Meu amigo não tão imaginário...

By nicolypachecos

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Clínicas, psicólogos e sessões com os orientadores do colégio resumiam grande parte da infância de Jeon Jeong... More

♡ avisos ♡
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By nicolypachecos

Acabou que acordei primeiro que Jimin novamente, que nem da última vez na qual dormimos juntos.

Já estava claro e, por um momento, bati em minha própria testa, preocupado. Não havia avisado a ninguém lá de casa que iria dormir fora. Mamãe deve estar louca achando que morri...

Era estranho a manhã de agora ser completamente diferente daquela outra, em minha casa. Dessa vez, estava tão macio e confortável, Jimin tinha uma feição tão serena. Admito que me assustei por olhar para o relógio e notar que era 11h, tipo, dormimos por treze horas ou mais e isso é doideira. Acho que eu também estava um pouco exausto e ter ele por perto, me fez relaxar e descansar totalmente. O hyung ainda dormia, ressonando baixinho em meu peito e abraçado à mim, era... Suave. Talvez fosse um lance de sentimento. Dessa vez, não estávamos bagunçados.

Acordei há trinta minutos atrás, ou talvez menos. Estava olhando para o teto, pensando em milhares de coisas e me sentindo bem. Jimin me deixa assim, é inevitável.

Eu acariciava seus cabelos. Por Deus, suas bochechas estavam tão magrinhas. Eu sinto falta do rostinho rechonchudo e das bochechas saltadas de antes. Ele ainda dorme em meus braços e mal consigo respirar ao recordar-me de ontem, daquele choro, de tudo... As coisas que ele disse para me afastar eram tão confusas. Não faço ideia do que ele passou ou pensou para chegar naquela conclusão de que eu iria o esquecer, o odiar... 

Eu, agora, não consigo sentir nada além de alegria, preocupação... dúvida. Era um misto terrível.

Ergui o braço, pegando meu celular na mesinha de cabeceira, vendo as inúmeras ligações de minha mãe, pai, Taehyung e até mesmo Taemin.

Devo ter ficado mais de meia hora no telefone, explicando tudo para todos. Contei a Taemin sobre o que aconteceu, ressaltando o fato de que o Park estava bem e comigo. O Lee disse que viria quando pudesse, embora não estivesse em Seul. Sua vó estava doente e viajou por conta disso, mas ele parecia muito aliviado. Estávamos, afinal.

Mamãe ficou muito irritada quando a liguei, e depois de me dar umas broncas, começou a chorar. Poxa, a deixei muito preocupada! Pedi perdão muitas vezes pela burrada. Inventei que eu saí para festejar pois passei com notas altas e que dormi na casa de Mingyu depois. Ela disse que eu deveria voltar antes de escurecer e eu disse que sim, mas provavelmente não iria. Tenho de ficar com Jimin.

Quando mandei mensagens 'pro Tae, dizendo que estava com o Park, ele me chamou de idiota apaixonado, e não neguei, porque provavelmente sou isso mesmo. Só depois disso, soltei meu celular e voltei a fitar Jimin.

Eu estava ameaçando cochilar de novo quando o Park se mexeu um pouco. Suspirei, olhando para seu rosto. Tão bonito. Os fios loiros brilhavam pela fresta de luz que vinha da janela e sua mão pequena permanecia agarrada a minha camisa, fazendo com que eu me sentisse bem.

Seus olhos se abriram e me perdi naquele brilho. Ele estava tão lindo e... Eu não sei, ele parecia bem melhor. Pus meus dedos em cima de sua bochecha, acariciando e sorrindo um pouco ao que ele me olhava, piscando sonolento.

— Gosto mais das suas bochechas quando estão gordinhas... — Meu timbre era rouco e um tanto desafinado. Estava sonolento, afinal. — Você dormiu por quase treze horas... Como se sente? — pigarrei, querendo minha voz normal de volta.

Sorriu apenas com os lábios, seus olhos estavam inchadinhos e, honestamente, era lindo demais.

— Bem... — Foi o que disse antes de ficar cabisbaixo novamente.

O silêncio reinou entre nós, mas era totalmente reconfortante, era... Era leve. Só estávamos poupando nossas palavras, fitando o nada e aproveitando um pouco a paz que, infelizmente, não durou tanto quanto eu desejava, pois... Logo ele se ergueu no colchão e foi até sua escrivaninha.

Sentei na cama também, tentando massagear meu cabelo bagunçado. Ele abriu a gaveta, pegou algo e depois se virou para mim, a mostrando em suas mãos.

Uma carta.

Encarei-o por um tempo.

— Jeongguk... A minha... — suspirou fundo. — Minha mãe tentou me matar quando eu tinha onze anos.

Arregalei os olhos.

A mãe...

— O quê? — Realmente pensei ter escutado errado.

— Ela não teve pena, apenas cometeu um erro, é por isso que estou aqui.

Eu... Eu escutei certo? Aquilo era verdade?!

Ele se aproximou da cama, deixando a carta em cima do travesseiro, em seguida, pegando em minha mão. Levou-a até sua cabeça e, depois de pressionar meus dedos ali, 'num local perto do redemoinho, eu pude sentir algo. Era levemente volumoso.

— Isso...

— Foi ela que fez isso.

Engulo em seco.

— Eu nunca... Nunca notei isso antes. — falei. Já fiz tanto cafuné nele... Eu nunca percebi.

Ele abaixou a cabeça.

— Foi, bem, ela... Ela tentou me matar, depois ela... Cometeu suicídio.

Ajeitei-me onde eu estava, o fitando no rosto. Aquilo era... chocante. Meu coração acelerou e fiquei, além de assustado... confuso.

Por quê... Droga, eu não acredito. Não pode ser. Por que a mãe dele...?

— Hyung... Eu sinto muito... — Foi o que consegui dizer, mas ele abaixou a cabeça e negou.

— N-não... Não... Eu não me lembro dela. — olhou em meus olhos outra vez. — Eu deveria lembrar, mas não lembro... Foi me dito que ela delirou.

Aproximei-me dele na cama, abraçando-o um pouco e ouvindo um ofegar seu.

— N-não me abrace, ou eu vou... Vou vacilar. — disse baixinho, mas eu me deitei por cima de seu corpo, meu rosto escondido em seu ombro. Estávamos deitados de novo.

Fechei os olhos, suspirando.

Ok... Jeongguk, isso aconteceu com ele, parece ilógico, mas aconteceu. Parece impossível, pois Jimin é tão bom! Por que uma mãe faria isso? Droga, parece tão... Impossível. Mas ele está tão trêmulo, é claro que está falando a verdade, Jimin não faria brincadeiras assim! Não posso me dar o luxo de não acreditar, quando ele pareceu ficar um bom tempo tomando coragem para me contar...

Fechei meus olhos com força. Será que é por isso que ele acha que vou odiá-lo? Por causa de sua mãe? Droga, eu não sei...

— Seria... Seria por causa disso que você sente que não deve ser feliz? — resolvi perguntar, uma vez que sentia que éramos íntimos o bastante. Eu disse baixinho e lentamente para não parecer radical demais. — Que sente que vou te odiar? Te esquecer...?

Sentia sua boca tocar minha orelha e seu suspiro foi totalmente audível para mim.

— Isso... Isso é por causa da minha tia.

Mexi-me um pouco, na verdade, eu tirei meu corpo de cima do seu e me deitei ao seu lado. Que confuso... A tia dele, a mãe... Não sei de nada mesmo.

— Ei...

— Chega perto... — sussurrou e apenas aconcheguei minha cabeça em seu travesseiro, fechando meus olhos e tocando sua testa com a minha. Ele precisa me sentir. E eu precisava senti-lo. — Isso...

— Tudo bem... Me conta. — pedi. Daquela vez, eu iria ouvir.

Suspirou algumas vezes, mas logo levou sua mão até meu ombro e apertou um pouco, começando:

— Tudo bem... Bem... M-minha tia... — Sua voz rouca gaguejou e seus dedos me apertaram. — Ela não era de fato... Malvada quando estava por aqui-

— Espera, hyung... — abri meus olhos, encontrando os seus. — Quem... Quem criou você? Como e por que que sua mãe estava presente quando você tinha onze anos para... Para... — Tentar te matar. Era o que eu queria dizer, mas não consegui.

Fechou seus olhos.

— Fui criado por minha mãe até meus onze anos de idade. — sussurra. — Mas não me lembro de sequer um dia ao lado dela... Só me lembro da minha tia. — A mão em meu ombro se encolheu. — Jeongguk, é por isso que não tive infância. Literalmente... Não tive uma. Entende que só me lembro... De depois?

Engulo em seco antes de sussurrar:

— Entendo... Tudo bem... Continue.

Balançou a cabeça, se aconchegou um pouco, mas continuou:

— Certo... Hum, minha tia não era do tipo cruel, ela só me ignorava. Às vezes me ofendia, mas nunca... Nunca era muito sério. — comecei a acariciar seu pescoço, me focando ali enquanto ele falava e eu ouvia. — Só que teve um tempo que piorou... E piorou... Ela começou a me culpar pelo o que aconteceu com a minha mãe, ela também sempre odiou o fato de eu não ser 100% coreano. O cabelo loiro, nunca definitivamente o tive antes de ela ir embora.

— Como assim?

— Ela me levava para pintar quase toda semana... Minha cabeça parecia uma aberração pra ela. — disse, sem ânimo. — Sempre fiquei de cabeça baixa e obedeci. Mas... Ela começou a ficar muito violenta, ela... Ela é psicótica. Teve um tempo que não aguentei mais ficar aqui. Passei a semana na casa de Taemin, e quando voltei, ela tinha ido embora... Eu nunca mais a vi desde então, só... Só fiquei sabendo pelo pai do Minjae...

— Quando? — me olhou. — Quando ela foi embora?

Ponderou um pouco, porém, disse:

— Foi... Quatro meses antes de eu ir para o ensino médio. — respondeu.

— Entendo... — deixei-me esparramar-me ainda mais no colchão, me sentindo melancólico. — Eu sinto muito... — fitei-o, acariciando suas bochechas.

Aquelas coisas eram tão maldosas, pareciam quase surreais para mim. Era o tipo de tragédia que, até então, eu só via acontecer em filmes de televisão. Nunca conheci ou encontrei alguém que tivesse passado por coisas do tipo, não sabia como reagir, ainda mais por ser Jimin. Eu estava chocado, um pouco incrédulo e muito triste; mas... Me sentia necessitado também. Queria abraçá-lo até o fim, até tudo acabar... Queria que tudo pudesse acabar, e que ele apenas não pensasse mais no passado.

Eu quero muito ficar com ele!  Ainda mais agora.

É impossível não sentir vontade de estar e cuidar dele agora. Sempre senti, só que... Muito mais agora. Quero mostrá-lo o que é ser realmente amado.

Oh, Deus...

— É-é que... — A voz, a voz carregada se fez presente e logo pressionei os lábios, me sentindo amuado. — É q-que às vezes é difícil sentir q-que desde o começo, fui um erro... — ele soltou meu ombro, juntando as mãos em seu rosto, cobrindo-se. — Porque toda a f-família que tenho sempre só tentou m-me agredir, me machucar... O que eu deveria p-pensar, além de que é o que mereço ou que é verdade? V-você pode entender como me sinto?

Fechei meus olhos.

— Eu sei... Sei como se sente, mas hyung, não é verdade... Você nunca, nunca mereceria algo assim.

— E c-como acredito nisso? Fico só e apenas me afundo mais... E p-para todos eu sou um erro, é tudo t-tão cruel- — Nesse momento ele soluçou e eu voltei a me jogar por cima dele, o abraçando com força e, quando segurei-o, rolei na cama e trouxe seu corpo para cima do meu, tendo seu rosto aconchegado em meu pescoço.

Meu coração... Dói tanto.

Preciso ser forte... Por ele. Ele precisa saber que aquilo não é verdade!

— Quer saber? Isso não é verdade, isso nunca seria verdade... Você não é um erro e sei que no fundo sabe disso. Só foram injustos e cruéis com você, Jimin, mas... Você... Ei, você... — virei meu rosto, meu nariz tocou seus cabelos. — Você não é um erro... E só porque são sua família, não quer dizer que estão certos. Sabe o que "família" significa? Não é só sangue... Genética. Não. Família é amor... Se não há amor, não há família. Então... Sabe quem é sua família? É quem te ama e preza pelo seu bem estar e que, com certeza, não lhe faria um mau assim... Por favor, entenda isso, hyung. E não volte a dar ouvidos aos pensamentos e lembranças negativas.

Choramingou baixinho, recebendo um carinho meu em suas costas, até que se acalmasse. Ele na verdade não chorou tanto quanto ontem, mas, ainda sim...

— T-tem vezes que não dá para não dar ouvidos... — resmungou — Ainda mais depois disso... — levantou o rostinho inchado, pegando a carta que havia trago antes. Na verdade ele se sentou na minha barriga, a abrindo, com as mãos trêmulas. — Você... Sabe o que minha tia me diz nessa carta? É a primeira que recebo desde que ela foi embora, eu...

— O que essa carta diz? — perguntei, ela estava tremendo, e queria que ele parasse de dizer qualquer coisa. Mas talvez ele precisasse colocar para fora, então... Decidi escutar.

— A-aqui diz... Que eu destruo pessoas... — fitava a carta, o papel em frente ao seu rosto não me deixava vê-lo. — Que ninguém merece alguém como eu... E que tudo de ruim que acontece c-com qualquer pessoa que se envolve comigo... É minha culpa.

Absurdo.

— Hyung...

— D-diz que sou um erro... — ele ainda estava lendo. — E que essa vida não é minha... E que todo mundo v-vai me esquecer porque um dia... Vou sumir, e-e por isso irão me odiar... — ele soltou, engolindo em seco e só agora vi como está chorando. Chorando muito. — C-consigo ouvi-la dizendo isso, na minha cabeça, Jeon, posso ouvir tudo... — fechou os olhinhos e pus minha mão em sua bochecha esquerda, afagando um pouco. — E se for verdade...?

Fitei-o.

— Não é verdade. — segurei seu rosto entre minhas mãos, meus olhos ardendo. Nunca era fácil ver Jimin chorando.

— E se ela estiver certa? E se todo mundo só me esquecer, e me odiar, e se-

Minhas mãos que seguravam seu rosto o puxaram com força e pressionei meus lábios sobre os seus, calando-o com um beijo. Afastei-me brevemente, e disse:

— Jimin. Não é verdade. — disse e juro que quase grunhi. — Entenda isso. Não é verdade!

— Jeon-

— Não. É. Verdade.

— N-não...

— Não é verdade. — eu repeti outra vez e ele olhou em meus olhos. — É só... É só ódio. Só está descontando em você quando não tem culpa... — Eu disse, sua respiração perto da minha. — Você... Você crê quando pessoas dizem que garotos como você e eu irão para o inferno pelo simples ato de amar... Amar outros garotos? — talvez fosse um exemplo muito aleatório, mas ainda sim... Era parecido.

— N-não, claro que não...

— Eu também não, você sabe por quê? É ódio. — olhei em seus olhos. — É ódio, tudo ódio... Sua tia tem ódio de você, hyung. E diz mentiras. É tudo mentira. — ofeguei. — Não é verdade.

Jimin me olhou nos olhos por muito tempo, procurando certeza e honestidade em meu olhar e, com certeza, havia muita. Depois fechou os seus, deixando algumas lágrimas caírem. Agarrou-me em seguida, me abraçando e voltando a ter seu corpo sobre o meu.

— M-me desculpa, eu...

— Não, hyung...

— Você... — quando abri os olhos, ele se ergueu e se jogou ao meu lado, na cama. — Você não quer isso. — fitava o teto.

Franzi o cenho, de imediato. Aproximei-me de seu rosto e juro que detestava ter de ouvi-lo dizer aquilo outra vez. Quando Jimin me olhou, nossas testas se tocaram e eu fechei os olhos ao dizer:

— Eu quero, hyung... Eu quero você.

Suspirou alto.

— Não é tão simples, eu... Às vezes... Sei lá, é que é estranho como funciono, tudo que aconteceu me afeta e tem vezes que me deixo levar... Sabe, eu... Além de ficar deprimido, já d-delirei, já tive que ficar internado, eu já... Eu sei que é vergonhoso.

— Não é não... — sussurrei, rouco.

— É sim... — sussurrava também — Eu fui egoísta, eu queria... Eu te quero tanto. — afagou o meu rosto — Jeon... Te quero mesmo quando isso pode ser ruim para você, m-mas eu preciso tanto... Eu me sinto tão seguro... Quero tanto estar com você, entender você, conhecer mais... Te ajudar quando é inseguro, eu sou tão apaixonado...

— Hyung... — Minhas bochechas coraram, ele estava me olhando tão de perto e tudo parecia tão intenso naquele momento.

— Acho que não posso não estar com você. — disse e eu suspirei, extasiado. Por Deus, é tão bom ouvi-lo dizer isso. — Mas se depois disso, de saber de tudo, você quiser ir... Eu vou entender. — Suas mãos na minha camisa se mexiam um pouco. — Sei que não é fácil...

Neguei com a cabeça, quase que irritado.

— Quanta merda, hyung. — Foi o que eu disse, um pouco frustrado. — Digo, eu te disse que não iria lhe deixar sozinho, você... Não pode se referir a si mesmo como se fosse a pior coisa do mundo. Não é como se eu precisasse ser protegido de você só por causa das coisas que aconteceram e porque você tem alguns problemas.

— Mas-

— Nada disso é culpa sua, todo mundo... Todo mundo passa por um monte de merda, mas isso nunca é motivo para afastar as pessoas. — A este ponto, seu nariz estava bem encostado no meu e não me dei o trabalho de abrir os olhos. — Você sumiu por três semanas...

— T-três? — confirmei com a cabeça, isso resultou em um beijinho de esquimó indireto.

— Faz alguns dias que Yuji me disse que você terminou comigo. — Eu disse, enfim abrindo os olhos — Eu sofri muito. Sabe por quanto tempo chorei? Eu não sabia que podia sentir tanto, sabia? — vi suas bochechas rosarem e acabei por me envergonhar. — Então... Não diga como se fosse melhor se não ficássemos juntos. Precisamos ficar juntos. 

Ele olhou em meus olhos e fechou os seus em seguida.

— Não... Não terminei com você, eu... Eu só senti que...

— Tudo bem... — encostei meus lábios nos seus, só queria beijá-lo de repente. Fora um estalinho. — Já consegui entender o que você sentiu.

Ele ofegou.

Ele desviou seu olhar.

— Você quer mesmo...? — murmurou, os lábios ressecados e um pouco machucados foram levemente mordiscados. — Digo... Ficar comigo?

Fechei os olhos, sentindo suas mãos em minha bochecha.

— É claro que eu quero... Eu preciso ficar com você. — sussurrei — Diga que ficaremos juntos... — supliquei, abrindo meus olhos.

Na verdade, me ergui para fitar seu rosto, apoiando minha mão ao lado de seu corpo. Fitou-me sem formular uma expressão facial, porém ergueu a destra até meu rosto, afagando minha bochecha com carinho, tocando levemente meus cabelos com a ponta das unhas. Estas últimas estavam enormes.

— Jeonggukie-ah... — juro por Deus que meu nome sendo pronunciado por ele é a coisa mais melodiosa que já ouvi. — Vamos ficar juntos. — Naquele momento, ele sorriu, os olhos esmagaram-se e... Meu coração acelerou 'pra caralho.

Inclinei meu rosto apenas para afundar minha boca na sua novamente e beijar-lhe com carinho, sentindo falta daquilo, falta das mãos que agora estavam em minha nuca, massageando meu cabelo. Foi um selo rápido, porque em seguida nos abraçamos forte.

— Promete...? — sussurrei, meu coração acelerado parecia se lembrar muito dos últimos dias onde sofri por pensar-me sem ele.

— Prometo... Você promete? — Sua voz estava incrivelmente bonita naquele momento.

— Sim.

Voltei a beijá-lo, meus olhos fechados e meu nariz tocando o dele enquanto o sol batia vez ou outra em meus olhos e passava para a pele alheia. Acariciei suas bochechas, esfregando meus lábios nos seus e ouvindo-o sussurrar baixinho meu nome quando tive a ideia de beijar levemente seus olhos, sentindo o leve gosto salgado de suas lágrimas.

Naquele momento, nada poderia nos separar.

[...]

Depois que saímos da cama, Jimin disse-me que me prepararia um banho e que traria roupas para mim. A minha camisa de moletom estava relativamente suja de sangue e, assim que tive as peças, fui ao banheiro e me banhei, sentindo-me aliviado. Eu estava com seu cheiro doce.

Depois de secar meu corpo e vestir minhas roupas, eu escovei os dentes e saí do banheiro. Caminhei pela pequena passagem até o quarto, me encontrando com o Park, ajeitando algumas coisas. Entrei esfregando os fios na toalha providenciada para mim, ouvindo meu celular apitar algumas vezes no criado mudo. Mas não é como se eu quisesse olhar para o aparelho com Jimin em minha frente. Senti falta de sua silhueta...

Ele me notou no cômodo e sorriu. 

— Estava bom? Quentinho? — perguntou, sobre o banho. Sorri, assentindo com a cabeça e Jimin veio até mim.

— Muito bom, hyung. — sorri, porque realmente estava. Foi um banho bem reconfortante. — Suas roupas servem bem em mim. — Eu disse e era verdade. Ficavam justas, mas não pequenas, eram confortáveis e comuns.

— É verdade. — alisou meus ombros — Vem cá. — segurou meu braço, puxando-me para sentar na cama, que, atualmente, estava arrumada. — Eu seco para você. — murmurou, tocando meu cabelo úmido.

Assenti outra vez, sorrindo um pouco. Ele olhou para o meu rosto e crispou os lábios antes de se inclinar, me dando um selinho. Suspirei, pois logo Jimin estava me dando outro beijo na boca, e foi um beijo francês dessa vez. Tá, me arrepiei, porque foi do nada e estava envolvendo minha língua depois de um tempão, me deixando extasiado. Quando se afastou, meus olhos estavam um pouco arregalados e a boca úmida, eu estava desnorteado, porque até meu lábio inferior foi mordido. Ugh...

— Jimin... — Minhas bochechas arderam um pouco, mas ele já estava andando pelo quarto novamente. Voltou, com uma escova e o secador.

— Desculpa. Senti falta disso. — disse, com um sorriso bonito.

— T-também... — sussurrei, fechando os olhos com o outro beijo que ele me deu, rápido dessa vez. Fiquei embaraçado, mas logo ele começou a secar meu cabelo e eu consegui ajeitar meus pensamentos.

Jimin secava minhas madeixas com muito cuidado, ele era delicado e parecia diferente de como eu faço. Bem, eu não passava escova. Yein já secou minha cabeça com escova e foi doloroso, puxou meu cabelo, juro que foi realmente ruim! Terrível, para ser exato. Mas Jiminnie hyung era tão delicado... Quando acabou, realmente quis mais. Meu cabelo ficou muito macio e ainda tinha o cheiro doce de seu shampoo. Muito bom...

Desde que levantamos, Jimin estava agindo normalmente barra de jeito engraçado. Eu não sei, ele não estava melancólico, mas ficava andando de um lado para o outro; procurando coisas para fazer a todo momento e isso era engraçadinho.

Atualmente, estávamos na cozinha, preparando algo para comer.

— Hyung, acho que deveríamos ir na escola hoje. — Eu disse, fitando o relógio na parede da cozinha.

Eu já tinha saído duas vezes do apartamento só hoje, uma delas fora para comprar uma coisinha básica no mercadinho ao lado para preparar um café, e a segunda, fora para pegar um creme na cafeteria. Jimin, em ambas as vezes, ficou aqui, dizendo que me esperaria. Ele não queria sair por algum motivo.

— Hoje? Mas é sábado... — Ele disse.

— É, mas... Talvez tenha como conversarmos com alguém sobre como se sentiu nesse tempo, entende? Por causa das suas provas. — murmurei, mexendo na panela.

É, eu estava cozinhando de novo. Ovos com bacon, para ser exato. Ovo é proteína, então é bom, e a gordura do bacon é saudável. Juro! Pesquisa aí, bicho.

— Mas... O que vou dizer? — perguntou, ao meu lado. Ele estava me olhando.

— Bom, talvez você possa ser sincero. — Eu disse, tirando o bolo do forno. É, eu sou um pouco exagerado, mas bolo de cenoura faz muito bem e o forno dele é ótimo pra isso. Não deu para evitar.

— Sim, bem, não é como se eles não conhecessem minha situação e condições. — ditou e fitei-o, desligando o forno — Uma vez, quase reprovei por conta dessas coisas... Mas consegui um atestado, além de que conversei com um dos orientadores... E por isso, eles são um tanto quanto cuidadosos comigo.

— Isso é bom. Acha que conseguirá acabar suas provas nessa semana? — perguntei; afinal, depois da semana seguinte, o colégio iria entrar de férias e ninguém mais poderia fazer provas.

— Ai... Sim? Acho que sim. — murmurou, enquanto eu colocava tudo no prato. — Eu tenho no total... Sete provas.

— Pode fazer mais de uma por dia. — eu disse. — Te ajudo. Sou ótimo em inglês...

— Eu sei... — sorriu um pouco — Vou... Ligar para lá. — disse, recolhendo seu celular e saindo depois que confirmei com a cabeça.

Jimin ficou um tempo em seu quarto, depois voltou, alegando que a diretora mandou-o comparecer lá às sete desta segunda para conversar com o orientador e, se possível, começar a realizar suas provas. Jimin parecia meio preocupado e ele mal sabia que havia passado tanto tempo; ao ver dele, havia sido apenas alguns dias, ele dissera que contou dez e depois só deixou para lá. Então ele realmente não tinha tido uma noção do tempo...

O Park se alimentou melhor hoje, também fiquei sabendo que ele não havia comido muito bem nos últimos dias. Ele ou não comia nada, ou enjoava... Mas disse que até teve umas refeições, e talvez por isso, ainda estivesse de pé. Tive que sair para trazer o almoço mais tarde e fiz Jimin prometer que iria ir em um médico ainda esta semana. Por causa de seu nariz e alimentação... A gente até chegou a marcar a consulta juntos, por telefone. De repente, estávamos fazendo tudo juntinhos e eu amei isso. Sei lá, sinto que tenho... Alguém. É difícil de explicar, enfim...

Oito horas da noite, estava na cama com Jimin, falando sobre as provas e conversando sobre ele e a próxima semana. Afinal, ele precisava comparecer urgentemente no colégio, faltou o mês inteiro... Provavelmente teria que acabar um monte de provas essa semana, se não, ficaria para o ano que vem! Isso tudo por causa de inglês... Aish.

— Acha que consigo? São tantas provas... — murmurou, deitado de bruços enquanto eu permanecia sentado, perto da cabeceira.

— É claro que consegue. Eu já te disse, vou lhe ajudar... — E realmente havia dito.

— Sério? — perguntou e confirmei com a cabeça, sorrindo minimamente — Bom... Estou bem para ir.

— Você está?

— Estou. — respondeu, com os olhos em alguns bilhetes em sua mão. Tudo da escola. — Obrigado por estar aqui... — sussurrou, mas logo ri, negando com a cabeça.

— Não fique agradecendo, tá bom? — Ele confirmou com a cabeça, sorrindo um pouco acanhado. Foi quando meu celular começou a tocar.

Atendi-o e era minha mãe. Ela queria que eu fosse para casa imediatamente para jantar. Bem, eu já havia atrasado algumas horas, já que prometi ir antes de escurecer... Enfim, depois dela brigar comigo por um tempo, eu encerrei a discussão falando que logo iria chegar em casa.

Mas me arrependi.

Assim que ditei essas palavras, vi Jimin erguer o rosto de imediato, arregalando os olhos em minha direção. A mão alheia que descansava em meu joelho deu um aperto forte, chamando minha atenção. Apenas fiz uma expressão facial confusa, me despedindo da mamãe, logo olhando nos olhos de Jimin.

— O que foi, hyung? — perguntei, tocando sua mão por cima de meu joelho — Tudo bem?

Mordeu o lábio.

— Você vai embora...? — perguntou baixinho.

Ah... Era isso.

— Minha mãe... Ela quer que eu vá para casa. Só para jantar. — Eu disse, me arrependendo de novo. Seus olhos estavam tão tristinhos... Ah, até um bico nos lábios ele tinha. — O que foi, bebê? — ri — Você parece um bebê quando faz beicinho. — Só quis fazer graça para acabar com a tensão.

Ele me olhou engraçado, sorrindo.

— Me chamou de "bebê"? — Tinha um ar irônico em sua voz.

— Humm, é... — murmurei, deixando meu celular no criado mudo, me surpreendendo quando me virei e ele estava perto o bastante para me roubar um beijo rápido e atrapalhado.

— Eu... Gosto de ser chamado de bebê. — sorriu. Poxa, ele estava tão bonito.

— S-sério? — perguntei. Nunca apelidei ninguém de bebê, então a ideia de começar a chamá-lo daquela maneira vez ou outra me deixou envergonhado, fazendo-me gaguejar.

— Uhum... — abraçou-me pelo pescoço — Desculpa... Não quero que você vá. É tão solitário...

Mordi o lábio, abraçando sua cintura e respirando em seu pescoço. Jimin afagou meu cabelo com carinho e senti-o respirar perto da minha orelha.

— Eu...

— Não, tudo bem. — Ele se afastou, não estava chorando, mas os olhos permaneciam úmidos. Então ele os coçou — A gente se vê segunda-feira, certo? Então... Tudo bem.

— Sim, eu vou para o colégio segunda, vamos estudar juntos. — sorri, querendo confortá-lo. — Olha, se... Se precisar de mim, ou ficar muito ruim, me liga. Certo? Eu venho quando você precisar...

O hyung apenas assentiu, me abraçando mais uma vez.

Juntei minhas coisas e calcei os sapatos, Jimin me levou até o portão. Foi um despedida notavelmente melancólica e eu estava muito incerto sobre ir pra casa, digo... Eu deveria? Aish. Não seria nada ruim se eu apenas ficasse com ele. Contudo, vendo minha hesitação, Jimin disse que eu deveria ir, e que ele iria me ligar se ficasse mal novamente. Fiz-o prometer. E só depois disso eu fui.

Mais uma vez, ele ficou no portão, encarando-me até que eu sumisse de sua vista. Seu cheiro estava em minhas — na verdade, suas — roupas, deixando-me quentinho. Estava muito frio, mas saí bem agasalhado, então até agora estava tranquilo. Além de que eu sorria bastante, mesmo que receoso em ir embora, me sentia alegre.

Quando cheguei no condomínio, cumprimentei o porteiro antes de apenas entrar e subir para minha casa. Como de costume, todos estavam lá e mamãe me abraçou forte, em seguida, meu pai fez o mesmo. Mas ele começou a me cheirar que nem uma espécie de cachorro xereta, então eu fiz careta e me afastei.

— O quê? Eu nem 'tô fedendo. — falei, deixando a mochila no sofá e inclinando-me até ela, abrindo o bolso da frente para pegar o boletim.

Ele puxou minha mãe e começaram a cochichar. Lá vem fofoca...

— Tá cheirando a perfume alheio. — Minha mãe disse e desviei o olhar. 

— É da casa do Mingyu. — murmurei, desnorteado.

— Essas roupas são do Mingyu? — Meu pai perguntou e, outra vez, confirmei. — Engraçado... Ele é bem maior que você-

— Olha minhas notas! — desviei o assunto, sorrindo quase que forçado com o boletim em minhas mãos.

Até que funcionou. Logo eles estavam sorrindo para as notas azuis e me enchendo de beijos. Apenas fiquei felizinho, indo jantar em seguida.

Por volta das onze, eu já estava de banho tomado e pijamas, deitado na minha cama com Seokjin. Ele estava tagarelando um pouco sobre o natal e ano novo. Suspirei, balançando a cabeça e bocejando enquanto ele decidia se iria voltar para o Japão em janeiro ou em fevereiro. Pediu minha opinião e eu disse que ele não deveria ir nunca, porque era o que eu achava. Aish. Não sei porque ele tem de voltar, já faz seis meses que está aqui, afinal! É a primeira vez que fica por tanto tempo. Vou chorar muito quando ele for embora...

Depois, Seokjin foi tomar banho e continuei lendo Will Grayson & Will Grayson, concentrado. Estava tão imerso no conteúdo que quase esqueci de atender o celular, que tocava na minha escrivaninha. Andei até lá, pegando-o e erguendo as sobrancelhas ao ver que era Jimin.

Já tinha falado com ele, quando cheguei mandei mensagem e agora a pouco estávamos conversando. Depois ele disse que iria dormir, então nos despedimos. E isso já faz uma hora.

— Hyung? Oi. — atendi, sorrindo um pouco. Afinal, sempre ficaria feliz quando Jimin me ligasse.

Parei onde estava, me sentando na cadeira com rodinhas ao escutar apenas a respiração do outro. Ele estava ofegando...?

Estava pronto para perguntar se ele estava bem, quando começou:

Jeongguk... — suspirou um pouco alto. — Por favor...

Franzi o cenho, me levantando outra vez e deixando de sorrir no mesmo instante.

— O que foi... Jimin? — mordi o inferior, confuso.

Você acha que pode voltar pra cá? — disse, e pude ouvi-lo fungando, como se estivesse resfriado. — Tipo... A-agora mesmo, por favor... — Sua voz parecia falhar como um rádio sem sinal, pois juro, era tão tremida e fraca quanto.

— O quê? Por quê? Você está bem?

Eu tive um sonho, não consigo ficar dentro do meu q-quarto. — murmurou. — A- a única vez na qual dormi sem ter s-sonhos assim depois daquela carta foi quando esteve aqui... Eu não consigo, Jeongguk, eu não c-consigo... — começou a soluçar, fazendo-me erguer o corpo e pegar minha mochila.

— Estou indo... Se acalme, Jimin...

C-certo. — disse, respirando um pouco alto.

— Me espere. Já estou indo. — Foi o que eu disse, esperando sua confirmação para desligar. Assim que murmurou um "sim" rouco, eu desliguei e abri minha mochila.

Tirei o material de sexta-feira de lá, arrumando algumas roupas e as guardando. O suficiente para alguns dias, porque... Cara, é claro que ele não se sentiria bem sozinho! Não é como se minhas poucas palavras fossem o fazer melhorar de uma hora para outra... Aish, eu não deveria ter deixado-o só novamente. Ele precisa de companhia... Ele precisa de mim.

Eu sabia que era isso, que ele precisava de uma pessoa, qualquer coisa para o distrair e o dar energia positiva. Sei porque já passei por isso, e sempre que ficava sozinho, me destruía cada vez mais com pensamentos negativos, chorava... Lembro-me de implorar mentalmente para que mamãe ou papai entrassem em meu quarto e perguntassem se eu estava bem. Eu só precisava de uma voz além da minha em minha cabeça porque... Eu mesmo me destruí, me destruí demais.

Eu precisava estar com ele.

Eu queria estar com ele.

— Hey, para que são essas roupas, garotinho? — Minha mãe entrou no quarto, vendo-me guardar umas cuecas na mochila.

— Mamãe, é que... Vou ter que dormir fora hoje. — falei, pensando em coisas... O que eu poderia falar para ela?

Minha mãe negou com a cabeça.

— Jeongguk! Filho, você já dormiu fora ontem! — Já estava entrando em meu quarto. — Dormir fora de casa por dois dias seguidos? Sem chance! Estou com saudades de você, bebê. É sério, hoje não, filho.

Parei, pensando e respirando.

— Mãe, tem uma pessoa... Muito importante para mim que não tem ninguém para estar ao lado dela agora. — eu disse, respirando afoito — Essa pessoa se sente como eu, naqueles dias...

Mamãe me olhou mais séria.

— Oh, querido... Essa pessoa já procurou ajuda?

— Não, mãe, é diferente, mas ele precisa de alguém...

— Pode ficar com sua família-

— Ele não tem família! — disse, ofegando um pouco. Meu coração começou a acelerar. — Eu tenho que ficar com ele. Você não entende? Ele está completamente sozinho. — falei, um pouco amargurado enquanto fechava o zíper da mochila. Já estava tudo lá.

Mamãe ficou em silêncio por um tempo...

— Filho...

— Mãe, por favor, só dessa vez... — segurei seus ombros. — Só dessa vez... Deixa eu ir sem me fazer inúmeras perguntas. Confia em mim, por favor, eu juro que é preciso...

Mamãe apertou os olhos e repuxou o lábio inferior, a pintinha sob sua boca — idêntica a minha — ficara visível. Ela estava tentando descobrir o que eu estava pensando e procurando falsidade em meu olhar e semblante. Estava duvidando de minhas palavras.

Suspirou, desistindo.

— Tudo bem, olha... Me ligue assim que chegar lá. Quando acordar, for dormir... Não esqueça, tudo bem? — confirmei com a cabeça, colocando uma calça jeans por cima do meu calção de pijama. — Não esqueça do cachecol e luvas... Logo a neve começa a cair...

— Certo... — murmurei, me abaixando minimamente para ela me dar um beijo na cabeça antes de eu pôr o gorro de lã. — Obrigado por entender, mãe.

— Eu quero saber melhor dessa história quando você voltar. — disse, fitando meus olhos. — Jeon Jeongguk, se estiver mentindo para mim...

— Mãe, não estou. — murmurei, suspirando afoito enquanto vestia minhas mãos com luvas felpudas. — Boa noite. — beijei seu rosto, ouvindo-a dizer algumas coisas antes de apenas sair, ignorando Yein que me perguntou onde eu iria e dizendo para o papai perguntar a mamãe sobre a resposta. Saí apressado.

Descia escadas, meu coração acelerado, só não queria chegar na casa de Jimin e me deparar com a mesma coisa de ontem. Com ele chorando desesperado, talvez ele me negasse por conta dos pensamentos negativos... Não, isso é impossível! Ele não vai me negar.

Minha respiração começava a acelerar e comecei a me sentir muito mal. Deus... Estou... Estou sentindo.

Finalmente sentindo.

Ele não tem família, ele está completamente sozinho...

Estava quase saindo do bloco quando estas palavras tiveram um impacto devastador em meu coração.

"Toda a família que tenho sempre só tentou me agredir, me machucar... O que eu deveria pensar além de que é o que mereço ou que é a verdade?"

Agachei-me, suspirando um pouco choroso. A ficha caiu.

"Fico só e apenas me afundo mais... E para todos eu sou um erro, é tudo tão cruel."

Meus olhos alagaram e comecei a chorar, a ficha havia caído, e foi quando percebi de verdade o tipo de coisa que acontecia com Jimin. Era como se eu soubesse antes, mas meu coração não. É claro que não sabia, pois não chorei antes como estou chorando agora.

Coisas assim mexiam comigo de verdade, pois sempre me coloco muito no lugar das pessoas quando quero entendê-las, ainda mais quando as amo e... Cara, pensar em tudo isso... Eu não aguentava, meu coração não suportava.

Jimin sempre está só naquele apartamento, ele dorme sozinho todos os dias, ele se senta na mesa de jantar sozinho todos os dias, ele não tem ninguém para olhar de manhã e dizer "bom dia" ou "boa noite" e nunca tem de avisar a ninguém que irá chegar tarde, ou que está saindo de casa... Não tem ninguém para paparicá-lo quando tira notas altas. Nunca teve alguém para acariciar sua cabeça quando era criança e caía, se machucava, nunca teve com quem dormir quando tinha pesadelos... Nunca teve ninguém para tirar suas dúvidas mais confusas, fazer-lhe curativos, cuidar de si quando estava doente e lhe cantar parabéns sempre que era seu aniversário e meia noite batia no relógio. Dar-lhe café na cama em dias especiais...

"Não quero que você vá. É tão solitário."

Ele estava sozinho, sozinho... Sozinho!

Pus os joelhos no chão, como se sua solidão me consumisse e eu pensasse em mim mesmo passando por tudo que ele já passou e ainda passa. Aquilo doía tanto que era sufocante, me sufocava ao ponto de eu não conseguir respirar direito.

Chorei um bocado, abraçando meu próprio corpo e murmurando repetidamente "obrigado" para Deus; por ele ter me dado uma família tão boa e companheira, e também, por ter me colocado na vida de Jimin hyung.

Eu não vou deixar ele sozinho nunca mais!

Eu demorei para ter forças para me levantar, me mexer. Sabia o que deveria fazer, mas me sentia tão fraco, queria abraçar minha mãe, queria... Queria abraçar Jimin.

Preciso... Ser forte.

Levantei-me, fungando e secando as lágrimas enquanto saía para o estacionamento e ia até o porteiro. Ele estranhou eu estar saindo tão tarde da noite e me fez algumas perguntas, respondi-as e as disfarcei, escondendo meu rosto pois provavelmente estou muito inchado e vermelho. Quando abriu, saí com pressa, meus passos estavam apressados, igualando-se ao meu coração e suas batidas.

Caminhei com as mãos nos bolsos e o nariz escondido por detrás do cachecol. Estava frio demais, meu Deus! Me apressei, dando pulinhos e andando apressado para tentar diminuir o frio, e até que funcionava. Mas meu nariz continuava ardido por conta da frente fria, assim como meus olhos.

Cheguei no prédio de Jimin, abrindo o portão e me deparando com o hyung sentado na entrada. De pijamas ainda por cima!

— Jimin! — fui até ele, frustrado. Estava muito frio! E lá estava ele, sentado com um biquinho amuado e carinha de quem esperou demais. — Hyung, está muito frio. Vem. — dei-o um abraço, abaixando em sua frente e sendo retribuído no mesmo momento. — Por que está aqui fora?

— Estou esperando você... — murmurou, baixinho.

— Por que não esperou lá em cima? — esfreguei seus braços com meu casaco de lã, procurando esquentá-lo. Jimin se levantou, abraçado a minha cintura enquanto entrávamos pela porta de vidro.

— Eu não consigo ficar lá dentro sozinho... Desculpa. — disse rouco.

Pensei em dizer algo, mas como ainda estava muito amuado com os sentimentos intensos que tive antes de vir para cá, eu apenas confirmei com a cabeça e entrelacei nossos dedos, subindo as escadas junto com ele.

Entramos em sua casa com ele abraçando meu braço. A chave estava na porta, então eu mesma a tranquei, tirando os sapatos.

— Você já jantou?

— Hum-hum.

— Vamos dormir?

— Hum-hum. — confirmou pela segunda vez.

Até chegarmos no quarto, ele já havia me soltado, sentando-se na cama e me fitando, com um biquinho. Estava constrangido, de novo. Tirei o cachecol, touca, luvas e camisa de frio, ficando com os pijamas que estavam por sob minhas vestes.

— Desculpa... Por te ligar tão tarde... — sussurrou.

— Não, não se desculpe... — falei, deixando minha mochila no canto do quarto.

— Pensei em ficar lá fora, mas ficaria resfriado, e você... Isso não seria bom, eu acho, você não gostaria disso. — murmurou, enquanto eu o olhava.

— Hyung... Não peça desculpas. — murmurei. — É sério... Quero ser a pessoa que você precisa... Quero ser importante pra você. Porque você é importante para mim. — fui sincero. — Você sabe... Estarei sempre aqui por você.

Balançou a cabeça, finalmente me olhando.

— Eu sei... — conseguiu sorrir minimamente. — Anjinho...

— O quê?

— Nada. — se deitou, cobrindo-se, mas ainda me olhando. — Vem... — abriu seus braços, pedindo para que eu me deitasse e o fiz sem hesitar. Primeiro o dei um abraço e beijinho, em seguida, apenas me aconchegando naquele colchão enorme. Dessa vez, lembrei-me de mandar uma mensagem para minha mãe.

Eu já estava com sono antes porque, por acaso, já é quase uma da manhã. Dessa vez fora eu quem peguei no sono primeiro, pois estava deitado na altura do peito do hyung, meu nariz tocando sua camiseta e meu cabelo sendo afagado, com sua boca resvalando-se contra minha testa vez ou outra. 

Fiquei com sono como um bebê com aquilo.

Acho que dormi primeiro que ele, pois senti aquele carinho até pegar no sono. Talvez eu ficasse dormindo naquela cama por um tempo, pois eu ficaria sim com ele até que se sentisse melhor, disposto. Eu sinto tanto amor pelo Jimin que seria só imperdoável demais se eu não ficasse ali com ele. Eu quero tanto ficar.

Quero esse carinho para sempre.

"Família é amor... Se não há amor, não há família. Então... Sabe quem é sua família? É quem te ama e preza pelo seu bem estar e que, com certeza, não lhe faria um mau assim..."

Meus olhos não conseguiam ser abertos por mim pelo sono absurdo e eu sentia que estava sonhando. Estava tão fresco e quentinho ao mesmo tempo. Tenho certeza de que dormi naquele momento... Mas eu o escutei.

O escutei dizendo...

— Jeongguk... Você é minha família.

💙

ITI OI só vim aqui pra falar que manti tem um twitter agora! o twitter é pra interagirmos entre nós, e também vai ter conteúdos diferentes que postarei sobre a fic, incluindo threads, edits, perguntas especiais, enquetes, vídeos e muito mais! eu também já tenho outro presente em andamento... mass essa é outra surpresinha e outra história. este é o user do twitter: jiminouchimchim

vejo vocês lá~ e bjus.

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