A princesa raposa e o samurai

By 1_simetro

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Em um reino na Ásia, uma princesa está comprometida a se casar com um samurai, no entanto, ela deve abdicar d... More

A princesa raposa e o samurai

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 Existia um reino antigo que ficava localizado entre uma montanha e uma floresta da Ásia, escondido dos restantes reinos. No castelo vivia um rei e sua filha, a princesa era diferente da sua família, todos a sua volta eram humanos, ela porem, era uma criatura magica, a sua aparência era de uma jovem princesa, mas a sua alma era de raposa kitsune, um ser mágico que tinham poderes incríveis, dentre os seus poderes um se destacava, a jovem podia criar encantos através cerimonias e enfeitiçar objetos. Naquela época as criaturas magicas como a princesa viviam sem conflitos com os humanos, as criaturas chegavam até ser veneradas.

 A princesa estava comprometida a se casar com o líder da guarda do exército do seu reino, o líder era um samurai que vinha de uma longa linhagem de guerreiros. O clã do Samurai protegeu a realeza por gerações, eles cresceram juntos, com o convívio, surgiu o amor.

 Sempre que podiam, passavam o tempo juntos, o que era difícil, pois ele era um homem constantemente ocupado e ela não podia sair sem estar acompanhada de alguma criada. Em seus passeios eles conversavam enquanto andavam pela ponte de madeira em formato de arco, e por baixo dela passava o rio que matava a cede do seu povo e dos animais que viviam por lá, na época da primavera as arvores da floresta que escondia o reino ficavam coloridas com o florescer. Quando o passeio terminava eles iam ate o castelo, com sua arquitetura de pagode o telhado fazia uma curva em suas laterais, os pilares de madeira eram pintados de vermelho com detalhes verdes. No final de todo encontro ela e sua criada lhe servia um chá verde, os dois sentavam de joelhos, de frente um para o outro com apenas uma mesa rasa lhes separando, ela pegava o bule de porcelana branco com gravuras entalhadas na lateral, servia o seu futuro marido com satisfação e um leve sorriso.

 Ela ficava de cabeça baixa e só o olhava ou falava quando ele lhe dirigia a palavra, ele sempre criava algum assunto apenas para ter o prazer de ver o rosto branco da moça se levantar para responder, seus lábios pequenos e finos se moviam com graça quando ela falava, o seu cabelo castanho sempre ficava preso, os seus olhos rasgados brilhavam sempre que ela fazia uma demonstração de seus dons mágicos. Ela sempre usava um quimono de seda com cores fortes e mangas longas chamado Furisode, uma faixa amarrava a sua cintura delicada, essa faixa se chamava obi. As vezes o seu pai, o rei acompanhava o casal na cerimonia do chá.

 O samurai e seu exército venceram muitas guerras graças a sua espada enfeitiçada, ele a chamava de "Katana da reminiscência", pois a arma podia capturar as memórias da vítima e transferir para o agressor através do seu corte, a sensação era de como relembrar algo que nunca aconteceu, ele sentia as lembranças lutarem por espaço e sua cabeça. A própria princesa havia feito para ajudar o seu noivo a vencer a guerra. Ele sempre capturava algum soldado do reino inimigo, ao mata-lo ele descobria informações importantes como as estratégias de combate do reino adversário, assim a cada batalha o exército se mantinha vitorioso. O objetivo deles não era conquistar territórios, eles apenas queriam manter o seu domínio longe de conquistadores estrangeiros. A única riqueza que seu exército buscava era a paz, riqueza esta que estava prestes a chegar ao fim.

 Um monarca estrangeiro veio de um reino ocidental, além dos mares. Ele queria domínio completo de todos os territórios da Ásia, em uma de suas guerras contaram que havia um pequeno território onde morava uma princesa dotada de magia, o rei cobiçou o poder da jovem e partiu com seu exército rumo a floresta.

 Logo os mercadores e viajantes avisaram o rei da montanha para que se preparasse para a batalha, o samurai acionou o seu exército e partiram até a fronteira, ele deixou uma carta para a princesa infelizmente ele não pode se despedir dela pessoalmente. Eles se deslocaram em seus cavalos, era possível ouvir pelas trilhas da floresta o trotar do exército que estremecia como um pequeno terremoto, todos trajavam armaduras escuras com poucos detalhes em verde, além de ser as cores do reino também era útil para se camuflar na floresta durante a noite, o samurai ia na frente guiando o seu exército, o Kabuto era uma espécie de elmo que ornamentava e protegia a sua cabeça, a peça tinha abas nas laterais e uma pequena viseira sobre a sua testa, no alto do capacete um símbolo de lua deitada lembrava dois chifres, o elmo emoldurava a sua mascara que esboçava bravura e ferocidade, a capa também chamada de horo balançava sutilmente em suas costas com o símbolo da raposa verde representando o reino a qual ele servia. No final da estrada, beirando a borda da floresta os dois reinos se encontraram.

 A batalha foi intensa, parecia uma tempestade de destruição: os exércitos colidiram uns com os outros, suas armaduras eram escuras como nuvens negras, as espadas, flechas e lanças prateadas reluziam um brilho metálico como centenas de relâmpagos, os gritos graves dos guerreiros soavam por todos os lados como o som de trovões, o sangue respingava no chão como chuva. Infelizmente o batalhão que defendia a princesa perdeu, os samurais que sobreviveram foram amarrados aos cavalos e arrastados, eles serviriam de escravos para o rei do ocidente.

Encontraram a entrada para o reino escondido. Todos ouviram o som da cavalaria chegando, a princesa correu até o pátio do palácio para receber os guerreiros, contudo ela se assustou ao ver o estandarte com a bandeira inimiga.

 A princesa raposa chorou de tristeza, ficou desesperada ao ver o seu noivo amarrado com feridas de guerra. O rosto dos dois estava vermelho, o dela era pelo choro, o dele era pelo sangue que escorria de um corte em sua testa. A primeira coisa que o rei tentou foi barganhar com o outro monarca, ele ofereceu todas as riquezas que tinha em troca dos samurais. O rei estrangeiro esboçou um sorriso prepotente, os seus olhos azuis e sem emoção transmitiam frieza, ele queria mais do que as riquezas do reino, queria o poder mágico e agora que ele havia visto a beleza da moça, ele também queria a mão da princesa asiática.

 Com o seu exército derrotado o rei não teve escolha se não aceitar, a princesa não pensou duas vezes, ela estava disposta a sacrificar o seu poder e a si mesma para salvar o seu reino e o homem que amava.

 Depois do casamento a raposa oriental fez a cerimônia onde retiraria suas caudas e daria ao rei. Os sons ritmados de tambores anunciavam o seu sacrifício, ela pôs um quimono que só usava em cerimonias especiais, ele era verde com bordados de flores azuis, um obi azul escuro enfaixava a sua roupa na altura da cintura, sua amarração fazia um laço em sua lombar. Ela dançou no ritmo dos tambores, intercalando entre movimentos curtos e longos, enquanto dança uma energia verde se formava a sua volta, cinco caudas de energia apareceram, sobre a sua cabeça surgiu orelhas espectrais de raposa, os seus olhos brilhavam no mesmo tom de sua aura. Durante a dança ela pegou suas caudas e as cortou, fez uma expressão de dor e continuou, pegou também o seu talismã que tinha a forma de um anel de jade e colocou nele as suas caudas, quem usasse o anel teria o seu poder, pelo menos era isso que o rei pensava. A princesa em seu semblante melancólico levou ate o rei e lhe deu. O monarca caucasiano guardou o anel. Ele a levou para o seu reino, onde ela passou dois longos anos de angustia e sofrimento.

 O rei ficou desamparado ao ver sua única filha partir, depois de libertos alguns samurais cometeram suicídio por se sentirem indignos de viver, estavam desonrados por não conseguir proteger a princesa, preferiam ter morrido em batalha tentando ao invés de viver sabendo que foram derrotados. O ex–noivo também ia cometer o ato, mas foi impedido pelo rei, que o suplicou para que trouxesse a sua filha de volta. Destinado a resgatar a mulher que amava ele reuniu os cavaleiros que ainda estavam vivos. Ele foi ate os reinos aliados, que eram poucos por sinal, já que eles mantinham pouco contato com os governantes dos outros domínios, ele contou o que havia acontecido, em gesto de apoio alguns reis cederam o seu exército para ele liderar. Reunir todos os exércitos e montar uma estratégia de batalha eficiente custou dois anos da vida do samurai.

 Então eles atacaram o reino invasor, massacraram o seus soldados, invadiram o castelo. O rei aceitou a sua derrota, quando o guerreiro questionou sobre o paradeiro da princesa, o homem disse que ela estava morta, que havia se matado alguns dias depois de chegar ao castelo. O samurai ficou devastado, a única coisa que lhe mantinha vivo era a esperança de reencontrar a jovem, possesso de raiva o guerreiro crava a sua espada mágica no peito do rei decadente. Através de suas memórias ele descobre que o homem a sua frente estava mentido. Ela havia fugido dias antes da guerra começar, estava em algum lugar dentre os diversos reinos dominados pelo monarca ocidental. Levaria meses ou até anos para reencontra-la novamente.

 Decepcionado o líder da guerra volta com suas tropas, precisava descansar para retomar as buscas novamente. No meio do caminho na estrada ele observa uma carroça e nele um homem guiando dois bois, atrás uma mulher com um guarda chuva sobre o rosto, ao ver a tropa ela desce e cai no chão, a espada vibra indicando a presença do anel de jade, rapidamente ele faz um sinal para o exército parar, desce do cavalo e vai ao seu encontro. No mesmo instante o samurai reconheceu aquele rosto, a princesa se levantou, mas estava muito fraca e pálida, seu cabelo desgrenhado solto caía sobre o seu rosto, a roupa estava amarrotada e suja de lama, ainda sim podia ver a nobreza em seu olhar. Ela cai novamente sobre os seus braços.

 O exército montou acampamento próximo a estrada, lhe deram água e comida, a jovem lhe contou como fugiu. A princesa conversava com os criados, eles eram as únicas pessoas a quem tinha acesso além do rei, ela contou a sua historia e eles se compadeceram, então planejou fugir e contou com a ajuda deles, mas ela não poderia deixar o anel com o rei, as caudas só podiam ser usadas por um feiticeiro e como ele não era, não podia usar magia, mesmo assim ele gostava da sensação de poder que o anel lhe dava. Em uma noite ele tirou o anel para dormir, ela o roubou e com a ajuda dos criados se disfarçou de empregada e fugiu, passou dias sem comer ou beber, conseguiu uma carona com um viajante até que viu a bandeira do exército.

 Então eles voltaram para o reino escondido na floresta, onde viveram o resto das suas vidas juntos, eles morreram, mas a sua historia ficou eternizada com a katana da reminiscência e o anel de jade, era impossível falar dos artefatos sem falar do que os seus primeiros donos viveram, visto que ela era um exemplo de sacrifício e ele era um modelo de terminação.

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