A HERDEIRA: Filha De Zeus

By Unifofinha

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NÃO É UMA FANFIC DE PERCY JACKSON! Capa feita pela @AllyMccallHale do projeto Black Star, da conta @annhyunu... More

Capítulo 01 - O começo de tudo
Capítulo 02 - Um homem estranho
Capítulo 03 - Viajem ao museu
Capítulo 04 - Viajem para o Oregon
Capítulo 05 - Base de Segurança para Seres Especiais
Capítulo 06 - Uma nova realidade
Capítulo 07 - Afrodite
Capítulo 08 - Apolo
Capítulo 09 - A vela que não queria ser acessa
Capítulo 10 - Uma deusa aparece no fogo
Capítulo 11 - Estelar a guerreira
Capítulo 12 - De encontro com a morte
Capítulo 13 - Dragão branco
Capítulo 14 - A mulher dos meus sonhos
Capítulo 15 - Noite turbulenta
Capítulo 16 - A ida a Meyer
Capítulo 17 - Garota incendiária
Book Trailer
Capítulo 18 - Um Duende Simpático
Capítulo 19 - Ares
Capítulo 20 - Treinamento intensivo
Capítulo 21 - Lado sombrio
Capítulo 22 - Klaus
Capítulo 23 - Deimos e Fobos
Capítulo 24 - Conhecendo o passado
Capítulo 25 - Enrascada
Capítulo 26 - Encontro com Zeus
Capítulo 27 - Ehderclar
Capítulo 28 - Viagem para outra dimensão
Capítulo 29 - Perdidos em uma praia
Capítulo 30 - Rainha
Capítulo 31 - A missão continua
Capítulo 32 - Miles
Capítulo 33 - Juntos novamente
Capítulo 34 - Festa da fogueira
Capítulo 35 - Madame Odeya
Capítulo 36 - Encontro com um vampiro
Capítulo 37 - Abrigando o Miles
Capítulo 38 - Genevieve
Capítulo 39 - Laço
Sobre o segundo livro

Capítulo 40 - Um fim

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By Unifofinha

Terminei de posicionar a tiara, na minha cabeça e admirei meu reflexo no espelho. O vestido cor de lavando, ombro a ombro, que eu estava usando destacava os meus olhos, a tiara, que Cassandra havia me dado, junto com a sutil maquiagem, me dava um ar de elegância. Sorri satisfeita, estava realmente bonita. Ouvi uma batida na porta e pedi que entrasse.

— Mãe? — Ela me olhou e apertou os lábios.

Miranda, estava usando um vestido longo, rosa claro, ela me olhava com apreensão. A elegante rainha, caminhou em minha direção, mas parou no meio do caminho e sentou na cama.

— Foi um feitiço, eu não lhe dizia aquelas coisas. Era tudo um feitiço ilusório. — Franzi a testa confusa. — Engravidei de você, para ter poder, mas há cada dia que se passava, eu te amava mais e mais.

— Como quer, que eu acredite nisso?

— A dor, nos torna mais fortes, me tornou rainha. Eu queria, que você sentisse o meu desprezo, que achasse que eu não te amava. Você é forte agora, graças a mim. Cada noite, que passou chorando, vale por cada manhã que você acordou, eu preciso de você fria. Forte e independente.

— Você é louca. — Ela se aproximou de mim e tocou em meu rosto, tentei me afastar, mas ela não permitia.

Seus olhos brilharam, quando foram de encontro aos meus, comecei a ver cenas que nunca havia visto antes. Um campo aberto, estava coberto de corpos sem vida, com lanças espetadas em várias partes do corpo e sangue, para todos os lados. A cena mudou e eu vi a formação de uma batalha, pessoas vestidas em armaduras reluzentes e fortemente armadas. Senti, quando a mão de Miranda saiu de meu rosto e voltamos para a realidade.

— Isso é o futuro, não consigo ver mais nada. Mas tenho certeza, que a causa dessa guerra é você, quando as pessoas souberem o que é, vão entrar em pânico. Pessoas vão perguntar, o porquê de lutar ao seu lado e terá que ser firme, sem demonstrar medo ou insegurança. Te treinei para isso, para ser uma máquina, sem sentimentos. — Enxuguei minhas lágrimas com o dorso da mão, aquela visão era desesperadora. — Vi isso, desde o primeiro dia em que nasceu. Temi, que fosse Cassandra o motivo da guerra, mas ela fala a verdade. Ela ama você, assim como eu, quando meu corpo começou a te expulsar, foi por pura proteção.

— Proteção contra mim? — Perguntei indignada.

— Víollet, você é grande. Ninguém nunca viu algo como você, ou como é possível ser tantas coisas ao mesmo tempo. Eu sou uma bruxa, tenho sangue lupino nas veias, mas nunca me transformei em um lobo. Você pertence a várias espécies, mas ao mesmo tempo, não pertence a nenhuma por inteira. Já se perguntou o porquê disso? De que você foi gerada para ser isso? — Sentei na cama, abalada. — Seu pai é um deus e eu uma bruxa poderosa, somos incrivelmente fortes, mas você, é uma máquina de destruição. O destino sempre cobra o seu preço, para você existir, tem um preço.

— Que preço? — Perguntei quase sem voz.

— Eu não sei, ninguém sabe. A realidade, é que estamos assustados demais com o significado da sua existência. Não temos medo de você, mas tememos por você e pelos outros. Ninguém sabe o que reencarnar As Três Grandes, significa. Elas criaram tudo, o universo mágico, o mundo. Ninguém é tão velho, que se lembre dessa época.

— O que eu tenho que fazer? — Perguntei, já temendo a resposta.

— Talvez, ver o seu pai. Ele é a pessoa mais velha que eu conheço, deve saber de algo. Edward não achou nada mais sobre o que você é, isso é uma nova espécie. Talvez, o mundo não esteja pronto para ver você e isso seja, o que futuramente, vai ocasionar uma guerra. — Encarei Miranda. — Eu amo você, pense nisso. Busque respostas, é o seu futuro, seu destino, só quem pode modificá-lo, é você mesma.

Miranda, deu um beijo no topo de minha cabeça e saiu. Apenas praticar com madame Odeya, não bastava. Treinar com Eric, não bastaria. Eu tinha que aprender a lidar com aquilo sozinha, a lidar com Genevieve, sozinha. Ela havia dito, que ninguém era tão velho, a ponto de viver na época das Três Grandes, mas eu conhecia uma pessoa e havia feito uma aliança com ela. Amélia.

Vamos nos divertir muito ainda, minha menina

Tomei mais um gole de champanhe e voltei a encarar os convidados, ameaçadoramente. Vários sub governantes, estavam hospedados no castelo, em virtude do meu querido baile de dezoito anos, que aconteceria daqui há algumas horas. Distanciar os convidados, de uma conversa comigo não estava sendo nada fácil, já que eu era a atração principal do almoço. Cassandra, sempre que podia me apresentava a algum filho de rei metido e esnobe, já havia alguns minutos, que eu estava fugindo dela. Ela era o motivo de eu estar sentada, toda encolhida, atrás de várias plantas. Bem longe, das tendas e mesas de comida, evitando as pessoas.

— Se eu não te conhecesse, diria que está fugindo. — Encarei Miles a minha frente e bufei de raiva.

— E estou mesmo, como me achou aqui? — Ele me ofereceu a mão para me ajudar a levantar e eu aceitei.

Miles, estava parecendo da realeza, ele vestia um terno azul claro que contrastava bem com seus cabelos ruivos. Sua postura, estava perfeitamente ereta e ele andava com segurança. Começamos a andar lentamente, em direção ao ninho de cobras.

— Seu esconderijo, não é muito eficaz. — Cruzei meus braços com raiva. Ele os descruzou e entrelaçou seu braço no meu. — Cassandra, diria que isto é uma ação inadequada, para uma princesa. — Ri discretamente, ela diria mesmo aquilo.

— Estou fugindo dela também. Não para de me apresentar, a príncipes estúpidos e esnobes, que me olham com desconfiança. — Miles riu.

— Os caçadores encaram a caça, com sangue nos olhos. Eles estão observando cada movimento seu, estão te julgando nesse exato momento. — Observei ao redor e vi vários olhares direcionados a mim. — Parabéns, te trouxe um presente.

Miles, me entregou um pequeno embrulho dourado com um laço branco brilhante. Era um colar, com um pequeno pingente de um lobo. Abracei Miles agradecida.

— Agora você é oficialmente alfa, esse pingente é um símbolo do seu poder. Deixa eu ajudar. — Ele me ajudou a colocar o colar. — Só você pode ver, é uma medida de proteção. Quando precisar de mim, é só tocar nele e falar meu nome, como sou o único da alcateia só pode fazer isso comigo. — Assenti.

— Obrigada. — Ele sorriu genuinamente.

— Isso é o mínimo, que eu posso fazer, você salvou minha vida.

— Não deixaria, que morresse. Como alfa, ordeno que passe o restante desse encontro torturante e tedioso do meu lado. — Ele fez continência e eu ri.

Depois de alguns minutos em silêncio, resolvi puxar assunto.

— Como você pode ser lobo e vampiro ao mesmo tempo? — Miles ficou, literalmente, roxo de vergonha.

— Sou um híbrido, metade lobo e metade vampiro. Existe muito preconceito em relação a minha espécie, somos chamados de aberrações. Minha mãe, teve um caso com um licantropo e eu nasci com sangue de lobo na minha genética, quando me transformei em vampiro e matei pela primeira vez, virei um lobo. Tenho poderes a mais do que lobos e vampiros, e agora que sou o primeiro membro da sua alcateia, fiquei mais forte,

— Você conhece seu pai? — Miles assentiu.

— Ele é um alfa, é um cara legal, as vezes. Mora nas terras sombrias e é braço direito do rei da dimensão três.

— Terras sombrias?

— A dimensão três, possui uma área chamada de terras sombrias, lá vivem as piores criaturas e demônios do universo. É considerado o lugar mais perigoso, dentre as cinco dimensões.

— E porque raios, seu pai mora lá? — Miles riu e deu de ombros.

— Eu diria, que ele é excêntrico, minha história é complicada. Hoje, é o seu dia, não vamos falar sobre isso. — Concordei mentalmente, esse cara parecia ser bizarro.

Depois de alguns minutos em silêncio, meu amigo voltou a falar.

— Minha mãe, é a líder dos sete pressas. Ela formou uma organização, para te difamar, algo assim. Não sei muito bem, o incêndio era parte desse plano. Infelizmente deu certo.

— O que quer dizer? — Questionei.

— As pessoas, estão te olhando com insegurança, porque acham que foi a causadora do incêndio. — Fiquei indignada.

— Mas não fui eu, foi você. — Ele mordeu os lábios apreensivo. — Tem que dizer isso pra eles!

— Não posso, famílias perderam o seu lar. Vou ser julgado e provavelmente morto, caso eu confesse. — Parei e coloquei as duas mãos na cabeça, era coisa de mais para uma pessoa só. — Você não vai ser julgada, por ser da realeza. Só ficou com má fama.

Encarei Miles com raiva, ele me puxou para um abraço.

— Vai ficar tudo bem. — Ele falava, ao mesmo tempo, que alisava meus cabelos. Me afastei dele, tive uma ideia.

— Preciso da Cassandra. — Ele arqueou as sobrancelhas, surpreso.

— Não estava fugindo dela? — Revirei os olhos.

— Agora, preciso de sua ajuda, busque Cassandra. — Miles me olhou apreensivo, mas concordou.

Observei os convidados e suspirei. Todos me lançavam olhares furtivos e avaliativos, tentei lembrar dos filmes e livros sobre a realeza, que assisti e li durante minha vida. Ombros para trás, cabeça erguida, postura ereta, mãos no colo e um sorriso discreto no rosto. Manter todas essas coisas em perfeita harmonia, sem aparentar desleixo em nenhuma, era mais complicado do que parecia.

Todo o meu esforço se esvaiu, quando um certo par de olhos esmeralda recaíram sobre mim, o ar se dissipou dos meus pulmões. Tentei parecer calma e serena por fora, mas por dentro estava surtando. Minha vontade de sair correndo e me esconder continuavam fortemente ativa, mas Genevieve me impedia. Ela firmou meus pés tão forte no chão, que temi nunca mais me mover. A voz dela soou ao fundo de minha mente, fria e imponente.

Enfrente como uma rainha.

Ithan, parou a minha frente e sorriu, não retribui o sorriso. Ele franziu a testa e tentou acariciar a minha bochecha, mas me afastei rapidamente.

— Não encosta em mim. — Ordenei e ele recuou um passo.

— Víollet, sou eu. — Ele me olhou e vi mágoa ali.

— Onde você estava por todo esse tempo? Sabia que eu precisei de você? Foi só minha mãe te liberar, que você sumiu. — Ithan tentou se aproximar, mas eu recuei um passo.

— Eu tive que resolver alguns assuntos, mas eu voltei. Estou aqui, por você.

— Por mim? — Ri com escárnio. — Quando eu precisei, você não estava lá. Você disse que se me perdesse, perdia tudo. — Lutei contra o bolo que se formava em minha garganta.

— Você acha que é fácil cuidar de outra pessoa a força? Tudo isso por culpa do desgraçado do seu pai? Eu tive que treinar desde sempre, para encontrar você. Acha que eu gosto de ser espancando?

Ithan, tremia com os punhos fechados. Foi então, que reparei melhor em seus traços, uma tatuagem despontava da manga curta de seu paletó e da pele do seu pescoço amostra. Ela não existia tempos atrás. Uma energia pesada o envolvia e no seu olhar havia ira. A esse ponto, eu já respirava com dificuldade.

— O que houve com você? — Perguntei, com preocupação genuína.

— Eu já falei, tive que resolver alguns problemas. Minha vida não é perfeita, como a sua. Não tenho tudo que eu quero ou quem eu quero, tenho que conquistar tudo, sozinho.

Ithan, se aproximava cada vez mais de mim e eu me afastava sem parar. Era como se ele não fosse mais o mesmo, como se algo o tivesse mudado.

— Não diz isso. — Falei em um sussurro.

— Porque, Vossa Alteza? Tem medo da realidade? — Me afastei mais e vi que tínhamos nos distanciado um pouco das pessoas no jardim. Agora, eu estava encurralada entre uma parede e Ithan. — Que tal me mostrar o que aprendeu no tempo que eu estive fora?

Ele avançou mais e uma aura negra se desprendeu dele. Fiquei tomada de pavor e completamente petrificada, até Genevieve estava silenciosa e não fazia menção de tomar o controle, do meu corpo para si. Ithan, ficou na minha frente e cheirou o ar, antes que eu pudesse reagir de alguma forma, ele me puxou e colocou seu corpo contra o meu. Uma faca estava pressionada contra meu pescoço e um lobo branco enorme, estava a nossa frente. Junto, com um vampiro irado, de olhos vermelhos e as pressas a mostra.

Solta ela — Miles ordenou e Eric rosnou.

— É sério isso? Vocês dois? — Ithan olhava de mim para Eric e gargalhava alto. Eric fez menção de atacar e a faca foi pressionada com mais força em meu pescoço, fazendo escorrer um filete de sangue. — Não cansa de tirar tudo de mim? Já não bastava a primeira vez?

Eric se transformou novamente em humano e andou alguns passos. Ithan nos levou mais para longe e eu comecei a resmungar, o aperto em volta de mim doía e a faca em meu pescoço pressionava com mais força, dificultando a respiração. Eric e Miles pareciam apavorados.

— Solta ela. — Eric implorou.

— Pra você ficar com ela? Ela é minha, se eu não posso ter ela, ninguém mais pode. — Arregalei os olhos com pavor.

— Cara, estamos em um novo século, isso é abusivo. Ela não é de ninguém, além dela mesma. Para com essa palhaçada e devolve ela pra gente. — Miles recolheu as pressas e nos encarava com medo.

Fechei os olhos e tentei me concentrar, apesar da dor.

Venha comigo

Uma porta se abriu em minha mente e eu entrei. Uma mulher com olhos grandes e azuis gélido, me encarava. Ela era alta e esguia, mas seu corpo possuía curvas delimitadas. Sua pele era pálida e salpicada por algumas sardas, seus cabelos iam até o chão e eram brancos como a neve. Sua boca vermelha formava uma linha fina. Uma vestido azul, quase translúcido com um decote em V, cobria seu corpo e se arrastava com uma enorme cauda.

— Até que enfim, você me encontrou. — Sua voz era melodiosa e alta, ao mesmo tempo.

— Quem é você? — Perguntei insegura.

— Meu nome é Harriet, sou irmã de Genevieve. Me deixe salvar você, não sou como ela.

Sem ter nenhuma escolha, assenti.

Voltando de volta ao meu corpo, percebi que Ithan, Eric e Miles falavam alguma coisa. Senti um outro espírito ocupando meu corpo, era tranquilo, poderoso e antigo. O poder emanava de cada poro meu, quando abri os olhos, eles estavam totalmente brancos. A sensação era a mesma, de quando Genevieve assumiu meu corpo na praia.

As cenas, que aconteciam a minha frente, era como se eu as tivesse vendo diante de uma tela de televisão. Meu corpo começou a emanar uma luz branca e forte, que queimava e cegava. Ithan me soltou e começou a gritar, Eric e Miles tateavam o ar cegamente. Me afastei deles e comecei a entoar um cântico, que falava sobre um novo mundo, sobre destruição e criação juntas, sobre um vazio na enorme teia do universo, feito apenas para trancafiar monstros e seres, piores do que a morte.

Quando a evocação terminou, percebi que estávamos em um vácuo, um ambiente escuro e totalmente sem luz. Com aceno de mão, Eric e Miles estavam ao meu lado e Ithan estava se retorcendo a minha frente.

— Nunca mais ouse tocar nela. Seu monstro, liberte o corpo do menino e o deixe em paz. Apodreça aqui como lição.

Em um clarão, sumimos daquele ambiente inóspito e retornamos novamente para Meyer. Harriet, deixou o meu corpo e eu pude enfim respirar direito. Os meninos vieram correndo em minha direção.

— Você está bem? — Miles perguntou e eu assenti.

Eric pegou meu rosto nas mãos, seu olhar era de súplica.

— Nunca mais chegue perto desse maluco, de novo. — Assenti fracamente.

Ele me puxou para um abraço e eu aceitei. Minha cabeça girava e meu corpo tremia, ainda estava tentando processar o que tinha acontecido.

Estávamos sentados no meu quarto, Miles, Eric e eu, havia uns trinta minutos. Ainda estava tentando me recuperar do acontecido, os meninos estavam furiosos e eu só estava cansada e perplexa. Ithan havia mudado, como e o tanto, eu ainda não sabia. Precisava saber o que tinha acontecido com ele.

— Você tem certeza que está bem? — Miles perguntou e eu assenti.

Não conseguia falar, desde que havia voltado para o meu corpo, era como se as palavras não saíssem. Peguei no meu colar e transmiti uma mensagem silenciosa para Miles, ele entendeu e rapidamente saiu do quarto.

— Você disse que sentia os meus sentimentos, então porque demorou a vir? — Perguntei baixinho, Eric ficou extremamente vermelho.

— Você precisa aceitar o laço, se quiser, é claro. Eu sinto o que você sente, pela ponte invisível que nos liga, mas enquanto não acontecer a aceitação, de uma forma muito reduzida. Miles, me encontrou e disse que havia algo errado, ele estava indo buscar Cassandra. Então, fomos procurar você. — Assenti fracamente e ele passou as mãos pelos cabelos, nervoso. — Desculpe, se quase não cheguei a tempo.

O encarei e inspirei fundo, precisava dizer antes que fosse tarde.

— Eu não amo você. — Ele se assustou, mas continuei. — Amar você é fácil, mas ainda não o amo. Preciso de tempo, Eric. Não posso aceitar o que nós temos, sem antes saber quem eu sou. Preciso entender, o que ter Genevieve, Caroline e Harriet, habitando o mesmo corpo do que eu significa, o que elas querem que eu faça. Conheci Ithan primeiro, estava começando a desenvolver sentimentos por ele, então sinto que tenho que descobrir o que deu errado, o que aconteceu com ele, mas preciso pensar em mim. Daqui há dois anos, eu ascendo ao trono e o povo me odeia. Isso, deve ser resolvido, então tenho que parar de agir como uma menininha triste e solitária, tenho que começar a jogar o jogo dos grandes. Quero que o mundo me veja como a máquina de destruição, que eles pensam que eu sou, e não como uma princesa que a mãe teve que abdicar do trono para sua proteção. Então, preciso da sua ajuda para isso, não vou cobrar fidelidade a mim, pode sair com outras pessoas, mas preciso que me ajude. Caso contrário, terei que conquistar as dimensões sozinha, e você e eu sabemos que não será tão difícil assim. — Eric me encarava com um misto de surpresa e incredulidade.

Expulsei as sombras do meu corpo e as espalhei pelo quarto, para que ele visse com os próprios olhos o poder de Genevieve, o meu poder. Sorri gelidamente e falei com a voz de uma rainha:

— Eu sou Víollet Armstrong, a reencarnação das Três Grandes, nada é impossível para mim.

E não era, não mais. Estava cansada de depender de outras pessoas, de não saber usar verdadeiramente os meus poderes. Então, dali para a frente, eu aprenderia e me moldaria, como uma arma. O mundo que se adequasse a mim, e não mais, eu ao mundo.

Cassandra adentrou ao quarto junto com Miles, e sorriu ao ver uma fração do meu poder espalhado, seus olhos refletiam orgulho. Miles demonstrava confusão.

— O que é isso? — O vampiro perguntou, confuso.

— A ascensão de uma rainha. — Cassandra respondeu, orgulhosa e Genevieve se manifestou.

Me deixou orgulhosa, Víollet

Sorri de orelha a orelha e senti que meus olhos brilharam.

Alisei o vestido e admirei o trabalho das empregadas, no espelho. Minha pele, brilhava levemente, meu rosto estava realçado, com uma maquiagem deslumbrante, com cores neutras. Meu cabelo, estava metade amarrado metade solto com cachos, duas mechas estavam soltas a frente para dar um charme. Terminei de me olhar no espelho, quando alguém bateu na porta.

— O que está fazendo aqui? — Eric, estava parado a minha frente.

Ele usava um dólmã azul marinho, com uma calça da mesma cor e uma coroa pequena repousava sobre sua cabeça. Uma pequena faixa transversal dourada enfeitava o dólmã, com algumas medalhas. Um broche de um lobo branco de olhos vermelhos, estava sob seu peito e ele vestia também ombreiras douradas. Ele sorriu pra mim e eu franzi a testa.

— Trouxe uma surpresa para você. — Ele deu um passo para trás e revelou Will.

Meu irmão usava um terno cinza, com uma camisa preta por dentro. Seu cabelo louro estava bagunçado e ele exibia um sorriso de orelha a orelha, esqueci do peso do meu vestido e pulei em cima dele.

— Porque você demorou para vir seu idiota?

— Se você não me matar antes, eu posso explicar. — Saí de cima dele e ele estendeu a mão para me levantar, aceitei. — A base estava com uns problemas, então decidi ajudar. Queria, que você tivesse um tempo só para você também. — Assenti, agradecida e emocionada. — Parabéns, maninha. Trouxe um presente para você.

Ele fez um gesto com a mão para Eric e o mesmo me entregou um embrulho rosa, rasguei o papel depressa. O presente era um ursinho de pelúcia bege segurando um coração, escrito: Will, te ama. Sorri e abracei meu irmão novamente.

— Obrigada, eu te amo também. — Falei sorrindo e decidi contar logo a novidade. — Estou noiva. — Will arregalou os olhos.

— Casar? Quem foi o louco que aceitou uma coisa dessas? — Meu irmão perguntou, entre risos.

— Eu. — Will ficou sem fala ao encarar Eric.

— Pelos céus! Que algazarra é essa? O que vocês fazem no meio do corredor? — Cassandra veio correndo até onde nós estávamos, segurando um grande embrulho preto. — Víollet, você já viu o seu estado?

— Não seja tão dramática, meu cabelo só está um pouco bagunçado. — Falei.

— Não importo, preciso arrumar você. — Cassandra começou a me puxar pelo braço e a dispensar os meninos com as mãos.

— Te vejo lá em baixo. — Will falou, antes que a porta do quarto se fechasse.

— Pegue isto. — Ela me entregou o embrulho preto. — Seu vestido é deprimente.

Vi um zíper e puxei, meu queixo caiu quando eu vi a peça de roupa. Era muito mais bonito do que o vestido lilás, que eu estava usando.

— Vamos, vista. — Assenti e me direcionei para o closet.

Sai do closet ainda me acostumando com o peso da peça. O vestido era rodado, com a saia em tons gradientes de azul e cinza. Delicados ramos de flores estavam espalhados desde o busto ao saiote, na barra, rendas brancas davam um ar de leveza a peça, quando eu me movimentava. O busto era ombro a ombro, e o decote de coração se adequava perfeitamente ao meu corpo. Cassandra, sorriu e me entregou um par de sapatos que combinavam perfeitamente com o vestido.

— Ainda falta uma coisa. — Com um movimento de mãos ela fez surgir várias pequenas luzinhas, que se espalharam pelo saiote.

Girei, para que os pontos de luzes se espalhassem. Encarei, Cassandra e sorri, ela retribuiu o sorriso. Ela entrelaçou seu braço ao meu e começamos a caminhar, para fora do quarto.

— Você está linda. — Sorri satisfeita comigo mesma.

Já fazia algum tempo, desde que eu me sentia bem comigo mesma e linda assim. O vestido era lindo e contrastava perfeitamente com o meu tom de pele e junto com o embrulho preto, que Cassandra havia me entregado, estavam um par de sapatos no mesmo estilo do vestido e uma tiara de tamanho médio. Com arabescos que se entrelaçavam e destacavam três pedras negras, a do meio sendo maior do que as outras duas.

— Essa coroa era minha, decidi dá-la a você, é o meu presente. Sou grata por existir em minha vida e por ter retornado para participar da sua. — estava prestes a dizer algo, quando uma lembrança me veio à cabeça.

— Vi você, no castelo de Hades, com um homem. Quem era ele? E como você voltou a vida? — Cassandra piscou, um pouco surpresa, mas logo tornou a sorrir.

— Existe muitas coisas de que não sabe, ainda. Prometo, que contarei logo, mas não hoje. Hoje é o seu dia, aproveite.

Dizendo isso, ela soltou meu braço e me deixou sozinha, de frente a uma porta de ouro. Supus, que a mesma dava acesso ao salão de bailes, nunca havia estado naquele corredor, antes. Olhei nervosa para o corredor e mordi meu lábio inferior.

— Está com medo, Vossa Alteza? — Me assustei ao perceber que um guarda falava comigo.

Dois guardas estavam posicionados nas extremidades da porta, um encarava a parede e o outro me olhava. O seu companheiro, parecia tremer da cabeça aos pés, talvez pensando que manter contato direto comigo, fosse loucura.

— Estou tentando reunir coragem. — Sorri, um sorriso que não chegava aos olhos, enquanto ele me ofereceu um sorriso gentil, verdadeiro.

— Vossa Alteza, precisa entrar, eles estão esperando. — Olhei para o guarda que falava comigo, o outro já estava roxo, acho que de medo.

— A senhorita consegue, se me permite dizer. Vossa Alteza, já enfrentou coisas piores. — Franzi minha testa, confusa. — Suas aventuras, correm a solta pelo castelo.

— Obrigada, senhor? — Perguntei, querendo saber seu nome.

— Devid Storm. — Assenti.

— Até logo, senhor Storm, foi bom dialogar com você. Infelizmente tenho que entrar, suponho que eu já esteja atrasada. — Ele sorriu novamente e eu retribui o sorriso, dessa vez verdadeiro.

Dei dois passos à frente, suspirei fundo, abri as portas duplas e entrei. Os holofotes, foram direcionados a mim e todos os olhares também, o salão estava cheio de pessoas vestidas elegantemente e outras ostentando coroas pratas, menores e menos caras, do que as que minha família estava usando. As pessoas estavam separadas e davam espaço para que eu passasse, ao encontro de um altar onde estava posicionado um grande trono dourado, ordenado com pedras de diamante, um trono menor e prata estava posto ao lado, cadeiras douradas com o estofado vermelho estavam postas ao redor dos dois tronos, Arthur, Cassandra, Eric, Ulisses, Will, Helena, Alfred, Hayley e Alice, estavam em pé diante delas. Miranda, me encarava encantada, em frente ao trono dourado. Seu olhar, era uma incógnita, mas pude discernir um sentimento habitando ali, ganância. Ao seu lado, também em pé, mas não a frente de nenhum trono, estava Edward, ele sorriu para mim, mas o sorriso não chegava aos olhos, não retribuí.

Desci os degraus da escada, passo por passo, com medo de cair. Aprumei minha postura e ergui meu queixo. O vestido era muito pesado, o salto era o mais alto que eu já havia usado na vida e a tiara pesava sobre minha cabeça, mas tirei forças do fundo da minha alma para equilibrar aquilo tudo. As pessoas me olhavam com um misto de medo, inveja e incredulidade, ninguém sabia sobre meus verdadeiros poderes, mas todos esperavam que eu fosse tão forte (ou até mais) do que Miranda. Eles ainda estavam decidindo se isso era bom ou ruim, se realmente me queriam como rainha de Meyer. Manipulei a escuridão, com cautela e destreza, para que entrasse na mente dessas pessoas e as manipulassem, que o medo se transformasse em admiração, que a dúvida se dissipasse e desse espaço para a certeza, de que eu era grande e faria feitos enormes. Me impressionei com essa nova forma de manipulação de poder, e Genevieve se agitou, percebi que havíamos feito aquilo juntas.

Parei de frente a Miranda e ela me estendeu a mão, para que eu me aproximasse. A peguei e subi no altar, com certa dificuldade.

— É com muita alegria, que apresento a vocês minha filha, Víollet Armstrong. Agradeço imensamente, a presença de todos vocês neste lindo baile, em virtude da comemoração de seus dezoito anos. — Minha mãe fez uma pausa e todos aplaudiram, sorri e fiz uma mensura com a cabeça. — Como todos já perceberam, voltei a assumir o trono de Meyer. Sou eternamente grata, por minha amada irmã Hayley, ter sido uma excelente regente na minha ausência.

Minha mãe, foi interrompida por um homem que vestia um terno extremamente chamativo, verde neon. Seus cabelos estavam penteados para trás, seus olhos cor de rosa estavam escondidos por trás de um óculos, com pequenas pedras de diamante incrustadas, notei que suas orelhas eram pontudas. Sua mão estava levantada no ar e a outra ele segurava uma espécie de câmera esquisita.

— Sim, senhor George? — Miranda perguntou.

— Como explica, o incêndio que a Vossa Alteza causou recentemente? — Olhei para minha mãe e tentei não passar nenhuma reação.

— Um surto de poder, é conhecimento de todos que nesta idade isso é muito comum. Esse surto, é apenas uma prova que Víollet é tão poderosa quanto eu, e ela irá usar esse poder para proteger nosso povo e acabar com seus inimigos. — Miranda, deu bastante ênfase nesta última palavra. O tal George, abaixou a mão e eu ouvi seu celular bater mais rápido. — Esta noite, não estamos comemorando apenas mais um ano de vida da futura rainha de Meyer, mas também a sua união com o futuro rei de Sundeny.

Aplausos explodiram por todos os lados, Eric se aproximou de mim, sorrindo e eu acabei sorrindo também.

Miles me olhava sem entender nada e eu expliquei brevemente.

— Subir ao trono, sem ajuda do povo é perigoso, sua mãe, Miles, possui um plano que não sabemos exatamente qual o objetivo. Outras pessoas podem pensar igual ou pior. Tenho que consolidar o meu lugar de alguma forma. Para todos, eu sou uma estranha. Eric é querido, ter um noivado com ele, passaria uma boa imagem de mim, que sou preocupada com a família e encontrei o amor. É claro que, é uma jogada de poder, mas estou disposta a me comprometer com isso e ele também. O povo verá isso como uma coisa boa e todos nós saímos ganhando, um acontecimento desses, pode inibir o ocorrido do incêndio. Preciso de uma distração, enquanto descubro mais sobre mim.

— Você tem certeza que é de acordo com isso? — Cassandra perguntou para Eric.

— Sim, não é algo tão ruim. — O empurrei de lado e ele riu. — Se não der certo, podemos romper, mas de todas as formas, temos o laço, estamos ligados.

Cassandra arregalou os olhos e Miles colocou as mãos nos bolsos, ele não parecia surpreso, franzi minhas sobrancelhas para ele.

— Eu já imaginava, tenho uma ligação com você também, sei dos seus sentimentos. — Ele sorriu de lado e eu corei. Cassandra pigarreou, chamando a atenção.

— Por enquanto, isso fica em segredo. Veremos como isso vai se sair depois, agora vamos nos concentrar no baile e em como as pessoas reagirão. Cassandra falou.

Nós três assentimos e voltamos a discutir sobre o "noivado".

As pessoas estavam abismadas e um murmurinho começava a se alastrar pelo salão. Eric, pegou minha mão e entrelaçou a sua, sorrimos como bobos apaixonados. Éramos ótimos atores, pelo menos eu, tinha que ser.

Sinto em lhe informar, princesa, mas agora isso é público. Sou literalmente, o homem de apenas uma mulher

Ouvi a voz de Eric em minha mente e revirei os olhos.

Não sou sua

Não falei que era, mas eu sou seu, nessa dimensão e em outras além dessa

Virei meu rosto para ele. Eric, me encarava intensamente e eu vi que existia sentimentos verídicos ali, por isso ele havia concordado com o noivado. Apertei nossas mãos entrelaças e voltei a encarar as pessoas, a frente. Um dia, talvez, eu retribuiria esse sentimento por completo. Eu não o amava, mas já estava começando a sentir algo por ele.

— Agora vamos as comemorações. — Miranda falou, exibindo um grande sorriso.

Por alguns segundos, fiquei parada sem saber o que fazer. Apenas continuei ali, segurando a mão de Eric. Arthur, deve ter visto o desespero no meu rosto e foi até onde estávamos.

— Felicidades ao novo casal. — Ele falou, com um sorriso debochado no rosto e eu revirei os olhos, soltando a mão de Eric. — Se me permite, nobre noivo, vou roubar sua dama para uma dança.

— A devolva logo, tenho muito ciúmes dela e como um recém apaixonado, morro de saudades quando a mesma, não está por perto. — Revirei os olhos novamente.

— Seus retardados, vamos logo. — Puxei Arthur e fomos para a pista de dança, Eric ficou rindo, atrás de nós.

A dança era animada e as pessoas estavam rindo, parecendo se divertir. Eu só ficava imaginando como as mulheres riam, com aqueles saltos torturantes nos pés. Arthur, pôs as mãos em minha cintura e eu entrelacei as minhas em seu pescoço.

— Noiva, hein? Não era você que estava reclamando sobre casamento arranjado? — Ele perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

— É uma jogada política, não há sentimentos envolvidos. — Ele riu com escárnio e eu o belisquei, as pessoas estavam olhando.

— Tem certeza disso? Pelo menos sei que Eric gosta de você, e ao que parece, você não é tão alheia a isso também.

Mordi o lábio inferior, Arthur havia me pegado. Eu não desgostava de Eric completamente, apenas ainda não o amava. O casamento, se viesse a acontecer, seria em um futuro bem distante. Mas e se realmente acontecesse? Eu seria feliz?

Não confiava em Eric, ainda não. Não confiava e não podia confiar, em metade das pessoas ao meu redor, talvez o único que realmente tinha minha confiança por inteiro, fosse Arthur e Miles, Will e Daisy não contavam, é claro. Falando em Daisy, a mesma havia ficado na base, não havia voltado comigo para Meyer e eu desconfiava de que alguma coisa estivesse acontecendo, já que a mesma não tinha aparecido nem no dia do meu aniversário. Balancei minha cabeça para afastar os pensamentos e voltei minha atenção para Arthur, novamente.

— Não confio nele e nem em ninguém ao nosso redor. Sentimentos podem ser perigosos, quando amamos, é como se uma venda fosse colocada em nossos olhos, nos impedindo de ver o óbvio. Não ver o óbvio, no meu caso, pode levar a morte. — Arthur, não teve chance de dizer nada, porque antes que alguma palavra fosse dita, houve a troca de parceiros.

James, estava a minha frente e parecia um pouco surpreso, assim como eu. Ele usava uma camisa de mangas longas branca e uma calça preta, justa até demais. Seus cabelos prateados estavam penteados para trás e pareciam brilhar, seus olhos da mesma cor, me encaravam com intensidade.

— Vossa Alteza, é uma honra para mim estar dançando com a senhorita. Aceite minhas felicitações pelo noivado recém anunciado e pelo seu aniversário. — Franzi minha testa, estranhando a formalidade.

— Obrigada, James. Me chame de Víollet. — Ele assentiu.

— Não vou perguntar, o que estava fazendo no meio de todo aquele fogo, tenho plena certeza que não foi você a causa do incêndio. — Fiquei surpresa ao vê-lo dizer isso. — Acredito, que irei estudar com você ano que vem. Me diga uma coisa, o seu noivo costuma fuzilar os seus amigos homens?

— Acho que não. — Respondi confusa. Procurei Eric entre as pessoas e o vi sentado em uma mesa conversando com uma senhora, ele encarava James com um olhar nada amistoso.

— Então, acho que ele me odeia. — Nós nos encaramos e rimos. — Gosto de você, seu sorriso é extremamente cativante. Me seduziria se eu já não estivesse apaixonado. — Eu não sabia se ria ou corava, decidi fazer o primeiro.

— Quem é a sortuda? — Perguntei depois do choque ter passado.

— O nome dela é Jéssica, quando começar as aulas te apresento a ela. — Concordei. — Até logo Víollet, troca de pares.

Fiquei um pouco desapontada por James ter que parar de dançar comigo, ele parecia ser uma boa pessoa. O sujeito a minha frente, era bem mais velho do que eu, mas ainda assim estava em uma boa forma. Seu corpo era musculoso, para alguém que parecia ter mais do que cinquenta anos. Ele era mais alto, apenas alguns sentimentos, sua barba estava por fazer e ele tinha cabelos pretos. Suas roupas eram refinadas e chiques, ele usava uma túnica e uma coroa pequena estava sob sua cabeça. Seu semblante estava carrancudo e ele me olhava com indiferença, o que já começou a me irritar, mas o que me fez ficar em choque foram seus olhos. Os mesmos olhos esmeraldas, de Ithan.

— Meus parabéns, Vossa Alteza. — Ele falou com sarcasmo. Sua voz era alta e rouca. — Ou devo lhe chamar pelo nome? Acho desnecessário, chamá-la por termos nobres, já que é apenas uma criança.

Meus olhos faiscaram e Genevieve se manifestou para matar o velho, mas eu a acalmei e tentei ficar tranquila. Na minha mente, chamei por Miles, para que ele viesse logo, minha calma possuía certos limites e eu não queira que ocorresse um homicídio no meu baile.

— A senhorita é muda? É uma pena, gostaria de perguntá-la o que houve a Ithan, desde o chá da tarde ele sumiu. Pensei, que a senhorita tivesse algo a ver com isso. — Cravei minha unha no polegar e respondi o mais pacifica possível.

— Não sou muda, senhor. Receio que deva tomar cuidado ao falar com pessoas de títulos superiores a você. Sou a princesa herdeira de Meyer, futura rainha dos sete conjuntos e da dimensão um. Raror, o reino que o senhor governa, pertence a mim. O senhor, não vai querer que eu me lembre desta conversa quando governar, posso tirar o seu título e a coroa, concedida pela minha família, assim que eu subir ao trono. — Ele ficou desestabilizado por alguns minutos, mas logo recompôs a postura.

— Perdoe-me, Alteza. Me chamo Vindergard Young, sou apenas um rei preocupado com o filho. — A preocupação e o perdão, não chegavam aos seus olhos.

Não pude dizer algo além de assentir, pois os parceiros mudaram, mas preferi sair da dança e ir me sentar em uma cadeira próxima. Meus pês doíam e minha cabeça lateja, rapidamente, o meu clima festivo havia sumido, dando espaço para indignação e impaciência.

Chamei por Miles várias vezes, agora segurando o colar, mas ele parecia estar totalmente inacessível, resmunguei frustrada. Ainda precisava dar um jeito de conversar com Harriet sobre o acontecido com Ithan, ele não estava normal. Precisava saber, onde a mesma havia prendido ele e como tirá-lo de lá. Pelo sua última fala, Ithan estava possuído ou algo assim. Esfreguei minhas têmporas com força, aquele estava sendo o pior aniversário da minha vida.

— Onde raios você estava? — Perguntei irritada.

Miles, havia acabado de se materializar na minha frente, com Arthur. Os dois pareciam preocupados.

— Estávamos resolvendo um assunto, sobre minha família. Não precisava se preocupar, estamos bem. Amanhã contamos para você, hoje é o seu dia.

— Podem contar, ele já está ruim mesmo, não vejo como pode ficar pior. — Falei exasperada, os dois se entreolharam. Estavam escondendo alguma coisa. — O que vocês dois estão escondendo?

Os meninos não tiveram a chance de responder, escutei um estalo dentro de minha cabeça e logo fiquei absorta.

Minha cabeça era um redemoinho de lembranças, sentimentos e sensações. Era a primeira vez que eu adentrava ali, sem que Genevieve, e dessa vez Harriet, me chamassem. Não havia gostado.

Comecei a seguir o estalo e um fio branco começou a formar um caminho, para que eu seguisse. Estava em uma penumbra total, sendo guiada apenas pelo fio branco. A escuridão deu lugar a uma ponte, grande e larga, de cristal. O cenário era de um céu cheio de estrelas, a lua estava cheia e brilhava fortemente. A única iluminação daquele ambiente era a lua e a ponte, que brilhava fortemente, como se fosse feita das próprias estrelas ao invés de cristal. Eric, estava a três metros de mim e usava uma calça branca, com a blusa da mesma cor, seus pés estavam descalços e seus cabelos estavam emaranhados. Ele exibia um sorriso selvagem e seus caninos estavam a mostra. Suas mãos estavam nos bolsos e sua postura estava relaxada.

Olhei para baixo e vi que o vestido e os adornos, que eu usava há alguns minutos atrás haviam sumido. Agora, eu estava usando um vestido branco e leve, com mangas longas. Meus pés estavam descalços e meu rosto, estava límpido, sem nenhuma maquiagem. Encarei meu reflexo na ponte e conclui que estava linda, uma beleza natural e real.

— Gostou? — Eric perguntou quando me aproximei.

— Onde estamos? — Perguntei desconfiada.

— Essa é a ponte nos une, uma ligação entre nossas mentes. O cenário vai depender de quem o evoca, como fui eu, escolhi este. A ponte reflete as emoções de quem fez o chamado. Pode vir para cá quando quiser e me chamar da mesma forma. É uma conexão segura e a mais eficaz, para quando estivermos longe, e eu ou você, precisarmos de ajuda. — Assenti. — Não pude dar a você meu presente mais cedo, então convoquei isto para termos privacidade. Objetos podem ser materializados aqui e passados um para o outro, se esta for a intenção. Independe se aceitar o laço ou não, sempre haverá este canal, que nos une. Não te pressionarei a nada, se quiser romper o noivado, rompemos. Se não quiser me ver nunca mais, eu sumo, mas preciso te dar isto. Sinto, que é a hora certa.

Ele tirou do bolso uma caixinha de veludo preta e me entregou, fiquei com medo do que poderia estar ali dentro. Abri a caixinha e dentro havia um anel de prata. Ao centro havia uma lua feita de diamante, com um tamanho razoável. Ao seu lado estavam duas estrelas negras, interligadas a lua por uma fina linha brilhante.

— Era da minha mãe, ela morreu quando eu tinha cinco anos, em um acidente de carro, meu pai também. Estávamos indo para uma viajem e ela me mostrou esse anel, disse que era para eu dar a pessoa que eu mais amasse ou viesse a amar. A lua representa yang e as estrelas yin, esse anel mostra o bem e o mal em uma pessoa, um equilíbrio. Por mais que o seu poder, momentaneamente seja as sombras, acredito que haja luz aí dentro, também. Você é isso, Víollet, equilíbrio.

Antes que ele terminasse de falar, meus olhos já estavam cheios de lágrimas. Coloquei o anel no dedo anelar e fechei a caixinha.

— Obrigada, de verdade. Nunca irei me esquecer deste gesto. — Eric sorriu e eu me aproximei e o beijei na bochecha.

Quando me afastei, ele parecia surpreso, mas não tivemos oportunidade de conversarmos mais. Uma voz começou a chamar meu nome desesperadamente e meu mergulho dentro da minha própria mente, havia terminado abruptamente.

Miles e Arthur me olhavam desesperados, as pessoas corriam e gritavam. Em um piscar de olhos, Eric havia saído (sabe-se lá da onde) e surgido a nossa frente, parecendo tão perdido quanto eu.

— O que acontece? — Perguntei confusa.

— Estão atacando Devier, um dos sete conjuntos. Um ataque surpresa está acontecendo e sua amiga Daisy, morreu no processo. — Arthur falou quase gritando, mas eu só havia registrado a última parte.

Sua amiga Daisy morreu no processo

Daisy havia morrido

Minha melhor amiga estava morta

Olhei para Arthur, com os olhos realmente faiscando e explodi. Queimando e destruindo tudo que havia no caminho.

   Sério, quando comecei a escrever essa história não esperava essas leituras todas, obrigada por ter lido essa história, existindo tantas outras mais elaboradas pelo Wattpad. Esse projeto teve início em 2017, com uma adolescente beirando a depressão, que era obcecada por PJO, e tomou proporções enormes. Obrigada por terem feito com que me livro chegasse a mais de meio milhão de leituras, eu sou grata demais por isso! ❤️

A você que ama a vida maluca que nossa querida Víollet leva, vai ter um segundo livro SIM.

        O cenário vai ser totalmente diferente, vai se passar na já mencionada escola de magia e vai ter muitas brigas e aventuras. O lançamento dele vai ser no sábado ou no domingo, vai depender muito. Vou tentar fazer dois capítulos para não postar apenas um, mas não prometo nada. Vou escrever os capítulos maiores e com mais detalhes e acontecimentos, esse último capítulo foi um teste. E deu bastante trabalho pra fazer ele assim.

     É isso pessoal, me contem o que acharam do último capítulo e do livro em sim, e novamente, obrigada por terem lido esta história, espero que vocês leiam o segundo livro.

Beijinhos.

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