Série Família De Marttino - H...

De MnicaCristina140

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Pietro de Marttino é um jovem galanteador, acostumado a elogiar as garotas De Marttino e diverti-las com isso... Mais

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4

Capítulo 5

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De MnicaCristina140


Para Jenneffer Lopes! FELIZ ANIVERSÁRIO! Minha linda, sorte, sucesso e muito amor, sempre. Parabéns!!!!


   Pietro

Essa garota me intriga demais. Parece sempre me escapando, sempre retraindo as emoções, escondendo, com medo, em dúvida, ao mesmo tempo ela me convida, ela me encanta, os olhos, a boca, o jeito natural, desmontado, simples, confuso. Que garota incrível.

Não consigo me lembrar de uma garota que tenha remexido mais minhas emoções. Do me despedir até me sentar ao volante um sorriso me acompanha, me sinto um idiota flutuante.

Vamos ver como ela se saí entre aquele bando descontrolado que são os De Marttino. Talvez se assuste, talvez goste, ela é meio travada e nada melhor do que o turbilhão que é a família reunida para alguém se soltar.

Cecília podia ser mais legal e me contar qual o problema dela. Talvez ela não tenha problema nenhum, só não está interessada e isso acontece, o que não acontece é Pietro De Marttino desistir. Não quando se trata de uma garota como ela. Claro que vou atrás de saber o que ela sente e se tenho chances.

Enquanto dirijo me lembro das minhas aulas de direção com mamãe, meu pai não queria me ensinar, porque achava que era errado e claro que era, mas mamãe estava sempre me dando umas aulas quando íamos para casa do Fabrizio. Não aprendi muito, mas ria demais com seus comentários sobre meu parco talento como piloto. Felizmente aprendi.

Amanhã a Vila vai estar repleta de pessoas, toda família reunida, meus primos, tios, todos a caminho para um fim de semana e vamos ver como será com ela.

Vicenzo merece a festa em comemoração ao cargo de juiz que ele sonhou toda vida. Daqui um tempo, quem sabe uns meses, quando ele se estabelecer realmente, meu irmão pare de ser tão sério. Ele morre de medo de não ser respeitado como juiz, acho bobagem, as pessoas sempre acreditaram na integridade da minha família e não acho que vão confundir as coisas, mas no fundo eu o entendo.

Meu irmão luta por seu espaço como juiz e teme que ser um De Marttino o atrapalhe e eu penso parecido no que diz respeito ao meu trabalho, quero ser reconhecido e respeitado e não quero ser tratado como o garotinho que ficava em torno deles xeretando o trabalho metido a sabe tudo. Aos poucos vou encontrar meu lugar na vinícola De Marttino, como cada um deles encontrou o seu.

Ligo o som e a música alta durante a curta viagem pela estrada vazia me anima. O rosto dela e aquele sorriso devastador toda hora invadindo minha mente.

Ela é mesmo linda e realmente me lembra uma estrela a brilhar no céu e iluminar a noite, solitária, distante e enigmática, Carolina é um mistério e quero desvenda-la.

Hannah pensou bobagem, não é o amor da minha vida, mas claro que nunca descarto cem por cento a possibilidade, sei que existe uma garota por aí, uma que vai me fazer esquecer todo o resto e todas as outras e sim, tem chance de ser ela. Não beijei ninguém desde que a conheci, não tive nenhum interesse por qualquer outra garota e até o momento, pode ser coincidência, mas se não for, tudo certo, estou pronto, porque não estaria?

Vai acontecer comigo como acontece com todos que carregam o sangue De Marttino. Desde minha avó e antes dela, todos viveram grandes amores e estou pronto para encontrar o meu e não vou fugir apavorado.

Estaciono e mamãe está caminhando para casa, usa jeans, tênis e eu sei que teve um dia duro, ela brinca o tempo todo que administra a Vila e precisa de aumento, mas de fato ela faz isso e faz muito bem.

— Mãe! – Chamo e ela para de andar, me espera e a abraço quando finalmente a alcanço.

— Olá filho do padre! – Ela ri e faço careta. – Estava na casa do seu tio Kevin fazendo uma reclamação formal da Diana. Aquele ser dourado e com cara de cachorro de rico andou visitando o jardim, sua avó queria ir ver as flores e inventei setenta desculpas diferentes para impedi-la.

—Vovó ficaria triste de ver o jardim estragado.

—Triste? Ficaria brava, isso sim, mas eu resolvi tudo. Sou uma ótima administradora. – Ela se congratula, sabe se elogiar e autopromover como ninguém. – Onde estava?

— Por aí. Fui ver a Hannah, ela estava as voltas com o Vinicius e a Donatella, os meninos não tiveram aula hoje, os outros estavam fazendo algo, sobraram os dois entediados e os levei na praça.

—Bom menino. Filho, você devia me substituir, pense nisso, que acha de ser o novo administrador? Posso treina-lo e assim que ficar pronto eu posso ter uma lua de mel de cinco anos com o papai.

—Sou filho do padre, lembra? – Ela faz careta.

— Ingrato, ninguém quer ser como eu, uma pena. Não fale de flores, Giulia vem amanhã arrumar. Segredo, vovó não sabe ainda. Ela perde as forças, mas nunca a memória. – Mamãe sussurra quando entramos.

— Falando de mim, Gabriela?

— Nem a audição. – Mamãe ri entrando na pequena sala que vovó mantém toda uma vida. – Falando de como a senhora fica cada dia mais bonita. – Mamãe beija o rosto de vovó. Me sento ao seu lado, procuro as mãos finas e enrugadas para beijar, ganho um afago, os olhos cansados e a voz já um pouco fraca, mas a mente impecável, vovó já não sai da mansão, vai no máximo ao jardim, para isso, usa uma cadeira de rodas, um pequeno elevador foi instalado há dois anos. Era isso ou transformar um cômodo aqui em baixo em quarto. Minha mãe não permitiu. Vovó dormiu no mesmo quarto por exatos noventa e nove anos.

— Quando vai se casar, Pietro? – Assim, sem rodeios, todas as vezes que me vê ou vê Vicenzo, é sempre a mesma pergunta.

— Quando a encontrar, vovó. – Aviso, ela suspira.

—Pois vá procura-la, quero casar todos os meus bisnetos antes de ir. Já que comecei com isso, quero ir até o fim.

— Casar, vovó? Sou muito novo.

—É mesmo, mas pode ao menos me apresentar a garota certa, já fico tranquila.

—Só o que ele faz é procurar, vovó. – Minha mãe avisa enquanto ajeita uma manda em suas pernas. Depois arruma o colar em seu pescoço. Minha mãe ainda mantém vovó impecável como ela sempre gostou de ser.

Todas as manhãs, mamãe vai até seu quarto, a ajuda a se levantar, tomar banho e vestir em segurança, o tempo todo se implicando e se amando, as duas descem em meio a discussões divertidas, quando minha tia Kiara está aqui, faz questão de fazer isso, minha tia Valentina vem as vezes, ela e mamãe se revezam ao longo do dia nos cuidados com vovó.

— Para de me cutucar, Gabriela. – Vovó resmunga, minha mãe ignora e continua a ajeita-la.

—Pronto, está linda, depois da minha festa surpresa de aniversário, começo a organizar a sua festa surpresa de cem anos.

— Não quero festa surpresa, eu que vou organizar. – Vovó rebate.

— Quer ser administradora da Vila De Marttino peça emprego ao Vittorio, não venha me roubar meu cargo. – Mamãe resmunga, as duas trocam um sorriso carinhoso.

— Vá achar o que fazer, Gabriela. Me deixe com o meu neto. Onde está seu irmão?

— Vovó, ele deve estar trabalhando, ou organizando a casa nova.

— Vou conhecer a casa dele em breve, combinamos, tenho que ir a igreja, Padre Mariano vai organizar uma grande festa beneficente em três meses, não é isso, Gabriela?

—Sim. Vamos fazer uma grande festa e envolver toda a comunidade com bingo, barracas de comida, arrecadar muito dinheiro e muita fofoca.

— Não posso ficar indo muito a San Gimignano, mas vou pelo menos dessa vez.

— Já disse que vamos fazer as reuniões aqui, vovó, assim participa, o padre vem, ele vem mesmo de qualquer modo confiscar umas garrafas de vinho.

—Gabriela! – Vovó ralha.

—Vou atrás da Amália e do jantar do meu tigrão, vovó só me reprime. – Mamãe deixa a sala e vovó sorri.

—Se tem alguém que considero um presente da vida, esse alguém é sua mãe. Ela é a única a rebater minhas implicâncias de velha, o resto de vocês não tem graça.

—Obrigado, vovó. – Brinco ganhando mais um carinho no rosto.

Ela começa e me contar mais uma vez sobre a chegada de mamãe a Vila, o encontro na estrada e todos os primeiros anos de casados dos meus pais, o seu amor por Bella, o nascimento do meu irmão em casa e mamãe se internando no hospital dias antes do meu nascimento muitos anos depois porque papai ainda estava com medo e traumatizado.

Tia Valentina chega para ficar com vovó e me retiro para deixa-las juntas. Vovó já não borda mais como antes, mas minha tia ainda se reúne a seu lado e as duas testam bordados e conversam por horas todos os dias.

Meu pai está em sua sala, pretendia subir as escadas, mas descido parar um pouco para conversarmos. Ele ergue os olhos dos documentos e me sorri indicando a cadeira, me sento, mamãe tem razão, a mesa tem mil anos e acho que vai ser um dos móveis preferidos de Carolina.

— Amanhã vou trazer uma garota aqui para conhecer essa mesa. – Ele junta as sobrancelhas, faz um ar engraçado de quem não me compreende.

— Não alcancei essa cantada, vai ter que me explicar, mostrar a mesa?

—Design de móveis, ela está preparando uma coleção de móveis antigos, só que novos.

— Ah! – Ele continua não compreendendo.

—Ela é legal, linda, tímida e difícil, eu convidei para passar o dia aqui. Acho que vai fazer bem a ela. Carolina precisa de um pouco de vida. Estou... intrigado, ela custa a sorrir, custa a corresponder, me intriga e interessa.

— Ela é muitas coisas. – Meu pai se recosta em sua cadeira, me observa atento. Temos ótimas conversas desde a minha infância, acho que ele sempre foi o meu melhor amigo e papai sempre me dá total atenção. Como agora, quando para tudo para me ouvir.

— Não é isso, papai. Não é como se ela fosse... eu sei o que está pensando.

—Estou pensando que está se envolvendo com a garota. Você gosta desse jogo, mas não acho que alguma vez tenha tido trabalho, normalmente a resposta é rápida.

—Hannah me deu um trabalhão, e perdi. – Ele da um sorriso de lado, meneia a cabeça pensativo.

— Sabe o que é responsabilidade afetiva? – Papai me questiona.

— Papai, ela é uma garota interessante e...

—Sabe ou não, Pietro?

— Sei, papai.

— Me descreveu uma garota tímida e talvez mais do que isso, uma garota com algum bloqueio, uma que não sai por aí se derretendo como as outras.

— Talvez sim.

—Se está só intrigado, não sei... investir em alguém por apenas esse motivo, não me parece boa coisa, pensei comigo, você a desvenda, compreende e então decide que ela não é o que esperava e temos um coração partido. Você tem responsabilidade sobre os sentimentos que provoca nela.

— Entendi sua preocupação.

—Esse seu jeito galanteador...

—Não uso isso para conquistar garotas, isso é para faze-las se sentirem especiais, serve para todas elas, as próximas, as que não conheço, as que me interesso e as que eu jamais me envolveria. Para conquistar uma garota eu uso outras armas.

— O problema com você é que se parece tanto com sua mãe que eu não sei direito quando está brincando e quando não está e de todo modo, sempre parece irreal e ao mesmo tempo possível as duas possibilidades.

— Eu sou bem legal, papai, bonito e inteligente, elas gostam disso, é isso que uso para conquistar uma garota para mim.

—Puxa! E quantas garotas já conquistou para você?

—Para mim? Tipo sério mesmo, não uma ou duas noites?

—Sim, uma de verdade, uma paixão, um relacionamento.

—Nenhuma. – Meu pai tem um ataque de riso. É constrangedor.

— Minha história preferida sobre você é a daquela sua primeira namorada, a que namorou uns dois meses, até ela descobrir que namoravam.

— Não vale usar coisas de criança. É bem parâmetro.

Bella precisa separar uns galanteios novos para mim, ando improvisando muito, talvez seja isso. Penso enquanto papai tenta domar seu riso para continuarmos uma conversa séria. Quando ele respira e se controla, mamãe surge na sala.

— Conversa pai e filho? – Ela para no meio do caminho sem saber se pode ou não entrar, mamãe é riso e paz, mas também sabe respeitar os espaços.

— Acabamos, mamãe, por hoje a humilhação está suficiente.

—Brigou com ele, Tigrão? Nem me chamou para assistir?

— Digamos que estava abrindo os olhos do nosso galanteador.

— Pietro, está apaixonado por essa menina, sabe disso? – Minha mãe diz de modo definitivo, eu fico de pé, olhando para ela, sem saber como responder. – Está, não percebeu ainda, mas anda muito com cara de apaixonado e pensando muito nela, já notei, sou boa nessa coisa de amor, olha o tigrão que peguei para mim. – Mamãe imita as garras de integre e faz aquele som vergonhoso para o papai.

—Gabriela! – Ele fica pálido, sempre fica.

— Mamãe, eu não sei do que está falando, mas amanhã a Carolina vem aqui, então sejam discretos e deixem a garota respirar, agora vou jantar com minha sobrinha que prometi e preciso conversar com a Bella. Até amanhã.

— Boa noite. – Mamãe me beija o rosto, papai me acena ainda em sua cadeira.

Vittoria corre para me receber quando chego a velha casa que minha irmã mora desde o casamento, pequena, simples e perfeita para eles. Vittoria tem um quarto em casa, porque as vezes, papai a coloca para dormir ou minha irmã e o marido viajam e ela fica conosco, mas ainda assim, a vida deles é simples e fico pela primeira vez, pensando em ter alguém além de uns momentos de prazer e diversão.

Uma namorada, um par. O cotidiano de uma relação, eu nunca vivi isso e não sei como seria, nem sei se é tempo.

— Nem me escuta! – Vittoria puxa meu braço e desperto.

— Desculpe. Cadê sua mãe?

— Com o papai na cozinha, o jantar vai ser exclusivo, porque tem espinafre e cebolas. – Ela faz careta. – Quer jantar na sua casa? Se quiser vou com você. Meu avô mora lá e ele me deixa jantar todas as noites lá.

— Senhorita, espinafre é bom para a saúde. Já tem idade para saber disso.

— Por isso que quero ir no vovô, eu já sei disso, sei até que ele tem várias vitaminas e cálcio e todas essas coisas significativas.

— Pietro, estamos na cozinha! – Bella grita. Vittoria me olha num apelo mudo. – Vittoria, não tente uma fuga, seja a menina desconcertante de sempre e venha para a mesa.

— Ela tem insanidade de me fazer comer, Pietro, mas eu tenho baderna dessas comidas.

— Vem, vamos dar oi para todos. – Ela suspira. Bella já nos deu um vocabulário próprio, Vittória veio com novas palavras, exclusivo para coisas detestáveis, nada exclusivo é bom, significativo para coisas complicadas, baderna para o que ela não gosta, entre outras palavras que foi adicionando nesse mundo em que elas se apropriam das palavras e simplesmente mudam seus significados.

O casal está servindo a mesa, nessa família a mesa está sempre nos resumindo. É onde as coisas acontecem, em torno de comida, beijo minha irmã, Vittória já está com seu livro em mãos, ela adora ler, Léo tira o livro dela, beija o rosto da filha.

— Jantar em família, conversar e não ler. – Ele diz piscando para a pequena. Ela suspira, depois sorri e se senta.

— Bella, preciso de uns galanteios novos, ando sem nenhuma novidade.

— Ótimo, estou aqui. – Léo diz se divertindo, ele cairia em todos, adora nos ouvir. Vittoria em seus dez anos, vai aprovando e reprovando um por um, nos dez que Bella me arruma dessa vez, só um é aprovado pela pequena e difícil de agradar, Vittoria.

— Pelo visto o cara certo vai ter muito trabalho com a senhorita. – Ela ri.

— Vovô tigrão falou que nada de contar beijos para mim. – Ela explica.

— Vovô tigrão é um homem sábio. – Leo avisa. Ela suspira.

— Sou desconcertante, vão querer me namorar, não acha, mamãe? Já tenho alguns pretendentes.

— Assuntos desse tipo não são discutidos no jantar. – Léo reclama, ela vai ter um trabalhão.

Fico um pouco mais com eles, assim como os outros, Bella tem sua opinião sobre mim e Carolina, eu não acho que eles estejam de todo errados, mas ainda vou ter chance de descobrir.

Dormir não é cem por cento fácil. Penso nela, penso em nós. Numa chance de beija-la e ter certeza, naquela leve insegurança de menino que as vezes me abate e deve acontecer com todos que abrem espaço para se apaixonar. Não vou lutar contra, se esse sentimento me atingir, que seja.

A casa está muito animada quando os deixo para busca-la, depois de explicar pela casa toda para irem com calma com a garota que ela é especial e muito discreta.

Para minha surpresa, ela me espera no portão da casa grande que pertenceu a velhos amigos da família. Por um tempo eu nem sabia que tinha sido ocupada.

Está linda, de um jeito discreto, mas linda, não tem muita cor em suas roupas, ela tem um jeito mais contido que se reflete também nisso.

Desço do carro, não quero ser grosseiro, vou até ela e beijo seu rosto. Antes de dizer qualquer palavra eu beijo o rosto dela e trocamos um sorriso.

— Não sorria assim, vim sem óculos de sol. – O sorriso morre, isso me provoca tantas coisas quanto seu sorriso, o morrer dele.

— Chegou no horário, pensei que pudesse não vir.

— Se nem dormi direito pensando em me deslumbrar com seu sorriso. – Abro a porta, ela pensa um segundo, titubeia, mas depois entra e fecho a porta, seguimos imediatamente, sinto medo dela desistir.

— Sua família está mesmo toda reunida?

— De vovó a Leonardo, o mais novo membro da família. Giorgio, filho do Luigi e da Angel. Ele tem oito meses, São os mais novinhos, Giorgio e Leonardo, filho do meu outro primo, Fabrizio. Marido da Hannah, ele tem quase dois anos agora. Todos os tartarugas ninjas, fim de bebês para os irmãos Sayers, só falta a Beatrice.

—Família grande. Quantos?

—Como se eu soubesse. – Aviso enquanto guio o carro, mas gosto da ideia de ir falando um pouco sobre eles, para distraí-la de desistir. – Em casa somos três irmãos, só a mais velha casada e com apenas uma filha. Tenho uma prima que teve trigêmeas, são umas florzinhas, meio que literalmente, eles são donos da fazenda girassol, vai conhecer o lugar. O irmão dela só tem uma filha.

—Muitas mininas. – Ela brinca.

—Tem meninos para compensar. Fabrizio teve três meninos e a Donatella que conheceu, a pobrezinha tem três irmãos, todos Sayers, ela nem imagina o que a aguarda. Prima Beatrice que o diga, também tem três irmãos, ela e o marido não tiveram filhos, nem a Manoela, que agora mora na Bélgica por seis meses, mas já morou no Brasil, Portugal, Nova York, eles são jornalistas. Luigi tem dois, Violetta e Giorgio. Austin também tem dois, conheceu o Vinicius e tem a Stela, personagem do livro dele. Homenagem, não sei direito.

— Realmente uma família grande, deve ser divertido.

— Muito. – Me lembro de cada casamento e cada namorada, elas sempre foram encantadoras e sempre me divertia irritando os caras, menos Luigi, Angel nunca foi de brincadeira e morria de medo dela, ainda não fico cem por cento a vontade, ela sempre parece que vai aceitar os galanteios de modo sério. Devolver na mesma moeda é seu lema.

Estaciono e antes de saltarmos já escuto a bagunça. Carolina demora a descer, parece indecisa sobre isso. Quando finalmente desce, me olha num tipo de súplica que me aperta o coração e queria entende-la.

— Você é linda de tantas maneiras diferentes. – Os olhos arregalam.

—Se vai brincar comigo eu vou voltar para casa. – Ela tenta entrar no carro, seguro sua mão. Faço com que me olhe, dou um passo em sua direção e ela não se move. Me lembro das palavras do meu pai. Responsabilidade emocional, se ela quiser eu quero. Me responsabilizo por seus sentimentos ainda que machuque os meus.

— Um dia provo que não é brincadeira. – Digo tão perto dela que não sei explicar como meu corpo sem aviso se aproximou do dela. Nem sei direito porque meus olhos se fixam na boca delicada e num formado perfeito.

Colo minha boca a dela. Sem aviso, pedido ou chance, não esperava, sou pego de surpresa como ela. Levo um ou dois segundos para entender o que estou fazendo, são lábios macios que não reagem num primeiro segundo, mas que depois se abrem levemente recebendo meu beijo e me deixo seguir e então, antes que possa ter certeza sobre as batidas do meu coração e compreender porque sua boca de encontra a minha faz minha vida pulsar, ela me empurra.

Não numa crise, raivosa ou negando, é uma reação de surpresa, é o que seu olhar diz quando nos afastamos e devia me desculpar e prometer que nunca mais vai acontecer, mas vai, se depender de mim, vai acontecer, foi quase um tocar de lábios e ainda assim me tomou por completo.

— Eu não sei o que dizer, não sei como aconteceu. – Ela se explica como se fosse ela a me beijar e não eu a beijá-la e talvez... agora já não sei mais quem começou com isso.

—Eu sei, sua boca convidou a minha que aceitou porque estava hipnotizada. Se não quiser o beijo, tudo bem, é só me devolver.

—Ahm?

— Se não quiser me devolver o beijo sem problemas, eu pego de volta.

—Que?

— Mas se quiser, então tudo bem, eu te dou o beijo e fica com ele, o que prefere? Quer que eu beije você ou quer me beijar?

— Pietro, você fala demais! – Ela diz na confusão das minhas provocações. Me arranca um sorriso, pego sua mão, deixo que fique a pensar sobre isso. Puxo com delicadeza, Carolina em direção a romãzeira. Eu gostei de tocar seus lábios num meio beijo que nunca mais vou esquecer e isso é uma grande e interessante novidade.

—Bem-vinda! – Os homens da família dizem quase que juntos, era para ser um lance mais discreto, mas eles parecem determinados a conhece-la.

— Mas que coisa Carolina, não é? – Fabrizio pergunta, ela afirma. – Carolina você tem um mapa? – Não acredito que ele vai usar essa. Abro a boca para protestar ao mesmo tempo que ela nega. – Por que eu me perdi no seu olhar.

Ela fica de olhos arregalados. Fabrizio está mesmo se vingando de mim? Eu era ruim assim? Essa foi sem sutileza alguma.

—Bem-vinda! – Matteo beija o rosto dela, sem aviso. – Que bom que veio, estou fazendo uma campanha de doação de órgãos e acho que já pode me doar o seu coração.

Ela não está nada feliz com isso. Eles são mesmo ridículos, parecem abelhas num enxame.

— Gata, perdi o número do meu telefone, não quer me emprestar o seu? – Austin é um escritor, ele podia ter uma melhor. Ao menos dele eu esperaria mais.

— Você acredita em amor à primeira vista... – Luigi começa.

—Ou devo passar por aqui mais uma vez. – Completo por ele. – Nem vem, Luigi, você não tem esse direito, eu sempre fugi da Angel.

— Uma pena, porque ela é bem irresistível e eu não vou perder a chance de te perturbar. Nem pensar, asar seu que não aproveitou a chance.

— Não tem graça, Pietro, realmente... eu pensei que você. Se era isso....

— Vem. – Eu puxo Carolina pela mão. – Vocês são péssimos, são horríveis mesmo. Ela não gostou e só... Não ligue para eles. – O resto da família está ainda em torno da mesa, quando a levo em direção a todos sua mão está gelada, isso vai além do mero constrangimento de timidez.

Vou direto a vovó, logo ela vai entrar e quero que conheça Carolina. Minha avó me sorri. Um sorriso tão carinhoso, acho que de algum jeito acalma um pouco Carolina.

— Vovó, quero que conheça, a estrela Carolina. – Ela volta a ficar tímida. – Carolina, essa é minha avó Pietra.

— Você tem o nome dela! – Carolina dá um quase sorriso, acho que sorriria se não estivesse uma pilha de nervos. – Boa tarde. – Ela diz a vovó num fio de voz, está tão angustiada, esses idiotas podiam ter ido com mais calma nessa sujeira, bem se vê que eles não têm qualquer talento.

— Vinho! – Bella diz para tentar acalmar as coisas. – Uma taça de Vicenzo para ela. – Bella pede.

— Ah eu sirvo! – Vicenzo decide servi-la. – Boa tarde, Carolina, sou Vicenzo e fique a vontade para me saborear, pode se embriagar em mim.

Ele não, Vince é solteiro e sempre ódio esse trocadilho, além disso... é um cara bem interessante e não vai entrar nessa disputa, dou meu olhar raivoso, um que acabo de inventar e espero que ele entenda, pelo riso dos outros, eu sou a bola da vez.

— Já chega, não tem a menor graça. O vinho tem o nome dele, não leve a sério esse trocadilho ridículo. Eles frequentam a internet. – Aviso a Carolina que está prestes a fugir e não vou permitir. De modo algum ela vai sair daqui antes que eu entenda o que sinto. Sinto sua boca na minha, é o calor do rápido beijo ainda se refletindo. Isso é mesmo novo e intenso. Significativo, diria Vittória.

— Sente-se aqui comigo, querida. – Vovó pede e acho que no momento, vovó Pietra é a mais inofensiva. Indico a cadeira a seu lado. Carolina pensa antes de se sentar, como se ainda estivesse disposta a fugir, os olhos assustados, magoados, confusos, quero faze-la sorrir eternamente. É quase uma decisão.

(#MeChameDeVovo  #BoaNoite)


Pessoas lindas, tenho um compromisso amanhã, Sábado, não prometo capítulo, mas vamos tentar. No máximo Domingo estou de volta. Beijossssss 

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