Coroa De Fogo - Livro 1 - Tri...

By JenniferGKS

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Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Pequeno atraso!
Obrigada!
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
500!!!
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
CHEGAMOS A 1000!
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Concurso Caneta de Ouro
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28 - Diário de Morgana Galiano
É 3K que está mostrando mesmo? 😱😱😱😱
Capítulo 29
Divulgação!
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Epílogo
Livro 2 e Agradecimentos
SEGUNDO LIVRO!!
BOOKTRAILER
GRUPO NO WHATS! 😱😱
VAMOS SER PUBLICADOS
@escritorajenniferkepler

Capítulo 2

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By JenniferGKS

Aquela voz. Sempre a mesma voz.

Acordo com o coração batendo forte e suor escorrendo pelas têmporas. Ainda consigo ouvir o som de uma risada em minha mente. Por alguns segundos, acreditei que era real.

O mesmo sonho me assombra desde criança. Nele, estou em algum lugar parecido com uma praça arborizada. Tudo é colorido pelas flores. Há uma pérgula no centro em forma de asas de borboleta. Tento chegar a ela, mas ainda não tenho habilidades motoras coordenadas com as pernas.

Com a minha tentativa desengonçada de andar, ouço um riso. O som é como água gelada no verão. Tão maravilhoso que se deseja nunca deixar de escutar. Então, acordo e tudo some. Não sonhava com isso há algum tempo.

Olhando pela janela, noto que o sol começa a despontar no horizonte em seu nascer preguiçoso. O pensamento de que esse será o último dia em que verei o amanhecer por essa janela, é desconcertante.

Minha mala já está pronta, esperando por mim ao lado da porta. Não demorará muito e Juliette já terá um novo colega de quarto. A rotatividade nunca para em nosso quartel. Mas ainda tenho um último pertence para resgatar, a única parte que mantenho de meu passado desconhecido que estava comigo quando cheguei ao orfanato.

Certificando-me de que Juliette está dormindo, vou até uma madeira solta no assoalho do quarto embaixo da minha cama. Abaixo dela, há uma pequena caixa e nela minha única herança: um lenço branco com um bordado de folhas verdes e pequenas borboletas vermelhas. Além disso, há uma sentença gravada nele "A liberdade está no sangue, meu próprio sangue, nosso sangue. Um dia, ele trará você de volta pra mim".

Quando criança, acreditava que isso era um recado de meus pais, que eles iriam me buscar algum dia. Contudo, isso jamais aconteceu. Continuei vivendo solitária, mesmo nunca estando sozinha.

Guardo o lenço no bolso. Ele é o único elo com meu passado e mesmo não significando nada, não consigo me desfazer dele.

Alguns minutos depois, estou pronta para partir. Dirijo-me para o refeitório, ainda que esteja sem fome. Como um bom soldado, sei que tenho que me alimentar. O lugar está praticamente vazio. Apenas algumas pessoas comem em silêncio.

Ainda está cedo e tenho três horas até o pronunciamento do rei e da minha partida. Sento-me em uma mesa afastada e como devagar, apreciando a brisa leve que entra pela janela e memorizando a visão que ela dá para o pátio de treinamento. Distraída, sobressaio-me quando alguém senta ao meu lado.

-Acordou cedo. Ainda faltam três horas até o pronunciamento. -Diz o capitão Carter.

-Eu sei. Quis me certificar de que tudo estava organizado, senhor. –Respondo.

Ele me olha por alguns segundos. É um homem marcado pelo tempo, seus cabelos já mostram manchas brancas e seu rosto as linhas deixadas pela vida. Ainda assim, carrega consigo uma áurea de respeito e força.

-Eu sei o quanto esse dia é difícil, Scarlett. Todos nós sabemos que quando vocês partirem, a probabilidade de voltarem é quase nula e isso é um peso grande demais para se carregar. Às vezes a vida nos coloca em caminhos estranhos, mas no fim tudo é explicado. Acredite no que está aqui. -Ele toca em meu peito, onde supostamente está meu coração, olha-me por mais alguns segundos e sai.

Fico embasbacada por um tempo por causa do seu comportamento inusitado. Uma lição que o capitão me ensinou é ser forte como uma rocha e jamais deixar o que sinto transparecer.

Esqueça a dor. Esqueça a fome. Esqueça o medo.

Foi isso que aprendi naquele lugar. Qualquer tipo de demonstração sentimental é a atitude mais bizarra que ele poderia ter.

Perdida em pensamentos, não reparo a chegada de outras pessoas no recinto. O burburinho a minha volta fica mais alto e percebo que a maioria dos futuros convocados já está com suas malas e prontos para partir, assim como eu.

Olhando ao redor, vejo Juliette vindo em minha direção. Ela nunca se senta comigo, porém, parece ter mudado de ideia naquela manhã.

-Olá, Scarlett. Quando acordei você já havia saído. Queria me despedir e lhe dar isso. -Ela estende um colar com uma pedra negra cilíndrica com o acabamento em um vértice triangular. -Ganhei em um jogo de cartas aqui, dizem que protege dos maus espíritos. Acho que você vai precisar mais do que eu agora. É um presente de aniversário também. Então... Feliz aniversário. - Ela sorri e parece sincera. Em retribuição, estendo a mão e pego o cordão.

-Obrigada, Juliette. Isso é muito gentil da sua parte. -Sorrio, surpresa por ela ter se lembrado do meu aniversário.

Nesse momento, alguns amigos de Juliette passam por nós e param em nossa mesa.

-Minha nossa, se eu soubesse que você sorria, teria tentado me aproximar mais vezes. Com aquela outra carranca, isso não era possível.

E esse é o Sebastian. O babaca que todo e qualquer lugar possui. Aquele cara a quem todos acham bonito e por isso se sente superior aos demais. É, até no meio de órfãos há o grupo de populares.

Fecho a cara e o fulmino com os olhos. Ele sempre foi uma pedra no meu sapato. Desde que chegou, escolheu-me como seu alvo para azucrinar.

-É, essa carranca aí mesmo. -Ele diz e solta uma risada. Todos os que estão ouvindo, como carneirinhos domados, acompanham-no.

Sinto meu rosto esquentando. Não por vergonha, mas por raiva. Uma raiva de valentões que acreditam possuírem autorização para passar por cima dos mais fracos para satisfazer o próprio prazer, que se divertem humilhando os demais.

-Que curioso, nem mesmo vendo seu sorriso consigo achar algo que dê vontade de me aproximar de você. Para falar a verdade, ele foi um dos motivos que me manteve bem longe. -Respondo entre os dentes. Acredito que minha voz pareceu mais um rosnado animal.

Juliette parece desconfortável com nossa iminente briga, por isso interfere.

-Vamos, Seb. Tenho que pegar meu cereal. Deixa a Scarlett em paz. –Ela pede.

Ele me encara por alguns minutos, avaliando e ponderando se vale a pena iniciar uma briga. Por mim, poderíamos travar uma guerra agora mesmo. Eu iria embora, por isso poderia revidar com vontade. Entretanto, nosso duelo de olhares raivosos é interrompido antes que qualquer atitude seja tomada.

-Soldados, prestem atenção. –O capitão Carter fala e deixamos nossas diferenças para ouvi-lo. –Hoje ocorrerá mais uma Convocação e sabemos como isso é importante para nosso reino. Somos a base sólida de nossa sociedade e é nosso dever protegê-la. Todos os que partirão estão mais do que aptos para concluírem suas obrigações com êxito. De acordo com o protocolo, vocês devem participar do pronunciamento e partir, entretanto, esse ano teremos um aditivo: o príncipe herdeiro está em nossa cidade resolvendo questões do reino e decidiu lhes dizer algumas palavras após o pronunciamento do rei. –Ele relata.

Quando o capitão termina, um silêncio sepulcral cai sobre o refeitório. É sabido que o príncipe viaja em nome de seu pai pelo reino. Mas aqui? Em Marina Azul? O lugar que só gera soldados para morrerem pelo reino? Aquilo era muitíssimo incomum.

-Espero que todos se comportem e mostrem ao príncipe como trabalhamos duro para cuidar de nossa terra. –Continua o capitão. –Agora, vocês devem ir para o pátio de treinamento assistir ao pronunciamento. –Com isso, ele nos dá as costas e sai.

Todos ficamos parados por alguns segundos, até o sentido de obediência ao capitão falar mais alto e seguirmos em direção ao pátio de treinamento. Permito que os outros fiquem a minha frente. Já vi e ouvi muitas vezes o pronunciamento e não haverá nada de novo nele.

Apenas a mesma ladainha repetida incessantemente!

Percebo que os últimos preparativos estão finalizados para possibilitar a transmissão real. Os fios estendidos pelo chão, o objeto que eles denominam de transmissor que mais parece uma lata de metal preta posicionado no centro do pátio e cadeiras para acomodação dos ouvintes.

Tudo é movido a eletricidade. Esse é o momento do ano em que mais a vejo sendo utilizada em nossa cidade. Aqui o uso de eletricidade é extremamente controlado, nem mesmo conheço os famosos chuveiros elétricos.

O transmissor acende e lá está o símbolo de Pelagus: um círculo preto com 4 flechas entrelaçadas, uma para cada elemento da vida. Cada uma apontada em uma direção diferente representando as principais regiões do reino: norte, sul, leste e oeste.

Depois de alguns instantes, a imagem de um enorme trono adornado com diferentes pedras brilhantes aparece e nele está sentado o rei do fogo: Arthur Beryllos Pharus. Ele parece enorme pela tela. Ombros largos, cabelos pretos na altura do pescoço, um rosto parcamente marcado pelo tempo.

Todavia, o que faz meu estômago se contorcer são seus olhos: pretos como o breu da noite. Ele sempre me pareceu o mesmo ao longo dos anos, como se não envelhecesse. Quando sua voz ecoa por meio do transmissor, os pelos do meu corpo se eriçam em alerta.

-Cidadãos pelaguianos, é com muita satisfação que realizo mais uma Convocação em meu reinado. Outros antes de mim instituíram essa lei e, desde então, damos ao nosso povo a paz merecida. Todos sabem que o Reino Sombrio tem investido sobre nós, mas nos mantemos fortes. Vamos lutar por nossa terra até o fim dos tempos. Parabenizo a todos que bravamente irão proteger nossas vidas com as suas próprias...

Uma comoção um pouco atrás de mim desvia minha atenção do discurso do rei e a situação que presencio é como um soco no estômago: dois soldados de uniforme vermelho chutam um menino caído. Demonstrações de poder da parte de elementais são comuns em nossa cidade, porém, isso não acontece com crianças.

É como se algo adormecido em mim recobrasse a consciência, uma raiva primitiva vinda do âmago do meu ser. Sinto meu corpo esquentar, como se pegasse fogo, mas não identifico a dor de uma queimadura. Instintivamente, aproximo-me dos agressores que machucam o pequeno garoto.

-Soltem-no. Agora, seus imbecis! - Minha voz é fria e cruel, como nunca havia ouvido antes.

Os soldados olham para mim e, no mesmo instante, arregalam os olhos. Constatando que eles se afastaram o suficiente da criança, começo a caminhar em sua direção. Levanto as mãos para brigar e, para minha surpresa, fogo emana por meus dedos e atinge os dois homens.

Não consigo desviar os olhos das minhas mãos depois disso, elas brilham à luz de um fogo vermelho com uma chama branca linda. É fascinante, até o momento em que percebo que estou com fogo pelo corpo todo e os soldados também. A diferença entre nós, é que eles gritam e se contorcem no chão e eu não.

Antes que possa tomar qualquer atitude, um peso cai sobre mim e braços me rodeiam. Caio com força no chão e ouço um baque. Creio que o som seja do encontro do meu crânio com o solo, porque tudo fica completamente escuro depois disso. 

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