Acordei, sentindo a garganta seca. Infelizmente minha garrafa de água não estava comigo.
Olhei ao redor, vendo o quarto mergulhado na escuridão, mas um brilho vermelho se destacava, ao lado da cama.
"03h45min".
Fiz uma careta, mas me levantei e andei pelo quarto, tentando não tropeçar em nada e quando achei o interruptor, liguei a luz.
Meus olhos se adaptaram lentamente e eu olhei pelo quarto, cor creme, com destaques dourado e prata delicados e suaves, como tinha por toda a casa.
Ainda de roupão, destranquei o quarto e coloquei a cabeça para fora do quarto, tentando ouvir algo, mas estava tudo em um absoluto silêncio.
Como estava sem chinelo, andei descalça mesmo e assim que cheguei ao primeiro andar, vi algumas pessoas deitadas no chão, desmaiadas.
Fiz uma careta. Perdem completamente a noção. Seus comportamentos são de crianças. Nada mais a declarar. Revirei os olhos, mas me esforcei para ignorar.
Fui para a cozinha, ignorando os diversos corpos e peguei um copo de água gelada. Bebi com gula, mas ao ouvir um barulho atrás de mim, congelei.
Não podia ser o Lucca. Não podia. Isso era tão ridículo. Tão clichê. Tão filme de... Não poderia ter tanta sorte, pensei sarcástica.
Virei lentamente e suspirei.
-O que você está fazendo aqui? – perguntei encarando aliviada e ao mesmo tempo frustrada meu irmão – Achei que estava apagado em algum canto.
-A festa acabava as duas. – ele disse fazendo uma careta – Mas só começaram a sair quando era três horas e muitos acabaram desmaiados, mas não me dei ao trabalho de mexer nos seus corpos... Acordou com sede?
Assenti e meu estômago gruiu, chamando atenção.
-E fome. – falei com as bochechas vermelhas, mas ele riu.
-Desculpa... Sabe. Sobre seu celular. – ele disse e eu dei os ombros.
-Eu exagerei também. – falei e voltei para a geladeira – Tem algo de bom para comer?
-Tem frios para montar um lanche. – a voz grossa e rouca fez meu corpo travar e ainda escondida pela porta da geladeira, me recompus e peguei os frios, logo fechando – Estou morto de fome também.
Olhei para Lucca que estava parado apenas alguns passos atrás do meu irmão e me encarava curioso.
Ignore. Só ignore. Pensei pra mim mesma.
-Faz um lanche pra mim? – perguntou e eu levantei a sobrancelha, tentando acalmar meu nervosismo.
-Você tem dois braços e duas mãos. – respondi e me virei para a bancada de granito cor creme ao lado da geladeira – Então se vira.
-Faz pra mim Tina? – olhei para o Natanael e suspirei, mas um sorriso surgiu em seu rosto e eu me voltei para a bancada – Te amo! Obrigado.
-Interesseiro. – falei, mas mordi o lábio e voltei para os dois – Os pães ficam aonde?
-Eu pego. – meu irmão foi para um dos muitos armários da cozinha e me estendeu um pacote – Sabe, não é?
-Três andares. – falei sorrindo e ele assentiu – Te conheço moleque.
-Sei... Moleque. – ele bufou – Me respeita.
Ri divertida, esquecendo momentaneamente o Lucca.
Meu irmão se afastou e se sentou na ilha da cozinha, onde em cima tinha diversos utensílios. Natanael me olhou na expectativa. Revirei os olhos e comecei a montar seu lanche.
Sinto um calor e um cheiro tão viciante... Mas que raios?! Olhei para o lado e vi Lucca pegando os frios e os pães. Ele se aproximou ainda mais de mim, deixando seu braço encostar-se ao meu, como se fosse natural.
O homem é gigante, músculos o cobrindo pelo corpo, e meu braço não dava um terço do seu. Perto dele eu me sentia baixinha, delicada e suave. O que eu sei que não sou.
O olhei de cima a baixo.
Usando apenas uma bermuda solta, eu tinha muito que admirar. Seus braços tinham tantos músculos que me fizeram segurar o suspiro de surpresa.
Quando o vi pela primeira vez ele não era tão grande... Esforcei-me para controlar meu corpo e ignorar as lembranças, enquanto ele tirava a roupa na cozinha e... Quis me bater.
Preciso focar em outra coisa.
Olhei pela cozinha, tentando me distrair e vi as diversas bancadas que rodeava a cozinha, o balcão onde as pessoas poderiam se sentar nos banquinhos e comer, ou mesmo na ilha no centro da cozinha muito bem espaçosa.
Ele tinha que colar em mim?! Tantos lugares para ir e ainda aqui o idiota grudado em mim. Fiz uma careta, seu calor se tornando mais intenso seu cheiro me circulando.
-Você tem uma cozinha inteira para ficar. – resmunguei baixo, para meu irmão não ouvir e olhei para ele – Por que raios está aqui?!
-O pão e os frios. – ele disse e me olhou sorrindo – E obviamente você.
-Idiota. – falei, mas minhas bochechas queimaram de vergonha.
Odeio o efeito que ele tem em mim. Odeio-o e me odeio por isso.
Voltei a fazer o lanche do meu irmão e me afastei um pouco, mas ele voltou a colar em mim. Seu cheiro me embriagava, mas eu tentei focar no lanche do meu irmão. Céus! O cheiro dele era o paraíso e o inferno. Nunca senti algo assim!
Meu irmão está aqui! Isso! Isso ajuda! Olhei sobre meu ombro e vi meu irmão deitado na ilha, olhando para o teto.
Peguei uma fatia de queijo, logo de peito de peru e fiz o primeiro andar. No segundo andar coloquei apenas duas fatias de mortadela e no terceiro o salame suave e um pouco de requeijão, logo o prendendo com um palito de dente que estava na frente.
-Prato? – perguntei voltando para meu irmão que rapidamente pulou para fora da ilha e foi para um dos armários suspensos e pegou três pratos – Aqui está seu lanche.
-Obrigado... Qualquer coisa eu estou no meu quarto. – ele falou pegando o lanche, saindo da cozinha sem nem eu conseguir falar algo.
Engoli em seco e meu estômago embrulhou e a fome passou.
-Vou para cama. – falei sem olhar para o Lucca e me afastei rapidamente, mas ele segurou meu pulso e eu surpresa, voltei meu olhar para cima e na hora meu olhar encontrou com o seu – O que foi?
-Não estava com fome? – perguntou e eu engoli em seco.
Percebi como seu olhar foi para minha boca e eu mordi meu lábio, nervosa. Tentei me afastar, mas seu aperto foi firme.
-Sim... – respirei fundo e olhando seus olhos – Quero dizer... Eu estava, mas agora acho melhor apenas eu dormir. Afinal é ruim dormir de barriga cheia.
Ele me puxou contra seu corpo e eu ofeguei quando seu cheiro se intensificou.
-Você está fugindo krolik. – ele disse seu rosto se aproximando do meu, ele tendo que se inclinar na minha direção – Me faz querer te caçar... Cuidado.
Ele respirou profundamente, como se apreciasse algo e fechou os olhos. Senti minha mandíbula ficar dura, assim como todo meu corpo.
-O que raios significa krolik?! – falei, tentando demonstrar raiva, mas minha voz saiu fraca e trêmula.
COMO ME ODEIO!
-Coelho. – ele sorriu, um sorriso assustador, que me arrepiou e eu não sabia se era pelo medo ou excitação – E eu amo caçar coelhos.
Coelhos. Plural. Mulheres. Árvore.
-E onde aquela mulher está? – perguntei, finalmente a raiva voltando.
-Mulher? – ele levantou uma sobrancelha, agora um sorriso que literalmente fez meu coração palpitar, minha pele arrepiar e o desejo crescer em mim – Está com ciúmes minha krolik?
-Não. – falei, me agarrando desesperadamente a raiva – Só que ela realmente parecia uma... Vadia se esfregando daquele jeito em você.
-Definitivamente... – ele me esmagou contra seu corpo, seu braço circulando minha cintura ficou mais firme e a felicidade em seus olhos era clara – Ela está com seu irmão.
A surpresa deve ter sido óbvia no meu rosto, pois ele riu e eu fechei a boca e mordi meu lábio. Imediatamente seus olhos foram para minha boca.
-Você e meu irmão compartilham mulheres? – perguntei meu corpo ficando tenso com a ideia e a raiva um pouco sobreposta pela surpresa.
-Não costumo dividir o que eu como. – ele disse seu rosto se aproximando do meu.
-Desnecessário. – rosnei de uma forma muito humana, o que causou mais risos nele.
-Krolik eu não divido o que é meu. – minha barriga apertou e eu suguei o ar – Eu definitivamente não compartilho.
-Mas aquela mulher não seria sua conquista da noite? – perguntei incrédula.
-Ela queria compartilhar seu corpo e queria mais de um parceiro. – ele deu os ombros, se afastando e me deixando ir – Só para você saber. Eu não faço isso. O que é meu, é meu apenas. E nada fica no meu caminho.
Seu olhar deslizou pelo meu corpo lentamente e quando olhei para baixo, vi que o cordão do roupão afrouxou e muita pele estava exposta.
Meus seios praticamente pulavam para fora do roupão, apenas meu mamilo escondido. Minha barriga exposta e apenas a partir do meu ventre estava coberto, mas abrindo lentamente.
O rosnado me fez pular, o roupão abrindo mais, mas eu rapidamente o fechei e firmei o nó.
Voltei meu olhar para o dele que voltou para o meu e vi o dourado brilhando.
Sem pensar duas vezes, corri. Corri e me tranquei no meu quarto. Ouço passos pesados e algo forçando a maçaneta.
-Eu te avisei minha krolik. – a voz grossa soava assustadora, mas meu corpo parecia discordar quando a excitação cresceu em mim – Eu te avisei...