Pareço um elo perdido num mundo louco e patético. Um barco a deriva e sem direção certa. Um trem desgovernado caindo num imenso abismo sem fim. Viajando numa viagem infinita e sem volta. Um mar de incertezas mutantes. A última fronteira percorrida por um idiota, ridículo e louco. O indelicado momento que nos apavora a toda hora. Aquele ser lá fora, que chora perdido nas horas incertas de ilusões. A faca poética que penetra o peito, rasgando o coração por dentro até sangrar, não com versos bonitos, mas belos. Pareço aquele ser chato e insistente que com duros argumentos quer te acordar do sono profundo da ambição. E te alertar sobre os covardes lá fora que para crescerem te ensinam apenas a ser um monstro entre monstros. Um devorador da pouca essência humana. Aquele ser estranho e louco que quer também te devorar e te transformar em algo real a tua pouca passagem de vida aqui na terra. Sou aquele ser que te olha e te observa, esperando que você dê um único passo fora dos limites da educação. Para te injetar doses diárias e infinitas de novas eloquências passageiras.
(Francisco Nunes)