Os raios de luz do sol atravessaram em cheio os vidros transparentes da casa de Stevan, despertando ele de seu sono profundo. Filipha, no entanto ainda dormia. Embora ele quisesse acorda-la, preferiu deixa-la dormir a vontade. Deu um beijo em sua testa e saiu da cama de pianinho, tentando não acorda-la.
Atravessou o quarto, indo pé ante pé para o banheiro da suíte. Ligou o chuveiro e se enfiou na água. Como já estava nu, não havia o que tirar. Querendo ou não, facilitava bastante. Conforme tomava banho, Filipha acabou acordando com o toque de despertador do celular dele. Percebendo sua falta na cama, ela foi até o banheiro onde ele estava no banho.
- Bom dia marido. - Brincou ela, sentando no vaso sanitário, fazendo xixi.
- Bom dia minha linda esposa. Dormiu bem? - Perguntou ele, enxaguando o cabelo que ainda tinha shampoo.
- Claro que sim, ao seu lado sempre durmo bem. - Disse ela, limpando sua intimidade e lavando a mão em seguida com sabonete líquido para mãos que estava na pia.
- Fico feliz em ouvir isso. - Disse ele sinceramente, lavando seu pênis quando ela entrou com ele no box.
A Vamp se aproximou e ele a puxou pela cintura, colando seu corpo no dele. Beijando-se de baixo da água, eles tocavam-se simultaneamente. Talvez a transformação seja algo recente demais para ele, mas ela sabia que se por mil anos ele vivesse, ela faria o impossível para que ele nunca se tornasse uma criatura fria ou uma pessoa diferente do que ele já era.
Beijando-se, ele segurava os seus longos cabelos da cor da noite. Eram sedosos mesmo quando bagunçados. Ela pegou a esponja e o sabonete, entregando a ele. Stevan esfregou o sabonete na esponja e depois nos peitos dela. Filipha riu do obvio, virando de costas. Ele esfregou as costas dela, descendo até sua bundinha. Soltou a esponja e acariciou-a. Ele a amava por completo, inclusive seu corpo. Ela o fazia bem, despertava um lado que ele não sabia que tinha, um lado carinhoso e amável. Beijando-a, tocou seu sexo devagarinho, como ela pedia.
Sem pressão, ele a pegou no colo e ela pegou seu membro que estava firme, só esperando por ela. Ela inclinou-se e seus corpos se encaixaram bem direitinho. Naquele leve vai e vem, eles finalmente despertaram. Acordando de qualquer vestígio que tivessem de sono. Ela gozou duas vezes, mas ele só um pouco. Porém, saíram do banho rindo e enrolados nos roupões que tinha no banheiro.
Ele vestia sua roupa de trabalho, sempre de terno. Ela colocou uma calça jeans para variar um pouco e uma bota que pegou da bolsa mágica. Colocou uma blusinha branca que caiu bem com a calça caramelo e a bota castanho escuro, no mesmo tom do casaco de couro. Ela secou o cabelo e ele desceu até a cozinha, preparando um café para eles enquanto ela terminava de se arrumar. Cerca de dez minutos depois, ela desceu também.
A casa era grande, bonita e moderna. Típica de homem: moveis pretos ou cinza. Tudo de vidro e cheio de espelhos. A mesa estava posta e ele a esperava, sentado, bebendo um gole de café. Levantou, puxando uma cadeira para ela sentar. Deu um beijo suave, dizendo que ela estava um arraso. Filipha sorriu, ela adorava elogios. Antes dela se servir, ele empurrou um estojo de joia para ela. Curiosa ela abriu. Era uma gargantilha e uma pulseira. A gargantilha tinha uma tira grossa preta com detalhes em diamante vermelho, com o sobrenome dele: Pavollac. Ela gostou, parecia uma coisa de cadela, mas seria interessante e era lindo. A pulseira era prateada com detalhes de flor.
- Gostou mesmo?
- Adorei! Sou a Senhora Pavollac agora. Oficialmente. - Brincou ela, apontando para a aliança que usava.
- Amo você, senhora Pavollac. - Ele beijou seu pescoço, antes de fechar a gargantilha.
Eles tomaram café da manhã, conversando sobre como o casamento foi lindo, como a viagem tinha sido boa e que agora ele infelizmente tinha que ir trabalhar. Ele perguntou se ela queria ficar com ele em sua casa ou se ela preferia que ele se mudasse. Filipha pensou um pouco e disse por fim que ficariam ali mesmo. Ao menos a casa dele era toda mobilhada, diferente da dela. Eles combinaram um horário para ele ir busca-la na casa dela e então trazerem as coisas dela.
- Não precisa amorzinho, cabe tudo na bolsa. - Falou ela sorrindo.
- Que bolsa? Essa aí? - Ele perguntou rindo, sem saber que aquela bolsinha era incrível.
- Um dia desses a gente dá uma volta aqui, mas saiba que essa bolsa é mágica. Cabe uma casa nela tranquilo. - Disse Filipha, passando geleia de uva no pão.
- Hum, isso é prático. Gostei. - Ele disse, beijando a mão dela.
Assim que terminaram, ele esperou ela acabar de comer para irem. Entraram no Mercedes dele e ela pediu para ele deixa-la no hotel Le' Vintage. Ele perguntou o porquê e ela disse que iria rever uma amiga e resolver assuntos inacabados. Ele não se importou e como confiava nela, achou tranquilo. Despediram-se com um beijo na boca antes dela descer do carro. Na frente do hotel, ela se lembrava da última vez que esteve ali. Aquela noite em que havia entrado com o corpo de uma garota morta, na época em que nada era comparado a sua rotina de hoje. Entrou no hotel e para sua forte, só a travesti Liz estava na recepção. Deu um oi bem grande e perguntou:
- Oi linda, tudo bem? Será que posso falar com a Dona?
- Oi amada, eu adoraria, mas ela saiu faz uma hora. Parece que vai demorar. Mas se quiser esperar na sala de espera, é logo ali. - Ele apontou para os sofás.
- Ok, até mais amore. - Deu um tchauzinho indo até lá.
Mas antes de sentar, quase caiu para trás ao reconhecer a garota que surgiu a sua frente: Gloria, a garota morta que ela ajudou há cerca de dois, três meses atrás, ou achava que estava morta.
- Ai minha nossa! Tão bom revê-la! - Gritava Gloria, toda empolgada.
- Minha nossa! Você está viva? - Gritou ela em pânico quando a garota abraçou-a.
- Não amore, eu sou um fantasma. Esse é o segredo desse lugar. Aqui os fantasmas vivem entre os vivos como iguais. - A garota sorria, usava o suposto vestido novo que ela usava quando foi encontrada, mas aquele era um modelo detonado.
- Eu não sabia disso... - Falou ela chocada.
- Agora sabe! Obrigada por me levar para casa. Meu irmão mais novo consegue me ver e convenceu meus pais a virem até aqui. Eu vejo minha família todo dia, eles se mudaram para o hotel. Estou feliz embora nunca queira alcançar a tal paz da morte. - A garota era ligada nos trezentos, mas a vampira conseguiu entender tudo, por mais louco que fosse.
- Fico feliz por você. Lamento não ter encontrado você antes sabe... - Disse ela, se referindo a como ela morreu.
- Tudo bem. Eu me vinguei e matei o Billy. - Ela dizia tranquila, como se falasse que esmagou uma barata.
- Como? Quem?
- Billy, o cara mais gostoso da minha escola. Ele me estrupo e me matou. Depois me deixou jogada naquele beco, onde várias caras me estupraram, mas eu o matei. Não aqui, porque não quero ver ele nunca mais. - Gloria era diferente do que Filipha imaginava, mas estava feliz por ela, ao menos não era um fantasma deprimente.
- Que bom que você está bem. - Disse ela dando um abraço e se sentindo gelada porque o toque dela era como de uma pessoa.
A vampira a observava andar por ai feliz e saltitante. Ela era um fantasma com mais vida que muito humano. Riu ao pensar aquilo quando seus olhos encontraram a voz que a chamou:
- Olá, sou a dona do Hotel. Queria falar comigo? - Perguntou Morgana, reconhecendo-a.
- Sua vaca! - Berrava Filipha abraçando a velha amiga.
- Piruá! Que coisa boa revê-la sua mocreia! Com uma coleira? Ficou ótima com essa sua cara de cadela! - Disse Morgana, dando aquele abraço apertado em Filipha, daqueles que só damos quando sentimos falta de verdade.
Elas sumiram para o bar onde beberam horrores, contando as histórias mais malucas que lembravam. Elas viveram um tempo juntas, na década de 1880 quando Morgana foi para Itália fazer teatro, onde justamente Filipha dirigia a peça. Elas eram boas e velhas amigas. Não tão velhas assim, mas era uma longa amizade que pensaram ter morrido ao perderem o contato. Morgana contou a ela que conheceu James Abril o antigo dono do Hotel e que acabou ficando por ali mesmo. Muitos drinks depois, elas estavam na mesma porque eram vampiras e não ficavam bêbadas. Contudo, Morgana era uma Vamp Adjacente e Filipha uma Vamp Suprema. Havia grandes diferenças. Uma podia fazer de tudo, a outra nem tanto.
Elas marcaram de se encontrarem outro dia e antes de ir, Filipha contou que havia se casado recentemente e Morgana falou sobre a paixão perigosa que tinha por um caçador. Foi então que ela contou a Morgana sobre suas aventuras como Estripadora. Essa riu ao descobrir que seu humano estava caçando a maior e única Vamp que não podia ser morta, se não pela mesma linhagem. A vida era um doce banquete variável de sangue positivo e negativo. Elas tomaram um último drink e se despediram. Filipha se transformou em Ravena e decidiu ir até aquela delegacia outra vez, checar aqueles caçadores.