Possessivo - Degustação

Por vewinkg

2.1M 35.2K 18.5K

Quando eu era mais nova, com exatos treze anos, eu vi algo que não devia e isso me deixou intrigada a vida in... Más

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5

Capítulo 4

76.7K 5.6K 3.6K
Por vewinkg

Coloquei um short preto largo, uma blusa rosa folgada e desci descalça mesmo. Fiquei surpresa por não encontrar nenhuma pessoa no chão. Fui para a cozinha e assim que entrei, vi apenas meu irmão sentado no balcão comendo.

-Acordou dorminhoca. – a voz dele soou cansada e eu olhei o relógio que estava pendurado na parede – Dorme muito.

-São dez horas da manhã. – falei dando os ombros – Gosto de dormir. Os corpos dos bêbados?

-Os empregados cuidaram de tudo. – ele falou sorrindo.

-Que empregados? – olhei ao redor, tentando ver algum.

-Eles são pagos para serem discretos... Você dorme demais.

-São dez horas da manhã. – repeti.

Principalmente quando o sono me faltou quando seu amigo ficou na minha porta, pensei, mas não falei.

Mesmo sem falar nada, depois do suposto "aviso" eu podia ouvir sua respiração ofegante contra a porta e ele ficou pelo menos uns vinte minutos lá, apenas respirando.

Quando foi embora, fiquei pelo menos mais uma hora sentada na cama, tentando raciocinar o que aconteceu.

Infernos! Nós mal nos conhecemos! Nós sequer nos falamos! Por acaso ele achava que isso era um romance de novela?! Revirei os olhos revoltada, mas não podia negar que tínhamos química. Uma química muito forte.

Mas o ódio em mim era óbvio. O desejo dele era óbvio. E eu sabia que ia ser uma explosão.

E meu namorado não ia gostar.

-Sinceridade absoluta. Três perguntas. Uma negação. – joguei nele e vi seu corpo travar, mas quando nós falamos isso um para o outro, tinha que ter sinceridade absoluta e a cada três perguntas só poderia negar uma resposta – Quem é Lucca Medved?!

Ele me olhou tenso.

-Eu o conheço desde o colégio. – ele suspirou – Ele entrou na marinha de guerra, mas de forma incomum ele acabou indo para o exército. Voltou alguns anos atrás, pois de alguma forma foi dispensado. Não chegou a me contar, mas suspeito o motivo e isso eu não vou falar.

-Você me negou uma informação. Agora vai ter que me falar o resto das minhas perguntas sobre ele. – falei e ele assentiu – Vocês já dividiram uma mulher?

Ele me encarou incrédulo e então surpreso.

-Sim... – eu fiz uma careta para ele continuar – As três vezes que compartilhamos nem sabíamos o nome. Uma foi na parede de uma balada, ele na frente eu atrás. A segunda foi na casa de um dos caras que conhecemos... Se quiser detalhes pergunte, mas não sei se quero falar exatamente o que fizemos. A terceira e última, faz alguns meses, mas foram três mulheres.

-Vocês dois já ficaram? – perguntei, ignorando os detalhes, apesar do ódio crescendo.

-Eu não sou gay. Ele não é gay. – Natanael agora parecia realmente incrédulo – Eu nunca fiquei com um cara e duvido muito que ele tenha ficado. Sinceridade absoluta. Quatro perguntas. Por quê?

-Ele me assusta. – falei tensa – Eu já tinha visto ele com você.

-Mas porque você perguntou sobre as mulheres?

-Eu vi ontem ele beijando uma mulher. Quando você voltou para o quarto ele me pressionou e eu perguntei onde a mulher estava. Ele disse que com você. Eu queria saber se vocês tinham compartilhado alguma mulher, ele disse que não compartilha o que é dele.

-Essas mulheres nós literalmente não sabemos o nome. – meu irmão franziu a testa e balançou a cabeça – Como assim ele te pressionou?

-Não vou falar. – respondi e ele assentiu.

-Você me negou uma informação, não pode me negar mais. – ele disse e eu assenti, pois não consegui pensar em qualquer outra coisa melhor que poderia negar – Por que você tem medo dele?

Senti o sangue fugir do meu rosto e meu irmão me encarou assustado, como se soubesse o motivo.

-Eu vi... – engoli em seco e xinguei – Merda de regra! Uma vez, quando todos estavam fora de casa... Todos deveriam estar longe... Mas então eu voltei para pegar algo que tinha esquecido...

-Valentina. Fale tudo. Agora.

-Eu o vi tirando a roupa, enquanto fodia uma mulher no balcão... Na época eu nem sabia o que ele estava fazendo, mas eu não gostei... E então ele começou a foder ela, estando no meio da transformação do urso. – corri as palavras pela minha boca e meu irmão ficou branco igual papel – Nunca falei nada. Depois daquela vez, eu nunca mais o vi. Se eu suspeitava que ele estava em casa, corria para meu quarto e me trancava. Eu juro que não fiz de propósito.

-Ele sabe disso? – perguntou e eu neguei, balançado minha cabeça de um lado para o outro tão forte que senti dor – Nunca. Eu digo sério Valentina. Nunca deixe que ele descubra que você viu. Esse tipo de sexo ocorre apenas entre as espécies e é extremamente íntimo. Eu me lembro dele me pedindo permissão para vir pra cá, pois era época do cio e nós estaríamos fora. Mesmo adolescente ele sentia isso e... Não é divido esse tipo de sexo fora do clã. Nunca deixe que ele descubra isso Valentina. Nunca mais repita isso. Nem pra mim nem para ninguém.

Assenti, mas agora um novo medo crescendo em mim.

-Eu vou ver algumas coisas da faculdade. – falei tensa e ele assentiu, sem me olhar.

Corri para o meu quarto e assim que abri minha porta, a porta ao lado se abriu e eu vi Lucca saindo do quarto. Seu cabelo negro estava molhado, algumas gotas ainda caindo pelos seus ombros largos que infelizmente estavam cobertos por uma camisa larga e cinza. Olhei para baixo, suas pernas musculosas cobertas por grossas calças de moletom e seus pés descalços. Reparei que não tinha nenhum pelo e seus pés pareciam gigantes... Assim como todo seu corpo.

Voltei meu olhar para o seu e o ouro dele brilhou. Medo. Desejo. Loucura!

-Bom dia. – sua voz estava grossa, rouca.

-Bom dia... Você dorme aqui? – perguntei tensa.

-Ocasionalmente. – ele disse – Mas tenho minha outra casa... Não vai descer?

Engoli em seco e sem responder, entrei no meu quarto e tranquei a porta.

-Você sabe, não é? – a voz dele estava rouca, bloqueada pela porta, mas ainda assim clara aos meus ouvidos e isso fez meu corpo arrepiar – Não vai adiantar por muito tempo krolik. Você não vai conseguir fugir... Você não vai querer fugir.

Inspirei profundamente e fui para a cama.

Peguei alguns documentos da faculdade, mas parecia impossível de me concentrar.

Acabei ficando o dia inteiro trancada dentro do meu quarto, sem sair nem pra comer, com muito medo do que pudesse acontecer.

Dormi cedo, o sono veio fácil ao começar a ler um livro ruim que me emprestaram.

"Soltei um grito ao ser chutada. Acabei rolando para o meio da rua, onde senti meus braços nus esfolarem, mas o arranhão que ganhei agora, não se comparava com o que eu sentia pelo resto do meu corpo.

Ofeguei com a dor presente em mim e olhei para cima, vendo o gigante homem se aproximar e ao me olhar de cima, me senti mais inútil, mais frágil do que nunca.

-Por que... – gemi com dor, olhando para o homem que eu achava ser meu melhor amigo, mas que estava transpirando ódio em minha direção – Por que você me bateu?!

Vejo seu animal vir pra cima, o urso parecendo quase tomar conta e apesar da sua blusa vinho rasgar nas laterais e o fecho da sua calça jeans estourar, ele retoma o controle e rosna pra mim como um humano, mas seu animal na borda.

-Sua caçadora maldita! Nunca mais chegue perto de nós! Se você chegar... Eu te mato!

Seus olhos castanhos, parecendo vermelho que nem sangue agora fez meu corpo tremer e eu chorei mais ainda. O que antes eu considerei uma linda cor, agora me assustava mais que meu pior pesadelo.

Esses olhos viraram meu pior pesadelo.

As lágrimas continuaram a escorrer, com a dor da traição e dos machucados que ele me causou.

Jogada na rua, eu vi quando o shifter urso que eu considerava meu melhor amigo, subir na sua moto. Com um último olhar para mim, Bruno dirigiu pra longe e a cicatriz no meu coração sempre permaneceu aberta."

Acordei gritando e olhei ao redor, percebendo que ainda estava no meu quarto. Estava na casa do meu irmão. Podia sentir ainda lágrimas escorrendo pelo meu rosto e dor no coração ainda parecia recente.

Sonho. Apenas um sonho. Calma coração, eu pensei colocando a mão no peito. Forcei minha respiração diminuir, quando percebi como estava ofegante e suada.

Os sonhos tinham parado... Eles tinham parado! Que droga! Encontrar o Lucca me fez sonhar novamente com o Bruno! Anos tinham se passado! Exatos três anos e eu não me lembrava mais disso, mas estando na presença de um shifter urso não parece ajudar.

O sonho foi apenas uma lembrança que eu tanto tentei esquecer.

Olhei o relógio e vi que eram cinco horas da manhã. Eu não ia conseguir voltar a dormir, então levantei e fui tomar uma ducha quente. Preciso relaxar.

Assim que sai, me sequei e coloquei calça jeans, uma camiseta cor pêssego que destacava minha cintura, mas que ainda era solta. Amarrei meu cabelo preto em um coque firme e puxei uma jaqueta leve cinza. Com minha bolsa de um ombro só, desci as escadas indo para a cozinha.

-Bom dia garota. – olhei para o lado e vi meu irmão comendo cereal – O dia está belo, não é?

Olhei pela janela, o sol brilhando no céu, ainda começando o dia.

-Parece que vai ser um bom dia. – falei e suspirei – Vou ir pra faculdade.

-Você já não apresentou o TCC? – ele falou incrédulo – Não entendi.

-Eu vou mais por obrigação. – dei os ombros – Tchau.

-Não vai comer nada?

Fui à fruteira, peguei duas bananas, guardei uma na bolsa e comecei a descascar a outra. Olhei para ele e mordi um pedaço.

-Satisfeito? – perguntei e comecei a sair, mas assim que eu ia morder o segundo pedaço, com a banana parada dentro da minha boca, vejo um peitoral para na minha frente, a blusa escura se agarrando ao seu corpo, mostrando músculos definidos que quase me fez babar.

Levantei o olhar e vi Lucca me encarando.

-Fecha a boca krolik. – ele disse sorrindo e imediatamente fechei a boca e na hora a banana pulou na minha boca e eu lembrei que eu estava comendo – Agora mastiga meu bebê.

Mastiguei rapidamente e engoli.

-Bebê? – perguntei tensa – Essa é nova... Achei que só me chamava de krolik.

-Krolik. Bebê. – ele deu os ombros e sorriu – Minha.

-Estou indo pra aula. – falei e me desviei – Se cuida... Meu bebê.

Revirei os olhos, mas ele gruiu e quando olhei sobre meus ombros, vi o desejo nele. Nada do que eu falasse iria irritar essa besta não?!

-Estarei lá pra te buscar. – sua voz foi sussurrada no meu ouvido, seu hálito era refrescante e um suspiro escapou de mim – Sim krolik. Logo...

-Cala a boca. – virei para ele, me afastando rapidamente – Não tem nada de logo!

Virei e sai apressada de casa. Praticamente corri para a faculdade. Assim que cheguei, passei no banheiro, arrumei o coque e minhas roupas. Vi minhas bochechas vermelhas, mas jogando um pouco de água, consegui melhorar.

Assim que sai, fui para minha sala, onde vi meu namorado sentado na minha mesa, logo nossos amigos.

-Hey. – falei me aproximando e ele sorriu para mim.

Senti meu coração pesado de culpa... Culpa do que? Eu não fiz nada. Eu estava com culpa por sentir demais? Culpa pelo fogo que queimava toda vez que eu estava perto de mim e do Lucca?

Seguir leyendo

También te gustarán

3.8K 255 8
Um dos assassinos em série mais procurado do estado encontra sua próxima vítima. Enquanto todos o descreviam como um homem sem coração e piedade, nin...
383 90 16
Crônicas de um coração solitário, com tendências de desabafo nas madrugadas e dificuldade de retenção de lágrimas.
206K 15.6K 63
A revolução do coração já começou. O medo da morte e o desejo proteger a família valem qualquer risco. Era com este pensamento que Esteban Ro...
389K 34.9K 79
Para provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a mort...