Meu Adorável Advogado [DEGUST...

By Carla_Diany

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Marco Greier não está disposto a baixar sua guarda. Com o pai doente, já foi obrigado a abdicar da carreira d... More

Apresentação
PARTE UM
Prólogo
Capítulo Dois
Capítulo Três - RETIRADO
Capítulo Quatro - RETIRADO
Capítulo Cinco - RETIRADO
Capítulo Seis - RETIRADO
Capítulo Sete - RETIRADO
Capítulo Oito - RETIRADO
Capítulo Nove - RETIRADO
Capítulo Dez - RETIRADO
Capítulo Onze - RETIRADO
Capítulo Doze - RETIRADO
Capítulo Treze - RETIRADO
Capítulo Catorze - RETIRADO
Capítulo Quinze - RETIRADO
Capítulo Dezesseis - RETIRADO
Capítulo Dezessete - RETIRADO
Capítulo Dezoito - RETIRADO
Capítulo Dezenove - RETIRADO
Capítulo Vinte - RETIRADO
Capítulo Vinte e Um - RETIRADO
Capítulo Vinte e Dois - RETIRADO
Capítulo Vinte e Três - RETIRADO
Capítulo Vinte e Quatro - RETIRADO
Capítulo Vinte e Cinco - RETIRADO
Capítulo Vinte e Seis - RETIRADO
Capítulo Vinte e Sete - RETIRADO
Capítulo Vinte e Oito - RETIRADO
Capítulo Vinte e Nove - RETIRADO
Capítulo Trinta - RETIRADO
Capítulo Trinta e Um - RETIRADA
Capítulo Trinta e Dois - RETIRADO
Capítulo Trinta e Três - RETIRADO
Capítulo Trinta e Quatro - RETIRADO
Capítulo Trinta e Cinco - RETIRADO
Capítulo Trinta e Seis - RETIRADO
Capítulo Trinta e Sete - RETIRADO
Capítulo Trinta e Oito - RETIRADO
Capítulo Trinta e Nove - RETIRADO
Capítulo Quarenta - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Um - RETIRADO
PARTE DOIS - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Dois - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Três - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Quatro - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Cinco - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Seis - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Sete - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Oito - RETIRADO
Capítulo Quarenta e Nove - RETIRADO
Capítulo Cinquenta - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Um - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Dois - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Três - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Quatro - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Cinco - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Seis - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Sete - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Oito - RETIRADO
Capítulo Cinquenta e Nove - RETIRADO
Capítulo Sessenta - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Um - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Dois - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Três - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Quatro - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Cinco - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Seis - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Sete - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Oito - RETIRADO
Capítulo Sessenta e Nove - RETIRADO
Capítulo Setenta - RETIRADO
Capítulo Setenta e Um - RETIRADO
Capítulo Setenta e Dois - RETIRADO
Capítulo Setenta e Três - RETIRADO
Epílogo
AVISO E NOVIDADES!

Capítulo Um

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By Carla_Diany

Assim que saiu daquela desastrosa negociação, Marco precisou lidar com seu péssimo humor.

Isso porque, além de se atrasar muito mais do que pretendia para chegar ao escritório, ainda teve o azar de ser sufocado por um forte cheiro de álcool no elevador do prédio, vindo de um sujeito que, por desgraça, sabia que ele era um dos sócios do "Dotor" Brenner.

O tal sujeito lhe encurralou num canto do cubículo e ficou elogiando o "adevogado" dele, e balbuciando sobre terrenos e estacas. Também lhe contou que iria falar com Brenner e mandar levantar a lebre porque ele não tinha mais idade para aquilo. Dali por diante, Marco já não conseguiu entender mais nada do "causo".

Quando enfim escapou do "cliente" – que continuou dentro do elevador feliz da vida abanando a mão para ele num gesto de adeus –, Marco prometeu a si mesmo que, mais tarde, teria uma conversa séria com Dr. Brenner sobre aquele assunto.

Ao ver Jenifer escondida atrás do balcão da recepção, segurando o riso pela cena que acabara de presenciar, ele ficou ainda mais mal-humorado. Nem sequer a cumprimentou, apenas lhe pediu secamente para que só lhe passasse ligações urgentes.

Ela parou de sorrir no mesmo instante e assentiu com um gesto de cabeça. Aquele sinal de respeito deveria ter acalmado Marco.

Entretanto, não aconteceu.

Toda a questão do Corvette só o deixava mais e mais agitado. Por isso, ele pensou em conversar com Morgana, uma de suas sócias no escritório. Além de ser uma colega, ela também era amiga de Elisa, assim Marco mataria dois coelhos com uma cajadada só: poderia se acalmar e também pedir conselhos sobre como lidar com aquela ruiva doida.

Merda! Entre coelhos e lebres, esta manhã não tinha como ficar mais estranha. Só faltava alguém aparecer com uma chinchila, ele pensou amuado.

E Marco estava justamente passando em frente à sala de Morgana. Depois de uma breve pausa junto a porta, não ouviu som algum, então decidiu bater.

Após um "pode entrar" abafado, ele girou a maçaneta e foi logo perguntando:

– Você tem um minuto, Morgana?

– Claro, Marco – respondeu ela enquanto abria uma gaveta da mesa e enfiava lá dentro o seu tablet.

Preferindo manter aquele assunto só entre os dois, Marco fechou a porta atrás de si e se acomodou numa das cadeiras em frente à mesa dela.

– Eu tive uma reunião hoje de manhã...

Ele foi interrompido sem nenhum pudor.

– Sim, eu soube. Você e a Elisa espantaram o vendedor do Corvette, não foi?

Marco não podia acreditar.

– Como você soube? Foi você quem contou para aquela malu... – Percebendo como quase acabou chamando a amiga de sua sócia, ele se corrigiu: – Para ela que eu tinha uma reunião hoje?

Morgana ergueu as sobrancelhas ante a acusação.

– O quê? Não! Eu acabei de receber um Whats da Elisa dizendo que você foi na reunião dela. Ela não para de falar nesse Corvette há meses.

Ele se conteve de mexer no nó da sua gravata, totalmente frustrado.

– A reunião era comigo, Morgana. A Elisa foi quem deu um jeito de descobrir e aparecer lá sem ser convidada.

Marco percebeu que sua colega estava fazendo um belo esforço para não rir da má sorte dele. Um belo esforço que não deu certo. Em poucos segundos, ela se debulhou em gargalhadas.

– Me desculpe por rir, Marco – pediu ela, tentando se recompor. – Mas é que é bem típico da Elisa esse tipo de coisa. Só que eu lhe garanto que não foi por mim que ela descobriu. Eu não sabia de nada, nem tinha ideia de que você pretendia trocar de carro.

Marco analisou a expressão de Morgana atentamente, até que ela parou de se divertir e por fim ficou séria. Focou em seus olhos castanhos e só acreditou em suas palavras quando viu a verdade neles.

Ele era bom em analisar as pessoas. Ou, pelo menos, a maioria das pessoas, corrigiu-se quando a imagem de Elisa veio à sua mente.

Se bem que a própria Morgana lhe parecera um bichinho de pelúcia assim que eles se conheceram. Só após alguns meses convivendo com ela – e sendo alvo de suas artimanhas –, foi que ele reconheceu que sua sócia era uma mulher com garras.

É claro que esta iluminação só me chegou depois da trigésima tortinha de limão que eu paguei para ela.

– Posso contar com você para ser imparcial em relação a este assunto, Morgana? – perguntou ele, preferindo deixar tudo às claras. – Ou você teria de tomar partido? Porque eu sei que vocês são amigas e não quero deixá-la numa posição desconfortável, nem me prejudicar no negócio.

Morgana gostava daquele jeito realista e direto de Marco. Assim que ele entrou para a Brenner e Associados, houve muitas situações em que ela quis lhe esfregar umas verdades na cara, por ele achar que ela era jovem demais e sem experiência. No entanto, com o passar do tempo, Marco foi reconhecendo que havia se equivocado e, aos poucos, os dois começaram a se entender melhor.

Ainda mais quando ele era tão receptivo a aliviar a própria consciência submetendo-se a um eterno suborno.

Tortinhas de limão: ontem, hoje e sempre!

Além disso, era importante que Morgana e Marco tivessem um bom convívio. Assim como ela, ele era um dos sócios do escritório, o que se podia considerar praticamente um casamento, e os dois também se descobriram com muitos amigos em comum, incluindo o namorado dela, Sandro.

Apoiar Marco ou Elisa? Como decidir?, perguntou-se Morgana já sentindo o doce sabor da tortinha de limão e do café que tomaria mais tarde.

Resolveu optar pelo mais simples:

– Vou escolher ser imparcial, Marco. A Elisa é minha amiga, mas eu prefiro não me meter na vida de ninguém.

Quando Marco estreitou o olhar, Morgana decidiu se explicar:

– Estou falando sério. Atualmente sou uma nova Morgana, mais sábia, que aposta menos e que entende até que ponto uma amizade pode ser afetada quando há muita intromissão – insistiu ela, lembrando-se do dia em que recebeu aquela lição valiosa.

Aprendeu-a da pior forma, mas era melhor não entrar em detalhes sobre tudo o que aconteceu da última vez em que se viu enrolada num assunto alheio...

Marco a olhou sem acreditar muito em suas palavras. Guilherme lhe contou que ele e Andressa foram alvos de uma aposta¹ feita poucos meses atrás e todos sabiam que Morgana e Sandro haviam enfiado uma colher naquele angu.

Assim como o próprio Marco tinha certeza de que Elisa não havia enfiado só uma colher, mas os dedos, as mãos, os braços e a cara inteira.

No entanto, naquele momento ele não tinha lá muita opção a não ser dar uma chance à colega de escritório. Bem ou mal, Morgana ainda seria melhor fonte de informações sobre Elisa do que Sandro e Guilherme. Ou, pelo menos, seria uma fonte muito mais confiável.

– Bom, Morgana, não vou aborrecê-la com detalhes, mas gostaria de saber se você poderia me dar uma dica de como lidar com a sua amiga.

Morgana fez todo o possível para manter uma expressão séria. A verdade era que não sabia se ria ou sentia pena da ilusão que Marco tinha ao lhe pedir "uma dica".

Afinal, se existisse no mundo algum manual sobre Elisa Carvalho, tal objeto certamente valeria uma nota preta.

– Há diversas formas de lidar com a Elisa, Marco. Mesmo assim, é difícil saber qual delas pode funcionar – disse ela, pondo as palmas das mãos para cima em sinal de impotência. – O que funciona hoje pode não funcionar amanhã, então... Não sei o que você está perguntando exatamente.

Marco franziu a testa e tentou esclarecer:

– Só queria saber como fazê-la ser mais racional e não espantar o vendedor. Se ela aparecer assim em mais alguma reunião minha, o homem fugirá de novo e nenhum de nós conseguirá negociar. Ela vai acabar forçando-o a vender o Corvette para um estranho.

Com um suspiro, Morgana balançou a cabeça.

– Receio que você terá de contar com a sorte. Quem sabe não é melhor marcar uma reunião com ela e explicar tudo com calma? Elisa leva muito a sério sua relação com os carros, então uma conversa poderia fazê-la entender o seu ponto de vista, Marco.

Ele só não agarrou os próprios cabelos com força porque os despentearia.

O que Morgana achava que ele vinha fazendo até agora? Conversar e conversar, obviamente. Só que Elisa não queria ouvi-lo, quem dirá aceitar se reunir com ele para chegarem a um acordo.

Num gesto automático, levou a mão ao nó da gravata, até lembrar que era cedo demais para se sentir sufocado.

Veja só o que uma dose de Elisa logo de manhã pode fazer com uma pessoa, pensou ele amargamente.

– Mas eu já tentei explicar, Morgana. Já tentei explicar, soletrar e até ameaçar. Só não cheguei a desenhar para ela... – Ainda.

Morgana mordeu o lado interno da bochecha e conseguiu se impedir de sorrir. Ela ainda tinha algum autocontrole.

– Talvez uma conversa impessoal, pelo telefone e...

Marco a interrompeu:

– Já conversamos pelo telefone diversas vezes também, mas a mulher é simplesmente impossível! Ou me achincalha ou então tenta me seduzir. O que não ajuda em nada numa negociação, muito menos num acordo.

A lembrança do último convite sensual de Elisa ainda fazia o coração de Marco bater acelerado.

Ele tinha sangue nas veias, afinal.

– Sim, mas... – Morgana suspirou de novo, como se estivesse decidindo o que devia e o que não devia falar.

Elisa e Marco eram tão diferentes... Os dois não poderiam sequer serem comparados com a água e o vinho. Eles estavam mais para a água e o óleo, sendo Marco a água, totalmente neutro, e Elisa o óleo, que nem o mais potente detergente conseguia tirar.

Mas como explicar isso sem ofendê-lo?

– Posso ser sincera? – perguntou ela por fim.

Ele a olhou muito sério.

– Claro. Foi por isso que pedi a sua opinião.

Morgana inspirou fundo. Reuniu coragem e começou:

– Em primeiro lugar, você deve entender que a Elisa é expansiva, fala alto para se expressar e pode, algumas vezes, levar um tempo até realmente concordar com alguém.

Ele se controlou para não rolar os olhos.

– E quem não vê isso?

– Eu não disse ver, Marco, eu disse entender – Morgana esclareceu, e se preparou para o que precisava ser dito a seguir: – E em segundo lugar, para a Elisa levá-lo a sério, você não deve parecer tão...

Ele a encarou, ansioso.

– Tão...?

Morgana tinha uma série de sinônimos em sua cabeça, mas achava que Marco não iria gostar de nenhum deles. Até porque quem gostaria de ser comparado à água?

Água era incolor, inodora e sem sabor.

E o pior era quando ela vasculhava a própria mente em busca de todos os adjetivos que já havia ligado ao nome dele.

Arrogante, esnobe e empoado piscavam diante dela, justo como uma placa neon pairando sobre ele. Mas Morgana sabia que, por trás de toda aquela aparência mimada, existia alguém íntegro e de bom coração.

Um homem maravilhoso, na verdade, se ela pensasse nele como sua fonte infinita de tortinhas de limão.

Respirando fundo, ela tentou amenizar o baque:

– Bom, é que você não deve parecer tão certo de si mesmo, Marco. Além de entender como a Elisa funciona, também precisa demonstrar que escutou o ponto de vista dela. Não só apresentar o seu lado e esperar que ela o aceite sem ser levada em consideração. E, claro, deve fazer isso de uma forma... Como posso dizer? Sem ser tão... frio e neutro. E distante. Você tem que mostrar a personalidade que eu tenho certeza que lhe aflora nos tribunais.

Pela expressão pensativa de Marco, Morgana não soube dizer se ele havia levado suas palavras a mal. Porém, para seu espanto, ela viu a boca dele se curvar em um meio sorriso.

Sendo que Marco Greier nunca, sob hipótese alguma, parecia sorrir.

O queixo dela quase caiu.

– Acho que sei o que quer dizer, Morgana... Já a tratei assim, não é? De forma mais fria, neutra e distante – disse ele, repetindo as palavras usadas por ela. – Em suma, você me acha empoado.

Morgana se recuperou rápido do choque. Marco havia lido seus pensamentos com perfeição.

Embora houvesse resumido tudo com uma palavra que somente o seu falecido avô costumava usar.

Decidiu se apressar na resposta:

– Não. Talvez. Bom, sim. Mas...

– Tudo bem – assentiu ele, ainda refletindo sobre aquela conversa esclarecedora enquanto se levantava e ia saindo. – Vou deixá-la trabalhar, não quero tomar o seu tempo.

Agora Morgana estava preocupada.

– Marco...

Quando ele se virou para olhá-la, já com a mão na maçaneta, ela perguntou:

– Você não ficou chateado com o que eu disse, ficou?

– Eu pedi a sua ajuda e você me ajudou – respondeu ele, abrindo a porta e se despedindo: – Tenho umas coisas para fazer, então nos falamos depois.

– Marco, eu só...

– Está tudo bem, Morgana. Nos vemos mais tarde.

Marco saiu tão rápido da sala de Morgana que até Jenifer olhou para ele com as sobrancelhas arqueadas, surpresa por sua velocidade.

Ele, por outro lado, não diminuiu seu ritmo, sentindo seu péssimo humor piorar ainda mais conforme caminhava até a própria sala. Foi um alívio fechar a porta e deixar todos os problemas do lado de fora.

Aquela conversa com Morgana não havia saído exatamente como ele tinha imaginado. Marco procurava um conselho, não um lembrete de como foi o início da relação profissional dos dois.

Droga! Que manhã!

Com uma vontade ainda maior de afrouxar o nó de sua gravata, Marco suspirou e largou sua pasta de trabalho sobre a mesa. Depois, abriu as persianas da janela antes de se acomodar à cadeira.

Será que ele era mesmo tão... empoado assim?

Seus amigos já haviam lhe falado que ele tendia a ser um tanto frio com as pessoas, dentro e fora do âmbito profissional, mas era essa a impressão que Marco passava para qualquer um?

Será que Elisa pensa isso de mim?

Bem, talvez não, já que ela flertava com ele sempre que podia. Por outro lado, aquela mulher flertaria até com um homem em coma, então não era um bom parâmetro a ser seguido.

Porcaria, era como um ciclo sem fim. Lá estava aquela bendita ruiva apoderando-se de seus pensamentos novamente.

Uma ruiva maluca que tinha a audácia de invadir encontros e reuniões alheias!

Mas isso não mudaria nada. Ele queria o Corvette, apaixonou-se por ele assim que o viu e ninguém, nem mesmo uma mulher cabeça-dura que não aceitava argumentação, iria mudar seu desejo.

Aquele Corvette será meu. Pouco me importa se para isto terei de aguentar o choro e o ranger de dentes de Elisa Carvalho.

Convicto de seus objetivos e, ao mesmo tempo, aborrecido com o fato de se deixar atingir pela situação, Marco pegou seu smartphone do bolso e procurou a foto que vinha guardando sem motivo algum.

Era uma foto dela.

Ele não sabia porque ainda a mantinha. Sua validade já tinha extinguido, uma vez que ela havia sido tirada no perído da tal da aposta sobre a qual Guilherme lhe contara, terminada meses antes.

E pensar que aquela mulher incomodara Marco antes mesmo de sequer trocarem olhares pela primeira vez... Naquele dia, ela o chamara de quê, mesmo?

Pedaço de carne de primeira, recordou-se com desagrado. E depois ainda quisera saber de Jenifer se ele era algum novo estagiário do escritório.

Não satisfeita, Elisa ainda teve a audácia de invadir a sala de Morgana sem autorização. Foi a segunda vez que se encontraram, e ele jamais se esqueceria da aparência enlouquecida da ruiva.

Claro que, naquela época, Marco não sabia que Elisa era uma das melhores amigas de Morgana. Como não foi com a cara dela desde que a conheceu, seu sexto sentido o manteve em alerta: ela encaixava perfeitamente no papel de uma espiã de algum outro escritório. Portanto, se faltasse algo da mesa de sua sócia, ele informaria exatamente quem era o verdadeiro culpado. Ou melhor, culpada.

Até porque Morgana havia lhe dito algo a respeito de Elisa tomar medicamento controlado, então era melhor prevenir mesmo.

De qualquer forma, nada sumiu e tudo já tinha terminado, então Marco não precisava mais guardar aquela maldita foto.

Ainda assim, ali estava ele, olhando para ela e sem coragem de apagá-la.

Talvez precisasse ficar com aquela imagem para recordar a si mesmo de toda a loucura interior daquela mulher.

Cabelos despenteados de tanto pular na frente do computador de Morgana, uma careta engraçada de pânico por ter sido flagrada por ele, bochechas vermelhas de frustração, roupas amarrotadas que imploravam urgentemente por uma alma caridosa que as passasse...

Sim, Marco precisava se lembrar dela daquele jeito. Era muito mais seguro do que remexer na própria mente e se atormentar com as outras dezenas de lembranças que tinha de Elisa, das vezes em que se encontravam por um acaso e também desde a disputa do Corvette.

Sem falar em sua última lembrança, com ela toda arrumada como hoje de manhã.

Quando a viu descer do carro se aproximar dele e do Sr. Silva com um sorriso enganosamente profissional, Marco logo notou seus cabelos ruivos presos, mostrando um pescoço delicado. A maquiagem leve escondia as sardas sobre o nariz pequeno e petulante que sempre chamava a atenção dele, e o casaco do terninho cobria parcialmente uma blusa um tanto transparente...

Não. Marco não iria pensar naqueles detalhes, não senhor.

Sem falar na saia social que deixava à mostra suas longas e torneadas pernas.

E em quão sexy era ouvi-la falar em motores vestida daquele jeito.

Não, Marco. Você definitivamente não vai pensar nos detalhes.

A questão toda era que cada vez mais Elisa Carvalho se mostrava uma mulher versátil, e não no mau sentido da palavra. Ela combinava muito bem com os jeans e o couro que costumava usar, mas também se transformava numa visão e tanto quando decidia trocá-los por um terninho elegante e saltos altos.

E para Marco sempre foi difícil adivinhar o que sairia daquela boca espertinha. Ou, pelo menos, assim era até ela por aqueles olhos verdes sobre ele. Nessas horas, não havia novidade alguma de que Elisa pretendia deixar muito explícito que queria devorá-lo como uma sobremesa de chocolate.

Mas a questão era que Marco nunca misturava negócios com sexo, muito menos saía com mulheres próximas aos seus amigos, e Elisa não poderia ser uma exceção.

Ela era amiga de sua sócia, assim como do seu melhor amigo, Guilherme. Uma relação entre os dois acabaria em dores de cabeça, rompimento de amizades e um clima de necrotério no escritório. A mistura perfeita de um erro gigantesco.

Ainda assim, do jeito que as coisas iam, Marco achava que não haveria saída para ele. Ficaria com o carro e também levaria a ruiva para a cama.

Ou, sendo sincero consigo mesmo, lutaria até o fim pelo carro e deixaria a ruiva arrastá-lo para a cama.

Porque, apesar de todos os seus instintos o acusarem de agir como um misógino, Marco tinha de aceitar um fato: a ruiva fazia planos similares. E, sem sombra de dúvidas, eles seriam muito mais agressivos do que os seus.

Elisa era a típica devoradora de homens, e ele precisaria ter cuidado para não sair chamuscado naquele fogo todo.

Interrompendo suas divagações, e a sua visão da foto da ruiva, o nome da sua mãe apareceu na tela do smartphone. Preocupado, Marco atendeu no primeiro toque.

– Mãe? Está tudo bem por aí?

Está sim, meu filho – respondeu a voz suave de Dona Mirian do outro lado da linha. – Uma dorzinha de cabeça por não ter conseguido dormir de noite, mas nada que um comprimido não alivie.

Marco não se sentiu convencido com a explicação da mãe.

– Foi o pai de novo?

Ele ouviu o suspiro familiar.

Não se preocupe. O importante é que o Everaldo dormiu bem, graças a Deus – respondeu ela, querendo tranquilizá-lo. – É só a velhice, meu filho. Você vai entender como é daqui uns trinta anos.

– E preocupação – insistiu ele. – A senhora não me engana.

Um pouco de velhice, outro pouco de preocupação e não se fala mais nisso – ela brincou, mas Marco percebia o cansaço em suas palavras. Sabendo que ele não descansaria até ter certeza de que ela ficaria bem, Dona Mirian foi direto ao assunto: – Escute, meu filho, sei que está no escritório e não vou atrapalhá-lo. Só precisava saber se você vai estar disponível na quarta-feira que vem. Seu pai tem uma consulta e eu queria que você fosse conosco.

– Estou disponível sim. – Marco nem hesitou. Só pegou a agenda para ver o que teria de desmarcar para ir com seus pais. – Qual o horário da consulta?

Uma e meia. Tentei encaixar numa hora perto do meio-dia para ficar melhor para você.

– Sim, já anotei aqui – respondeu ele, assim que rabiscou o compromisso e anotou "Jen" ao lado do que teria de desmarcar. – Eu passo aí e pego vocês.

Filho... – A mãe parecia querer falar mais alguma coisa, mas então mudou de ideia. – Obrigada. Por tudo.

Marco sentiu o familiar aperto no peito que sempre lhe acometia em momentos como aquele. Não suportava ver sua mãe tão frágil e cansada. Não suportava ver seu pai, um homem forte e trabalhador, simplesmente se esquecendo de tudo o que o cercava.

E eram apenas os três lidando diretamente com aquela maldita doença, uma vez que Marco era filho único e não tinha ninguém além da mãe com quem dividir o fardo. Tudo bem que podiam contar com o apoio e amizade de Guilherme, mas ele preferia manter um pouco mais de privacidade e, por isso, achava melhor não deixar seu amigo se envolver muito.

Também havia o tio Valdo, que aparecia para uma conversa de tempos em tempos. O problema, porém, era que ver o irmão mais velho, o seu ídolo, perder-se em si mesmo o abalava de tal forma que Marco sinceramente já havia se imaginado pedindo para que o tio não aparecesse mais.

Não era justo. Nem com tio Valdo, nem com seu pai, que se recusava a acreditar que o maninho havia crescido e envelhecido.

Quando sua mãe se despediu e desligou a ligação, Marco procurou se distrair de seus problemas enterrando-se no trabalho. Mas antes, pediu a Jen que desmarcasse seu compromisso das duas e meia de quarta-feira.

Decidiu que iria tomar um café na cafeteria em frente ao escritório, para arejar as ideias. E que, depois, pegaria o carro e iria no fórum.

Fazer um pouco de trabalho na rua sempre o ajudava a espairecer.

***

Nota de Rodapé:

¹ Marco se refere à aposta que ocorre em Meu Adorável Professor. Elisa é a tesoureira das apostas dos amigos e não mede esforços para saber quem está ganhando.

***

N/A: Oioi, amados e amadas! Tudo bem com vocês?

Finalmente chegou o primeiro capítulo de MAA! Vivaaa!

E sim, a Morgana se desviou aqui e ali, mas ao final, não conseguiu deixar de ser sincera... kkkk Alguém aí com dó do Marco? Será que ele é empoado mesmo? =D E por um acaso vocês se lembram do primeiro encontro dele com a Elisa, que aconteceu em MAP? Bateu até uma saudade aqui, e até tivemos de voltar lá e espiar. ^.^ Então, aqui vocês já podem ter uma noção da vida pessoal do nosso adorável advogado. Isso explica algumas coisas? Talvez sim, talvez não. Só com os próximos capítulos para descobrirmos. kekekek

Beijocas estreladas e até loguinho! =D

P.S.: leiam, comentem, votem, assim vocês nos fazem felizes.

P.P.S: comentários malvados são ignorados e atirados numa caldeira gigante. Só avisando os desavisados.

Vamos deixar aqui uma propagandinha básica de MAC, que pode ser adquirido diretamente conosco (o valor não poderá ser o mesmo da promoção feita pela Editora e que aparece no prólogo, já que é menor que o preço de custo que nós pagamos pelos nossos exemplares, mas o frete pode compensar ^.^):


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