Prometer que iria deixar Seon Woo foi difícil, principalmente porque Taehyung não era lá muito confiável. Depois de quase dois dias na cama, ele finalmente parecia melhor. Só me restava um comprimido na cartela de antibióticos e eu poderia retirar os pontos no dia seguinte.
Taehyung disse que me deixaria no hospital e depois eu poderia me virar para chegar em casa, ótimo.
Após o jantar, eu me ofereci para lavar tudo, já que não queria ficar sozinha com ele. O clima estava esquisito, eu e Taehyung quase não nos falamos, depois que prometi tentar me livrar de Seon Woo.
— Por acaso se afogou na pia? — Taehyung parou encostado a caixa de porta, cruzando os braços e fazendo uma careta.
— Tão engraçado, por que não veio lavar no meu lugar? — as mangas e a parte da frente do meu casaco estavam molhadas.
Mas a culpa não era minha, como eu ia adivinhar que com uma rodadinha, aquela porcaria ia espirrar água em mim?
— Foi você que se ofereceu para lavar — disse estalando a língua —, mas demorou tanto, achei que tinha descido pelo ralo.
— Bem que eu queria — murmurei.
— O quê?
— Nada — terminei de lavar a última tigela — já acabei.
Desde de que Jungkook me contou toa aquela história, meu cérebro parecia incapaz de olhar para Taehyung sem lembrar. Pareciam haver sinais em néon, por toda parte dizendo " esse cara é um mafioso problemático, caia fora!"
E não é que eu gostasse do perigo, tudo menos isso. No entanto, tantos anos a deriva, me fizeram questionar até que ponto valia a pena tentar se proteger. Tudo acabava me machucando de alguma forma mesmo.
Fugir nunca é a solução, você pode pensar que correr deixando tudo mal resolvido no caminho, é a melhor opção, no entanto um dia os problemas enterrados voltam a tona.
— Amanhã, nós vamos cedo para o hospital.
— Ok, vou finalmente desocupar sua casa — respirei fundo — obrigada pela ajuda.
— Falando assim, parece até que quero me livrar de você — observou enquanto eu enxugava as mãos.
— Você que está interpretando desse jeito. Já está mais do que na hora de eu voltar para casa.
Por mais displicentes que meus pais pudessem ser, eu sentia falta deles.
— Hum...tem outra coisa — coçou a nuca — dormir no sofá é horrível, eu acho melhor nós dividirmos a cama.
— Eu fico bem no sofá, sem problemas.
— Hana, eu já dormi lá. Você vai acordar travada — aquilo era preocupação?
— Não quero invadir seu espaço — juntei as mãos — sério, uma noite ali não vai me matar.
O que é uma noite no sofá apertado, comparado a ser esfaqueada? Nada.
— A cama é enorme, um nem precisa encostar no outro. Seja uma boa garota, e durma lá.
Engoli em seco, uma boa garota, apenas ouvir aquela frase me trazia tantas lembranças. Ser uma boa garota, que irônico, fui uma a vida inteira mas aparentemente não foi o suficente.
— Hana? Hey! — Taehyung acenou enfrente aos meus olhos, quando ele ficou tão perto? — o que foi, garota? Parecia perturbada.
— O Seon Woo costuma me mandar ser uma boa garota, quando está bêbado e autoritário — engoli em seco — mas isso não é problema seu.
" Se você fosse uma boa garota, isso não teria acontecido."
Apertei os olhos fechados, o problema das memórias, é que elas não podem ser apagadas.
— Olha aqui — sua voz estava rouca, seus olhos evitavam os meus — nunca mais vou usar essa frase com você e dá próxima vez que o Seon Woo falar algo do tipo, já sabe pra onde mandá-lo.
Taehyung falava de modo distante, como se estivesse agindo no automático. Parecia que uma barreira o empedia de mostar algum sentimento.
[ coloquem a música da multimédia]
— Lembrar dói, não é? — mordi o lábio, ignorando o nó em minha garganta — essa sensação horrível de não poder voltar no tempo e escolher outro caminho.
Taehyung parecia petrificado, como se um filme inteiro pasasse atrás de seus olhos.
— Não sei do que está falando — se afastou.
Sabe sim!
— Você sempre tem esse comportamento passivo-agressivo? — o segui pra fora da cozinha — devia procurar um médico.
— Do que você está falando? Empacotar suas coisas e te mandar pra casa, vai ser mesmo uma boa idéia.
— Está fugindo e eu sei o porquê — respirei fundo, ok, talvez eu devesse revelar tudo — eu sei de tudo, sobre o Jimin, sobre a Yunmi...
— Eu vou matar o Jungkook! Foi ele, não foi? — Taehyung bufou.
— Ele só queria ajudar.— lhe encarei e tentei soar o mais sincera possível — Você se sente culpado pelo que não pode mudar, não é? Eu entendo, porque também me sinto.
Taehyung parecia estar em conflito, temi por sua reação porém já era tarde para voltar atrás. Todas as coisas que ele fez, deviam pesar e fazê-lo ser daquele jeito.
Ele passou as mãos pelo rosto, naquela altura eu já esperava gritos e um sermão sobre ser intrometida.
— Sabe de tudo? — seu tom baixo parecia hesitante.
— Bom, tudo que envolve o Jimin, a Yunmi e você.
— Então sabe de tudo — engoliu em seco — isso foi a algum tempo, três anos.
— Não precisa falar nada, se não quiser.
— Agora que você já sabe, só me resta ser sincero — fez sinal para eu segui-lo.
Taehyung entrou em seu quarto e eu fiz o mesmo. Ele acendeu a luz e sentou-se n cama. Me sentei afastada, toda aquela situação me dava uma ansiedade horrível.
— Agora que eu sei sobre seu envolvimento com a máfia, vou morrer?
— O quê? Não — ele riu como se fosse uma piada — ninguém vai morrer aqui.
— Ufa.
— Depois do que aconteceu com a Yunmi,eu só não quero estragar a vida de mais ninguém — sua mão deslizava pelo lençol — nos conhecemos a uns 10 dias e você já levou uma facada por minha causa.
— Disse que foi sem querer.
— Mesmo assim, continua sendo minha culpa.
— Então ser indiferente é a melhor opção? — franzi o cenho — não me parece um bom jeito de resolver as coisas.
— Você não sabe a vontade que eu tenho de dar uma surra no seu namorado e perguntar aos seus pais qual o problema deles — soltou o ar parecendo chateado — mas e se isso piorar tudo? E se você acabar morta por minha causa?
— Se preocupa assim comigo?
Meu cérebro parecia não estar assimilando muito bem.
— Pensei que estava óbvio! — Taehyung agia como uma criança emburradinho — eu queria poder proteger você mas eu tenho medo de estragar tudo como sempre.
— Não precisa fazer nada grandioso, basta não me deixar sozinha.
— Isso é tudo o que você quer? — assenti — eu estava esperando um " mate meu namorado " — arregalei os olhos em espanto — tô brincando.
— Você é doido.
— Eu vou tentar me manter por perto, de uma maneira segura — sorriu fraco — mas não fique mal acostumada em ter um guarda- costas.
— Tarde demais — sorri.
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Pense numa dificuldade pra escrever esse capítulo....
Ainda bem que a _meninadojardim me ajudou ♡
Como está indo a semana de vocês? Meu computador não quer mais ligar, mas tirando isso tudo ok.