Stupid Wife (REMAKE)

By Horsinha

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Prólogo.
Capítulo 1 - Sonho Louco
Capítulo 2 - Encarando a realidade.
Capítulo 3 - Egoísmo
Capítulo 4 - Carinha.
Capítulo 5 - Diários
Capítulo 6 - Família.
Capítulo 7 - O Maldito Verão.
Capítulo 9 - Dor Compartilhada.
Capítulo 10 - Aniversário.
Capítulo 11 - Recomeço.
Capítulo 12 - Reconhecer.
Capítulo 13 - Conexão.
Capítulo 14 - Primeiro beijo.
Capítulo 15 - Esperanças.
Capítulo 16 - Lugar Certo.
Capítulo 17 - Familiar.
Capítulo 18 - Um pedaço do seu coração.
Capítulo 19 - Resposta óbvia.
Capítulo 20 - Até quando resistir?
Capítulo 21 - Minha pessoa.
Capítulo 22 - Dias melhores.
Capítulo 23 - Tudo acontece por um motivo.
Capítulo 24 - Cuidar dela.
Capítulo 25 - Na alegria e na tristeza
Capítulo 26 - Feliz natal
Capítulo 27 - O primeiro passo.
Capítulo 28 - Ponto de paz.
Capítulo 29 - O pedido dela.
Capítulo 30 - Tudo.
Capítulo 31 - Momentos.
Capítulo 32 - Diversas sensações.
Capítulo 33 - Uma lembrança.
Capítulo 34 - Pronta.
Capítulo 35 - Eu sou seu presente.
Capítulo 36 - A escolha perfeita.
Capítulo 37 - Gravidez dupla?
Capítulo 38 - FINALMENTE COMPLETAS.
Capítulo 39 - O GRANDE DIA.
Capítulo 40 - Esposa estúpida.
LIVRO!

Capítulo 8 - Desejos.

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By Horsinha


OLÁAAAAAAAAAAAAAAAAAA CARINHAS!!!!

*sendo cara de pau* como vocês estão? Tantos meses longe, eu senti tantas saudades. aaaaaaa

Me perdoem pela demora. Ficar sem computador é uma merda, agora que finalmente consegui um para poder escrever. Realmente senti saudades de escrever, e essa fanfic sempre me trouxe uma paz do caralho e agora estou pleníssima.

Espero de coração que vocês gostem desse capítulo, pois eu amei escrevê-lo.

Do fundo da minha alma, com todo amor para vocês, aproveitem esse mimo:

************

Camila Cabello.

O sorriso enorme em meu rosto não poderia ser maior, talvez apenas não seja tão grande quanto o sentimento guardado em meu peito nesse momento. Sinto como se nunca tivesse deixado de amá-la, e vê-la sorrir a todo instante só intensifica isso. Olhar para ela é como ver a cópia fiel de minha irmã com um toque de Rodrigo. A mistura perfeita dos dois.

É final de semana. Serena veio passá-lo comigo. Nada poderia me deixar mais feliz. Estou amando conhecê-la, digo, reconhece-la. Sinto como se nunca tivesse me esquecido dela. O sentimento é enorme.

Será que além da ligação de mãe, existe algo como a ligação de tia? Sinto como se estivéssemos ligadas de alguma forma. É surreal.

― Então a senhora não lembra da tia Lauren?

Ela questiona lentamente, analisando cada expressão em meu rosto. Estamos sozinhas em casa, e eu estou contando sobre minha amnésia e tudo que vem acontecendo nos últimos dias. Lauren levou Louis para dar um passeio, então ainda teríamos algumas horas para aproveitarmos apenas nós duas.

― Lembrar dela eu me lembro, apenas não lembro de qual momento eu me apaixonei por ela.

― Deve ser difícil. Vocês são um daqueles casal de meta que vemos no twitter.

― Aonde?

Questiono sem entender. Serena solta uma risadinha, curvando-se para frente para que possa pegar seu aparelho celular no bolso de trás do seu short jeans. Ergo as sobrancelhas, curiosa. Estou me adaptando ainda as coisas novas da internet. Tem algumas coisas que aprendi, mas faltam outras.

― Twitter, tia. É uma rede social, as pessoas a usam para diversas coisas além de só conhecer pessoas novas e acompanhar a vida de famosos. Tem muita informação aqui. Depois que comecei a usar o twitter, nunca mais li sites de notícia ou assisti o jornal.

― Hm, isso parece interessante. Eu tenho no meu celular?

― Sim, tia. A senhora é viciada em tweetar.

Solta uma risadinha divertida. Eu acabo a acompanhando, mesmo que não me lembre disso. É o tipo de coisa que eu faria muito, parece uma coisa divertida de se fazer.

― Eu tenho muitos seguidores igual tenho no instagram?

― Sim. Tia Lauren e a senhora são muito adoradas nas redes sociais por serem um casal bonito e cheio de amor. E claro, tem as fotos e os vídeos do Louis que deixam todos babando pelo meu primo.

― É compreensível. – Comento distraída. Estou olhando algumas coisas em meu twitter. Não é difícil aprender a mexer nisso. Clico em meu perfil e ao deslizar o dedo para cima, deparo-me com uma foto de Lauren e Louis. Os dois estão abraçados, com ele em seu colo olhando para ela. Dá para ver o brilho no olhar deles mesmo sendo apenas uma imagem. Na legenda as simples palavras: "Minha vida toda." ― As pessoas realmente gostaram dessa.

Comento espantada após olhar os números de interações com aquela foto.

― Sim, eles amam os Cabello-Jauregui.

Tento não me incomodar com essa junção de sobrenomes. Minha sobrinha parece idolatrar Lauren comigo, e não quero magoá-la de forma alguma com algum comentário idiota. Para ser sincera, às vezes parece que todos os quais conhecemos, simplesmente amam nos ver juntas. É curioso tudo isso. O que fazíamos de tão bom para deixá-los dessa forma? Sinceramente eu não sei.

Mas estou curiosa para descobrir, confesso.

― Louis é muito fotogênico. – Estou olhando algumas fotos postadas por mim separadas na aba de mídias. Tem diversas de meu filho. Em grande maioria ele está com Lauren fazendo alguma coisa, e ao que tudo indica eu realmente apreciava fotografá-los juntos. Um sorriso surge em meu rosto com uma foto em especial: nós três dormindo juntos no sofá aqui de casa. Não faço ideia de quem tirou essa. Na legenda tem apenas um rostinho com corações nos olhos. E mais uma vez, muitas interações. ― Eles realmente gostam de nós três.

― Sim, vocês três são como um super casal lésbico.

― Isso é curioso...

― Levará algum tempo para a senhora se acostumar. Não é fácil lidar com a fama.

Serena brinca, fazendo-me gargalhar de verdade. Consigo ver porque todos estavam dizendo que éramos bem grudadas. Ela nem parece ter a idade que tem. Sinto orgulho da filha que minha irmã está criando, cada detalhe me faz ter certeza que ela será uma mulher excelente quando crescer mais.

Tenho absoluta certeza que minha sobrinha nos dará muito orgulho.

(...)

No horário do almoço, estava terminando de preparar a comida quando a porta da frente foi aberta. Passos apressados tomaram conta do ambiente. Tirei minha atenção das panelas e olhei em direção ao arco que separa a cozinha da sala por um corredor. Louis surgiu através dali; seus cabelos cada vez maiores, voavam conforme ele saltitava em minha direção. Sorri e afastei-me do fogão para abraçá-lo.

― Como foi o jogo?

Questiono após beijar sua testa úmida de suor. Faço uma pequena careta, mas acabo rindo. Ele se afasta de mim, indo em direção a geladeira. Lauren e ele tinham saído para ir ao parque aqui perto de casa, meu filho teria um encontro com seus amigos para que pudessem jogar uma partida de futebol.

― Meu time ganhou. Eu fiz cinco gols.

― Oh! É mesmo? Que artilheiro o meu filho. Estou orgulhosa.

Ele abre um enorme sorriso após dar uma golada em sua garrafinha de água, com desenhos do capitão américa estampada na mesma.

― Ele jogou hoje como um verdadeiro camisa dez. – Lauren também chega a cozinha, comentando com visível orgulho. Olho de relance para ela. Seus cabelos estão um pouco bagunçados, provavelmente por ter vibrado durante a partida que meu filho jogava. Ela usa roupas leves; short de tecido fino e camiseta com alguns desenhos aleatórios estampados. Todas as suas curvas são chamativas. Engulo a seco e desvio o olhar. ― Oi, pequena.

― Tia Lauren!

Uma animada Serena vai em sua direção, abraçando-a com força. Olho para aquela cena, apreciando o enorme sorriso que as duas tem em seus rostos. Não tem como evitar ficar com o coração aquecido. Talvez eu esteja fascinada com a forma em que Lauren interage com as crianças da família.

Quem diria, não é mesmo?

― O almoço está pronto. Lavem as mãos e venham me ajudar com a mesa.

Eles concordam em sincronia e saem da cozinha, rumo ao banheiro para que possam higienizar suas mãos. Olhando essa cena de uma perspectiva diferente, parece até mesmo que somos uma grande família. Não pensei que seria tão fácil me adaptar a essa vida adulta de esposa e mãe, mas sinto que aos poucos vou me acostumando. Claro que ser casada com a Jauregui é um fato que nunca irei aceitar, porém, as outras coisas diminuem esse impacto.

Sei que nós duas temos muita coisa para conversar, acertar os pontos e decidirmos nosso futuro. Só preciso me preparar mentalmente para isso.

O almoço foi divertido. Bem mais comunicativo do que o normal, mas ainda assim agradável. Era bom ter mais uma pessoa conosco, isso me faz ter uma leve sensação de que talvez, a antiga Camila pudesse ter sugerido a Lauren que tivéssemos mais um filho. É um pensamento momentâneo que me assusta, mas de certa forma me acalma. Nunca fui do tipo que esperava me casar e ter muitos filhos, para ser sincera toda essa coisa de romance sempre pareceu idiotice. Mas, ela conseguiu mudar esse fato em mim.

Mesmo sem me lembrar de nada, sinto, bem lá no fundo, que tem muito de Lauren Jauregui dentro de mim. E isso é bem assustador.

Você consegue acompanhar os meus conflitos, ou eu estou divagando muito? Tem dias que nem eu mesma consigo acompanhar minha mente. Fico pensando se a Doutora Brooke tem essa capacidade. Será que eu a deixo confusa em nossas consultas?

― Podíamos fazer uma competição de Just Dance, como sempre fazemos...

Serena sugere quando chegamos a sala. Terminamos o almoço e todos ajudaram a arrumar as coisas. Sempre bom ter pessoas prestativas para arrumar a bagunça junto com você. Sento-me no sofá e olho para os três, que se encaram. Não faço ideia do que estão falando, mas se for divertido eu topo fazer.

― Quero fazer dupla com a mommy.

Louis se pronuncia rapidamente, vindo até mim e me abraçando pela cintura. Sorrio para meu pequeno, bagunçado seus cabelos escuros.

― Você é muito esperto.

Lauren resmunga.

― Verdade. Ele sempre escolhe a tia Camila porque sabe que ela é ótima no Just Dance.

― Que jogo é esse?

― Vou te mostrar. – Lauren responde e vai em direção ao móvel da televisão. Ela coloca um aparelho retangular que parece uma câmera sobre o móvel e liga as outras coisas. Fico a encarando com curiosidade. Sei que o jogo envolve o videogame e dança, já gostei. ― Não tem mistério. Você só precisa olhar para a televisão e acompanhar os movimentos.

― Isso é muito fácil.

― Para você é mesmo. – Lauren diz e revira os olhos. Solto uma risadinha. Quando me viro, dou-me conta de olhares bem atentos em nossa interação. Minhas bochechas esquentam e não sei explicar o motivo. Dou um sorriso para meu filho e minha sobrinha, afastando-me daquela mulher. ― Estão prontas crianças?

― Estamos capitã!

Serena e Louis exclamam juntos. Isso me dá uma alegria absurda, e eu sei que o dia continuará sendo muito bom.

(...)

O dia realmente foi bom, e sinceramente não poderia ter sido melhor. Nossa competição de dança foi maravilhosa, Serena sabe se mexer e Louis também. Mas preciso confessar que fiquei surpresa com a cintura solta de Lauren, era realmente sabe como mover seu belo corpo. Eu sei que ainda não gosto tanto dela assim, apesar de suportá-la, mas eu não sou cega, eu a vejo. E meus olhos adoram o que veem. O tempo realmente faz coisas incríveis as pessoas.

― Tudo bem por aqui?

Questiono ao adentrar o quarto de Louis. Serena e ele estão deitados na espaçosa cama, enquanto assistem o filme do Rei Leão. Minha sobrinha fará companhia a ele até que meu filho adormeça. Eles se dão muito bem.

― Sim, mommy.

― Não durma muito tarde, filho. – Aproximo-me da cama, colocando um joelho como apoio e me inclino para beijar sua bochecha. Louis fecha os olhos e agarra meu pescoço da forma que pode. Sorrio. Dou a volta na cama e faço o mesmo com Serena. ― Depois que ele dormir, se quiser deitar comigo você pode.

― Tia Lauren não vai dormir com a senhora? – Nego com a cabeça, evitando encarar seus curiosos olhos castanhos. Ela ainda demorará um pouco a entender minha situação com a tia dela. E é compreensível. Todos estavam acostumados ao nos ver juntas. Fico imaginando se o divorcio for concretizado quais serão as reações de nossos familiares. ― Tudo bem. Quando o Lou dormir, eu vou para o seu quarto.

Aceno com a cabeça. Chego até a porta e olho para os dois, abrindo um sorriso. Meu coração está feliz, assim como foi durante todo o dia.

― Bom filme, meus amores.

E após dizer isso, fecho a porta e vou em direção ao meu quarto. Não ouço mais o som da televisão que antes vinha da sala. Talvez Lauren tenha ido deitar. Esticando os braços para me espreguiçar, eu caminho lentamente para dentro do meu ambiente favorito nessa casa. Minha enorme cama me espera, mas antes eu preciso de um banho relaxante. Como eu sei que estou sozinha, começo a me desfazer de minhas roupas, descartando-as no chão mesmo. Posso voltar para pegá-las depois. Quando chego ao banheiro, usando apenas uma calcinha branca de seda, olho-me através do espelho.

Meu rosto definitivamente mudou. Os traços são mais fortes, não tenho mais as bochechas cheias como antigamente. E definitivamente eu estou mais bonita. Pareço bastante com a minha mãe quando era mais nova, apenas com os olhos e a boca diferentes, pois eu herdei esses traços do meu pai. Traço meu rosto com os dedos delicadamente, analisando cada parte. Eu sou uma mulher agora. E ainda assim, mesmo aqui podendo confirmar isso, sentindo como tudo está diferente, parece que sou a mesma Camila da adolescência.

Será que irei demorar a me sentir como a nova Camila?

― Eu adoro seus olhos. – Uma voz toma conta do banheiro repentinamente. Eu tomo um susto, retirando as mãos de meu rosto. Olho para trás através do espelho. Lauren está ali, com o ombro esquerdo apoiado no batente da porta e os braços cruzados. Me encara sem piscar, parece hipnotizada e me deixa momentaneamente da mesma forma. Engulo a saliva que se formou em minha boca. Sua presença me deixa nervosa. ― Eles são bem expressivos. Combina bastante com você. Parecem a areia do mar quando se encontra com o oceano. Um marrom único e admirável.

Sem conseguir manter nosso contato visual, abaixo minha cabeça e encaro a pia. Geralmente eu acabaria lhe dando alguma resposta, mas minha voz parece simplesmente ter sumido. É esse efeito que Lauren Jauregui tem causado em mim ultimamente: nervosismo.

― Hm...

É tudo o que digo. Sinto vontade de me estapear, e ainda mais quando a ouço rir atrás de mim. Que nervosismo idiota. Eu a odeio, deveria xingá-la.

― Você não precisa ficar assim. Eu sempre admirei sua beleza. – Sua presença se torna mais intensa quando ela se aproxima de mim. Ouço seus passos ao tocar seus pés no piso. Solto um pequeno suspiro. Ela para ao meu lado. Temos uma pia dupla no banheiro. ― Depois de todos esses anos, você continua sendo mais linda sem o uso de maquiagem.

― Eu estou velha. Cheia de linhas expressivas.

Lauren gargalha. Eu a encaro inexpressiva.

― Você está velha? Se as idosas fossem assim, os asilos estariam lotados de casais. Porque ninguém resistiria a uma velha tão jovem e bela assim.

Por um segundo um leve arrepio sobe por minha espinha, mas me recuso a deixar que meu corpo demonstre algum sinal. Sinto uma estranha sensação de déjà vu com essa cena. Parece que isso aconteceu em algum momento antes.

E talvez realmente tenha acontecido. Afinal, eu não me lembro de nada.

― Pare com isso, idiota...

Sem poder controlar eu acabo a xingando, mas diferente das outras vezes, não fui rude. E ela não reagiu da mesma forma, apenas abriu um enorme sorriso e voltou a olhar para frente. Fiquei confusa, mas não a questionei. Olhei para frente também, não sei que tipo de tensão é essa que estamos criando, mas não estou gostando da forma que ela me fez sentir. Distraída tentando ignorar a presença daquela mulher ao meu lado, tento me concentrar em qualquer outra coisa. Então, finalmente me dou conta de algo importante que me faz arregalar os olhos e ficar extremamente envergonhada.

Cubro meus seios por reflexo. Não acredito que durante todo esse tempo, eu estava seminua na frente dela. Céus, Camila! Que vergonha!

― Não precisa cobri-los, eu os vi durante muitos anos da minha vida. – Ela termina de escovar seus dentes e comenta. Se fosse possível, eu estaria mais vermelha ainda nesse momento. ― E só para constar, eles continuam tão maravilhosos quanto eram antes.

Minha boca se abre em choque, principalmente porque vejo de relance um sorriso cafajeste em seus lábios. Lauren saí tranquilamente do banheiro como se nada tivesse acontecido. E eu fico ali, paralisada.

Que porra acabou de acontecer aqui? E por que estou tão nervosa?

14 – Novembro – 2016 (segunda-feira)

O final de semana passou voando. Foi o melhor que eu tive desde o maldito dia em que acordei sem memória. Foi ótimo passar um tempo com minha sobrinha, nos divertimos bastante. Mas como tudo que é bom dura pouco, é claro que uma hora eu precisaria enfrentar um dos meus maiores medos: resultados de exames médicos. Nunca fui do tipo medrosa ou extremamente preocupada com isso, porém, nada parecia ser tão apavorante quanto isso nesse momento. Lauren acordou bem cedo e me acordou também, ela não parou um segundo sequer. Parece até mesmo que está ligada na tomada.

Entre nós duas, parece que é ela quem vai explodir a qualquer momento.

― Estou pronto, mamães.

Louis surge outra vez na cozinha. Está bem cheiroso e devidamente arrumado. Iremos deixá-lo na escola durante o trajeto até o hospital. Lauren nada responde, apenas pega suas chaves sobre o balcão e arruma sua jaqueta. Pego a minha e a coloco. Sei que está bem frio lá fora, hoje o dia amanheceu gelado. Seguro a mão de meu filho e vamos juntos em direção a saída.

O caminho até a escola de Louis, foi como sempre; com ele falando bastante. Lauren, por outro lado, dessa vez estava calada demais. Ela parecia diferente nessa manhã; tensa e triste. Não a conheço muito bem, mas sei identificar quando uma pessoa não está em um dos seus melhores dias. Eu a entendo, hoje é um dia importante para as nossas vidas. Nossa rotina depende daqueles resultados e o diagnóstico do médico.

― Presta atenção nas aulas e se cuida.

Lauren diz antes que Louis desça do carro. Ele acena com a cabeça e solta seu cinto de segurança, enfiando-se entre os bancos para falar com nós duas.

― Se cuida, filho.

― Tchau, mamães.

Ele se despede. Desce do carro e acena uma última vez antes de se distanciar em direção ao portão da escola. Esperamos até que ele esteja lá dentro e seguro apenas para nos certificarmos de está tudo bem. Sempre estamos vendo nos jornais noticias sobre crianças desaparecidas. Precaução nunca é demais, certo?

Lauren liga o carro outra vez e continua nosso caminho. De repente, o ar que parecia mais leve, está outra vez bem pesado. Ela parece muito tensa ao meu lado. Batuca os dedos no volante. Respira fundo por diversas vezes seguidas. Faz sons estranhos com a boca. Sinais claros de seu nervosismo.

Eu sinto vontade de puxar assunto, mas permaneço calada.

Será que devo puxar assunto?

Bom, melhor não.

Talvez ela queira apenas permanecer quieta.

Sim, Camila, mas ela não consegue ficar quieta e em silencio. Fale com ela.

Não, eu não irei.

Sim, você vai.

Droga!

― Você está bem?

Ela parece se assustar com minha pergunta repentina. Continuo a olhando. Lauren desvia a atenção da estrada e me olha, parece surpresa.

― Uh, sim... Eu acho. Sim, estou bem.

― Não precisa ficar tão nervosa...

― Eu sei, mas só que... droga. É difícil, entende? – Concordo com a cabeça. Lauren está olhando para frente outra vez. Ela ainda parece tensa. ― Desculpe-me. Você também deve estar nervosa, e eu aqui só pensando em mim...

― Calma. – Por reflexo, coloco minha mão esquerda em sua coxa. O jeans áspero de sua calça faz cócegas. Dou uma leve apertada em sua perna, tentando reconforta-la de alguma forma. ― Está tudo bem.

― Não está nada bem, mas eu gostaria que ficasse.

Sua fala me atinge instantaneamente. Como reflexo, tiro minha mão de sua perna e me encolho um pouco. É como se suas palavras fossem como tiros que acertaram direto em meu coração. Não consigo evitar, ela tem algo sobre mim que me assusta. Vê-la tão afetada dessa forma mexe comigo também. Por alguma razão, mesmo sem ter minha memória, sinto-me ligada a Jauregui.

O mundo pode ser mais bizarro?

Ver meus pais assim que chegamos ao hospital foi a melhor coisa do meu dia. Tudo parecia estranho, mas senti-me melhor ao vê-los. Corri até meu pai, não estava me importando em parecer uma adolescente naquele momento. Só queria o colo deles, que dissessem que tudo ficaria bem. Mesmo que todos soubéssemos que nada estava bem, assim como Lauren disse antes.

― Você está tremendo, filha. – Papai sussurra, apertando mais seus braços em volta de mim. Escondo meu rosto em seu peito e o agarro com força. ― Tudo bem?

― Não. – Suspiro ao me afastar dele. Papai abre um pequeno sorriso motivador para mim, acariciando meu rosto com seus dedos. Fecho os olhos para apreciar seu toque. É como um calmante natural. ― Vamos?

Olho para minha mãe e a abraço. Eles cumprimentam Lauren antes que todos nós continuamos nosso caminho para dentro do hospital. Minhas mãos estão suando. Sinto meu coração bater em meus ouvidos. Sei que deveria tentar manter a calma, mas acho que isso é impossível no momento. Estou prestes a saber das minhas chances de recuperar minha memória.

E se isso nunca acontecer e eu permanecer dessa forma para sempre?

(..)

O médico nos recebeu, simpático como sempre, guiando-nos para dentro de sua sala. Estava frio lá dentro e eu me abracei por puro reflexo. Talvez isso fosse por causa do nervosismo também. Sentia-me muito mais sensível que o normal. Olho em volta brevemente. Não tinha reparado em nada aqui da primeira vez que estivesse nesse lugar. Parece um consultório normal, assustador como todos os outros. E esse é mais ainda.

― Como estão todos vocês com os acontecimentos?

― Tentando nos adaptarmos.

Papai é o primeiro a responder. Eu somente suspiro.

― Eu não consegui me acostumar, parece um pesadelo sem fim.

Lauren responde dessa vez. Eu a olho e aceno em concordância com a cabeça, voltando meu olhar para o Doutor Charlie. Ele nos analisa com atenção. Meu coração continua disparado e minhas mãos ainda suam.

― Realmente, é como um pesadelo sem fim. Não consigo imaginar como Camila está se sentindo.

― É horrível. – Respondo a minha mãe.

― Sua rotina em casa tem sido tranquila?

― Não consegui me acostumar ainda. – Confesso, tendo sobre mim a atenção de todos. ― É muito estranho me sentir adolescente e viver como uma mulher adulta que tem um filho. Por mais que ele seja uma criança adorável. Não é difícil se apaixonar por Louis.

Abro um grande e verdadeiro sorriso ao lembrar-me de meu pequeno. Realmente, não tem como conviver com ele e não se apaixonar. Ele consegue cativar as pessoas com muita facilidade. É fácil amá-lo.

― Você e sua esposa estão se dando melhor? – Sua pergunta me faz engolir a saliva em minha boca com força. Lauren se remexe ao meu lado, parece tão desconfortável quanto eu. ― Acho que esse silêncio é bastante explicativo, mas eu acredito que tudo acabe se resolvendo.

Sinto vontade de respondê-lo e negar. Dizer que não quero nada com ela, mas opto por ficar em silêncio. Meus pais fazem perguntas ao médico. Lauren e eu permanecemos quietas, cada uma com seus próprios pensamentos.

― Será que podemos falar sobre os meus exames agora? Estou realmente ansiosa.

― Oh, mas é claro. – Dr. Charlie sorri para mim antes de pegar alguns papéis que estavam sobre sua mesa. Ele os analisa rapidamente. Tudo parece quieto demais a nossa volta. ― Preciso confessar que fiquei muito chocado com o resultado dos seus exames.

― Como assim?!

Exclamo, agarrando as bordas da cadeira e inclinando-me para frente. Era só o que me faltava descobrir agora que tenho algo sério e por isso ocorreu a perda de memória.

― Estão todos normais.

― O que?!

Todos questionamos praticamente ao mesmo tempo. Eu realmente não esperava ouvir isso. E não sei se me sinto aliviada ou mais assustada.

― Você não sofreu nenhum tipo de trauma físico, Camila. É um caso realmente raro.

― Então por que ela se esqueceu de tudo?

― Lauren, eu vou tentar ser o mais simples possível. O caso de Camila é algo raro nunca visto por mim. A amnésia dela não foi causada por pancada ou doença, ela simplesmente sofreu um choque que pode ter sido causado por muito estresse e o cérebro dela reiniciou.

― Como assim o cérebro da minha filha reiniciou?

― Sr. Alejandro, a sua filha sofreu algum tipo de choque e a consequência disso foi que o cérebro dela se fechou e apagou metade de sua vida.

Minha boca se abre em choque. Confusa e desorientada, repito em minha mente a explicação do médico, mas mesmo após longos segundos, eu não consigo entender direito o que aconteceu. O ar foge de meus pulmões, de repente um medo absurdo do que pode acontecer começa a crescer em mim. Meus pais e Lauren parecem desesperados para saber mais sobre tudo.

Eu estou apenas chocada.

― E-u vou recuperar a minha memória?

Minha pergunta faz com que todos se calem. Estou tremendo. De cabeça baixa e o coração disparado. Parece que a qualquer momento irei explodir. Sinto vontade de chorar ao imaginar nunca lembrar de momentos importantes dos anos que se passaram. Isso é aterrorizante.

― Camila, o seu caso é bem raro...

― Eu vou recuperar a minha memória ou não?

Questiono outra vez, erguendo minha cabeça para encará-lo. Doutor Charlie suspira, abaixando a cabeça para ler os papéis em suas mãos outra vez.

― Não posso te dar a certeza de que você conseguirá recuperar sua memória, pelo menos não totalmente.

― Meu Deus...

― Não se apavore, existem chances de você conseguir recuperá-la.

Nego com a cabeça. Nesse momento estou desesperada. Com as mãos segurando firme meus cabelos, os cotovelos apoiados sobre a mesa e o olhar preso no nada. Tento buscar positividade de alguma forma, mas só consigo imaginar o pior. Nunca irei me lembrar de nenhuma data importante.

Dezesseis anos perdidos assim sem um motivo. Como isso aconteceu?

― Como ela poderá tentar recuperar a memória?

― Existem alguns tratamentos que podem ajuda-la. Camila deve continuar com as consultas psicológicas, fazer exames frequentemente e viver sua rotina o mais normal possível. Fotos, vídeos e anotações podem ajudar bastante.

― Existe a possibilidade dela nunca se lembrar de nada?

Lauren pergunta, fazendo-me voltar a prestar atenção na conversa outra vez.

― Existe.

― São grandes as chances de eu não me lembrar de nada?

― Sim.

― Quão altas?

Doutor Charlie solta um longo suspiro antes de se inclinar sobre a mesa, com os cotovelos apoiados sobre a mesma assim como eu. Ele bagunça os cabelos perfeitamente alinhados com os dedos. Parece tão nervoso quanto nós.

― Em uma situação hipotética, eu diria que as chances de você conseguir recuperar totalmente a memória, é apenas de vinte por cento.

E a pequena chama de esperança que estava crescendo dentro de mim se apaga. Foi como levar um soco no estômago, com força. Posso me lembrar de tudo, ou apenas de algumas coisas. No pior dos casos eu não irei lembrar de nada. Por que isso aconteceu justo comigo? O que fiz para merecer isso?

Não irei me lembrar de nenhuma data importante. Nenhum acontecimento. De como eu cheguei aonde estou. Do momento em que tudo mudou.

Um choro alto ao meu lado me faz voltar a realidade por alguns segundos. Lauren está debruçada sobre a mesa, chorando como se fosse a ultima vez em que ela pudesse fazer aquilo. Nunca a vi dessa forma, e vê-la assim, faz com que eu me sinta quebrar no meio. É uma sensação agoniante. Parece que minha dor não é nada comparada a dela nesse momento.

Coloco minha mão sobre sua coxa e aperto da mesma forma que fiz antes, como ainda estávamos no carro. Dessa vez, ela coloca sua mão por cima da minha e aperta com força. Não me importo que possa sentir dor, deixo que ela faça da forma que quer. No momento quero apenas acalmá-la. E isso parece tão natural, nem ao menos me apavoro ao perceber que estou sendo empática com Lauren Jauregui.

Seu choro compulsivo me incomoda muito. Fecho os olhos para não vê-la tão quebrada dessa forma. Meu coração está apertado, e sinto vontade de agarrá-la com força, mas permaneço assim, de mãos dadas com ela lhe dando conforto. No momento é tudo o que posso fazer por ela e por nós duas.

Ela me ama de verdade. Eu sinto isso mais ainda agora. Vejo Lauren sofrer um inferno por minha causa, e agora, sabendo que posso nunca lembrar de amá-la, o sofrimento dela me mostra ainda mais o quanto ela me ama.

Então, pela primeira vez em muitos dias. Desejo me lembrar de tudo, literalmente. Sem tirar nada.

Desejo conseguir me lembrar dela. Desejo conseguir me lembrar de nós.

(CENA ESPECIAL.)

Camila Cabello.

Lauren Jauregui é surreal.

Não existe alguém que eu goste mais no mundo do que ela.

Isso é irônico, não é? E clichê... Eu a odiava, agora estou perdidamente apaixonada por ela.

Desde o nosso primeiro beijo tudo mudou. Foi como se ela tivesse renascido para mim. Conheci partes de Lauren que nunca havia visto. Para ser sincera, talvez eu nunca tenho realmente olhado para ela. Mas agora, tudo o que consigo pensar é em como me sinto bem ao seu lado e da forma que meu coração acelera toda vez que a vejo sorrir.

Estar apaixonada é uma coisa estranha, não é? Você não consegue evitar os sorrisos. O nervosismo perto da pessoa parece nunca ter fim. E quando você não está perto dela, parece que falta um pedaço seu. Eu diria que se apaixonar por alguém é como tocar o céu sem tirar os pés do chão.

Ou melhor, estar apaixonada por alguém... Não tem explicação, você só sente.

― Um beijo pelos seus pensamentos.

E então, quem está tomando meus pensamentos diariamente, surge atrás de mim, colocando seus braços protetores em volta da minha cintura. Abro um enorme sorriso e fecho os olhos, aconchegando-me nela.

― Estava pensando em você.

― Sério? Que sorte a minha. – Lauren me vira de frente para ela. Coloco meus braços em volta do seu pescoço e grudo nossos quadris. Estamos no nosso cantinho, a nossa casa na árvore no sitio dos avós dela. Sempre fugimos para cá quando queremos ficar sozinhas. ― Você é linda.

― Lauren... Pare com isso.

Resmungo. Meu rosto começa a esquentar e tenho certeza de que minhas bochechas estão rubras. Ela gargalha, ignorando minha timidez. Eu reviro os olhos e tento empurrá-la, mas seus braços me impedem.

― Eu não tenho culpa. Não consigo deixar de te elogiar.

― Você sabe que fico sem graça.

― Não deveria. Estou sendo apenas sincera.

Lauren nos guia até o tapete felpudo que tem estendido no meio da casa. Ela senta e eu me sento em seu colo, de frente, com as pernas ao lado de suas coxas grossas.

― Demorou. Eu estava preocupada.

― Tive alguns problemas com a Sky.

― Odeio essa sua moto barulhenta.

― Mas você adora andar comigo nela. Principalmente por ficar agarrada em mim.

Ela se inclina para frente e começa a beijar meu pescoço de forma lenta. Fecho os olhos e solto uma risadinha. Isso faz cócegas, mas também me deixa nervosa.

― Eu gosto mesmo. – Abro meus olhos e olho em direção a parte de vidro que tem no teto. Lauren fez isso para que pudéssemos observar as estrelas. E a noite hoje está linda. ― Olha amor, uma estrela cadente. Faz um pedido.

Olho para Lauren que está de olhos fechados. Ela fica assim durante alguns segundos, e quando me olha, parece que sou sugada para a imensidão verde a minha frente.

― Eu fiz. Faça o seu.

― Hm... – Faço uma pose de pensativa e minha mente cria diversos pedidos. Nenhum deles parece ser o suficiente. Volto a olhar para Lauren e meu peito se enche de carinho. Uma vontade absurda de beijá-la toma conta de mim, e sem me conter, seguro sua cabeça com as duas mãos e grudo nossos lábios. Ela sorri em meio ao beijo, mas dá continuidade ao nosso contato. Meu corpo reage aos seus toques. Eu simplesmente amo beijá-la. ― Pronto.

Paro de beijá-la e me afasto um pouco. Lauren demora poucos segundos para abrir seus olhos e me encarar.

― Seu desejo era me beijar? – Sorrio, negando com a cabeça. ― O que você desejou?

― Passar o resto da minha vida com você. Esse foi o meu desejo.

E ela voltou a me beijar. E eu sabia que poderia passar o resto da minha vida beijando sua boca, ao seu lado para toda a eternidade.

*******

Como estamos??????????

Eu AMEI colocar essa cena especial, ela é muito bonitinha. Pelo menos eu amei demais.

Bom, espero de coração que tenham gostado. Essa fanfic sempre foi muito especial para mim porque eu idealizava coisas em cima dela das quais eu nunca tinha vivido, e finalmente estou vivendo isso agora e é melhor que eu poderia imaginar.

Eu só queria dizer que o medo de tentar de novo nunca é bom. Você deve se arriscar, por mais que seja um erro outra vez. Os erros nos ensinam e nos fazem crescer. Cada passo é um aprendizado. Viver é uma dádiva, você tem a chance de fazer isso, então simplesmente viva. Ame sim, sofra sim, caia sim, levante, aprenda e viva.

Vejo vocês eu juro que o mais breve possível. Amo cada um que tira um tempinho para ler isso aqui. Vocês são especiais demais na minha vida.

Senti saudades de estar em casa, nos vemos em breve. ♥

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