...
- Nada!! Você pode...
- A Laura está apaixonada por você, mas ela não pode, Peter! Porque você é meu irmão.
Eu estou a beira de um colapso nervoso.
O Peter olha para mim surpreso. Ele não parece entender o que realmente está acontecendo. Mas logo um sorriso lindo ilumina seu rosto.
- Lorie, você vai ser sempre minha queridinha irmã. Não se preocupe...
- Mas ela quer nos matar!- todos nos olhamos surpresos para ela.- Olhem para a cara dela gente. Ela vai começar por você Peter.
- Lorie.- Nicolae a repreende e Peter ri.
A menina faz um beicinho e pula nos braços do Peter, que a abraça gentilmente.
Este é o momento certo para fugir da cozinha...
Eu mal dou um passo direito que eu me encontro cara cara com um Drogo mal-humorado.
- O que está acontecendo aqui?
O Nicolae gentilmente ri e se vira para ele.
- A Lorie pensa que a Laura vai nos sequestrar para depois matar.
- A coitadinha? Nos matar? Ela não tem chances contra nos Lorie.
Não posso evitar de sorrir. Essa família vai ser minha morte!
...
Hoje o dia passou lentamente e eu já estava louca para ir embora.
Saio pelos corredores. Provavelmente o Peter não vai para a mansão hoje comigo. Quando eu sai, ele e a Dorothy estavam tocando pianos juntos.
Devo admitir que a proximidade deles me assusta.
Ele certamente deve vê-la de forma diferente do que eu. Pelo o que eu entendi, eles tem bastante coisas em comum. Enquanto nós dois, somos totalmente ao contrário um do outro.
Mas prefiro não me preocupar com isso.
Saio da escola e começo a andar pelas ruas. Vejo o sol indo embora e a escuridão chegando.
Apertando os passos para chegar na mansão o mais rápido possível, começo a ouvir ruídos estranhos.
Como sussurros e murmúrios...
Olho para todos os lados e não vejo nada, nem ninguém estranho.
Tento não prestar atenção nesses barulhos. Nicolae deve estar preocupado, já é tarde.
Pego meu celular para mandar uma mensagem para ele e os barulhos se intensificam.
Começo a ouvir vozes com mais clareza e eles querem que os o siga.
Eu não vou seguir as vozes. Já cometi a estupidez de seguir aquele fantasma na floresta da última vez.
Foco em tentar chegar na mansão, mas as vozes parecem gritar em meus ouvidos e eu fico desnorteada.
De repente, eu só vejo borrões e meus pés começam a deslizar pelo chão sem eu saber como.
E depois de um tempo, me encontro em frente a casa abandonada.
Parece estranhamente a casa dos Bartholy, mas essa está acabada.
As vozes vêm de lá, eu sinto. Decido tomar coragem e entro dentro da casa.
Pego meu celular e o seguro fortemente contra mim.
Sinto uma sensação estranha, como se esse lugar já fosse familiar para mim.
Na entrada, fica uma grande escadaria.
O salão gigantesco, parece ter sido abandonado há muito tempo.
Está tudo sujo e algumas coisas quebradas.
Aqui é perturbador.
Começo a andar pela casa e as luzes se ascendem, me fazendo pular de susto.
Logo as vozes voltam com tudo e eu tampo os ouvidos com a mão.
Começo a ver fogo, percebo o medo das pessoas que gritam e correm...
Vejo cadernos jogados, alguns queimados e outros não. Há belos poemas escritos neles.
Poemas românticos e lindos.
- Salve-nos! Eles vieram para nos matar!
As vozes gritam na minha cabeça, tão alto, tão violento, que me vejo de joelhos no chão.
Como vou sair daqui?
As vozes gritam por todo lado. Sinto como se os fantasmas passam um após o outros através do meu corpo.
- Parem, por favor!
Grito em desespero e começo a chorar.
A sala se torna gelada e começo a sentir dor em todos os meus membros.
Essa é a primeira vez que os fragmentos de alma me atacam diretamente e eu simplesmente não sei como controlar isso.
Em meu esforço final, pego meu celular que caiu no chão e tento ligar para alguém.
Disco o número do Peter. O telefone toca um pouco...
- Laura? Você não voltou ainda, estamos preocupados!
- Peter, me ajuda! Por favor!
Falo aos prantos enquanto sinto a dor alastrando por todo o meu corpo.
- O que está acontecendo? Onde você está?
- Eu não sei... É uma casa abandonada, aqui em Mystery Spell...
O telefone desliza sobre minha mão e cai novamente no chão. Seguro minha cabeça, parece que ela vai explodir.
- Salve-nos! Eles estão vindo para nos matar!
- CALEM A BOCA!! VOCÊS QUE ESTÃO ME MATANDO! ME DEIXE EM PAZ!
Eu grito dessa vez com toda minha força. Eu não quero lutar mais, eu não quero essas vozes na minha cabeça.
Ouço de longe outro barulho, uma porta batendo!
Vejo o Peter de pé no meio do corredor, ele está me procurando.
Eu me sinto incapaz de me mover. Eu grito para chamar sua atenção e seus olhos verdes logo batem em mim.
Ele corre até mim e se joelha ao meu lado. Ele coloca meu rosto entre suas mãos
- Laura? Qual o problema?
- Tira eles de mim, Peter, tira, tira...
Tento me mexer e caio para trás. Peter coloca uma mão em minhas costas e me apoia.
Olho para os fantasmas em volta e percebo que Peter não os vê.
Eles param de dançar e olham para o Peter. Começam a falar entre si e eu entro em pânico.
- Tristeza! Solidão! Imortalidade!
Um dos fragmentos grita apontando para o Peter.
De repente, eles aceleram e vão em direção a ele.
O Peter tenta resistir, mas é em vão. Posso ver que ele não entende o que está acontecendo, ele parece sentir dor.
Ele me larga e caio de costas no chão. Os olhos dele estão fechados e seus dentes cerrados. Então, seus caninos se alongam.
Ele se joga no chão com as mãos na cabeça. Quando ele abre os olhos, vejo a imensidão vermelha.