O Caçador Misterioso

By Danielcwnolan

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[Vencedor do Wattys 2018 na categoria Tesouros Escondidos] Em uma noite sombria e traiçoeira, um homem mister... More

Aviso
Mapa de Eldrathor
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29

Capítulo 16

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By Danielcwnolan

Momentos antes de pegar no sono, já com os olhos completamente fechados e relaxado, na confortável e macia poltrona onde havia se afundado instantes antes, o caçador foi interrompido subitamente por uma voz doce e serena em sua mente. A voz lhe era bem familiar, imediatamente trouxe uma sensação boa de calor em seu peito e ele já estava prestes a sorrir quando percebeu o tom de completa irritação dela ao falar:

— Por que você me bloqueou a noite toda? — a doce voz reverberou na cabeça do homem, quase como se a mulher estivesse parada ali, ao seu lado, sussurrando as palavras em seus ouvidos com uma mistura de preocupação e irritação ao falar. — O que foi que aconteceu?

— Me desculpe, eu tive alguns imprevistos durante esta longa e irritante noite, mas de modo algum a minha intenção foi deixar de falar com você — ele respondeu.

— Imprevistos? — a voz levantou o tom ao perguntar e continuou: — É esse o nome que dão para isso agora? Você só pode estar brincando comigo!

— Me perdoe...

— Pare de tentar me enrolar! — O caçador foi interrompido de pronto pelo grito de irritação da voz da mulher misteriosa. Me diga logo de uma vez por todas o que aconteceu.

O homem pensou por um tempo na resposta que daria à mulher em sua cabeça e, sem conseguir decidir se seria melhor contar tudo de uma vez ou deixar alguns fatos de fora, ele falou:

— Eu fui perseguido por algumas criaturas na Floresta dos Sussurros a noite toda, mas não se preocupe e acredite em mim quando digo que agora estou bem.

A mulher ficou alguns segundos sem responder, como se estivesse pensando, com cautela, nas suas próximas palavras e então tornou a falar novamente, dessa vez com um tom um pouco choroso na voz:

— Eu posso sentir, sabia?

O caçador deu um longo e pesaroso suspiro e respondeu:

— Eu sei! Foi por esse motivo que eu a mantive afastada a noite toda, por favor, me perdoe. Não queria deixá-la preocupada.

— Há décadas que não sinto um ferimento em você, tanto que já nem lembrava mais como era essa sensação e demorei para perceber o que realmente estava acontecendo. Agora imagina como eu fiquei ao sentir isso três vezes durante uma mesma noite e ainda por cima não ser capaz de te alcançar para tentar te ajudar.

— A situação estava sob controle. Eu não precisava de nenhum tipo de ajuda e por isso te deixei afastada. — O homem estava extremamente cansado para pesar as palavras e, mesmo sem querer, acabou sendo grosseiro com a pessoa com quem ele mais se importa nessa vida. Ele mal acabou de falar e se lamentou profundamente.

— Seu desgraçado e miserável! — a mulher berrou com um tom de fúria na voz. O grito dela foi tão alto que o homem foi capaz de sentir uma forte pontada latejar na sua cabeça e, mesmo de olhos fechados e sem saber se foi pelo berro ou pelo estado precário que se encontrava, ele se sentiu um pouco tonto e com dificuldade de respirar. Depois de algum tempo, ela se arrependeu das palavras duras que acabara de pronunciar e continuou entre lágrimas: — Você é tudo que me resta neste mundo. Eu te amo muito e não posso perdê-lo, de jeito nenhum.

— Eu também te amo e não se preocupe, você não vai me perder — o homem estava sendo bem sincero dessa vez.

— Promete?

— Eu prometo! — ele respondeu e uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho.

— Então está perdoado. Vamos deixar esse assunto para lá de uma vez por todas. — A mulher fez uma pausa e continuou: Agora me fale sobre essa perseguição que sofreu na floresta. Quem seria capaz de colocar o meu poderosíssimo irmão para correr durante uma noite inteira?

O caçador sabia que falar a verdade só aumentaria ainda mais os seus problemas, mas ele não sentia nenhuma vontade de mentir para a sua única e amada irmã, então falou logo de uma vez.

— A questão não é quem, mas sim o quê.

Deu-se um momento de pausa e então a mulher falou:

— Você está me deixando confusa.

— Certo! Vou ser direto com você então, minha irmã. Havia quatro dias que eu vinha seguindo o rastro de algumas criaturas floresta adentro e esta noite eu finalmente achei o local onde elas se escondiam, mas o que eu não esperava, de verdade, era encontrar um covil repleto de vormags.

— Vormag? – a mulher perguntou com extrema surpresa na sua voz. Não pode ser! Eles estão extintos há mais de 100 anos e você deve se lembrar muito bem disso, uma vez que foi o maior responsável por acabar com eles no passado.

— Foi exatamente o que eu pensei — o caçador concordou com a sua irmã. Até encontrá-los novamente essa noite.

— Não, isso não está certo! — Arryn protestou. Nós nunca sequer ouvimos falar sobre os vormags durante todo esse tempo. Eles não podem ter simplesmente aparecido assim, do nada. Se isso fosse verdade, nós já saberíamos. Provavelmente você deve ter se confundido, meu irmão, pense bem nisso que está falando.

— Meus ferimentos provam o contrário. — O homem lembrou dos dentes da criatura cravados em seu ombro e sentiu a ferida latejar pela sua espinha.

— Como isso é possível, então? Eu não entendo.

— Era isso que eu estava tentando descobrir, minha querida irmã, até ser desviado do meu caminho por acontecimentos que eu não havia previsto. — O caçador se lembrou da pobre menina e em tudo que ela passou nos últimos dias e sentiu uma tristeza profunda em seu peito. E ser obrigado a correr desesperadamente a noite toda pela floresta.

Incrédula e principalmente preocupada com tudo que acabara de escutar, a irmã do caçador não tinha mais um pingo de paciência para ficar tentando adivinhar as coisas e exigiu saber o que havia acontecido com ele durante a noite. Ela fez questão de escutar tudo nos mínimos detalhes e foi firme em sua solicitação, sem deixar margem para uma eventual discussão. Cansado demais para argumentar e sem vontade alguma para alongar por mais tempo o assunto, ele fez o que ela pediu e cuspiu tudo de uma vez, sem deixar nenhum detalhe de fora.

Arryn escutou toda a história sem interromper o caçador e, quando ele chegou ao final, ela estava tão surpresa que não conseguia pensar em algo melhor para falar, então disse a primeira coisa que veio a sua cabeça:

— Com todos os lugares do mundo disponíveis para você ir, como pode ter ido parar logo na casa do velho Rasban? — Arryn estava muito irritada como todos esses estranhos acontecimentos, principalmente com o fato de ela estar bem longe disso, presa em sua missão na cidade de En'nalis, e não poder ver tudo com os seus próprios olhos. Não tem ninguém que ele odeie mais nessa vida do que você! Onde estava com a cabeça quando pensou nisso?

— Eu não tinha nenhuma outra alternativa e também não posso recriminá-lo, minha irmã. — Apesar da certeza de ter agido certo a muito tempo atrás, a lembrança do que aconteceu entre ele e o velho ainda assombrava seus pensamentos, mesmo depois de tanto tempo. Além do mais, nós dois sabemos bem que ele tem todas as razões do mundo para me odiar.

— Mesmo assim, meu irmão, não deixa de ser uma doce ironia do destino você precisar da ajuda do Rasban depois do que fez a ele. — Arryn sabia que o caçador fora obrigado a fazer o que ninguém mais teve coragem e ela se sentia muito mal por isso, mas, ainda assim, ela não conseguia entender o motivo do seu irmão ir bater justamente na porta dele. — Não concorda?

— Você está certa, como sempre, Arryn, e confesso que no fundo eu até sinto um pouco de admiração pelo homem.

— Sente? — ela perguntou confusa. — Por quê?

— Porque, mesmo com todo o ódio que tem por mim, ele deixou esse sentimento de lado para ajudar uma criança na qual nunca havia posto os olhos antes. — O caçador realmente ficara surpreso com essa atitude do velho. Ele chegou à sua porta disposto a pôr um fim na sua existência, se fosse preciso, e ao final ficou grato por não ter sido obrigado a fazer isso. No mundo em que vivemos, hoje em dia, poucos seriam capazes disso, sabe? Deixar seu ódio de lado para ajudar alguém.

— Tem razão, a atitude do velho realmente foi muito admirável — Arryn concordou e logo decidiu mudar de assunto ao perceber a dor de seu irmão. Por falar nisso, e essa menina? O que tem de tão especial nela?

— Tirando o fato de ela ter o mesmo nome que o seu? — O homem fez um pequeno suspense antes de continuar: — Nada demais.

— Se é o que diz, meu irmão, então qual o verdadeiro motivo para você ter deixado os vormags de lado e escolhido correr até a casa de um homem que te odeia para salvá-la? — Arryn rebateu com desconfiança.

O homem pesou sabiamente as suas palavras antes de dar a sua resposta para Arryn. De maneira alguma ele gostaria de jogar qualquer tipo de responsabilidade nas costas de sua irmã, principalmente sabendo que ele era o único responsável por isso, mas, ainda assim, ele precisava falar:

— Porque eu negligenciei os homens e seus problemas por tempo demais, minha doce e amada irmã. — "Sua espécie não é muito conhecida por se importar com os seres humanos", o caçador pôde escutar nitidamente a voz do fantasma martelando em sua cabeça e foi obrigado a dar razão às palavras do velho rabugento.

— Isso não é verdade, meu irmão, tudo que fizemos até hoje foi pensando no bem de todos, principalmente dos homens. — Arryn foi incisiva ao discordar do seu irmão. Não concorda?

— Não Arryn, você não me entendeu. Infelizmente eu vivi muito tempo sem querer enxergar o que estava bem na minha frente e simplesmente deixei de me importar com isso. — Ele fez uma longa pausa e continuou: — Foi preciso uma fatalidade para depois de muitos anos me obrigar a bater na porta do Rasban e ele me jogar isso na cara, sem nenhum pingo de arrependimento. O pior de tudo é que, no fundo, eu já sabia disso, na verdade, eu tive certeza no exato momento em que segurei a criança desfalecida em meus braços e cogitei deixá-la ali, jogada no chão sujo de sangue e terra, à espera da morte. Eu me encontrava tomado pela raiva dos vormags e só pensava em sair à caça dos que ainda restavam vivos na floresta, sem me importar com mais nada, e só voltei a pensar direito depois de sentir a forma como a menina lutava com todas as suas forças para permanecer no mundo dos vivos.

Lágrimas escorreram dos olhos ainda fechados do caçador. Arryn sentiu a dor de seu irmão e falou com uma mistura de admiração e compaixão na voz:

— Eu compreendo cada palavra que você acabou de falar e, apesar do seu breve momento de dúvida, eu tenho certeza absoluta que você não hesitaria um só segundo em salvar uma vida, ainda mais uma que viveu por tão pouco tempo como essa que salvou. — Arryn realmente acreditava nisso e sabia que o caçador nunca deixaria de socorrer alguém que necessitasse de ajuda. Ela conhecia o irmão melhor do que ninguém e estava certa disso. Você tem um coração imenso e repleto de bondade, meu irmão, e isso só me faz sentir um orgulho imenso de você.

— Obrigado, Arryn, é muito importante para mim escutar isso de você.

— Ah! Pare com isso, você está me fazendo chorar. — Arryn soltou algumas fungadas e tirou um momento de reflexão antes de voltar a falar: Irmão, eu estava aqui envolta em meus pensamentos e uma grande preocupação me veio imediatamente à cabeça.

— Arryn, estou muito cansado e preciso dormir. — O caçador praticamente já cochilava quando ouviu a voz da irmã em sua cabeça novamente. Não podemos deixar esta conversa para uma outra hora?

— De forma alguma! — ela protestou. — A minha preocupação é muito pertinente a esse momento.

— Certo! — ele respondeu conformado. — Desembuche logo, então.

Arryn estava apreensiva com a resposta que poderia receber de seu irmão, mas, mesmo assim, tomou coragem para fazer a pergunta que lhe causava tanto medo.

— Os vormags... eles vão voltar, não vão?

Tudo que o homem queria era dormir nesse momento, porém, ele sabia que deixar Arryn no escuro, provavelmente, traria consequências catastróficas, pois, certamente, ela abandonaria a sua missão na tola tentativa de ajudá-lo e ele não poderia permitir isso em hipótese alguma. Com isso, somente restava ao caçador falar a verdade, e ele assim o fez:

— Não vou mentir para você, minha irmã. Eles estarão aqui assim que a noite chegar.

— Eu já desconfiava que você fosse dizer isso. — Arryn deu mais uma pausa e continuou: Não se preocupe, meu irmão, não vou te deixar sozinho nesse momento. Se eu sair de En'nalis agora, consigo chegar até a cabana do velho Rasban antes do anoitecer e...

— Esqueça isso, Arryn! — o caçador interrompeu bruscamente sua irmã.

— Hã? — a mulher perguntou confusa.

— Preciso que você fique exatamente onde está.

— O quê? — Arryn protestou veementemente com o seu irmão. — Você acha que vou ficar aqui parada enquanto você enfrenta os vormags sozinho, ainda mais no estado deplorável em que se encontra? Não, meu irmão, o que você precisa nesse momento é de ajuda e não...

— ARRYN! — o caçador gritou mentalmente com a sua irmã ao tentar chamar a sua atenção. — Eu não preciso de ajuda neste momento, entenda isso de uma vez.

Arryn parou de falar por um tempo, mas o caçador ainda podia senti-la bufando de raiva em seus pensamentos. Sua irmã caçula sempre fora muito apegada a ele, então já era de se esperar que ela não aceitaria isso muito bem.

— Por favor, meu irmão, não me obrigue a fazer isso — ela suplicou. Eu posso sentir que você está muito ferido, será praticamente impossível enfrentar os vormags sozinho desse jeito.

— Não se preocupe com os meus ferimentos. Estarei melhor quando acordar ele respondeu com convicção.

O caçador parecia bem seguro quanto às suas palavras, mas Arryn não estava nem um pouco satisfeita e protestou novamente:

— Mesmo que isso seja verdade e você se recupere bem, como acabou de dizer, ainda assim é impossível saber quantos vormags vão aparecer na sua porta à noite. Trata-se de uma estupidez sem tamanho ficar aí esperando por eles. Até mesmo para você!

— Eu sei exatamente o que estou fazendo, Arryn — o caçador respondeu secamente.

— Sabe mesmo? — ela perguntou num tom sarcástico. Para mim você está delirando, só não sei dizer se é pelo cansaço ou pelas feridas que sofreu nesta noite, mas tenho certeza absoluta que você não se encontra no seu juízo perfeito.

— Está duvidando de mim? — o caçador perguntou irritado.

— Não, meu irmão, apenas estou preocupada com você. Só isso!

Imediatamente o homem se arrependeu do tom que usou ao falar com a sua irmã. Ele sabia que ela estava argumentando esse tempo todo com o único intuito de protegê-lo e ele não tinha o direito de recriminá-la por isso.

— Eu sei, Arryn, me desculpe por ter sido rude com você, mas, acredite, eu tenho tudo sob controle. Confie em mim, por favor.

Era óbvio que Arryn confiava nele, afinal, ele era o seu irmão mais velho e esteve com ela em todos os momentos de sua vida, entretanto, nada do que ele dizia fazia algum sentido em sua cabeça neste momento.

— Do modo que eu vejo as coisas, não me parece nem um pouco que a situação esteja sob o seu controle. Para mim parece mais que você está tentando cometer um suicídio.

— Minha doce e desmiolada irmã, por favor, pare e reflita um pouco em todas as palavras sem sentido que acabou de cuspir em minha cabeça. Você sabe muito bem qual é o nosso objetivo principal aqui neste mundo horrível e esquecido por todos. O que precisamos fazer é muito maior do que eu ou você. — O caçador pesou sabiamente cada palavra ao continuar: E para isso dar certo, não podemos abrir mão de nenhuma peça do nosso jogo. Demorou séculos para a oportunidade perfeita se apresentar diante de nós e não podemos correr nenhum risco de perdê-la agora. Você, mais do que qualquer um, sofreu as consequências de tudo que aconteceu eras atrás, na própria pele. Nenhuma outra pessoa neste mundo precisou abdicar de tudo que você abdicou e é apenas isso que me vem na mente, ao insistir em manter intacto cada detalhe do que planejamos por todos esses anos.

— Tem razão, eu entendo perfeitamente o que você diz e agradeço de coração tudo o que pretende fazer por mim, mas não preciso que fique me lembrando disso a todo momento. — Arryn foi pega de surpresa com as palavras do irmão. Ela não esperava ter que tocar nesse assunto nesse momento e resolveu mudar o rumo da prosa. — Além do mais, ao meu ver, o desmiolado aqui é você, pois se esqueceu que é uma peça importantíssima no nosso planejamento.

— Está enganada, Arryn, eu não esqueci disso em nenhum momento. Você está coberta de razão ao dizer que sou uma parte importante do nosso plano, isso eu não tenho como negar, porém, você parece não se lembrar que, na verdade, ela é a peça central nesse nosso quebra-cabeça.

— Eu sei. — Arryn encontrava-se observando de longe a mulher que ela precisava proteger nesste exato instante e tinha plena convicção que ela não corria nenhum tipo de perigo. Mas ela está completamente segura. É perfeitamente viável eu ir ao seu encontro, te ajudar na luta contra os vormags e depois voltar para cá e continuar com a minha vigília.

— Minha irmã, eu juro que compreendo toda a sua preocupação, de verdade. Eu não sou tão insensível assim como você imagina. E se a situação fosse o inverso, certamente eu agiria da mesma forma que está agindo, mas, pare e reflita um pouco sobre o que acabou de dizer. Sem ela, o nosso plano deixa de existir. — Ele fez uma longa pausa e continuou: — Se algo de ruim acontecer a ela, é provável que não tenhamos mais nenhuma outra oportunidade de colocar em prática o que planejamos durante todo esse tempo. Quer mesmo arriscar?

As palavras do caçador ressoaram bem no fundo da alma de sua irmã e ela pôde vislumbrar claramente tudo o que estava em jogo no momento. Se tudo desse errado, quem mais perderia com essa tragédia toda seria ela própria.

— Não, realmente é melhor não arriscar nada agora. Apesar de ainda ser contrária à ideia de você enfrentar sozinho os vormags, eu sou obrigada a admitir que você tem razão.

— Ótimo! Assunto encerrado. o caçador pareceu feliz com a sua vitória e ficou mais tranquilo em saber que poderia dormir livre dessas preocupações. — Trate de ficar na cidade e cumpra com a sua missão de protegê-la.

— Certo! — Arryn concordou de pronto, sem pestanejar. — Mas e quanto a você? O que vai fazer?

— Vou fazer a única coisa que me resta nesse momento ele respondeu.

— O quê? ela perguntou curiosa.

— Dormir e descansar, mas, não se preocupe, quando acordar, saberei exatamente o que preciso fazer.

Ela não tinha muita esperança de obter uma resposta concreta ou ao menos satisfatória do seu enigmático irmão, contudo, mesmo assim, perguntou:

— Alguma chance de me contar o que planeja?

— Não neste momento.

Como era de se esperar, seu irmão não estava disposto a compartilhar o seu plano e ela sabia que ele precisava descansar logo, já que, mesmo de longe, ela ainda podia sentir a dor dos seus ferimentos, então, não restava mais nada a fazer a não ser deixar isso para lá e se despedir.

— Tá bom! Só me prometa que vai ficar bem e que não vai fazer nenhuma besteira.

— Besteira? Desde quando eu faço isso? ele respondeu em meio a gargalhadas.

Desde pequena, Arryn sempre adorou o som das gargalhadas de seu irmão e ouvi-las trouxe uma mistura de sentimentos ao seu coração e, mesmo sabendo que ele estava caçoando dela, Arryn não ficou nem um pouco irritada e imediatamente abriu um enorme sorriso de felicidade em seu rosto.

Passado o breve momento saudosista, Arryn ainda sentia necessidade de escutar seu irmão prometendo que ficaria bem, então ela resolveu apelar para um tom mais sentimental ao falar:

— Por favor, meu irmão, me prometa.

— Eu prometo — o caçador respondeu com ternura na voz.

Satisfeita com a promessa de seu irmão, mas ainda com o coração partido em mil pedaços por deixá-lo sozinho num momento crítico, ela resolveu fazer mais um pedido antes de encerrar de vez a conexão mental que existia entre eles.

— Bom descanso, então. Nos falamos mais tarde. Tá?

— Claro! Fique tranquila, não vou te manter afastada novamente o caçador respondeu com esperança de conseguir manter a sua palavra.

Obrigada por isso e fique bem Arryn agradeceu ao seu irmão com o coração mais leve.

— Vou ficar! Te amo, Arryn.

— Também te amo, meu querido e teimoso irmão.

Um silêncio melancólico pairou na mente do caçador quando ele notou que a presença de sua irmã já não se encontrava mais lá. Com o coração apertado e doendo de saudades, a cabeça repleta de preocupações com a menina entre a vida e a morte deitada na cama à sua frente, e ciente de que não havia nada que pudesse fazer, ele se rendeu ao cansaço e mergulhou num sono profundo e revitalizante, sem se importar com os perigos que teria de enfrentar ao acordar.

Pessoal, infelizmente o próximo capítulo vai demorar um pouco para sair, pois vou viajar a trabalho :

Caso tenha gostado do livro até aqui, não esqueça de votar na estrelinha e comentar :)

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