Castelo Minori - O Lado Sombr...

By AmandaMartins596

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------Atenção! Esse é o segundo livro da história Castelo Minori------ Diana nunca imaginou que a cor de seu... More

⇜Prólogo⇝
Capítulo 1 - Na Estrada Novamente.
Capítulo 2 - Imortalidade.
Capítulo 3 - Pedido de Ajuda Inesperado.
Capítulo 4 - Desavenças.
Capítulo 6 - Uma Proposta Arriscada.
Capítulo 7 - Três Nunca é Demais...
Capítulo 8 - Boas Vindas Não Tão Boas...
Aesthetics dos Personagens
Capítulo 9 - O Guardião da Lótus?
Capítulo 10 - Os Três Anciões.
Capítulo 11 - Visitas Inesperadas.
Capítulo 12 - O Início de uma Guerra.
Capítulo 13 - "Aquela que não devia existir".
Capítulo 14 - Arco de Fogo.
Capítulo 15 - Segredos.
Capítulo 16 - Perigos nas Sombras.
Personagens
Capítulo 17 - Vermelho como o Sangue.
Capítulo 18 - A Grande Fera Marinha...
Capítulo 19 - Ajoelhe-se!
Oi S2
🎀 Grupo no Whatsapp 🎀

Capítulo 5 - Despedidas ao Luar.

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By AmandaMartins596

Nome da música: Chaos Chaos (formerly Smoosh) - Do You Feel It? 

*Diana narrando*

Eu sei que parecia loucura ajudar uma sereia, e que elas não eram iguais aos contos de fadas que toda criança conhecia. Mas se minha ancestral deu sua confiança a elas e acabou se tornando sua amiga, isso quer dizer que elas são de confiança e não me machucarão. E por elas estarem a procura de ajuda a nós humanos, deve ser algo realmente importante. Importante e perigoso.

Ao contar toda a historia a eles, todos me escutaram com expressões sérias. Aisha não parava de balançar a cabeça em negação e caminhar de um lado para o outro. Eu até entendia sua preocupação comigo por conta do que havia acontecido alguns meses atrás. Mas se eu tenho a oportunidade de ajudar alguém, ainda mais alguém que tenha laços com a Alana, eu vou até o fim.

- Viram! Agora não vão me dizer que isso não é uma loucura! - disse Aisha.

- Bem, eu concordo com a Aisha - disse Ária ao me olhar de um modo sério.

- Ela insiste que eles são bonzinhos e não farão nada, só porque a ancestral dela era amiga deles - Aisha disse ao ficar do lado da Ária. - E mesmo que um de nós acompanhe a Diana nessa... "aventura", ainda pode existir algum perigo. Aquela sereia pediu ajuda, mas não especificou o real motivo.

- No livro diz que a Lótus fica dentro de uma caverna no fundo do mar, nele não diz nada sobre ter algum perigo - disse enquanto olhava para ambas. - Mas... se eles precisam da minha ajuda, da ajuda de um humano que possui poderes, bem, deve haver algo nessa caverna que eles devem temer.

- Exatamente! E mesmo chegando a essa conclusão, você ainda pretende ajuda-la? - Aisha disse ao me olhar de um modo sério.

- Pretendo, eu prometi que a ajudaria, Aisha.

Aisha se aproximou de mim e colocou sua mão em meu ombro - Promessas as vezes podem ser quebradas, azulzinha. 

Abaixei sua mão e sorri - Sim, mas... quando eu faço uma promessa, eu a cumpro. Já disse para não se preocupar, tudo vai ficar bem.

- Ah... eu não resisto a esses olhinhos - Aisha disse ao cruzar seus braços e olhar de lado.

- Bom, já que a Diana vai mesmo ajudar essa sereia... quem vai com ela? - perguntou Luke enquanto olhava ao nosso redor.

- Bem, se eu não tivesse medo do mar eu poderia ir com ela - disse Megan. - Mas por eu ter virado sua amiga a pouco tempo, acho que não seria bom eu ir também. É melhor que seja alguém que ela conheça a muito tempo.

- Verdade, e mesmo se eu pudesse ir, eu não me dou bem com a água - disse Michele um pouco tímida. - Para vocês terem noção, eu tenho sempre que tomar banho rápido ou deixar o chuveiro ligado só para me enxaguar. E por esse curto tempo, eu fico um pouco cansada. A água me enfraquece.

- Isso explica por que o Jared sempre fica longe das piscinas - disse Luke.

- Pois é... O nosso poder pode até ser forte e perigoso, mas pode ser contido facilmente se algum de nós atacar alguém.

- Bom, então já podemos excluir o Jared, ele não vai poder ir - disse Luke ao cruzar os braços.

- Na verdade, eu já tinha alguém em mente - disse enquanto olhava na direção do Luke. - Quero que você vá comigo, Luke.

Luke começou a tossir por ter engasgado com a própria saliva e depois olhou para mim bastante surpreso - E-Eu? Você quer que eu vá com você?

- Hum... Sim, há algum problema?

- Bom, nenhum... é só que fiquei surpreso mesmo. Eu vou, com certeza! Na verdade eu até estou um pouco feliz. Sempre quis conhecer o mar e principalmente me perder nele... 

- Ah, sim... eu te entendo, Luke - disse em um tom animado.

- Dominadores da Água... - Aisha disse enquanto balançava sua cabeça em negação. - Luke então vai virar uma sereia, é? Vai ficar uma gracinha com uma cauda rosa.

- Um tritão, senhorita Aisha! - disse Luke ao arquear uma sobrancelha. - E quem disse que eu vou ter uma cauda rosa?

- Ah, qual é?! Uma cauda rosa combinaria muito com você.

- Nem vem, Aisha - disse Luke ficando de costas para ela. 

- Talvez nem cauda iremos ter, Aisha - disse enquanto sorria.

- Eu acho que vão ter sim - disse Melissa. - Vocês não vão conseguir acompanhar as sereias apenas confiando em suas pernas. Bem, só se elas forem capazes de transformar suas pernas em uma cauda.

- Bem, se aquela sereia que foi atrás da Diana conseguiu trocar sua cauda por pernas, ela deve conseguir fazer isso com um humano - disse Aisha.

- Mas e se isso for automático para ela? No momento em que ela tem contato com a terra, ela perde sua cauda e ganha pernas - sugeri.

- Se ela vai fazer vocês respirarem em baixo da água, também será possível ela dar uma cauda para vocês - disse Morfeus.

- Gente... dá uma pausa ai, isso está me dando dor de cabeça - disse Ária enquanto massageava suas têmporas.

Toda a nossa atenção foi direcionada no barulho que vinha da floresta. Isso só significava uma coisa...

- Mais alunos estão chegando! - Nathaniel disse enquanto sorria de lado.

- Será que é a van dos outros que chegou? - Morfeus perguntou.

- Jared vai adorar saber que o Luke vai virar uma sereia - Aisha brincou enquanto olhava em sua direção.

- Tritão! Eu vou ser um tritão! - Luke a corrigiu com uma expressão séria.

- Vamos indo, então? - Morfeus disse ao apontar a direção.

- Bem, aqui eu os deixo. Tenho que esvaziar as minhas malas, mas foi uma honra poder conhecer todos vocês. E não se preocupe muito com o seu irmão, Nathaniel. Tenho certeza que tudo vai dar certo entre vocês - Michele disse enquanto se afastava de costas lentamente.

- Obrigado, Michele - Nathaniel assentiu. - Espero mesmo que isso aconteça.

- Espera, eu também vou com você... - Megan disse ao ficar do lado da Michele.  - Nós nos esbarramos por ai, pessoal.

Elas então acabaram se separando de nós. Seguimos o nosso caminho até a entrada principal para ver se alguém do nosso grupo estava entre os alunos que estavam passando por ele. Luke andava a passos rápidos, ele parecia mais ansioso que todos nós presentes.

Ao chegarmos no local, muitos alunos estavam passando pela entrada, mas não dava para saber se era o restante deles, já que a quantidade diminuiu por conta da notícia do retorno do Dragor.

- Nosso ruivinho veio, Jared! Estamos aqui! - Aisha disse enquanto acenava.

Jared sorriu ao nos ver e começou a vir em nossa direção.

- Olá, pessoal! É muito bom poder vê-los de novo - Jared disse um pouco ofegante por conta das malas que ele carregava com sigo.

- Oi, Jared! Como foi suas férias? - disse indo até ele para dar lhe um abraço.

- Entediantes! - brincou ele após me abraçar. - E as suas?

- Até que foram legais - disse enquanto sorria.

- Você se sente melhor em relação a Alana? - disse ele em um tom preocupado.

- Ainda é pouco difícil, admito. Eu a sentia o tempo todo comigo, mas agora ela não está mais presente - o respondi de cabeça baixa. - Eu... vou me acostumar com isso, com o tempo.

- Você tinha uma conexão muito forte com ela, mas isso não significa que você perdeu ela. Ela continua com você, aqui dentro - disse ele ao apontar no rumo de seu coração.

- Você tem razão, obrigada, Jared.

- Alô! Ainda estamos aqui... - disse Ária enquanto acenava. - É só eles se juntarem que tudo se apaga ao redor deles.

- Ah, nem me fale... - disse Aisha enquanto cruzava os braços.

- Isso também é chamado de ciúmes - Nathaniel brincou.

- Acho que alguém está querendo apanhar de uma certa noiva - Morfeus disse enquanto sorria.

- Ela sabe que eu estava brincando, não sabe? - disse ele ao abraçar a Ária pelas costas. 

- Vou ver se penso no seu caso, Nathaniel.

Melissa sorriu enquanto olhava para o casal e disse - Eles são tão fofos.

- Ela não veio... - Luke disse em voz baixa enquanto observava os últimos alunos passando pela entrada.

Humm... Ela quem? - Aisha disse dar um leve empurrão em seu ombro. - Por acaso seria uma pessoa que começa com S?

- O-O que? Eu não sei do que você está falando - disse ele um pouco vermelho.

- Ela me contou que vocês conversaram muito nas férias, por mensagens - Aisha disse com um sorriso malicioso no rosto.

- Ela contou? - disse ele bastante surpreso.

- Não, mas parece que eu acertei.

Luke limpou a garganta e foi até o Jared - Jared, precisa de ajuda com as malas? - disse ele fugindo da Aisha. 

- Ei! Não fuja do assunto! 

- Claro, amigão! - Jared disse ao entregar uma das malas para ele. - Bem, vamos levar essas malas para o quarto e depois nos encontramos de novo.

- Desculpa, Aisha, mas ele vai fujir sim... - disse ao dar tapinhas em seu ombro.

Jared acenou apara nós enquanto sorria e foram em direção a entrada do castelo.

- Jared! Seu traíra! - gritou Aisha enquanto os observava.

- Bem, eu também vou me separar de vocês. Preciso ir ver o diretor Magnus - disse indo lentamente para o castelo. - Vejo vocês no refeitório, okay?

- Está bem, Diana - disse Melissa.

Segui meu caminho sem pressa, eu precisava contar sobre as sereias para o Diretor. Mesmo sabendo que ele acabaria me impedindo de ajuda-la. Mas eu não poderia esconder isso dele, sua reação seria pior.

*Jared narrando*

- Tem uma coisa que preciso te contar, maninho - Luke disse ao entrarmos no quarto.

- Estou ouvindo! - disse ao colocar minha mala em cima da cama.

- Uma tal de sereia pediu ajuda a Diana, e ela acabou aceitando e...

- Espera... você disse... sereia? - disse ao me virar em sua direção. 

- Sim, você ouviu certo. Parece que está tendo umas complicação no reino dela, e pediu ajuda a Diana - disse Luke ao colocar minha outra mala na cama.

- Okay, deixa eu adivinhar... Diana aceitou ajuda-la.

- Acertou! 

Deixei um suspiro escapar e me sentei na cama - A Diana tem que parar com essa mania de querer ajudar todo mundo, ela vai acabar se machucando uma hora.

- E quem somos nós para tentar fazer ela pensar o contrario? Você sabe muito bem que quando ela está decidida em algo ela não volta atrás. Aisha já deve estar cansada de tentar fazer ela mudar de ideia... Mas não se preocupe muito, eu vou estar ao lado dela.

- Não me diga que você também vai?

- Vou, a sereia falou para ela escolher alguém para acompanha-la.

- Então você vai virar uma sereia também? - brinquei enquanto sorria.

- Tritão, Jared! Vou ser um tritão! Já não basta a Aisha que ficou falando isso, agora você também?

- Relaxa, estou brincando com você - disse enquanto me erguia. - Você deve estar bastante feliz por acompanha-la.

- É claro! Vou conhecer o mar! 

- Eu não me referia a ele...

- O que? Não... eu não tenho mais sentimentos por ela, Jared. Na verdade, eu estou gostando de outra pessoa.

- Oh... E quem seria essa pessoa misteriosa?

Ele deu um grande sorriso e olhou em direção a janela - Talvez muito em breve você descubra.

*Diana narrando*

Ao andar pelos corredores eu pude ver que tudo estava exatamente igual. Alunos indo e vindo, risadas e reencontros de amigos. Estar de volta era reconfortante e eu nunca me cansava disso. Mas só de pensar em ver tudo isso se transformando em apenas lembranças, era doloroso. Mas no fundo eu estava feliz por ver tantos alunos motivados a protege-lo.

Motivados a proteger a sua segunda casa.

Ao ficar em frente a sala do diretor, pude ouvir conversas vindo de dentro. Pensei em voltar outra hora mas acabei batendo na porta mesmo assim. Depois de alguns segundos, o diretor disse para que eu entrasse.

- Oh! Bom dia, Diana. Acabou de chegar? - perguntou o diretor assim que eu entrei.

- Ah, não. Cheguei já faz um tempinho - olhei para o outro lado e vi o professor Cloud me observando com atenção. - Bom dia, professor Cloud.

- Bom dia, Diana - disse ele ao sorrir.

- Então... o que eu posso fazer por você, Diana? - perguntou o diretor.

- Bem, quando eu estava sendo trazida para o castelo, em um dos dormitórios eu tive uma visita. Uma sereia veio até a mim para pedir ajuda.

- Ajuda? Sua ajuda? - perguntou o professor com um olhar curioso.

- Sim, ela disse que sua família conhecia a minha ancestral. Por isso ela viu que eu poderia ser confiável, eu acho.

- O que ela exatamente quer? - perguntou o diretor calmamente.

- O seu reino está correndo perigo, seus pais são os únicos que podem manter a calma. Alguém acabou os envenenando, por isso eles se encontram em coma. O único jeito de salva-los é indo atrás de uma flor que pode curar tudo. Mas eles só vão conseguir chegar nela com a minha ajuda. E eu acredito que se eu não os ajudar, isso pode acabar interferindo no nosso mundo.

O diretor Magnus mexeu em se cabelo e se ergueu da cadeira.

- Diana... com toda a certeza você vai querer ajuda-los, certo? Mas eu não posso permitir isso. Não será igual a daquela vez em que você ficou em perigo, poderá ser pior. Eu não vou me perdoar se algo acontecer com você. Meu papel é mante-los seguros no momento, ainda mais agora com o Dragor de olho em nós.

- Mas... Diretor Magnus...

- Ele tem razão, Diana. Não podemos permitir que você corra perigo outra vez - disse o professor Cloud. - Sinto muito.

De repente a porta se abiu bruscamente e Lizzy apareceu logo em seguida.

- Vocês não podem impedi-la de ir.

- Elizabeth! Mas se ela for vai estar correndo perigo outra vez - disse o diretor Magnus.

- Magnus, quem é o Oráculo aqui? - disse Lizzy com uma voz séria. - Ela precisa ir nesta missão vocês querendo ou não. Não interfiram.

- Não interferir... É com você disse, você é o Oráculo. É a unica que sabe o que vai acontecer, e por nós não sabermos o que vai acontecer, não queremos que ninguém se machuque por causa dele - disse o professor de forma calma e com uma expressão séria. 

- Eu entendo a preocupação de vocês, mas não há outro jeito. Deixem a Diana ajudar esta sereia. Deixem que o destino tome este rumo.

Todos direcionaram seus olhares em mim e eu simplesmente não sabia o que falar, eu nunca pensei que eu teria um proposito importante nisso tudo. Eu era apenas uma garota que tinha nascido com cabelos azuis. Era apenas nisso que eu pensava.

Lizzy segurou minha mão e eu acabei voltando para a realidade, ela sorriu para mim e depois olhou para os dois.

- Apenas confiem em mim, está bem. Agora, se me derem licença, vou rouba-la de vocês. Vamos, Diana.

Enquanto Lizzy me puxava para fora da sala do diretor, fiquei olhando na direção deles enquanto uma preocupação se mantinha em seus rostos.

Caminhamos em silêncio pelos corredores até chegar no jardim dos fundos, ela soltou minha mão e começou falar.

- Depois que tudo aquilo aconteceu eu andei um pouco sumida outra vez, certo? Então vamos por a conversa em dia.

- Tudo bem, eu estou a ouvindo - disse enquanto a olhava caminhar do meu lado.

- Humm... por onde eu começo? Ah! Eu fiquei bastante aliviada por você não ter se tornado um ser imortal.

- Aliviada? Por quê?

- Tomar decisões é fácil, Diana. Continuar seguindo ela sem ter como voltar atrás já é outra história. Por mais que você estava decidida a fazer isso, no fim você acabaria caindo. Falo isso por experiência própria.

- Você se arrependeu da sua decisão? 

- Depois de alguns dias eu acabei me arrependendo, já a minha irmã se acostumou rápido. Era como se ela já fosse um ser imortal desde de seu nascimento - ela parou de andar e se abaixou para ver uma formiga grande carregando uma folha. - Sabe o que era mais difícil? As despedidas, Diana.

- Despedidas? - disse enquanto a observava com atenção.

- Dar adeus aos meus amigos - ela se ergueu e ficou olhando o horizonte a sua frente. - Durante a minha vida, eu fiz muitos amigos. Vi eles crescendo e construindo famílias. E depois os vi perecer. E por eu ser o que sou, eu consigo me lembrar de todos. Sua aparência, seu nome. É como se eu tivesse uma biblioteca na minha cabeça. E quase todos os dias, um novo livro se junta aos demais. As vezes os livros contém o mesmo título, a mesma história... mas há finais diferentes.

- E você escolheu um deles, certo? Um em que meu nome se destaca.

- Não apenas o seu... - Ela virou em minha direção e segurou as minhas mãos com firmeza. - Mas agora é com você que a história vai começar. Eu adoraria compartilhar o conteúdo deste livro com você, mas estou proibida de dar spoilers. 

Ela soltou minhas mãos e piscou para mim - Nós vemos depois, Diana. E não pense muito no que discutimos, apenas confie em si mesma.

Depois disso, eu me juntei ao meu grupo de novo para almoçarmos, a maioria de nós resolveu passar a tarde toda na biblioteca do castelo. Luke e Jared resolveram jogar vídeo game, como sempre. E dessa vez eu resolvi manter em segredo o que a Lizzy havia contado para mim, não queria preocupar ainda mais os meus amigos.

*Mirella narrando*

- Bom, já são oito horas da noite, você já arrumou tudo? - perguntei ao Erick se encontrava deitado no sofá com um livro em mãos.

Ele se ergueu ao me ver e deixou seu livro de lado.

- Claro! Está tudo pronto, minha capitã - brincou ele ao fazer uma continência.

- Já conversou com a Diana? - perguntei de braços cruzados e com uma sobrancelha levantada.

Ele olhou para baixo e coçou a cabeça - Bem... sobre isso... 

- Estou vendo que não. Trate de conversar com ela enquanto vou a um lugar - disse enquanto ia em direção a saída do dormitório.

- Onde vai? - disse ele ao sair do sofá.

- Hum... depois te conto, bye! - disse ao acenar para ele.

Depois que eu sai do local do Dormitório, olhei para trás para ver se o Erick havia me seguido e ao confirmar que não, abri o meu portal e passei por ele. Ao ficar do outro lado, respirei fundo enquanto observava o castelo do Dragor bem a minha frente. Um lugar que eu achava que nunca mais ia voltar.

Antes de dar o meu primeiro passo, olhei a minha volta e fiquei invisível. Comecei a andar em direção a porta dos fundos, mesmo tendo a certeza de que não havia mais ninguém no castelo.

Eu fiquei parada em frente a porta e deixei que meu olhar se direcionasse ao jardim que estava bem próximo de onde eu estava. Deixei que minhas memórias tomasse conta de mim e vi aquela garotinha correndo na grama enquanto olhava para trás para ver se o seu querido pai a seguia. E de fato ele a seguia com um sorriso no rosto. Aquele sorriso enigmático que só ele tinha, e só ela entendia.

Quando eu ainda era criança, Dragor costumava ser mas fraternal. Ele as vezes até brincava comigo. Eu sempre me perguntava se algum dia eu voltaria a ver esse lado que ele tanto lutava para mante-lo, e ao mesmo tempo destruí-lo.

Mas depois de ter lido aquela carta, apenas a raiva estava presente em mim. Ele se sentia traído? E eu? Eu é quem devia se sentir assim. A minha vida toda eu acreditei que ele me amava como sua filha, e que não estava sendo usada como um objeto para entretê-lo.

Eu queria faze-lo engolir aquela carta.

Eu queria faze-lo dizer tudo aquilo na minha frente.

Respirei fundo e voltei a olhar para a porta, ao encostrar na maçaneta, percebi que havia uma camada de poeira nela, me provando que realmente não havia mais ninguém no castelo. A porta emitiu um pequeno rangido assim que eu a abri, olhei ao redor antes de entrar e depois tirei a poeira que havia em minha mão.

Dentro do castelo parecia estar mais frio do que do lado de fora, os moveis estavam cobertos por lençóis brancos. O teto e os lustres estavam cobertos por teias de aranhas, os quadros tinham uma camada espeça de poeira. O castelo estava abandonado.

Mas mesmo assim eu continuei andando sem fazer um único barulho, olhando para todos os cantos a procura de algum movimento suspeito.

Após chegar na escada principal, a cada degrau que eu subia meu coração batia mais forte. E se o Dragor ainda estivesse neste local? Apenas esperando o retorno de sua filha. Mas quem eu queria enganar? Ele deixou bem claro naquela carta, e ainda queria que eu abrisse o portão do castelo para ele entrar.

Ao ficar em frente a porta do salão em que ele costumava passar o seu precioso tempo, recuperei o meu folego e movi minha mão para maçaneta. Fiquei visível e a girei lentamente. Eu abri a porta e para a minha surpresa, Dragor não estava presente. Apenas o seu velho piano ocupava o local. Mas havia algo nele que acabou chamando minha atenção, eu então me aproximei e reconheci o objeto que estava em cima dele. Era um ursinho de pelúcia que eu costuma levar para todos os cantos do castelo quando eu era criança.

- Você nunca se distanciava desse urso quando era criança, corria por todos os cômodos enquanto o segurava firme com suas pequenas mãos.

Ao reconhecer a voz atrás de mim, eu me virei rapidamente enquanto segurava o pequeno urso de pelúcia, sentindo o meu coração batendo rápido. Ele estava escorado na porta com seus braços cruzados.

- Você o chamava de Senhor Ding, certo? - continuou ele enquanto me lançava um olhar frio.

Eu tentei recuar mas senti o piano atrás de mim, por mais que meu objetivo era reencontra-lo, eu não sabia o que fazer ou falar. A pessoa que estava em minha frente parecia ser completamente outra.

Ele sorriu ao ver a minha reação e deu um passo para frente - Está com medo de mim, Mirella?

Deixei de lado tudo aquilo que eu estava sentindo e voltei a minha postura normal.

- Desde quando eu tenho medo de você? - disse com firmeza.

Ele sorriu novamente e descruzou seus braços - Exato! Afinal... eu criei você. Aliás, você recebeu a minha carta?

Sentindo meu rosto ferver, tirei ela do meu bolso e após amaça-la, eu a joguei em sua direção - Eu recebi a sua maldita carta! Como... como você teve coragem de dizer tudo aquilo para mim? E ainda em forma de carta... Eu... Eu realmente não signifiquei nada para você? DIGA ISSO NA MINHA FRENTE!

- Se você significou algo para mim algum dia, eu já não tenho mais certeza. Depois que seus amiguinhos quebraram a maldição, algo em mim se rompeu. Na verdade eu me sinto mais livre agora, não estou acorrentado a mais nenhum sentimento ou a alguém.

- Não se sente mais acorrentado? E quanto a Red Rose?

- Red Rose... - sua expressão ficou serena e ele começou a caminhar em direção a sacada. - Ainda pretendo seguir com o meu objetivo.

- Então você está mentindo para si mesmo, ainda está acorrentado a ela e ao passado. Mas a mim não...

Estando de costas para mim, ele virou um pouco seu rosto para me olhar de canto, a luz da lua iluminou-o e dessa vez havia tristeza em seu olhar - Seu lugar não é mais ao meu lado - Ele se virou por completo e continuou. - Um dia eu até posso ter amado você, mas hoje eu já não sinto mais nada. Não há como voltar atrás, não há como me salvar... E nada poderá me impedir de concluir meu objetivo.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu acabei deixando elas caírem em sua frente, após ele ver meu estado, se aproximou de mim lentamente e acariciou minha cabeça de uma forma reconfortante. Eu inclinei minha cabeça par cima para poder olhar em seus olhos e depois fui surpreendida ao vê-lo segurar rapidamente meu pescoço. Segurei sua mão para tentar me soltar dele mas ele era mais forte que eu. Seus olhos vermelhos brilhavam ao me ver tentar escapar dele.

- Plantei uma armadilha e a ratinha acabou caindo, você não devia ter voltado.

- Seu... monstro... - disse enquanto sentia meu folego se esvaindo.

- Bom, acho que agora eu me tornei um.

Ainda segurando meu pescoço, ele me suspendeu e me jogou contra a parede. Sentindo algo escorrer pelo rosto e vendo tudo ao meu redor girar, tentei me erguer enquanto olhava em sua direção. Todo o local estava coberto com suas sombras, ele andava lentamente em minha direção.

Eu simplesmente não conseguia me mover, minhas pernas estavam pesadas e não me obedeciam, tudo ainda girava ao meu redor e comecei a sentir uma leve dor em minha cabeça. Com muito esforço eu consegui ficar sentada e escorada na parede, vendo-o vindo até a mim para me matar.

Ele parou em minha frente e minha respiração começar a ficar ofegante, minha visão estava começando a voltar ao normal e ainda conseguia ver o brilho em seus olhos. Ele se abaixou e segurou o meu queixo bruscamente para olha-lo nos olhos.

- Avise para os seus amiguinhos que eu ainda vou continuar com o meu plano, e que muito em breve eu os farei uma visita. E eu não darei a eles a misericórdia que dei a você agora.

Desse modo ele me soltou e saiu do local, suas sombras sumiram e eu pude ver a luz da lua outra vez.

Enquanto eu lutava para não perder a minha consciência, eu havia notado que eu acabei perdendo a pessoa que eu mais me importava no mundo.

*Diana narrando*

Eu já me encontrava em minha cama, estava sentada e escorada na cabeceira. Do outro lado do quarto estava a Aisha, ela já estava perdida em seus sonhos.

De repente, escuto algo se arrastando no chão perto da porta, me ergui para ver melhor e vi um envelope branco perto dela. Eu fui até ele e o peguei, depois caminhei em direção a pequena sacada que havia em nosso quarto e comecei a ler a pequena carta que estava nele.

Primeiramente, boa noite!
É um pouco tarde para estar lhe enviando isso mas, é que em alguns minutos eu estarei partindo outra vez. Eu queria poder conversar com você antes de ir.
Me encontre na entrada do Dormitório Sul, estarei te esperando lá. Se você quiser vir, é claro.

Assinado: Erick.
P.S: Foi uma sombra minha que lhe enviou esse bilhete.

Assim que eu terminei de ler, meu coração começou a bater rápido. Eu tinha sido pega de surpresa, não sabia que ele ainda estava no castelo.

Fechei a porta de vidro da sacada e fui em direção ao meu guarda roupa, peguei meu casaco beje e andei pelo quarto lentamente para não acordar a Aisha. Abri a porta com cuidado e depois a fechei do mesmo jeito.

Andei apressadamente pelos corredores para não ser vista por algum professor, caso houvesse mesmo algum andando por ai. Fui até ao refeitório e para a minha sorte eles não haviam trancado as portas dos fundos.

Sentindo o vento frio passando por mim, vesti meu casaco e continuei o meu caminho. A cima de mim, uma bela lua minguante se destacava ao estar emitindo um brilho forte. Duas estrelas estavam muito próximas a ela, era como se estivesse sorrindo enquanto observava todos na terra. Mas ao testemunhar tal coisa, me fez lembrar do gato risonho de Alice no país das maravilhas. Todas as vezes que pude ir em bosques, eu ficava procurando por algum buraco perto de uma arvore.

Uma figura pulou na minha frente e eu quase acabei caindo para trás por conta do susto. Mas ao vê-la melhor, eu vi que era apenas a Morgana enquanto me olhava com uma expressão bastante surpresa.

- Oh! Morgana assustou você? Me desculpe... - disse ela ao mudar sua expressão para uma mais triste.

- Não! Está tudo bem, Morgana. Não precisa se desculpar - disse enquanto fazia gestos com as mãos. - O que faz a essa hora da noite?

- Hum? Morgana estava brincando de pegar vaga-lumes. Há vários aqui nesse local, mas a Morgana não machuca eles, pego os com cuidado e depois os solto. Morgana gosta de vê-los brilhando de perto.

- Eu também gosto! Quando eu era criança, eu costumava a brincar de pegar vaga-lumes.

- Oh! Você podia brincar com a Morgana... - ela segurou a minha mão e com a outra ela apontou para cima. - Veja! está cheio deles.

- Sim, tem muitos mas, agora eu não posso brincar com você, sinto muito - disse ao segurar sua mão com ambas as duas. - Eu preciso me encontrar com uma pessoa, ele está a minha espera agora.

- Ah... Morgana entende, então não o deixe esperando! - disse ela ao fazer pequenos gestos com as mãos. - Hum... mas me deixei dar lhe um presente primeiro.

Ela foi rapidamente em direção ao jardim mais perto e trouxe com ela uma flor azul. Ela fez um gesto para que eu abaixasse e desse modo, ela colocou a flor atrás da minha orelha.

Acariciei sua cabeça cheia de pequenas folhas verdes e eu pude notar algumas em um tom de âmbar. Isso fez com que eu me preocupasse um pouco.

- Hum? Algum problema, Diana? - disse ela ao inclinar levemente sua cabeça para o lado.

- Não, é só que eu notei algumas folhas laranjas em você. Está... tudo bem?

- Oh! Não precisa se preocupar com a Morgana, isso é normal! Minha arvore.... está passando por uma fase, mas não é nada preocupante. Nós dríades somos conectadas com a nossa arvore, se ela muda de cor, também mudamos um pouco. Mas a arvore da Morgana está bem! Ela é forte.

- Ah, entendo... Fico aliviada ao saber que vocês estão bem.

- Sim! Estamos bem! Agora vá! Tem uma pessoa te esperando, certo?

- Sim... então, nos vemos depois, Morgana.

- Claro! Até logo, Diana!

Eu continuei o meu caminho a passos largos, eu já tinha o feito esperar demais. E eu realmente espero que as palavras dita pela Morgana seja verdade. Que tudo esteja bem com ela e sua arvore.

Já era possível ver o grande portão do Dormitório Sul, e bem a sua frente estava o Erick. Ele parecia distraído enquanto fitava a lua, ele esfregava suas mãos rapidamente por conta do frio, comecei a ficar um pouco preocupada por faze-lo esperar por tanto tempo por causa do frio em que esta noite se encontrava.

Por estar distraída ao vê-lo de não muito longe, eu acabei pisando em um galho no caminho e por ter emitido um pequeno barulho, chamou a atenção do Erick. Ele pareceu surpreso por ver que eu realmente tinha vindo o ver, talvez ele ainda se sentia culpado pelas coisas que fez, ou por eu não ter raiva dele.

Ele sorriu por um momento e colocou suas mãos para trás, aquela velha postura que ele costumava fazer.

- Pensei que você... não viria, Diana.

Após me aproximar mais eu o respondi - Bem, aqui estou.

Ele olhou na direção da flor e depois voltou a olhar em meus olhos - Azul combina mesmo com você.

Abaixei um pouco a minha cabeça e sorri timidamente - Obrigada, foi a Morgana que me deu a flor. Encontrei com ela enquanto vinha para cá. Isso explica a demora.

- Ah, entendo. Bem, vamos conversar lá dentro. Está muito frio aqui fora, não quero que fique doente por conta do meu pedido.

- Tudo bem! - falei ao assentir rapidamente com a cabeça.

Ele abriu o portão para mim e eu passei por ele, esperei que ele o fechasse e então caminhamos lado a lado mas, ele quis manter uma pequena distância.

- Está... tudo bem? - perguntei.

- Ah, é que... eu ainda fico meio sem jeito ao seu lado. É por conta das coisas que eu fiz e pelo o que eu disse a você, eu me lembro de tudo e fico pensando o quanto eu era um idiota... o quanto eu era fraco.

- Eu não acho isso - disse ao parar de andar. - Você não era fraco. Você fez aquela barreira no intuito de proteger a pessoa que você era, para não deixar a maldição apaga-la. Eu quis mesmo ter raiva de você mas, eu conseguia ver a pessoa que você realmente era. Quando eu vejo que é possível ajudar alguém, eu vou até o fim sem se importar se haverá consequências. É a minha fraqueza. Eu herdei a vontade da minha ancestral.

- É por isso que há tantas pessoas ao seu redor... - ele sorriu e abaixou um pouco sua cabeça. - Você é uma pessoa incrível, Diana.

De repente, um portal se formou nossa frente, Mirella passou por ele e caiu no chão logo em seguida. Ela parecia estar muito ferida. Erick correu em sua direção bastante preocupado.

- Mirella! Meu Deus... O que aconteceu com você?

- Eu... fo... foi... o Dragor... - disse ela enquanto respirava com dificuldade.

- Não... Não acredito que o lugar que você pretendia ir era no castelo dele!

- Sur... presa! - disse ela ao tentar brincar com situação, mas logo em seguida ela acabou perdendo a consciência.

- Mirella... MIRELLA! - Erick disse enquanto a segurava firme em seus braços.

- Eu... eu vou procurar ajuda! - disse e comecei a correr o mais rápido que eu podia em direção ao castelo.

Notas da Autora: Olá leitores e escritores, gostou do capítulo? Se gostou deixe seu voto e comente o que você está achando da história. Beijos e até logo. 

P.S: Eu não se vocês perceberam, mas eu fiz um pequeno conto de terror. Então se vocês gostam desse gênero, vão lá dar uma olhadinha e comentem o que acharam dele. Ele se chama "Não olhe nos olhos"







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