O muito que Ella sente

By Sahariel-

318K 44.3K 7.6K

Miguel tem apenas dois problemas para resolver: O primeiro é encontrar um jeito de criar sozinho a filha que... More

Prólogo
01 - Ella
02 - Ella
03 - Miguel
04 - Miguel
05 - Ella
06 - Ella
07 - Miguel
08 - Ella
09 - Ella
10 - Ella
11 - Ella
12 Ella
13 - Ella
14 Miguel
15 Miguel
16 Ella
17 Ella
18 Miguel
19 Miguel
20 Ella
21- Ella
Miguel 22
23 Ella
24 Miguel
25 Miguel
26 Ella
27 Miguel
28 Ella
29 Ella
30 Ella
31 Ella
32 Miguel
33 Ella
34 Ella
35 Miguel ...
36 - Ella
37 Ella
38 Ella
39 Ella
40 Ella
41 Ella
42 - Miguel
43 - Ella
44 Ella
45 - Ella
47 Ella
48 Ella
49 Ella
50 - Miguel
51 Ella
52 Ella
53 Miguel
54 - Ella
55 Miguel
56 Ella
57 Ella
58 Ella
59 Ella
60 Ella
61 Ella
62 Ella
Epílogo
Agradecimentos

46 Miguel

4.3K 611 70
By Sahariel-

Deixei Ariella arrumar suas coisas sozinha no seu 'quarto' minúsculo enquanto eu procurava por Lara. Eu deveria tirá-la logo daqui, mas preciso me certificar que nada vá ligar ela a esse lugar.

- Lara, Eu acabei de demitir seu tio. - Digo entrando sem bater na sala dela.

Lara me olhou por um instante procurando entender aquilo tudo ou perceber que se tratava de uma mentira. Pretendia ser direto naquilo.

- O segundo diretor? Você não pode...

- Sim. Eu o demiti pois descobri que assediava nossas funcionárias. Acabei descobrindo outras coisas sobre você e gostaria de saber se tenho motivos para não fazer o mesmo que que fiz com seu tio.

Lara era astuta. Eu sabia que ela não jogava limpo, nunca me importei de verdade com isso, mas essa foi a primeira vez que seus assuntos se interferiram aos meus.

Ela se levantou de sua cadeira e lentamente andou até a frente da mesa e se sentou na beirada.

- O que Eu fiz exatamente?- Perguntou calmamente e com um sorriso leve no rosto.

- A lista seria enorme, mas eu não ligo para todos pontos, apenas os que dizem sobre mim e Ariella.

- O que aquela doida te contou?

- Vamos do início. - Sorrio cinicamente em resposta a sua expressão. - Desde quando você paga por algum vestido do hotel? Não sabia que entramos para o ramo da moda.

- Bom, me pareceu oportuno. - Ela diz calmamente e aquilo me enfurece.

- Você é uma vadia, Lara. Uma vadia que merece esse trabalho de merda que você mesma criou. - Me aproximo dela e seguro seu queixo para que me encare. - Eu só não te demito, porque quero que você se lembre que está aqui porque eu deixei. Por dó. Pois é isso que você merece. Dó desse ser humano que você é.

Ela não responde, mas não muda a expressão.

- Não quero foto dela na internet. Se isso acontecer, vou saber direitinho lidar com você.

Ia saindo da sala quando ela começou a falar.

- Ela já descobriu da última?

Eu apenas me virei e esperei que continuasse.

- Eu pedi a um amigo que batizasse a bebida dela. Nada demais, só queria que ela soubesse o quão dada ela é. Parece que a cabecinha fraca dela já descobriu.

- Você a drogou por nada!? - Eu Pergunto aumentando meu tom de raiva.

- Claro que não, fiz uma aposta para saber se ela era virgem. Acabou que ele descobriu antes de precisar chegar no quarto. Não rolou nada.

- Você precisa se tratar, Lara.

Digo antes de sair batendo à porta atrás de mim.

Voltei para o quarto tentando respirar e controlar minha raiva. Eu precisava me controlar antes de encontrar Ariella. Ela tem que pensar que foi uma conversa amistosa.

Bati uma vez na porta e entrei em seu quarto. Ele era minúsculo e suas paredes cheiravam a mofo. Eu tinha certeza que Lara escolheu com carinho esse lugar.

Ariella ainda arrumava uma mala pequena quando cheguei ao seu lado e comecei a enfiar as roupas sem o cuidado que ela estava tendo.

- O que está fazendo? - Ela pergunta atordoada vendo minha pressa em socar todos tecidos que via pela frente na mala.

- Eu estou com pressa.

Continuo a tirar as roupas do armário, amassa-las na mala e jogar os cabides em qualquer canto. Ariella deu um passo atrás e apenas observou até que eu enfim fechei o zíper e levantei a pequena mala de mão dela.

- Você está bem? - Ela pergunta com cuidado.

Eu não respondo, apenas seguro sua mão e Sorrio sem emoção. Eu só queria tirar ela daqui. Eu só precisava tirar ela desse lugar horrível que eu mesmo deixei se formar. Cada pessoa que a fez mal aqui... eu as deixei ficar... eu poderia ter pesquisado mais sobre os funcionários, mas minha ignorância foi mais forte. Pela primeira vez na vida eu quis ser o que meu pai sonhou pra mim e conseguir administrar alguma coisa.

Ariella sorriu de volta, mas seu sorriso foi sincero. Ela estava aliviada e isso era nítido em sua expressão. Ela me puxou para sair do quarto e assim fizemos até o estacionamento. Eu joguei sua mala no banco de trás e finalmente estávamos na rua.

Finalmente.

Ariella não conseguia segurar o sorriso. Nem se ela quisesse poderia esconder esse sentimento novo.

- Posso abrir a janela? - Ela pergunta e eu faço algo diferente. Sorrio ao observar sua expressão surpresa quando parte do teto do carro começa a se abrir sozinho. Eu nunca encontrei finalidade para um teto solar, pelo menos não até agora.

- Será que é perigoso? - Ela questiona já sabendo o que quer.

- Você não confia na minha direção?

Ela sorri mais ainda e tira sua sapatilha com rapidez antes de subir no banco. Escuto uma gargalhada maravilhosa e eu acabo me contagiando também.

Não haviam muitos carros a essa hora da noite na avenida, mas Ella não pareceu se importar com carros. Ela gargalhava e dizia coisas sobre o cabelo estar na boca. Eu sorria como um idiota, não sabia como funcionava esse lance de paixão, mas no momento estou me sentindo o cara mais feliz do mundo. Talvez me sentindo uma pessoa melhor por estar feliz por poder levar um sorriso a ela, mesmo que o motivo de muitas das suas dores de cabeça terem sido minha culpa.

- Isso foi divertido. - Ela diz se sentando novamente e colocando o cinto.

- Da próxima vou te levar a uma montanha russa. - Sorrio ao pensar.

- Eu adoraria ir em uma.

- Nunca foi?

- Bom... não... tenho medo de passar mal, mas acho que algum dia você poderia ir comigo.

- Você não vai passar mal.

- Eu também queria ir no aquário... o horário de funcionamento sempre bateu com o meu de trabalho.

- Aquário então.

- E comida caseira! Meu Deus. - Ela ri. - Quantos anos que eu não como comida caseira! Quando eu tiver minha própria cozinha vou cozinhar algo com abóbora moranga.

- Você pode usar a minha. - Digo já sabendo da resposta.

- Eu quero ir à feira, sabe? Quero escolher uma cenoura e ficar com dó das esquisitinhas que deixei para trás. Quero ter meus próprios ímãs de geladeira e uma capa de botijão de crochê. Sabe o que eu quero? - Ela pergunta rindo de si mesma. - Quero sair à noite sem motivos. Sem ter que trabalhar. Quero ir a um show de música e apenas curtir.

Eu acabo rindo da sua empolgação. De onde saiu isso tudo?

- Uma capa de botijão?

- Sim! Eu acho que posso aprender a fazer crochê, você não acha?

- Acho que você pode fazer qualquer coisa que quiser.

Ela fecha o sorriso um pouco e prende fios de cabelo atrás da orelha.

- Será que isso passa? Essa vontade de fazer tudo?

- Ah Ariella. Isso nunca foi embora. Só esteve guardado em você.

- Eu quero trabalhar pra sua mãe... você acha que ela vai achar estranho se eu voltar atrás tão rápido?

- Eu acho que ela vai estar tão feliz que nem vai ligar pra isso.

- Isso seria ótimo.

... ... ...

Chegamos em casa e Maria estava dormindo tranquilamente então liberei sua babá, uma senhora de setenta anos com mais disposição que eu. Mostrei o caminho para Ariella até um quarto de hóspedes e deixei sua mala sobre a cama de casal. Era um quarto simples, eu decidi ter um apenas por precaução, mas acabou sendo utilizado mais rápido do que pensei.

- Você pode considerar esse quarto como seu de agora em diante.

- Sobre isso... - Ela diz um pouco insegura. - Sua mãe disse algo sobre quartos e...

- Sim, você terá seu próprio apartamento enquanto trabalhar e estudar pelos programas de mamãe, mas eu queria que você viesse e ficasse comigo ás vezes... Maria parece gostar muito de você.

- Maria? -- Ella pergunta sorrindo torto.

- Apenas por ela. - Digo sorrindo e me aproximando para segurar seu queixo com leveza e juntar nossos lábios em um beijo carregado com toda a calma que estávamos sentindo no momento.

- Obrigada. - Ela sussurra quando me distancio alguns centímetros dela. - Obrigada por ser paciente e por me ajudar. - Ela me olhava com aqueles olhos brilhantes que sempre me faziam estremecer por dentro. As vezes me perguntava porque gostava tanto dela, mas quando estávamos próximos assim, meu coração me dava todas as respostas que eu precisava.

Sua expressão que eu estudava a tempos, seu jeito simples, sua maneira de querer desaparecer mesmo quando todo mundo está a admirar, sua voz quando canta, meu Deus, aquela mulher canta como um anjo. De algum modo eu a faria feliz como ela merece. Eu a faria esquecer de tudo o que preocupa sua mente bagunçada. Ariella era boa e pessoas boas não deveriam sofrer.

- Eu aceito seus agradecimentos pela paciência, mas não pelo que fiz depois disso. Mesmo que eu não queira, aquele hotel ainda tem meu nome, eu percebi tarde demais que deixar a responsabilidade em mãos de segundas pessoas não muito responsáveis não era um bom caminho.

- Seu trabalho é comunicação, Miguel. Administrar um hotel não parece muito o seu estilo.

- E não é, mas eu já deveria ter colocado alguém no meu lugar há muito tempo. Já deveria ter colocado o nome do meu pai naquilo a muito tempo. Eu passei ás últimas semanas tentando entender como funcionava as coisas por lá. Tentei me dar bem, mas realmente não é pra mim.

- Miguel. - Ela chama colocando a mão no meu rosto. - Você não acha que está se cobrando muito ultimamente?

- O que?

Ariella me examina por um instante antes de dizer alguma coisa, ela parecia temer minha rejeição.

- Tem trabalhado muito ultimamente. - Ela começa cautelosa. - Escreve o dia todo, passa a madrugada em frente ao computador, acorda cedo para ir ao jornal e só volta tarde da noite. Aos fim de semana você não descansa pois tem eventos de caridade e sessões de autógrafo. Agora está me dizendo que tem se preocupado com assuntos do hotel também e tudo isso intercalado com a sua filha que eu bem sei que requer muito da sua atenção.

- Como sabe toda minha rotina? - Pergunto apenas.

- Meu Deus, Miguel eu te encontrei desmaiado no chão frio de seu quarto dias atrás. Liguei para seu irmão e ele me disse que você tem diabetes. Você não pode...

Ah não, por favor. Que não começa com isso, por favor. Segurei e a guiei até a cama onde ela se sentou ao meu lado. Ella Segurou minha mão e começou a brincar com meus traços da palma da mão.

- Eu sempre trabalhei muito. Eu sou acostumado com todo esse agito. - Digo tentando me defender.

- Não foi o que pareceu... você me deixou preocupada, deixou Maria em desespero.

Maria certamente era meu ponto fraco. Ela sabia disso e o usou contra mim. Eu me sinto culpado até hoje por ter passado mal em frente minha filha. Ela não merece os pais de merda que tem.

- Eu vou passar os documentos do hotel para meu pai, as sessões de autógrafos vão acabar em poucas semanas, depois disso tudo volta ao normal.

- Você quer dizer a sua rotina louca?

- Ariella, eu disse que mesmo querendo muito, não iria interferir no seu trabalho, adoraria se fizesse o mesmo.

- Eu não quero fazer isso. Eu sei que você faz isso tudo por amor.

- Então resolvido.

- Estou tentando abrir seus olhos para algo que talvez não tenha percebido.

- O que eu não percebi afinal?

- Por que você se aproximou de mim?

- O que está tentando dizer?

- Por que começou a se atrair por mim?

- Sei que busca por uma resposta específica, mas eu não consigo acha-la.

- Talvez você tenha se aproximado de mim pois eu era a parte mais calma das suas noites agitadas. Você se distanciou um pouco das farras depois de Maria, mas quando teve oportunidade de voltar, se aproximou da única mulher que não queria estar ali no meio.

- Você não é um capricho, Ariella.

- Não disse isso. Quero dizer que você se acostumou com coisas mais simples. Você fica se perguntando tanto por que sua vida não quer dar certo, talvez seja porque não quer mais essa vida tão agitada.

Fique em silencio por um tempo. Ela estava me dando conselhos, mas eu não conseguia ver nexo em nada que dizia.

- Olha, eu não quero que se distancie do que ama fazer, só quero que entenda que é normal, sabe? É normal querer um pouco de paz. É normal não saber o que fazer e é normal tomar um tempo para respirar.

Tomar um tempo? Respirar pra que? Eu não precisaria disso, eu quero... O que eu quero afinal? Minhas prioridades estão um pouco limitadas depois que Maria apareceu na minha vida. Minha única prioridade é conseguir vê-la sempre feliz e não sei como me manter ausente vai ajudar nisso.

Me levantei da cama um pouco rápido demais. Eu tinha que sair de perto dela... só por alguns momentos ela me assustava.

- Você deve estar cansada... durma... bem...

Não esperei sua resposta e sai do quarto fechando a porta em seguida. Esperei minha mente se controlar por um tempo e fui para o único lugar na casa que conseguiria não pensar nisso. Não iria dormir por hoje e sabia muito bem que minha cabeça estava cheia demais para isso.

Continue Reading

You'll Also Like

2.1K 378 41
Emily wyengel é uma mulher que não se conforma em ter uma simples vida comum, seus avós deixaram uma empresa científica de herança e como ela sempre...
5.7K 516 18
O que você faria pra realizar o sonho da sua vida? Clara aceitou casar-se com o excêntrico Paulo Matsumoto para conseguir dinheiro e ampliar a sua lo...
184K 18.8K 39
[Este livro não retrata a realidade nua e crua das favelas, é apenas uma história fictícia com o intuito de entreter] Após passar 72 horas como refém...
533K 23.6K 118
𝙨𝙚 𝙘𝙝𝙚𝙜𝙤𝙪 𝙗𝙖𝙜𝙪𝙣ç𝙖𝙣𝙙𝙤 𝙖 𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚 𝙩𝙤𝙙𝙖 𝙚𝙪 𝙣𝙖𝙤 𝙘𝙤𝙣𝙨𝙞𝙜𝙤 𝙢𝙖𝙞𝙨 𝙥𝙚𝙣𝙨𝙖𝙧 𝙤𝙪𝙩𝙧𝙖, 𝙖 𝙜𝙚𝙣𝙩𝙚 𝙨𝙚 𝙥𝙖𝙧𝙚...