Boa noite, Aquiles ✓

By sofianeglia

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" O olhar dava medo e eu quase perdi o sorriso o qual tentava seduzir ela do rosto. - Esquece, porque i... More

intro + sinopse
0. prólogo
1. ela procura
3. ela se nega
4. ele cozinha e convence
5. ela estabelece as regras
6. ele quebra uma das regras
7. ela não consegue dormir
8. ele chega de madrugada
9. ela conhece o resto do grupo
10. ele não quer ela no grupo - pt.1
10. ele não quer ela no grupo - pt.2
11. ela não consegue dormir de novo
12. ele quebra mais uma regra - pt.1
12. ele quebra mais uma regra - pt.2
13. ela tenta ser simpática - pt.1
13. ela tenta ser simpática - pt.2
14. ele conquista algo
15. ela vira gelo
16. ele é fogo
17. ela vê o que não quer
18. ele sente o que não queria
19. ela cozinha e chora (repostado)
20. ele fica
epílogo
epílogo olímpios
nota final
OLIMPIOS REESCRITO!!

2. ele tem que sair

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By sofianeglia


2. ele tem que sair

    Eu já tava bem acostumado com as pessoas falando que eu ia pro Inferno. A maioria das garotas falavam isso pra mim quando eu acabava dizendo a verdade pra elas. O que eu não entendia era como a verdade de eu não namorar me reservava um lugar especial lá, além de não entender como que todo mundo achava que Inferno existia. 

    Queria responder algo que eu tinha visto em um filme, que talvez fosse como uma sauna, mas a minha mãe tinha me ensinado melhor e eu não ia acabar tirando com a cara da guria só porque ela tinha fé em algo que eu estava longe de acreditar. Escolhi ir com o que fizesse ela continuar sentindo raiva de mim. 

     — Olha, eu realmente tentei te avisar...e isso não significa que a gente não possa sair mais vezes? Como amigos?

     A loira que tinha acabado de jogar o conteúdo de um copo cheio de chopp na minha cara e desejado que eu queimasse nos fogos do reino lá debaixo me olhou com olhos grandes e não estava acreditando. Eu não culpava ela, de verdade, nem eu acreditava nas minhas palavras.

     — Vai te f.uder, Aquiles! — Gritou, saindo e indo em direção a pista de dança acompanhada de duas amigas, uma que me jogou um olhar bem feio e outra que já tinha me passado seu número antes daquela cena toda começar.

     Eu sorri de lado pra guria que tinha me dado o número, levantando meu queixo e então vendo ela ir balançando a cintura e a bunda em formato de coração pra longe de mim. Voltando para o meu grupo de amigos, peguei o meu copo que estava com Vênus e levantei ele na sua direção e na de Luan. 

     Chopp pingava do meu rosto pro chão e eu só conseguia rir para os dois.

     Eles eram o mais próximo de amigos que eu tinha naquele momento.

     — O que que aconteceu pra essa piranha enlouquecer? — Vênus perguntou, acompanhando a minha risada e com a voz alta por causa da música que aumentava toda vez que abriam as portas pra pista.

      Apoiada no balcão do bar, deu uma olhada séria para um dos funcionários e eles jogaram uma toalha pra ela, que logo foi secando a minha camiseta que estava encharcada. Pelo menos não era uma das mais caras. 

     Pegando da sua mão, sequei meu rosto também, aproveitando.

     — Sei lá, — falei rindo — ela só não sabe a sorte de quem é minha amiga. 

      Fornecendo uma piscadela para Vênus, ela só levantou uma sobrancelha e sacudiu de leve a cabeça, jogando a toalha de volta para o cara do bar. Ela podia dizer qualquer coisa, mas ela sabia que era uma boa, principalmente porque ela tinha provado dos meus dotes mais do que qualquer outra pessoa. Podia se passar nas suas decisões, mas ela com certeza sabia como me agradar também, e era um acordo nosso. Era simples. 

     Pegando o meu celular, vi quantas horas adentro da madrugada já estávamos e fiquei encarando o número da amiga da loira. Dando de ombros, estendi o celular para Luan.

     — Aproveita e pega pra ti o número da outra. — Disse. Eu falei como se não me importasse muito, se bem que no final não me importava mesmo. Luan era um cara legal, mais legal que eu, por mais que fosse um pouco baixinho e tivesse uma beleza diferente. 

     — Nah, cara. To de olho em outra. — Segui pra onde ele examinava uma morena de cabelos curtinhos e corpo pequeno, em todos os sentidos. Ela estava com um vestido sem mangas e curto, só que era solto e mais parecia uma camiseta gigante. Eu assenti, era mais o tipo dele do que a amiga de cabelos compridos e roupas apertadas, só que isso não significava nada. 

     — Para, meu. Pega o telefone, fica de reserva. — Joguei o celular no seu peito, o que fez ele agir rápido e pegar o objeto mesmo não querendo e balançando a cabeça devagar do mesmo jeito que Vênus tinha feito. 

     Ele agradeceu, quieto, ainda olhando para a outra guria, mas colocando o copo dele no bar e passando o número mais recente pro celular dele. Não entendia como que ele conseguia escolher só uma no meio de todas as pessoas que estavam ali, mas ele tinha essas coisas de escolher uma só e tentar ficar com ela por toda a noite se ele pudesse. Era comum nos meus amigos, pensei.

      Virando minha bebida inteira, ignorei ele e fui para a fila de pedidos do bar. Shots era a palavra que repetia dentro da minha cabeça e era exatamente o que eu precisava pra esquecer que estava fedendo a chopp e todas as outras coisas que eu quisesse.

     Pedindo quatro shots e mais uma long neck quando chegou a minha hora, fui para mais perto dos outros dois. Os atendentes já sabiam quem nós éramos, mesmo que eu nunca conseguisse gravar o nome deles, e por nos conhecerem não precisava ficar olhando ou esperando demais. 

     Chamando nossa atenção, o funcionário foi colocando os quatro copos de shot na nossa frente e os enchendo de tequila. Virei os meus dois copos e entreguei o resto para os meus amigos, pegando minha cerveja e indo com a bebida na direção dos dois, brindando. Piscando para eles logo depois de descer o gosto da tequila com a cerveja gelada.

     Pegando meu celular, olhei de novo as horas e por mais que estivesse evitando, comecei a pensar que tinha feito coisa errada. 

      — Acho que eu vou ir. — Disse, deixando a onda de lucidez cair em cima de mim. 

      Os dois me olharam como se eu fosse louco.

     — Mas a gente sempre sai por último! — Luan disse. 

     — Mais um shot então. — Vênus disse, agarrando o meu pulso.

     E eu queria muito mais um shot e terminar aquela cerveja inteira, mas no fundo da minha cabeça uma vozinha ficava falando que era melhor eu ir pra não acabar piorando as coisas. Eu ignorei a voz e escutei a que repetia para eu tomar mais um shot. 

     Ri de novo sem muita vontade e dessa vez nós três fomos para a fila, eu tomando rápido a cerveja que tinha nas minhas mãos e pedindo que o efeito do álcool que eu tinha tomado fizesse algum efeito enquanto Vênus olhava um cara e sua namorada e Luan continuava perseguindo a garota dos cabelos curtos. 

    Eu bebi aquele shot e falei que ia embora, mas passei pelas portas da pista de dança e acabei gastando tempo conforme a batida ensurdecia. Eu pulei, senti o chopp da minha camiseta misturar com o suor e senti as mãos de algumas gurias passando direto na minha barriga, sentindo meus músculos. 

     Era o que eu gostava e sabia fazer, mas quando eu fui embora da pista e fui buscando ar de volta para meus pulmões, as coisas não estavam exatamente ao meu favor. 

      Não que as paredes estivessem girando, mas com certeza estavam caindo de um lado pro outro, enquanto eu caminhava pelo corredor até o meu apartamento. Apoiando uma mão na parede, fui indo e seguindo ela até a minha porta. 

     O bolo das minhas chaves brilhava com a luz automática do corredor e tudo estava claro demais, fazendo com que minhas pálpebras começassem a grudar uma na outra e achar a chave de casa demorasse um pouco, mas ela veio pros meus dedos depois de alguns segundos, minutos. Eu agachei bem devagar para ficar no mesmo nível que a maçaneta e me concentrei em colocar ela no buraco certo. No buraco certo... ha, que ridículo. 

     Balançando minha cabeça pros meus pensamentos, de repente o efeito começou a piorar, mas eu só conseguia rir e eu estava bem assim, até a porta abrir sozinha. Meus olhos estavam estranhos ainda, mas eu conseguia o melhor que eu podia ver o meu irmão com uma mão no quadril e o rosto todo amassado de quem tinha dormido sem querer.

     — Entra logo. — Ele disse, a voz irritadiça e com sono.

     — Hum, obrigado. — Falei, sorrindo de boca fechada e sofrendo por causa de todas as luzes da sala. Ele ia saber certinho que eu tinha misturado minhas bebidas e isso não facilitava muito quando eu tentava parecer menos bêbado. 

      Entrando no meu apartamento, joguei as chaves na mesa de jantar, mas o cálculo estava um pouco fora e eu não vi nas matemáticas como as coisas ainda ficavam indo de um lado pro outro, e a chave foi parar direto no chão, o barulho alto fazendo o meu ouvido gritar. Levantando a mão, acalmei o som que ecoou pela sala e continuei até o sofá. O sofá sempre era melhor.

     — Aquiles... — Apolo disse com o tom de voz que era pra ser como o do nosso pai, mas nem o pai falava daquele modo comigo. O meu irmão se decepcionava sem motivos, porque se nem meus pais ficavam daquele jeito, me olhando e massageando a cabeça como se eu fosse a causa de todos os seus problemas, Apolo provavelmente estava fazendo drama. E estava acontecendo bem seguido aquelas conversas, o que causava ressacas antes da hora em mim. 

    Ele precisava relaxar.

    — Amanha a gente fala, ainda é noite. — As palavras saíram fáceis, mas eu ainda sentia minha língua batendo demais pelos meus dentes. 

     — Sim, cara! É noite. Madrugada! — Ele gritou e eu senti meu estômago revirar quando eu me sentei no sofá, me afastando da sua voz. — Eu esperei aqui desde o final da tua aula, já tinha combinado tudo contigo, tinha coisa séria pra falar. 

      Soltando o ar de dentro do meu pulmão, acalmei minha barriga pra que ela não me traísse. Meus olhos ainda estavam se acostumando com a claridade das luzes e ele logo percebeu, porque foi e desligou as lâmpadas da sala, deixando só a da cozinha iluminando todo o lugar. 

     Respirando em tranquilidade, abri os olhos e as coisas voltaram a se mexer, mas mais devagar que antes. — O que que é tão sério assim? 

     Tirando os meus tênis e minha blusa, joguei elas para o canto, meu corpo não sentindo se estava frio ou calor, mas alegre pela liberdade e agora sem cheiro de chopp.

     — Aquiles, tu vai ser expulso daqui, os vizinhos estão reclamando direto dos barulhos e tu sofreu outras três multas esse mês. — Começou, se sentando e colocando a cabeça nas costas do sofá. — Nós somos donos do lugar, mas assim não dá mais. 

     Deixei ele continuar falando, e tudo que vinha na minha cabeça era que eu gostaria de uma cerveja de novo. 

     — Olha, o que era mais sério é que eu e a Aimée logo vamos precisar de mais espaço. Então, meio que tu vai ter que sair.

      O que Aimée tinha a ver com tudo aquilo eu não entendi. — Eu sempre paguei as multas. — Falei, me sentando do mesmo jeito que ele. — Se eu tivesse ficado com a nossa TV não ia fazer tantas festas. Te fo.de, Apolo.

     Apolo olhou pra mim como se eu tivesse duas cabeças quando eu falei aquilo, e olhando pra ele enxerguei uma cabeça e meia. Acho que o efeito realmente tinha batido.

     — Tu comprou uma TV melhor...

     Dei de ombros, olhando pro teto e vendo nele estrelas neon que nem existiam lá. Mas eu tinha quando ainda morávamos na nossa antiga casa. Meu teto tinha estrelas, e eu tinha minha mãe contando que elas eram uma lembrança dos deuses lá de cima, e que as coisas teriam sido muito diferentes se ela pudesse reescrever a história. Sentia falta.

     — Tu tem uma semana pra sair. — Apolo continuou quando eu não disse nada e já estava me acostumando com o silêncio, a voz dele de decepção e como alguém que tinha desistido de conversar comigo. Depois daquilo ele só se levantou e foi pro meu quarto, o barulho dele no celular indo junto.

     Eu acenei com a cabeça, com sono demais pra responder e pensando que no fundo era o que eu queria. Quem estava ganhando era eu. Já sabia das multas, era só parte do meu plano. 

     Me levantando, fui até a mesa de jantar, me segurando em tudo o que eu conseguia e indo bem devagar pra não tropeçar nas roupas espalhadas pelo chão. Eu abri minha mochila e peguei a folha com as 15 perguntas mais idiotas e inteligentes que eu já tinha visto. 

     Dessa vez eu peguei uma caneta e me acomodando com uma das almofadas do sofá, me deitei e puxei um lençol que já estava ali da noite anterior, lendo do melhor jeito que eu conseguia as letrinhas daquele papel, mas largando ele de lado quando minha cabeça começou a doer. Aquela não tinha sido a melhor ideia.

     Só sabia que Lívia ia ter que admitir que mesmo que ela me odiasse eu preenchia todas aquelas merdas de requisitos, era hora de ela me dizer pelo menos um sim. 


n o t a  d a  a u t o r a: 

AAAAH, o que acharam?  Vênus está de volta...

Mas, mesmo com ela, espero que tenham gostado dela primeira introdução de Aquiles, apesar de ele estar bêbado. hehe

Beijoos! 

As atualizações do livro serão toda quarta-feira!

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