FICA COMIGO?

By sofia_pott

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Natália não quer passar o feriado de dia dos namorados sozinha de novo. Ela procura por um par, alguém que po... More

II

I

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By sofia_pott


Debruçada sobre a gelada pia do banheiro, Natália tenta, exaustivamente, disfarçar as olheiras com um pouco de maquiagem, porém as manchas escuras instaladas abaixo de seus olhos parecem rir de suas tentativas.

— Bom, os pandas estão em alta hoje em dia, não é mesmo?—Ela diz para seu reflexo no espelho.

Após desistir de cobrir as olheiras, Natália passa um batom marrom escuro nos lábios, concentrando-se para não borrar - maquiar-se não é uma de suas habilidades principais. De repente, um ruído alto a faz pular e, por consequência, passar batom no nariz e na bochecha.

— Droga de alarme! — Ela diz irritada, checando o celular. — Estou atrasada, para melhorar. Droga, droga! — Lava o rosto rapidamente, esfregando com força até que seu rosto fique vermelho.

(...)

— Ah... Ah... — Natália apoia a mão nos joelhos, esperando seus pulmões recuperarem o ar.

— Nossa. O que aconteceu com você?

Ao olhar para a cima, vê Lúcia com uma sobrancelha erguida.

— Eu me atrasei. Deu tudo errado logo cedo! — Ela exclama, com irritação na voz.

— Você veio correndo, pelo jeito né? — Lúcia ri, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados. — Está parecendo um pimentão vermelho.

Natália assente com a cabeça, ainda sem fôlego. Gotas de suor pingam de sua testa enquanto ela se deixa arrastar pela amiga.

— Credo Náti, vem logo! — Lúcia puxa seu braço, em direção ao banheiro. — Sua sorte é que eu tô aqui, dá tempo de deixar você um pouco mais apresentável antes de o sinal tocar.

— Eu... Estava...Arrumada... — Lamenta, ofegante. — Aí... O alarme...

— Tá, tá, prefiro nem saber! Você sempre chega atrasada. Vou fazer um coque no seu cabelo e te emprestar um batom, pelo menos não vai ser confundida com um zumbi.

— O..brigada.

— Eu sei, sou a melhor amiga do mundo. Agora vamos rápido, ainda nem falei com o Dá! — e Natália é arrastada novamente por uma amiga apressada e apaixonada.

— Dáaaaaa! — Ao olhar em direção ao som, o garoto vê uma miniatura de pessoa chegando perto. Perigosamente rápido.

— Lú... — Antes que ele possa terminar, a miniatura salta em sua direção com os braços abertos, chocando-se ao seu corpo. Ele perde o equilíbrio e os óculos.

— Eu estava morrendo de saudade! — Ela diz, beijando a bochecha de um Davi descabelado e cego.

— Lúcia, você é doida? Você poderia ter se machucado!

— Eu sabia que meu príncipe iria me proteger. — Ela sorri, saindo de cima do rapaz.

— Rum. Você tem sorte em saber que eu amo quando sorri assim, porque eu deveria brigar com você. Cadê meus óculos?

— Aqui. Peguei antes que alguém pisasse em cima. — Natália estende o braço.

— Valeu, Náti. — Davi se levanta, sacudindo o pó das roupas.

— Meu Deus amor, olha seu cabelo! — Lúcia ri. — Vem aqui, me deixaeu arrumar. Você e a Natália não se arrumam antes da faculdade?

— Eu ESTAVA bem arrumado até uma anã enfurecida pular em mim. — Ele responde, com um olhar provocador em direção à referida anã.

— ANÃ? — Um tapa ardido encontra o braço de Davi.

— Ai! Caalma amorzinho, é brincadeira! Ei, como seu cabelo continua arrumado? — Ele diz, finalmente colocando os óculos.

— Talvez anões tenham uma qualidade melhor de cabelo. — Ela diz, passando as mãos pelos cabelos curtos e escuros como penas de corvo.

— Com esse cabelo e essa altura... Você é uma fusão da Branca de Neve com os sete anões! — Davi começa a gargalhar.

Então ouvem-se o estalar de vários tapas, provavelmente doloridos. Natália sorri, seguindo atrás deles. Esse era o dia a dia com aqueles dois.

Após o casal se despedir - exageradamente, na opinião de Náti, pois iriam se ver novamente em poucas horas - as duas meninas entraram na sala de aula e, para sua surpresa, uma grande guerra de bolinhas de papel estava sendo travada.

— Aula vaga. — Dizem ambas ao mesmo tempo, sentando rapidamente no fundo da sala para não se tornarem o próximo alvo.

— Fala sério, nem parece que estamos no terceiro semestre de direito! Esses são os futuros advogados desse país?

— Foi só avisarem que a professora iria faltar, que eles começaram. — Uma garota loira diz, lixando as unhas bem cuidadas. — Deveriam aproveitar e estudar para a prova, mas não...

— Que prova, Ana? — Natália pergunta, alarmada.

— A prova de Filosofia do Direito, na próxima aula, esqueceu?

— Droga! Esse dia está cada vez pior! — Lamenta, passando a mão na cabeça.

— Mas eu te falei dessa prova, Náti! — Lúcia revira os olhos. — O que anda acontecendo com você? Toma, dá uma lida nesses resumos que eu fiz. — Ela estende a mão com uma pilha de papéis.

— Obrigada. — Ela choraminga, pegando os resumos que totalizam 15 páginas, mas o barulho da batalha de papéis impede que seu cérebro absorva as informações.

Após meia hora, a aula acaba, findando também a diversão dos garotos e a esperança de Natália de tirar pelo menos o necessário para não precisar de recuperação. Exausta, ela encosta a testa na mesa e fecha os olhos, tentando não surtar.

— Bom dia alunos! — A voz grave do professor de Filosofia do Direito retumba em seus ouvidos. — Espero que tenham se preparado para a prova. Arrumem as mesas em fileiras. Não são permitidas conversas durante o exame. Em cima da mesa, apenas caneta, lápis e borracha. Vocês terão 45 minutos, nada mais. E... — As sobrancelhas do professor Maurício se juntam, sua cabeça move-se levemente em sinal de negação. — O que são todas essas bolinhas de papel?

Ninguém na sala abre a boca.

—Ninguém vai se manifestar? — Ele percorre os olhos verdes e duros pela sala. —OK. Peço que todos na sala recolham e arrumem essa bagunça. E é bom serem rápidos, pois o seu tempo de prova será reduzido!

—Mas professor... —Ana começa a argumentar.

—Sem "mas", Ana Medeiros. Ninguém explicou o que houve, então todos irão limpar. —O professor diz firmemente, os olhos verdes mais frios do que nunca. Ele observa os alunos a recolher os restos mortais da guerra com os braços cruzados. Seu traje formal e perfeitamente alinhado deixa-o ainda mais intimidador.

No final da limpeza, sobraram apenas 30 minutos para a realização da prova, durante os quais ninguém ousou abrir a boca ou levantar o olhar, sob pena de ter sua prova zerada. Ao findar-se o tempo, todos os alunos ainda estavam na sala, escrevendo desesperadamente, porém a compaixão do professor Maurício havia sido esquecida em casa hoje (e em todos os outros dias), e ele recolheu as provas, mesmo aquelas que estavam inteiramente em branco, como a de Natália.

—Cara, na próxima você recupera, não esquenta! —Ana diz, os olhos verdes aumentados por conta dos óculos.

—Mas eu deixei a prova toda em branco! Só escrevi meu nome! — Natália enterra a cabeça entre as mãos, os cabelos longos, agora soltos, formando uma cortina marrom em frente ao seu rosto.

—Agora já passou Náti, fazer o quê... — Lúcia tenra consolá-la com a boca cheia de salgadinhos.

—É... — Suspirou. — Bom, vou indo para casa meninas, tô com a cabeça cheia. — Ela se despede com um beijo soprado no ar.

Ao entrar no pequeno apartamento, joga-se de costas no sofá amarelo-ovo. Natália queria algo mais neutro, mas a mãe insistira que o apartamento precisava de um pouco mais de cor, então... Um sofá cor de gema, cadeiras vermelhas e alguns acessórios de decoração roxos, azuis e verdes faziam parte da repaginação feita por Dona Clara. O pior é que realmente ficou bom – embora ela não tenha admitido isso na frente de sua mãe.

Um tremor – sutil, porém insistente- obrigou a garota a se levantar e buscar o celular dentro da bolsa. Algumas mensagens piscavam na tela.

Pedro: ei Náti. Nem vi vc hj na facul. Td bem?

Um pequeno sorriso se esboçou nos lábios da garota. Gostava um pouco de Pedro – já no quarto ano de direito, se conheciam havia três meses e começaram a sair umas cinco semanas atrás.

Natália: Ooi! Hj foi corrido, prova do Maurício. To bem e vc?

Pedro: Eita! To bem Tb. Queria te ver.

Natália: Pode ser! Quando?

Pedro: Hoje? Te busco em casa e vamos dar uma volta.

Natália: OK. Fico pronta em uma hora.

Pedro: :D

Agora, o sorriso que era só um esboço se aprimorou, podendo ser quase considerado a obra final. Quase porque, embora Natália gostasse de Pedro, estava cansada e nem tão a fim de sair de casa. Mas OK. Tocou na foto dele pela vigésima vez, a fim de ampliá-la. Pedro estava sorrindo, os dreads presos de um jeito bagunçado. Os olhos escuros contrastavam com sua pele clara. Não era muito alto, mas bem forte, pois adorava quase todos os tipos de esporte. E bom, ele beija muito bem, lembrou-se Náti. Não que isso pudesse ser concluído pela foto...

Após meia hora, ela havia tomado banho e passado maquiagem. Nada muito pesado, pois segundo sua própria explicação, ainda teria aula amanhã e não gostaria de passar a madrugada inteira tirando tudo.

—Agora... Que roupa eu ponho!! Não tenho nada que preste!

Com todas as roupas do armário espalhadas pelo chão do quarto, depois de vinte minutos de põe-olha no espelho-tira-joga no chão – põe- olha no espelho – tira – joga no chão, Natália optou por uma saia azul-marinho batendo no meio das coxas, uma camiseta cinza e suspensórios pretos.

(...)

Já dentro do carro, os dois conversam ao som de Dire Straits; Graças a Deus ele tem bom gosto, já conheci cada tribufu, ela pensa.

—O prof. Maurício é tenso mesmo, mano. Mas relaxa linda, se eu passei no terceiro semestre, você passa também. — Seus olhos encontram os dela rapidamente, e um largo sorriso deixa seu rosto ainda mais atraente, fazendo Natália prender a respiração.

—Obrigada. — Ela diz por fim. — E pra onde estamos indo!!

—Vou te levar num luau. — Diz, novamente sorrindo. — Na beira da praia, músicas boas, comidas legais...

— Nossa, que ótimo! Que bom que não é nada tão agitado, eu tô mega cansada.

Ao chegarem à praia, Pedro puxa-a pela mão até o local. Foram montadas duas tendas, com cadeiras de praia e algumas toalhas na areia. Iluminaram o ambiente com algumas velas dentro de potes espalhados ao redor; Cerca de dez pessoas estão sentadas, algumas na areia e outras nas cadeiras, em volta de um cara de bermuda e camisa havaiana tocando um violão já gasto pelos anos.

—É bem simples mas... Achei que iria gostar. —Pedro diz, levantando os ombros.

—Eu adorei. —Ela sorri, agora um sorriso digno de ser chamado de obra prima. A ideia de ter alguém pensando nela, em seus gostos, aqueceu seu coração.

—Olá pessoal. Essa é a Náti. — Ele a apresenta aos outros, que sorriem de volta. —Vem, vamos sentar aqui.

Sentam-se em cima das toalhas estendidas na areia, um pouco afastados do grupo. A música tocada no violão deixa-os à vontade, e logo todos estão cantando também. A certa altura, Natália tira as sandálias e enfia os pés na areia, os pequenos grãozinhos entrando no meios dos seus dedos.

No fim, até que nem deu tudo errado hoje, ela pensa. O cara de camisa havaiana canta com voz rouca uma música do Nando Reis, e as pessoas param de cantar para apreciar sua voz. Pedro olha para Náti, discretamente. Ela está apoiada nos cotovelos, as costas quase tocando a areia. Seu rosto não está mais tenso, como quando se encontraram; Agora seus olhos carregam uma expressão suave, e seus lábios estão curvados ligeiramente para cima. Ele a olha de novo, agora sem disfarçar, o olhar segue cada traço de Natália. Ao perceber que está sendo encarada, a garota vira a cabeça em direção a Pedro, fixando seus olhos castanhos nos olhos negros dele. A mão do garoto toca gentilmente a base do pescoço dela, puxando-a para mais perto. Natália pousa a mão em seu rosto, inclinando-se devagar, sentindo a respiração de Pedro próxima a seu rosto. Seus lábios encontram o caminho um para o outro sozinhos, a princípio timidamente, e depois de maneira mais... Extrovertida. E assim acaba a noite de quinta-feira que, para Natália, havia começado tão mal. Ela não está mais sozinha. 

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