Boa noite, Aquiles ✓

By sofianeglia

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" O olhar dava medo e eu quase perdi o sorriso o qual tentava seduzir ela do rosto. - Esquece, porque i... More

intro + sinopse
0. prólogo
1. ela procura
2. ele tem que sair
3. ela se nega
5. ela estabelece as regras
6. ele quebra uma das regras
7. ela não consegue dormir
8. ele chega de madrugada
9. ela conhece o resto do grupo
10. ele não quer ela no grupo - pt.1
10. ele não quer ela no grupo - pt.2
11. ela não consegue dormir de novo
12. ele quebra mais uma regra - pt.1
12. ele quebra mais uma regra - pt.2
13. ela tenta ser simpática - pt.1
13. ela tenta ser simpática - pt.2
14. ele conquista algo
15. ela vira gelo
16. ele é fogo
17. ela vê o que não quer
18. ele sente o que não queria
19. ela cozinha e chora (repostado)
20. ele fica
epílogo
epílogo olímpios
nota final
OLIMPIOS REESCRITO!!

4. ele cozinha e convence

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By sofianeglia


4. ele cozinha e convence

     Ela tinha cabelos compridos, alguns reflexos vermelhos, era alta pra uma mulher, tinha o corpo na medida certa e um par de olhos super loucos onde um era verde e o outro castanho. No início eu pensava que a cor do olho tinha mudado porque ela sentia tanta raiva ao olhar pra mim que alguma química tinha acontecido e modificado a pigmentação da sua íris.

     O humor dela tinha que ser estudado antes de eu ir falar com ela, e era capaz daquela raiva acabar mesmo modificando alguma coisa, como meu estado de vida. Mas tinha aprendido que dependendo da oportunidade as chances de eu sair com o ego machucado diminuíam e minha vida não era posta em risco.

     Precisava chegar nela quando ela não esperava, se estivesse surpresa era mais fácil de escapar dos insultos. Os nãos vinham mesmo se ela não me ofendesse, então eu cuidava pra que de algum jeito ela não se irritasse tanto a ponto de me machucar mentalmente.

     Mas, quando ela abriu a porta, e nos olhos eu consegui ver a esperança mudar para pura raiva, decidi que mesmo chegando sem que ela soubesse eu que ficava surpreso, impressionado até, com como que ela conseguia ser tão linda e tão irritada.

     Ela gritou comigo, mas eu decidi ignorar a pergunta e entrei no apartamento, fingindo que estava tudo bem, com um sorriso no rosto e as sacolas com tudo que eu ia precisar para cozinhar na mão. 

     — Eu não sabia o que que tu ia querer, então escolhi uma massa mesmo. Tu é alérgica a alguma coisa? 

     Perguntando, estava realmente curioso, e esperava que ela me respondesse, porque assim não teria problema de ela acabar sendo intoxicada por qualquer coisa que eu colocasse na comida. 

     Mas, mesmo com aquilo, Lívia não me respondeu. Estava me encarando, a mão ainda na maçaneta da porta  e agora sua boca formava um perfeito "o" e eu não consegui controlar onde que minha mente foi, pois logo imaginei aquela mesma expressão mas sem a raiva, com ela no meio das minhas pernas, com saliva pingando de seus lábios. Ela percebeu. 

     — Que merda tu tá fazendo aqui, porra? — Repetiu, empurrando a porta e fechando o apartamento completamente. Estava me arrependendo de ter me prendido em um lugar como aquele com ela naquele estado. 

     — Bem, eu vim cozinhar... — Disse, apreensivo, sorrindo de lábios fechados e tentando não mostrar o quanto eu estava agitado. 

     — Como? — Perguntou, apontando o dedo pra mim. — Como que tu conseguiu me achar? 

    Sua voz era assustadoramente calma, parecia vir de alguém que ou te beijaria ou te torturaria na primeira oportunidade que tivesse e eu estava torcendo há meses que ela quisesse fazer a primeira opção.

     — Podemos comer antes? — Perguntei, não conseguindo encarar mais os seus olhos e com medo do que ela fosse fazer quando soubesse o que eu fiz. 

     Ela tinha uma vez literalmente puxado o pé de um guri que tentou conversar com ela de um jeito mais abusado. Ele caiu e ficou com dores nas costas durante uma semana e como tinha batido a cabeça, correu para o hospital pensando que tinha um sangramento. E ela não sentiu nenhum remorso lá, no meio de várias pessoas, não sentiria de mim dentro daquele apartamento. 

    Colocando as compras em cima do balcão da pia, reparei em como tudo estava extremamente organizado e no seu lugar, de um jeito que até mesmo Zeus ficaria encantado. Ele gostava de quando a cozinha estava limpa e eu nunca tinha entendido. 

     — Não, não iremos comer. — Respondeu, me seguindo mas mantendo uma distância saudável. — Tu vai me dizer como que tu conseguiu entrar aqui e depois tu vai embora.

     Colocando a mão em cima do balcão que separava a cozinha da sala, Lívia me encarou. A sobrancelha sempre arqueada, enquanto ela arfava. 

     Suspirando, comecei a tirar a cebola, os pimentões e o alho de dentro de uma das sacolas, não dando atenção para a parte que eu ia embora. Eu sabia que qualquer pessoa podia ser conquistada pela barriga, e se eu tivesse escutado certo, ela não sabia cozinhar, então aquela seria uma das poucas comidas caseiras e recentes que ela provaria. Claro, isso tudo com a teoria de que seu namorado não cozinhava pra ela, e mesmo assim eu tinha certeza que não seria igual a mim. 

     — Aquiles! — Gritou quando eu não falei nada, batendo a mão com força contra a madeira do balcão. O jeito que ela gritava meu nome ajudava com minha imaginação.

     — Eita! Não precisa dessa violência, que que o balcão fez pra ti? — Ri, levantando as mãos e olhando para trás. Ela estava com os olhos fechados agora, e eu me virei completamente, me apoiando na pia e cruzando meus braços. — Eu segui o ônibus, esperei tu sair e daí só acompanhei pra onde tu tava indo. — Dei de ombros no momento em que ela abriu os olhos. 

     Gesticulando com as mãos, apontei para onde ficaria o mercado ali perto e continuei. —  Aí eu fui no mercadinho, comprei as coisas e bati um papo com o zelador. Tu sabia que ele tem três filhos? E a mulher dele tá esperando o quarto agora, ele acha que vai ser uma guria. 

     Com isso, ela voltou a abrir a boca e eu me virei para a pia, não querendo aqueles pensamentos de novo. Será que Clara ainda topa sair? pensei, enquanto olhava nos armários por uma tábua de cortar e imaginava que seria expulso dali a qualquer minuto, com fome e de pa'u duro.

     — Tu tem sérios problemas. Tu acha que isso que tu tá fazendo é normal? Porque não pode ser que tu realmente ache que isso é normal. 

    Dei de ombros de novo, olhando dentro de um armário. — Cozinhar é algo super normal. Onde que tá a tábua pra cortar?

     — Nossa, eu sou o Aquiles, eu tenho um nome excêntrico, sou loiro, privilegiado e sonso! — Ela disse na sua maior voz sarcástica, e de repente e sua mão fechou o armário o qual eu investigava, o estrondo quase me ensurdecendo. Olhando para ela, não queria encarar a minha própria morte dentro dos seus olhos, mas não me aguentei. 

     Ela realmente era linda e irritada.

     — Tu acha que por causa disso tu pode entrar na minha casa e ir cozinhando, achando que é dono de tudo? 

     — Não acho, mas, sei lá... É uma oportunidade de tu ver que eu sou a tua melhor opção pra dividir o apartamento. É aquela entrevista que eu comentei, sabe? E eu to com fome.

      Lívia deixou o rosto irritado cair por alguns segundos, mas logo ele voltou acompanhado de um som de derrota. Se agachando, abriu uma das portas de baixo da pia e tirou uma tábua vermelha sem nenhuma marca de faca. Atirando a tábua na minha frente, abriu uma gaveta e retirou uma faca comprida e afiada, atirando ela na minha frente também. 

      Ela bufou e foi para a sala, eu acompanhei ela com meus olhos, virando de novo e me encostando na pia. Assisti ela com um sorriso no rosto que era estranho pra mim, porque era de verdade e era um que eu só mostrava para quem eu considerava minha família, principalmente durante aqueles dias onde sorrir ficava difícil porque não consegui dormir. 

     Decidindo colocar a faca a tábua em uso, sacudi minha cabeça e virei para a pia. Pegando meu celular do bolso, coloquei no aleatório alguma música e comecei a cantar baixinho junto dela. No fundo Lívia parecia estar mais perto de mim, com barulho de cadernos e folhas sendo jogadas em cima do balcão e a sua respiração forte acompanhando o som das canetas dentro de um estojo.

    Eu sorri de novo, gastando mais um pouco da energia que eu ainda tinha, e aumentei o volume da minha música. Ela não estava irritada com a música, isso com certeza, porque dependendo do que o cantor dizia ela repetia em perfeito som, mas logo parava e o som de lápis contra o papel voltava. 

    Cortando os pimentões, me lembrei que ela não tinha me respondido se era alérgica ou não, então me virei, com a cabeça pendendo pra um lado. — Tu é alérgica, afinal? 

     Com a cabeça baixa, ela só levantou os olhos e eu me arrepiei da nuca até o dedão do pé. — Não. 

    Sorri diferente dessa vez, não gastando minha energia com um de verdade, mas queria tentar pelo menos ser simpático. — Tu é muito fofa quando fica irritada, e olha que eu já vi muitas gurias irritadas comigo. 

     O olhar dela diminuiu e entre olhos cerrados largou a lapiseira que tinha na mão. — Alguma delas uma vez, sei lá, quebrou teu coração? Pra tu sofrer do jeito que fez elas sofrerem? 

     — Pra ser bem sincero, não... — Respondi, largando a faca e indo até o balcão. De braços cruzados, imitei a posição que ela estava e me inclinei sobre a madeira que nos separava. A respiração dela aumentou, os olhos se distraindo com a minha boca, mas logo se recuperando. Ela continuava raivosa e eu suspeitava que isso e o fato de ela ter um namorado eram as únicas razões pra ela não ter transado comigo ainda. 

     Deixei meu rosto mostrar o tesão que eu sentia por ela. Era bizarro como ela me enlouquecia, de verdade, mas não pensava muito sobre isso porque normalmente o resto das gurias acalmavam minha vontade. 

     — Mas, se tu quiser, pode tentar. Deixaria tu acabar comigo de várias formas. Principalmente na cama... — Continuei, sorriso de lado.

    A reação dela foi a esperada e logo as suas narinas aumentaram o fluxo de respiração, os olhos de dois tons me encarando podiam virar vermelho puro que eu não ia me assustar, porque aquele olhar dava medo já, e eu quase perdi o sorriso o qual tentava seduzir ela do rosto. 

     — Esquece, porque isso aqui, — disse apontando entre nós dois — nunca vai acontecer. O que pode acontece é eu cortar teu pê'nis fora pra que tu pare de enfiar ele em qualquer humano que ande. Vem cá, quantas vezes tu vai ao médico? 

     Engolindo seco, o arrepio que cruzou meu corpo direto para o meu membro não foi de prazer, mesmo que eu tenha ficado duro com a voz dela baixinha daquele jeito. Decidindo dar um tempo, me virei e voltei para cortar o resto das coisas, quanto antes eu terminasse e cozinhasse, mas perto eu estaria de fazer ela me aceitar como colega de apartamento. 

     — Vou todo o mês, praticamente. Mas que eu sempre uso camisinha, Lívia, não sou tão idiota assim e não estou pronto pra ter uma "cria", acho que nunca vou estar. — Respondi, soltando uma leve risada. 

     Ela bufou e eu logo escutei a lapiseira voltando pro papel. 

     Deixando aquele joguinho de lado, voltei a cozinhar. Cortando o resto dos ingredientes, peguei os tomates pelados de dentro da sacola e os três tipos de massa que eu tinha escolhido. Acabei escolhendo spaghettini pra ser a massa da comida. 

    Pegando um prato fundo, coloquei a cebola que eu já tinha cortado e separei os pimentões vermelhos e amarelos que eu tinha na tábua. Pegando a outra sacola, peguei o azeito de oliva,o pão caseiro que comprei e já estava um pouco velho, e o resto do alho. Cortei o pão, passei o azeite e depois o alho e deixei eles ali enquanto procurava uma travessa e uma panela para o molho a massa e o pão. 

     Era estranho estar naquela cozinha, mas não era estranho estar cozinhando. Macarronada era uma tradição na minha família, e mesmo que estivesse fazendo uma com aquelas massas de pacote, me sentia bem. Tinha algo em dividir uma refeição, e eu esperava que ela visse o porque de eu sempre querer jantar quando convidava ela para sair. 

     Não perguntando pra ela onde as coisas estavam, dei um jeito de me encontrar na cozinha, e em respeito a ela, não baguncei muito o que mexia e lavei tudo o que fui usando e não precisava mais. Tinha que admitir que o apartamento era menor que o meu e eu não estava acostumado àquela organização toda, mas se eu que estava vindo pra lá, teria que me ajeitar de algum jeito. 

     Comecei a fazer o molho, pegando a manteiga de dentro da sacola e o azeite que já estava na bancada da pia. Atrás de mim, o barulho dos papéis tinham parado e eu sentia minhas costas e meus braços queimarem sob o olhar de Lívia. 

     Era o momento perfeito pra me gabar e tentar irritar ela mais um pouco, mas fiquei quieto sobre isso e segui cozinhando. 

     As panelas que eu tinha encontrado quase não tinham marcas e pareciam ter sido compradas recentemente. — Teu namorado não cozinha? 

     Eu queria perguntar também se ele não morava ali, porque o pouco que eu sabia e já tinha visto dele mostrava que ele morava, mas a probabilidade de ela me responder isso era extremamente pequena. 

     — Não te interessa. — Escutei, mas continuei, querendo conversar. 

     — Qual tua comida favorita? 

     — A carne dos meus inimigos, temperada com sal, pimenta e açafrão.  — Disse, sua voz nivelada mas irônica. 

     Rindo devagar, sacudi minha cabeça e continuei dourando a cebola. — Faz sentido. — disse, colocando os pimentões e depois os tomates pelados, esmagando eles com a colher de pau que tinha encontrado na gaveta. — A minha é massa mesmo, e qualquer coisa que minha mãe e meu pai cozinhem quando eles estão aí. 

     — Eu não me lembro de ter perguntado. — Foi o que ela falou, mas eu fingi que não escutei. 

     — Eles trabalham em um cruzeiro e nós sempre fazemos quando eles voltam pra cá.

     — E eu ainda não me importo. 

     Rindo de novo, voltei a me concentrar na comida. Ela podia não se importar naquele momento, mas ia daqui alguns minutos. 


     Escorrendo a massa, coloquei parte dela na travessa e reguei com azeite para que não grudasse. Enquanto ela esfriava um pouco e o molho continuava reduzindo, lavei o resto das coisas que usei e peguei os pratos. 

     O pães já tinham sido dourados na manteiga, e tudo estaria pronto para comer dentro de alguns minutos e seria a primeira vez desde quando eu tinha começado a cozinhar que teria que me virar e encarar Lívia. 

     — Nós vamos comer aqui em cima? — Perguntei assim que me voltei pra ela. 

    Seu rosto já estava me encarando, o marca-texto longe do livro parado na sua frente. Piscando rapidamente ela retirou as coisas dela de cima do balcão, as levando para a mesa de centro da sala. Eu tirei aquele momento para imaginar como seria colocá-la ali em cima, abrir as suas pernas e lamber seu corpo onde eu sabia que ela mais precisava. E eu sabia que ela ia gostar, mas insistia em me dizer não. 

     Ignorando isso, peguei os nossos pratos e comecei a montar a massa com o molho e o pão de alho na lateral. Apresentação era importante se eu quisesse mesmo convencer ela de que era um bom partido pra ela escolher, e por mais que realmente acreditasse nisso, não tinha certeza se estava a altura do seu namorado. 

     Enquanto eu aprontava as coisas, Lívia veio até o meu lado para pegar uma toalha de mesa, eu dei um passo na sua direção sem pensar minhas mãos querendo tocar o seu corpo e oferecer que eu arrumasse tudo, mas quando eu se quer fiz menção de chegar perto dela, fez o espaço entre a gente crescer, os olhos largos e uma inocência atravessou seu rosto. 

     Foi rápido o suficiente para me deixar confuso, mas deixei passar e coloquei nossos pratos prontos no balcão, puxando o banquinho e me sentando na sua frente. 

     — Espero que goste. — Disse, já dando a primeira garfada. 

     O gosto ainda não era o mesmo que o molho feito quando minha mãe estava aí, mas estava bom. Temperado, da textura certa e eu estava feliz com o resultado final, assim como com a reação que ela estava tendo ao colocar o primeiro garfo cheio de massa na boca. 

     Olhando o relógio, vi que estava tarde demais para estarmos comendo aquilo, e cedo demais pra que o jeito que ela comia tornasse uma fonte de pensamentos sexuais. Eu com certeza vou falar com Clara no momento que sair daqui. 

     Ela deixou um gemido escapar ao mastigar, e eu sorri, permitindo que ficasse estranho e gostando do silêncio constrangedor e cheio de tensão. 

     Evitando olhar pra mim Lívia continuou comendo e eu segui todos os seus jeitos, nunca tirando os olhos dela. Era como um vício talvez, eu gostava de ver as mulheres quando elas comiam, e aproveitavam os tempos delas comigo, mesmo que com ela fosse levemente diferente a parte de aproveitar minha companhia. 

     Depois de alguns minutos depois de nós terminarmos, decidi falar. — Tu chegou a ler as minhas respostas? 

     — Sim...— Respondeu, tomando um gole da água que tinha pego alguns instantes antes. 

     — E? — Esperei ela continuar, mas a verdade é que eu via ela lutando contra qualquer coisa que fosse falar. 

     — E eu realmente quero te ver fora daqui o mais rápido possível. 

     — Mas eu continuo aqui...

     — Sim. — Ao falar, suas mãos foram direto pra seu rosto, esfregando os olhos. Eu conseguia ver o vermelho de cansaço neles, e conseguia ver também que aquele era o meu momento. O único que eu ia conseguir pra dizer como precisava daquela chance

     — Olha, meus vizinhos não gostam de mim, meu irmão precisa do meu apartamento atual e meus pais realmente acham que eu estou começando a passar dos limites, e olha que eles não estão aí. 

      Respirando fundo, passei a mão no rosto como ela tinha feito, sentindo de repente a falta de energia que vinha de não dormir e cozinhar daquele jeito. 

     — Eu consigo o dinheiro, eu vou cozinhar, e ajudar no que for necessário e justo pros dois. Mas eu preciso que tu diga que eu posso vir, e de preferência agora, porque eu tenho que sair do apê até domingo. 

     Terminando de falar, juntei as mãos e fiz o melhor olhar pidão que conseguia no meu estado. 

     Murmurando, Lívia começou. — Eu não acredito no que eu estou prestes a fazer. — se levantando, ela pegou nossos pratos e levou o resto de louça para a pia, não me dando mais atenção e fugindo de olhar pra mim. 

      Meu coração começou a bater apreensivo. A verdade é que eu estava realmente feliz, mesmo que me arrependesse dos métodos que tinha usado para estar ali, porque a chance estava tão próxima que eu podia sair dali correndo e gritando de tanta animação. O que eu provavelmente ia fazer, e então passaria para comprar um vinho e na casa de Clara para que eu comemorasse do jeito certo. 

     Lívia quebrou o silêncio. — Tu pode começar a trazer as coisas amanhã. Mas eu preciso do dinheiro do mês adiantado! 

     Apontando pra mim, ela gritou sobre o dinheiro, e eu saltei do banco, realmente feliz. As coisas estavam começando a dar certo desde os últimos meses, e mesmo que eu fosse perder as festas, isso significava que eu teria um acesso ao dia de Lívia que eu com certeza ia aproveitar. 

     Sorrindo, fui na sua direção, e o olhar de inocência e medo passou de novo pelo seu rosto quando eu fiz menção de abraçar o seu corpo. Levantando as mãos, ela substituiu o medo por nojo, e eu me afastei, ignorando aquilo com um sorriso no rosto. Precisava de uma bebida pra comemorar. 

     — Tu não vai se arrepender! — Falei pra ela antes de pegar meu celular e checar se minha chave ainda estava no bolso e fui direto para a porta. 

     Feliz também porque estava fora da mira, porque logo que saí escutei o som de um prato levantando e sendo jogado com força contra o outro na pia. O barulho de talheres e cerâmica quebrando, e Lívia gritando o quão idiota era. 


n o t a  d a  a u t o r a: 

Hello, genteee! 

O que acharam do capítulo? Não deixem de comentar, votar e compartilhar! é a melhor divulgação que podemos receber aqui. 

p e r g u n t a  d o  d i a: O próximo capítulo se chama "ela estabelece as regras". Qual regra vocês acham que Lívia vai deixar bem claro que Aquiles não pode quebrar?

Amo vocês!

Até quarta (ou um pouco antes).

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