não sabe disfarçar bem. — Sinto minhas bochechas ficarem cada vez mais quentes.
— Então... — Paro de falar quando ela começa a chegar perto de mim, ficando parada a centímetros e olhando minha boca.
Tomo atitude e encosto meus lábios no dela, suas mãos envolvem meu pescoço e as minhas vão para sua cintura. Não sabia que ia ser tudo tão rápido e fácil assim. Ela pede passagem com a língua e logo concedo. Nossas bocas movimentam-se lentamente de início, mas vai ficando mais intenso e rápido. Seu gosto era doce e alcoólico.
Ela me empurra para a cama e sobe em mim. As coisas começam a sair do controle quando ela começa a tirar seu vestido. Seguro suas mãos rapidamente.
— O que você tá fazendo? — Pergunto assustado.
— O que parece que estou fazendo? — Olha-me com desejo.
— Eu não vou fazer isso. — Digo firme.
— Não é isso que você quer? — Pergunta confusa.
— Sim. Mas não só isso. Eu quero ficar com você. — Ela ergue as sobrancelhas me olhando interrogativamente.
— Awn. — Sai de meu colo. — Você é tão inocente.
— Eu não quero só seu corpo. Eu quero ser seu amigo, seu confidente, seu nam...
Sou interrompido por um cara que chama Liz para voltar à esta, ela vai cambaleando e me deixa sozinho. Não sei como reagir. Acabo de falar para a garota, a qual eu sou apaixonado, que gosto dela, e ela simplesmente vai embora.
Saio do quarto e começo a procurá-la. Não é muito difícil achá-la em meio a multidão, pois ela estava se agarrando com o mesmo cara que chamou-a lá em cima. Meus olhos ficam marejados. Liz parece mais bêbada do que nunca.
Saio o mais rápido que posso de lá. Passo pelas pessoa empurrando-as e corro o mais rápido que posso. Quando canso, deixo as lágrimas rolarem por meu rosto.
Sustentei o que sentia por Liz a mais de cinco anos. E só agora consigo começar a ver que era só uma paixão mesmo.
Quando me dou conta, vejo que já estou perto de casa. Ao longe, vejo uma figura ruiva.
P.O.V. Anastácia Muller
— Tchau pai! — Beijo sua bochecha.
— Se cuida, querida.
Fecho a porta de minha casa e começo a esperar o táxi. Olho para os lados e vejo Peter. Caralho, ele está muito lindo. Semicerro meus olhos para enxerga-lo melhor, ele está chorando?
Conforme aproxima-se, posso ver o quão abalado ele parece. Vou até ele apressadamente, esse encara-me com os olhos molhados e tristes.
— Peter? Você está bem? — Ele nega com a cabeça. — O que houve? — Não responde.
Seu semblante está triste e eu não penso duas vezes antes de abraçá-lo. Aperto-o contra mim e não o largo, mesmo ele não correspondendo. Depois de um tempo, afasto-me e ele parece menos pior.
— Desculpe. — Enxuga suas lágrimas e tenta sorrir. — Acho que você e seus amigos estavam certos sobre Liz.
Fico surpresa. Então tinha a ver com ela. Ele deve ter se decepcionado. Entendo bem isso, entendo sua dor.
— Você quer conversar? — Ele chacoalha a cabeça.
Vejo meu táxi chegar e buzinar para mim. Mas não posso deixar Peter sozinho nesse estado. Eu mais do que ninguém sei como é sofrer por alguém. Vou até o taxista e cancelo a viagem, ele me olha irritado.
— Vem. — Puxo Peter até sua casa. Ele me olha confuso. — Sua tia está em casa?
— Sim, mas provavelmente está dormindo. — Confirmo com a cabeça e fico esperando ele abrir a porta. — Você vai abrir ou...
Ele se toca e abre a porta, entramos em silêncio e subimos para seu quarto. Nunca tinha entrado lá, era meio desorganizado e tinha alguns pôsteres de Star Wars colados nas paredes.
— Por que está fazendo isso? — Não pude deixar de reparar o quão lindo ele estava, agora que podia enxerga-lo melhor.
— Por um motivo. — Pisco um olho para ele.
— Não vai falar? — Digo que não com a cabeça. — Okay, não vou insistir.
— Você vai tomar um banho, porque está fedendo a bebida alcoólica. — Ele cheira sua jaqueta e faz uma careta. — Enquanto isso eu coloco Star Wars para nós assistirmos. Comida já temos. — Ergo a sacola cheia de doces e outras porcarias que ia levar a casa de Mich. Ele claramente está confuso. — Só faz o que eu te disse, tá?!
Ele apenas balança a cabeça e entra em seu banheiro. Depois de colocar o filme em sua TV, mando mensagem para meus amigos que surtam e me perguntam um monte de coisa, eu apenas simplifico para eles. Harry fala para mim pegar uma blusa de Peter escondido, rio alto, mas começo a cogitar a possibilidade.
Depois de uns minutos, Peter sai apenas com uma toalha enrolada em seu quadril.
— Meu Deus! — Exclamo. Seu abdômen era definido e algumas gotas de água escorriam por ele. Controle-se, Anastácia!
— Desculpa, eu esqueci de pegar minha roupa. — Cora e vai até seu guarda-roupa rapidamente, pega algumas peças e entra novamente no banheiro. Não deixo de reparar em sua bunda. E que bunda.
Ao sair, dessa vez vestido, ele senta-se em sua cama, e eu sento em sua frente, no chão. Ele ainda parece muito triste.
— Sabe, eu também já me decepcionei várias vezes com o garoto que eu gosto. — Falo chamando sua atenção. — Tipo, eu gosto dele pra caralho, já demonstrei várias vezes, mas ele é meio idiota. — Rio comigo mesma. — Ele já me magoou várias vezes, mesmo sem saber. Mas o jeito dele, como ele trata as pessoas, sua timidez, sua risada e muitas outras coisas fazem com que eu esqueça a parte ruim dele. E eu sempre coloco isso acima das merdas que ele faz.
— Por que gosta tanto dele? — Pergunta confuso.
— Nem eu sei direito. — Enrolo meu cabelo em um coque. — Acho que é a forma como ele sorri, como suas bochechas coram, como seus olhos quase fecham quando ele ri, ou então simplesmente sua presença.
— Por que não diz a ele o que sente? — Eu meio que já estou fazendo isso, penso comigo mesma.
— É complicado. E você? Por que gosta tanto da Liz?
— Eu acho que também não sei muito bem. — Pensa um pouco. — Acho ela muito linda...
— Cite algo que gosta nela. — Ele abre a boca para falar, mas interrompo-o. — Sem ser da aparência dela. — Fecha a boca e fica pensativo. — Viu? Você sente atração física por ela.
— Mas eu não quero só o corpo dela.
— Eu sei, mas isso não tem a ver com ela, e sim com a sua personalidade. — Ele pensa ainda mais, parece relaxar e me olha.
— Obrigado por fazer isso, você não precisava. — Sorri fraco.
— Tá tudo bem, não é como se fosse obrigação ou algo desagradável. Estou aqui porque quero. — Levanto e dou play no filme. — Agora chega de conversa. Chega pra lá! — Empurro-o e me sento ao seu lado, ele ri fraco e me olha por uns instantes, voltando sua atenção para TV um pouco depois.
Essa noite me surpreendeu mais do que eu imaginava. Finalmente algo bom aconteceu.
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Oláá, acalmem-se que ainda tem história pela frente. Achei o final do capítulo fofinho, o que acharam?
Uma curiosidade: em que ano do colégio/escola vocês estão?
Espero que tenham tido uma boa leitura :)