Ilusão (Fanfic de Guns N' Ros...

Da veronicuslaxl

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"A ilusão é uma confusão dos sentidos que provoca uma distorção da percepção..." Altro

I- O Início
II- Kissing in the dark
III- Pecado
IV- Oh, Axl...
V- Anjo
VI- Ciúmes
VII- Love & Pain
VIII- On Fire
IX-Monstro
X- Goner
XI-Heroin
XIII-O Caminho para o Desastre
XIV-O Fundo do Poço
XV- A Hell Tour (Parte I)

XII-Anjo da guarda

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Da veronicuslaxl

-Nota inicial-

POR FAVOR LEIAM A NOTA FINAL QUANDO ACABAREM O CAPÍTULO. Contém um esclarecimento muito importante sobre a história, mais precisamente sobre o primeiro POV.

Ai desculpem-me que o capítulo está GIGANTE xD Eu sei que prometo sempre que vou tentar escrever caps mais pequenos para atualizar mais regularmente, but I can't help it então fiquem aí com as vossas 12000 palavras :')

Música nova de Panic na capa he

Boa leitura ;)

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-Ponto de vista da Blue-

A minha mãe dizia-me que "amor" era uma palavra forte. Bem, eu não sei onde ela está agora. Eu também não sei onde eu estou. Sei que não estou na terra, mas abaixo do meu olhar, consigo ver uma floresta enevoada, e um monte de flores perto de um rio. Não estou aqui há muito tempo, na realidade.

Se "amor" é uma palavra forte...Então eu acho...eu acho que o amo. Eu sei que é errado para uma menina amar um homem mais velho, contudo, eu não posso negar o que sinto. Ou sentia.

Aproximei-me da floresta e do monte de flores, voando. Voando? Eu não era capaz de entender. Havia uma parte descoberta, sem flores, onde se via um pouco de pele. Por isso, comecei a destapar o resto das flores.

Era um corpo, mas não era um corpo qualquer. Era o meu corpo. E...e estava desfeito... Em decomposição. Chorei, lágrimas de fantasma, suponho. Mas continuava a arder, a arder tanto como se ainda estivesse viva.

Porém, algo deu-me esperança. Axl. Axl estava vivo. Só podia ser ele. Mais ninguém teria feito isto, certo? Eu precisava de o encontrar. Ele foi a única pessoa que alguma vez se importou realmente comigo. Não foram os meus pais, ou os amigos que nunca tive. Foi Axl. Não é correto. Não era suposto isto ter acontecido, mas eu amava-o.

E se alguém perguntar porque é que eu morri, não foi por culpa da doença ou da fome. Foi porque eu vi tudo. Eu vi-o a ser levado para aquele carro. Eu ouvi tudo, e percebi como ele estava a sofrer por mim, porque me queria proteger.

Foi horrível. Eu nunca senti uma dor maior na minha vida. Chorava silenciosamente, desviando o olhar porque eu não suportava mais. Nós nunca iríamos sair dali, íamos morrer os dois de fome ou de frio, mas, pelo menos, eu queria os braços de Axl a aconchegarem-me como ele costumava fazer quando isso acontecesse. Eu não o queria ver a sofrer, porque eu sabia que ele o estava a fazer por mim, e custava-me o dobro no coração.

Chamei por ele enquanto chorava, rezando desesperadamente para que ele estivesse bem, para que me afastasse do meio de toda aquela miséria. Eu não percebia o que aquele homem lhe estava a fazer, eu apenas sabia que lhe estava a fazer mal, porque eu conseguia ouvir o choro abafado de Axl e o carro a abanar constantemente. Estavam a magoar o meu amigo, o meu Axl. E ele deixava, somente por ter a esperança de me conseguir salvar.

Eu nunca quis mais dele, só queria que ele me tirasse dali e que me dissesse que estaria tudo bem, que me levasse com ele, que me desse uma cama, comida e o carinho que sempre me prometeu.

Tapei os ouvidos à medida que os sons se foram tornando mais intensos, já incapaz de ouvir, e fechei os olhos com força, deixando as lágrimas escorrem pelas minhas bochechas, soluçando desoladamente. O frio chegava-me aos ossos, e a fome apertava-me a barriga. A febre não me deixava pensar, e a dor cegava-me o olhar e apertava-me o coração.

Foi a dor que me levou.

Eu sentia-a na última lágrima que verti, no meu último suspiro, como álcool numa ferida aberta.

Mas agora...agora a dor não precisava de existir. E eu sabia que Axl estava por aí. Algures no mundo. Eu não o queria assustar ou incomodar, eu apenas queria vê-lo uma última vez.

E aí, talvez deixassem a minha alma descansar em paz.

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-Ponto de vista do Duff-

Slash desligou o telefone com uma expressão algo receosa.

-Então?-perguntei no momento em que ele o desligou, sem aguentar mais com a ansiedade. Eu e Steven estávamos sentados no sofá, completamente tensos desde o momento em que Slash tinha atendido aquela chamada. Steven não largava a minha mão, que já estava completamente suada, porque sabíamos que ele estava a falar com Izzy e que alguma coisa tinha acontecido, mas não entendíamos o quê.

-O Izzy e o Axl vêm a caminho-proferiu.

-Oh Deus, como é que ele está?-perguntou Steven, aproximando-se de Slash num tom preocupado e apertando a minha mão com mais força.

-Ele não me disse muito, Steven-Slash sentou-se ao nosso lado, com uma expressão pensativa e séria-Disse-me apenas que ele estava bem, mas não falou muito mais. Disse também que iam demorar algum tempo a chegar, porque estavam a sair de Santa Barbara.

-Santa Barbara???-exclamei, surpreendido-O Izzy encontrou-o em Santa Barbara??

-Parece que sim-Slash retorquiu. Eu e Steven trocámos um olhar algo suspeitoso. No entanto, ele acabou por corar quando percebeu que a sua mão ainda estava sobre a minha, e afastou-a lentamente, tímido, antes de voltar a encarar Slash.

-E o que raios é que ele andava a fazer por lá?-perguntei, tossicando um pouco e mudando de posição numa tentativa de recuperar a postura.

Slash olhou-nos, apreensivo, e pousou as mãos sobre as pernas, fitando-nos. Parecia ter algo para nos contar.

-Ouçam...eu realmente não faço ideia, e vocês sabem que o Iz não fala muito sobre coisas pessoais, mas eu acho que ele anda a vender heroína. A julgar pelas noites que ele passa fora...e por todo o dinheiro que eu encontrei numa mochila no sótão...

Não se deixem enganar, todos nós já usámos heroína, pelo menos algumas vezes. Mas daí a vender...É um grande salto. E Izzy parece ter o perfil de um traficante, na verdade. A maneira como se move, como se veste e como age, sempre imparcial e algo distante, é como se já soubesse e já tivesse visto demais, embora use a experiência em seu proveito. A questão é que isso pode trazer-nos problemas. De qualquer das maneiras, Izzy é demasiado inteligente para isso, ele nunca prejudicaria a banda.

-Mas se ele tem assim tanto dinheiro, porque é que nos deixou vender o apartamento?-Steven perguntou.

-Não faço ideia, Steven. Mas eu acho que ele só começou a vender há cerca de quatro semanas, pouco antes do Axl desaparecer. Porque antes ele não costumava dar essas desculpas e, aliás, eu nunca o tinha visto a fazer nada suspeito ou alguma mala cheia de dinheiro, portanto parece-me que seja um bocado óbvio-suspirou, cruzando os braços.

-Se ele tivesse o dinheiro na altura, teria dado, mesmo que tivesse de admitir que estava a vender-constatei-O que é que ele ganharia ao perder o apartamento e vir para aqui?

-Hum...ficava com o dinheiro só para ele?-Steven perguntou.

-Não, Steven. Nós acabaríamos por perceber porque ele iria contar ao Axl e...Merda, o que é que nós estamos a fazer?-questionei-me subitamente, levando as mãos à cabeça-Ele é nosso amigo, porra. E se já fez tanto pela banda, porque é prejudicaria algo que ele trabalhou tanto para construir? Não faz sentido. Eu até entendo que ele tenha escondido o facto de estar a vender de nós, mas eu tenho a certeza de que se ele tivesse o dinheiro na altura, tinha-nos ajudado.

-Tens razão-Slash murmurou, embora não fosse uma frase assim tão confiante. Havia uma parte óbvia: Izzy já nos tinha ajudado imenso. A qualquer um de nós. E tanto ele quanto Axl tinham lutado muito pela banda. Por outro lado, nunca ninguém sabe muito bem o que passa pela cabeça dele, ou o que ele faz quando não estamos com ele. Nem Axl sabe de tudo, porque Izzy é bom a guardar segredos. Não é uma questão extremamente preocupante, mas...deixa-me algo desconfiado, porque pode estar a acontecer alguma coisa realmente grave neste momento.

-Ainda falta uma hora-Slash cortou o silêncio, olhando para o relógio antigo que estava encostado à parede branca, e suspirou antes de se levantar-Acho que vou arrumar o meu quarto para os deixar ficar lá. É mais espaçoso, e a cama é maior e mais confortável.

Eu e Steven assentimos com a cabeça. Eu fiquei ligeiramente nervoso quando Slash saiu da sala, o que significava que ele nos ia deixar a mim e a Steven sozinhos. Andamos a evitar "aquele assunto" desde o dia em que aconteceu, e as nossas conversas têm sido incrivelmente constrangedoras desde então, ainda que eu saiba que, inevitavelmente, vamos acabar por ter de falar sobre isso. Mesmo assim, estou a rezar para que não seja agora, porque eu não faço a mínima ideia do que dizer caso isso aconteça.

Fiquei a bater com o pé no chão e com as mãos nas pernas, inquietamente, e olhando para todo o lado menos para Steven.

-Sentes-te bem?-perguntou.

-Ah...sim-respondi, coçando a cabeça-Só um pouco nervoso...bem, por causa de tudo o que tem acontecido ultimamente...

O que é que eu estou a dizer??

-Eu também-admitiu. Mais silêncio-Vou buscar uma cerveja, queres?-perguntou.

-Sim-respondi-E já agora traz bolachas ou aquela tarte qualquer que a avó dele disse que tinha deixado no frigorífico antes de sair-murmurei.

-Ponto de vista do Slash-

Entrei no meu quarto, e comecei a tirar os lençóis da cama, atirando-os para um monte no chão.

É irónica a maneira como as coisas mudaram ao longo do tempo.

Quando tudo começou, era apenas eu e Axl. Depois apareceu Izzy, e apesar das coisas não estarem assim tão más entre nós os três, eu estraguei tudo e nenhum deles me quis olhar na cara novamente, o que é perfeitamente compreensível embora não deixe de magoar.

Não é fácil de viver com o que fiz. Izzy já não parece tão irritado quanto a essa situação, acho que aceitou o facto de que vai ter de continuar a conviver comigo. Contudo, eu sei que se eu me aproximar um centímetro a mais do que o suposto de Axl terei alguém com uma mira apontada à minha cabeça.

Steven e Duff não sabem, e eu espero que continue assim. Eu sei que tenho de estar consciente da gravidade das minhas ações, mas quais ações se eu não entendo o que aconteceu?

Também nunca contei a Meegan. Vejo-a de vez em quando, na realidade, e de todas as vezes ela pergunta-me o que se passa, e de todas as vezes fui capaz de inventar uma nova desculpa. Ela apenas sabe que, supostamente, eu cometi um erro, mas não sabe o quê. Antes que ela começasse a pensar que eu fosse um assassino ou um psicopata, ela falou com uma amiga dela que era psicóloga, e perguntou-lhe se me poderia receber. Ela disse que sim, e eu não poderia obviamente negar a ajuda de Meegan, por isso apenas sorri e agradeci. Eu apenas não sabia se uma psicóloga seria realmente capaz de dar a volta à minha vida. Acho que, na realidade, precisaria pelo menos de uns trinta.

A primeira consulta foi ontem. Decidi dar uma pausa à minha busca exaustiva pelo paradeiro de Axl, e saí de casa durante uma hora. Não disse a ninguém onde ia, apenas segui a morada que me deram até ao consultório.

Ao chegar lá, tenho de admitir que foi um pouco constrangedor. Era uma mulher loira, de uns trinta e tal anos, e chamava-se Amy. Ou doutora Clifford, que eu supunha ser o nome pela qual a deveria tratar. Ela disse-me que a primeira consulta era mais geral, para me conhecer melhor, e que se eu realmente quisesse avançar, poderia ligar e marcar a próxima consulta.

Eu não sei exatamente se é isto que eu quero. Não costumo falar muito sobre questões pessoais, ainda mais com pessoas completamente estranhas, por isso metade daquela hora resumiu-se a algumas perguntas, eu a coçar a cabeça e a dar as respostas mais curtas e rápidas possíveis.

Por outro lado, se eu não fizer nada, vou ter este peso na consciência para sempre.

-Flashback on-

Novembro de 1975

-Saul, podes ir buscar o teu irmão à escola?-perguntou a minha avó, que estava sentada no seu cadeirão a ler um jornal. Estava a chover, e o caminho até lá ainda era longo e de terra batida, e por isso a minha avó preferia que fosse eu a ir buscá-lo, já que a minha mãe ainda estava a trabalhar, e voltaria só depois do jantar.

Assenti com a cabeça, e vesti o meu casaco.

-Vai com cuidado-Avisou-me com aquela voz terna e preocupada de avó antes de eu fechar a porta.

Corri à chuva pela estrada, cortando posteriormente para o atalho que me levaria à escola.

Eu estava frustrado, decepcionado. Eu não percebia o que tinha acontecido com os meus pais para que, de um momento para o outro, deixássemos de ser uma família feliz, para que os problemas começassem a aparecer. Eu daria tudo para voltarmos atrás, mas agora o meu pai vive longe, e a minha mãe passa os dias a trabalhar. Não há volta a dar. É uma maneira dura de se aprender, mas eu acredito que toda a gente chegue à conclusão de que, a determinado ponto, a vida é injusta.

Às vezes eu queria descarregar toda a minha raiva em alguém, outras vezes desejava desaparecer para todo o sempre.

O nevoeiro caía sobre a zona, a cada passo que eu dava ouvia o característico ruído do pisar do chão lamacento de Novembro, o maravilhoso cheiro da terra molhada a apresentar-se gloriosamente, embora o tempo anunciasse o próximo inverno.

Continuei a correr, estava perto, observando um enorme aglomerado de crianças ao longe. Os pais traziam os seus carros ou, pelo menos, os pais mais abastados, porque as outras crianças teriam de confiar o suficiente nos seus casacos esfarrapados para conseguirem caminhar para casa sem se encharcarem.

Procurei pelo meu irmão na entrada dos portões, mas haviam tantas crianças que era impossível -lo. Foi quando vi algumas sombras nas traseiras isoladas da escola, e ouvi alguns gritos. Aproximei-me um pouco, e reconheci a camisola vermelha do meu irmão ao longe. Corri até lá, sabendo de certo que não seria nada de bom.

Vários rapazes encurralavam o meu irmão contra a vedação, e eram mais velhos do que eu. Eu tinha apenas 10, e os outros 14 ou 15, mas não me importei. Ouvi o meu irmão a chorar, e continuei a correr instintivamente na direção deles.

Um dos adolescentes puxava o meu irmão pelo colarinho contra as grades, ameaçando-o.

Eu nem perguntei o que tinha acontecido, e eu acho que eles nem me viram chegar. Também não sei o que aconteceu, mas mais tarde disseram-me que tinha mandado os 4 para o hospital, com um total de 7 costelas partidas, 2 braços, 1 mão, 3 narizes e 1 perna. Recorde pessoal, na realidade. Também não me correu muito bem, porque acabei por ter de cumprir um mês de serviço comunitário.

Mas eu nunca soube o que me deu. Sim, eles estavam a ameaçar o meu irmão, e eu agi de maneira impulsiva, mas não entendo como é que eu consegui arranjar força para fazer o que fiz.

-Flashback off-

Eu lembro-me disto todos os dias, e não faço ideia porquê. Eu já entrei em várias lutas, a maioria das vezes bêbedo, mas lembro-me porquê e o que aconteceu, ao contrário desta memória, onde tudo é uma grande névoa na escuridão. Um acesso de raiva cega, Steven disse-me na altura.

E eu comecei a ligar com o que aconteceu com Axl. Eu amava-o. Eu amo-o, porque é que eu faria algo assim, algo que o magoa tanto? Por raiva? Ciúmes ou inveja? Eu ando à voltas há dias, sempre em torno do mesmo problema, do mesmo erro.

No final das contas, talvez a ida à psicóloga não fosse má ideia. Para eu finalmente perceber o que aconteceu, para nunca mais magoar ninguém de novo, porque eu não aguento mais acordar a chorar e a chamar-me monstro a mim mesmo.

Depois de deixar os outros lençóis para lavar, trouxe uns limpos, e preparei a cama. Também arrumei o resto do quarto de modo a que ficasse mais espaçoso, e fui até ao sótão para trocar as coisas de Axl e de Izzy pelas minhas, trazendo as deles para o meu quarto.

Por outro lado, eu sabia que não estava exatamente em posição de falar, e que ser generoso depois de tudo não ia fazer realmente a diferença.

-Narrador on-

-Duff, o que queres de mim?-perguntou Steven subitamente, perdendo a capacidade de guardar mais aquela pergunta dentro de si-O que é que aquilo significou para ti? Não, o que é que eu sou para ti?

Duff parou de beber a sua cerveja, e olhou-o, engolindo duramente em seco, com os olhos bastante abertos.

-Steven...-murmurou, olhando para baixo e passando a mão pelo tecido velho do sofá-Tu sabes...ahm...Nós somos amigos há alguns anos e...

O baixista tentava procurar as palavras cuidadosamente, mas não parecia resultar, e o seu nervosismo não estava a ajudar, por isso decidiu que era melhor ser sincero, apesar das suas próximas palavras poderem magoar os sentimentos do seu amigo. Ele tinha pensado bastante sobre o que tinha acontecido na noite, e chegara à conclusão que o que sentia por Axl tinha-se tratado de uma pequena paixão mais carnal e momentânea, talvez até por ele se identificar mais propriamente com a personalidade de Axl do que com a de Steven. Axl conseguia ser realmente descontraído, espontâneo e corajoso quando queria. Além disso, era bastante belo, e isso atraía-o um pouco. Mas, na realidade, percebera que não quereria ter qualquer tipo de relação séria com Axl além de uma amizade, porque parecer-lhe-ia errado. Claro que imaginou ter sexo com ele na altura, com ele, com Steven, com Izzy...tantas dúvidas. Mas assumir uma relação gay com alguém? Por outro lado, era capaz de se imaginar numa relação com Steven. Sim, parecia-lhe mais real. A questão é que ele não se sentia exatamente apaixonado por Steven. Um pouco atraído talvez, mas apaixonado? E sentia-se mal ao forçar um namoro apenas por saber que Steven tem sentimentos por ele.

Respirou fundo.

-Steven, neste momento, eu admito que estou um pouco confuso. Eu achava-me heterossexual até àquele momento, mas agora não tenho exatamente a certeza disso. Não sei se foi curiosidade ou outra coisa, contudo eu preciso de te dizer que me senti ligeiramente atraído pelo Axl...tu sabes, naquele dia. Depois de pensar, eu cheguei à conclusão que tinha a ver com a situação com que estávamos a ser confrontados...em termos de...ahm...excitação sexual-Steven estava a seguir atentamente cada palavra de Duff, mas não pode evitar rir-se quando ele disse "excitação sexual" de uma maneira tão séria e constrangida-E, na altura, eu gostei do que aconteceu entre nós, mas acho que está relacionado com a mesma curiosidade que eu sentia, e eu não sei se quero experimentar essa sensação de novo...Porque eu não sei se passa apenas de curiosidade, e se estarei próximo para algum dia assumir uma relação com um homem porque eu não sou gay e vou sentir falta de estar com mulheres...Eu não sou capaz de dar esse passo-

-Duff-Steven interrompeu-o, com um sorriso carinhoso-Não se trata de seres incapaz de te assumires gay ou completamente heterossexual, trata-se de te apaixonares por uma pessoa, independentemente do sexo, e de te dedicares a essa pessoa sem quaisquer rótulos.

-Sim, mas...e se a curiosidade não fosse apenas isso e eu me apaixonasse verdadeiramente pelo Axl? Ou pelo Slash? Ou por ti?-perguntou. Steven tentou esconder os batimentos rápidos do seu coração, já que a conversa o estava a deixar verdadeiramente ansioso-Eu não acho que seja capaz de...de foder ou ser fodido pelos meus melhores amigos. Ou de entrar numa relação séria...

-Isso evolui com o tempo, Duff-Steven riu-se-Não é exatamente assim que funciona. Tens de deixar as coisas acontecerem. Além disso, ser bisexual ou gay não significa que te vais apaixonar por todos os teus amigos, da mesma forma que também não te apaixonas por todas as mulheres que vês-ele explicou, pacientemente.

-Já estiveste com homens antes?-Duff perguntou, tanto curioso quanto surpreendido.

Steven corou de imediato, o que respondeu instantaneamente à pergunta de Duff.

-Oh-comentou Duff, corando também. Lá no fundo, ele não queria dizer, mas não lhe admirava assim tanto, porque a maneira como Steven o tinha chupado no outro dia indicava claramente que ele já tinha tido alguma prática...Bem, não se esperava que um homem heterossexual desse, à partida, um bom oral a outro homem, certo?

-Tens alguma pergunta?-Steven riu-se ligeiramente, embora um pouco constrangido, e Duff retribuiu a mesma risada, também nervosa.

Silêncio. Um silêncio bastante demorado, já que estavam os dois a tentar processar a conversa que tinham acabado de ter.

-Steven, eu preciso que me digas...Sentes algo por mim?-Duff perguntou diretamente, tirando um peso enorme do seu peito-Eu sei que sentes.

-E-eu sinto, Duff-sussurrou-Mas...b-bom...Tu tens tantas dúvidas, e...disseste que não querias experimentar nada agora...

-Sim, mas eu também não te quero magoar, Steven-respondeu, encarando-o de maneira sincera.

-Não estás, Duff-respondeu, pousando-lhe a mão na perna-Independentemente de tudo, somos amigos, certo?

-É o mais importante-Duff retorquiu, pousando a mão sobre a do seu amigo.

-Sim, é o mais importante-Steven repetiu, e ambos partilharam um sorriso verdadeiro durante alguns momentos.

A campainha tocou, interrompendo a conversa dos dois amigos. Engoliram em seco, percebendo imediatamente de quem se tratava e levantaram-se, algo tensos. Slash descia as escadas, apressado, e foi quem chegou à porta primeiro.

Abriu-a devagar, enquanto Duff e Steven se aproximavam dele. Chovia de mansinho, e a rua cheirava a terra molhada. O céu estava cinzento, e o ambiente enevoado.

Depararam-se com Izzy, vestido de preto, que acabou por exibir um sorriso fraco e cansado quando Slash abriu a porta. Tinha o cabelo ligeiramente molhado, e os olhos algo vermelhos e inchados, como se tivesse estado a chorar. No entanto, mantinha a mesma postura indiferente e a expressão um tanto séria de sempre.

-Olá...-murmurou.

-O-olá, Izzy. O-onde é que-Duff inclinou-se à procura de Axl, não conseguindo conter a pergunta. Izzy olhou para trás, puxando levemente a mão de Axl, que avançou. Vestia um impermeável azul escuro, com o carapuço posto, que expunha algumas madeixas de cabelo ruivo, porém, mantinha a cabeça baixa.

Steven não esperou mais, e correu até ao amigo, abraçando-o com força. Axl não lhe retribuiu o abraço, mas também não se afastou: Continuou imóvel.

-Axl, nós sentimos tanto a tua falta-sussurrou Duff, aproximando-se para o abraçar também, depois de Steven se afastar. Izzy observava a situação, um pouco comovido, mas algo apreensivo-Axl?

Axl, que apenas constava ali fisicamente, acabou por responder ao abraço fracamente quando ouviu a voz de Duff mais claramente.

-Talvez fosse melhor se entrassem-comentou Slash, abrindo mais a porta-Está frio.

Izzy assentiu, e passou o braço pela cintura de Axl, conduzindo-o para dentro enquanto o observava com atenção. Steven e Duff seguiram-os, porém com olhares estranhos e um pouco céticos.

-Está tudo bem?-Steven sussurrou a Izzy, aproximando-se pelo outro lado.

-Falamos sobre isso depois, ok?-respondeu de volta, inclinando-se.

Steven assentiu com a cabeça, e recuou para ao pé de Duff, que se tinha sentado no sofá. Axl e Izzy sentaram-se no outro sofá em frente. Ele brincava distraidamente com os dedos de Axl, que entrelaçava a sua mão com a de Izzy de modo vago, apresentando uma expressão ausente, semblante que carregava desde o momento em que tinha entrado naquela casa. Slash acabou por aparecer com alguns bolinhos, chá e água, e sentou-se num cadeirão entre os dois sofás.

Izzy e Axl começaram a comer em silêncio, enquanto os outros se entreolhavam, um pouco indecisos sobre o que perguntar. Era uma situação incomum, que os estava a deixar desconfortáveis e transtornados sobre como agir para com os seus dois amigos.

-Querem...acham que podemos voltar a confirmar os concertos da próxima semana?-Slash ganhou coragem para perguntar, embora um pouco a medo.

Axl finalmente tirou o carapuço e levantou o olhar, fitando Slash. Todos, à exceção de Izzy, encararam-no, subitamente preocupados com a sua aparência débil.

-Huh...Axl, estás bem?-Duff perguntou, curvando a cara e analisando melhor o rosto do amigo-Pareces magro.

-Eu...Só preciso de descansar, nada mais-murmurou, falando pela primeira vez, e olhando para Izzy, depois para Slash, dirigindo-lhe a palavra-Quanto à tua pergunta Slash, por mim tudo bem. Liguem e voltem a marcar.

-Tens a certeza?-perguntou Slash. Axl voltou a assentir, levantando-se. Izzy segurou-lhe o pulso com alguma rigidez, preocupado, olhando-o fixamente nos olhos.

-Ehr...desculpem...-sussurrou Axl, coçando o cabelo e olhando à volta-Eu...

-Axl, posso falar contigo?-Duff perguntou, levantando-se. Estava um pouco ansioso para o fazer desde que ele tinha chegado, na verdade. Steven olhou-o do seu lugar, tentando imaginar sobre o que é que Duff quereria conversar com ele, supondo que pudesse ter algo a ver sobre a conversa que tinham tido, ou sobre o dia em que Axl desapareceu.

Axl assentiu com a cabeça, seguindo Duff pelas escadas de madeira até chegarem ao andar de cima.

-Ponto de vista do Axl-

Assim que Duff fechou a porta, aproximou-se e abraçou-me de novo com força.

-Senta-te-disse, tentando deixar-me à vontade e apontando para a cama. Fiz como ele me ordenou, olhando-o de modo vazio, com as mãos entre as pernas. Duff sentou-se ao meu lado, suspirando, e eu observei-o atentamente.

-Em primeiro lugar, eu quero pedir-te desculpa por tudo o que te disse naquele dia-lamentou, pegando-me gentilmente na mão e pondo-a entre as suas-Sabes, eu e o Steven tínhamos tido uma ideia estúpida uns dias antes...Quero dizer, nós sabíamos que algo se passava entre vocês e decidimos montar câmaras pela casa toda...Basicamente, nós vimos-te a ti e ao Izzy...ahm...juntos...

Afastei-me, tanto surpreendido como chocado, e franzi o sobrolho, desconfiado. Não disse nada, mas Duff pareceu perceber a minha reação bastante bem.

-Eu sei, eu sei, mas é verdade-retorquiu e pousou a sua mão sobre a minha, como se estivesse há semanas a preparar esta conversa-Eu posso provar-te, se quiseres-sugeriu.

-Não, Duff, eu não quero-respondi, aborrecido, e levando as mãos à cara-Eu só quero que me digas porque é que querias conversar comigo.

-Eu estou a conversar contigo porque eu queria pedir-te desculpa por te ter insultado e por ter invadido a tua privacidade, Axl. Nós não o devíamos ter feito. Foi errado-admitiu-E também porque queria saber o que aconteceu nestas três semanas. Não me pareces muito bem, na verdade-comentou, levando-me a mão à testa numa tentativa de me verificar a febre.

Afastei-me dele e levantei-me, suspirando pesadamente. Passei as mãos pelo cabelo e pelos olhos, esfregando-os, enquanto andava às voltas no quarto, e acabei por tirar o meu casaco, atirando-o para cima da cama.

-Estiveste nas ruas?-perguntou-Em Santa Barbara?

-Onde é que querias que eu ficasse?-perguntei, algo agitado, percorrendo a divisão-Não é como se eu tivesse dinheiro para conseguir pagar um quarto num hotel de cinco estrelas. E pára de te importar, eu estou bem, Duff.

-Hey, eu continuo a ser teu amigo, Axl. E não sejas teimoso, eu só quero te quero ajudar-proferiu, erguendo-se e avançando na minha direção. Virei-me de costas para ele e cruzei os braços, admirando um poster do Jimmy Page que Slash tinha na parede do seu quarto. Tínhamos comprado-o juntos há um ano atrás. Lembro-me perfeitamente da tarde em que o vimos pela primeira vez. Estávamos a descer a rua quando o vimos na entrada da King Toot's. Era enorme, e cobria a montra quase toda. Ficámos a contemplá-lo durante minutos, ambos sabendo que estávamos mortos para o comprar. Não tínhamos muito dinheiro, mas juntámos o que sobrava, e trouxemos juntos para o pormos aqui.

Funguei, limpando uma lágrima com a manga da minha camisola gasta, e mordi o lábio, impedindo que o choro avançasse. Senti Duff a aproximar-se por trás, então levantei a mão, indicando-lhe que se afastasse.

-Eu preciso de algum tempo sozinho, ok?-murmurei, com a voz frágil-Só isso.

Duff pousou a sua mão sobre o meu ombro com um suspiro, e beijou-me a parte de trás da cabeça. Percebi que ele hesitou, mas acabou por murmurar um "ok" suave, e saiu do quarto, fechando a porta cuidadosamente.

*2 horas depois*

-Narrador on-

Apesar de o ambiente ter sido tenso no início devido à questão do recente desaparecimento de Axl, a aura acabou por se alterar. Beberam um pouco, não o suficiente para ficarem bêbedos, mas o bastante para ficarem todos mais à vontade. Além disso, o facto de Axl não estar ali também contribuiu para a diminuição das questões e da inquietude.

Trouxeram os seus instrumentos, e começaram a tocar descontraidamente, a inventar simplesmente, a enganarem-se e a repetirem notas e acordes vezes sem conta até criarem melodias momentâneas em conjunto. Duff começou a cantar versos aleatoriamente, dizendo o que lhe vinha à cabeça enquanto iam bebendo da garrafa de Night Train que partilhavam. Era a bebida alcoólica mais barata e provavelmente rasca que havia, no entanto, deixava-os bêbedos muito facilmente, por isso era comum comprarem-na. Além disso, a avó de Slash não tinha deixado muito dinheiro para ele antes de sair, e como Slash ainda não tinha atingido a maioridade para beber, costumava esconder as garrafas num compartimento por baixo da lareira da sala de estar.

-I'M ON THE NIGHTRAIN!-Izzy gritou pelo meio da música, inspirado na própria garrafa de vinho. Os outros entreolharam-se, continuando a tocar, mas acabaram por seguir a ideia do amigo, concordando que não se encaixava, de facto, mal na música. Ainda não tinham os versos que se seguiam a esse durante o refrão, mas já não era mau, na realidade, estavam bastante satisfeitos e algo orgulhosos com a sua recente criação.

-Anotem tudo o que temos até agora!-Izzy ordenou, animado pela primeira vez naquele dia, enquanto pousava a guitarra no chão-Eu tenho de mostrar isto ao Axl-disse, apressado, levantando-se do sofá.

Duff alcançou uma mesinha que se encontrava ao lado do sofá com um telefone, e arrancou um pedaço de papel da lista telefónica. Slash atirou-lhe um caneta, e Duff começou a escrever freneticamente, rezando para não se esquecer de nada. Enquanto isso, Izzy subia as escadas com energia, chamando por Axl.

-Axl!!-gritou, abrindo as portas dos quartos à sua procura-Axl??

Foi até ao único quarto que tinha a porta fechada, o quarto de Slash, e entrou de rompante. Encontrou Axl deitado na cama de casal, virado de costas, supondo que estaria a dormir, por isso encostou a porta devagar e caminhou pelo quarto, um pouco mais calmo, e sentou-se na beira da cama.

-Axl-sussurrou, pousando-lhe a mão nas costas. Ele remexeu-se na cama, e virou-se, bocejando e esfregando os olhos, que estavam vermelhos-Estiveste a chorar?-perguntou Izzy, tirando-lhe algumas madeixas de cabelo da cara. Axl sentou-se na cama devagar, olhando-o, indeciso sobre o que responder.

-Tem a ver com o que aconteceu durante estas semanas?-Izzy voltou a falar-Com Blue?

Axl estremeceu ao ouvir aquele nome, e suspirou.

-Sim...principalmente-respondeu, quase num sussurro.

-Eu sei que não estás a passar por uma fase fácil-Izzy respondeu, pousando-lhe a mão na perna-De todo. E o que aconteceu hoje de manhã foi um susto horrível-Izzy acariciou-lhe a bochecha-Também sei que precisas do teu espaço, todos nós precisamos, mas às vezes fecharmo-nos demasiado é pior, entendes?

Axl assentiu com a cabeça, compreendendo o que Izzy queria dizer. Ele sabia que, às vezes, não era capaz de controlar da melhor maneira as suas emoções, e isolava-se demasiado do resto.

-Eu só vim aqui para te chamar-Izzy continuou a falar-Temos uma possível nova música, e queríamos mostrar-te. Além disso, o Steven encomendou pizza, o que significa que vamos jantar daqui a pouco.

Axl esfregou os olhos de novo, e preparou-se para levantar-se da cama.

-Hey, espera-Izzy murmurou, impedindo-o de avançar ao segurar-lhe o pulso. Aproximou-se dele, e deixou-lhe um beijo simples, mas algo longo, nos lábios. Afastou-se, num suspirou, e colou a sua testa com a de Axl, de olhos fechados. Axl mudou para uma posição mais confortável, e inclinou a cara, procurando um beijo mais longo. Izzy correspondeu-lhe, abrindo a boca e segurando o corpo de Axl firmemente pelas ancas. Terminaram com uma série de beijos curtos, e depois abraçaram-se com força.

Axl afundou a sua cabeça no ombro de Izzy, inalando o seu cheiro distraidamente, e fechou os olhos.

-Vamos?-Izzy perguntou passado alguns momentos, afastando-se lentamente.

-Vamos-Axl respondeu, dando-lhe um último beijinho.

Saíram do quarto lado a lado, e desceram as escadas, Axl atrás de Izzy.

-Hey, Axl, sentes-te melhor?-Steven perguntou. Axl assentiu com a cabeça, e sorriu fracamente. Izzy fazia-o sempre sentir-se melhor.

Axl sentou-se no tapete, de pernas cruzadas, e pegou na garrafa de Night Train. Ficou a olhá-la, nas suas mãos, nostálgico, antes de tomar um gole. Limpou a boca, e olhou para Duff, que também estava sentado no chão, ao seu lado, concentrado nuns rascunhos que segurava nas suas mãos. Slash estava deitado no sofá, a fumar, e Steven estava em cima da lateral do encosto do sofá, levantando a t-shirt de Slash e fazendo-lhe cócegas com os pés descalços na barriga e rindo-se.

-Bom, o que é que vocês me queriam mostrar?-Axl perguntou subitamente, ansioso.

-Oh, sim, toma-Duff murmurou, estendendo-lhe os papéis-Vai vendo isso enquanto nós tocamos.

Slash levantou-se, pegando na sua guitarra, e Steven caminhou para a bateria, que tinha montado esta manhã na sala com a ajuda de Duff para poderem ensaiar mais facilmente. Izzy ajeitou o seu instrumento no seu colo, prendendo a palheta entre os seus dentes, e Duff pegou no seu baixo, ainda sentado no chão ao lado de Axl. Steven deu a entrada, e começaram a tocar o riff inicial, enquanto Axl lia atentamente o que tinham escrito. Algumas palavras soltas, nada concreto, e ele sabia que precisariam da ajuda dele para terminarem a letra.

Cantaram o que seria o primeiro verso do refrão algumas vezes enquanto repetiam constantemente a mesma parte, procurando mentalmente o que podiam adicionar ali. Axl ouvia com atenção, porém começou a olhar à sua volta, inspirando-se no ambiente.

-I'm on the nightrain!-Duff continuava a cantar.

-Bottoms up!-Axl adicionou subitamente, e os outros olharam-no animados, continuando a tocar.

-I'm on the nightrain!-Cantaram todos, com mais força, convictos.

-Fill my cup!-Axl respondeu, levantando um copo do chão. Duff parou de tocar e encheu-lhe o copo com a bebida em resposta, rindo-se. Os outros continuaram a cantar, e Axl foi acrescentando mais versos à medida que avançavam enquanto bebia, cada vez mais inspirado. Duff pegou numa caneta o mais rápido que pôde, e começou a anotar tudo à velocidade da luz, com medo que se esquecessem. A música avançava cada vez mais, e Slash acabou por improvisar um solo impressionante a meio.

-Outra vez, rapazes, outra vez-Izzy pediu quando chegaram ao final-Do início, temos de tocar tudo de novo. Axl, vê se te consegues lembrar de mais alguma coisa, estamos num bom caminho!-ordenou, e Axl jurou que não se lembrava da última vez que o tinha visto assim tão animado.

Iam repetir quando foram interrompidos pela campainha. Steven fez sinal para continuarem a tocar, e levantou-se, atendendo ao entregador de pizzas.

-Devíamos fazer uma pausa-disse Slash quando Steven voltou para a sala. O resto da banda concordou, visto não comerem há algumas horas. Levantaram-se, pousando os seus respetivos instrumentos, e seguindo até à cozinha.

-Axl?-Slash chamou-o, tocando-lhe no braço. Axl olhou-o, subitamente tenso, e afastaram-se os dois um pouco da cozinha. Izzy observava-os de longe, apreensivo, mas acabou por deixar que eles conversassem.

-Eu só te queria dizer que apesar de tudo o que aconteceu entre nós...Estou feliz por teres voltado-Slash sorriu francamente, dando-lhe uma palmadinha amigável no ombro-Espero que um dia consigas voltar a falar comigo...Mas, por enquanto, é bom saber que estás bem.

-Não te pareceste importar muito com o meu bem-estar há umas semanas atrás-Axl retorquiu, contendo-se para não explodir de raiva ou para não começar a chorar e, por isso, olhava apenas para os próprios pés. Slash suspirou, tentando escolher as palavras com cuidado.

-Eu estou a ter consultas com uma psicóloga, Axl-murmurou, encostando-se à ombreira da porta, ao que Axl levantou a cabeça para o olhar, intrigado-Estou a tentar perceber o que aconteceu...Para que nunca mais se volte a repetir...-coçou a cabeça.

-Não me parece que seja uma questão de "Desculpa, não se volta a repetir"-Axl respondeu, ligeiramente indignado-Eu estou feliz por estares a ver uma psicóloga, mas eu não acho que tenhas realmente a noção da dor que me causaste. Não é exatamente um erro que pode ser apagado, é uma marca que se mantém para sempre, Slash-Axl confessou o que sentia, magoado.

-Eu sei, mas estou a trabalhar nisso, eu prometo que estou. Estou a fazer tudo o que possa para conseguir remediar a situação, e eu gostaria que um dia me desses a oportunidade de voltar a ser teu amigo-disse Slash, aproximando-se um pouco mais de Axl, que se afastou um pouco em resposta.

-Não sei Slash, não sei-Axl abanou a cabeça, evitando olhá-lo nos olhos-Preciso de tempo, muito tempo.

-Consegues, pelo menos, falar comigo?-Slash perguntou, ansioso-O mínimo contacto possível? Bom dia, Boa tarde, um aperto de mãos depois de um concerto?

-Acho...acho que sim?-Axl respondeu, embora estivesse, na verdade, questionando-se a si mesmo.

-Então...vamos começar por aqui-Slash murmurou, e estendeu-lhe a mão. Axl estendeu-lhe também a sua, a tremer, mas acabou por pegar na de Slash, num aperto de mãos suave e bastante breve. Acabaram por se afastar, olhando-se por breves momentos. Depois, Slash fez sinal para que ele avançasse para a cozinha, sussurrando-lhe um pequeno "obrigado".

-Ponto de vista do Izzy-

Estava sentado ao lado de Axl na mesa. O jantar continuava a ser animado, e o ambiente já não estava nada tenso, principalmente em comparação a quando eu e Axl chegámos.

No início, eu pensei que nunca o conseguisse trazer para aqui. Quais é que seriam as probabilidades de Axl aceitar dormir aqui depois do que Slash lhe fez? Depois de todos os meses em que ele próprio viveu aqui com ele? Era demasiado, e eu não podia sujeitá-lo a isso. Não era justo. Por outro lado, não queria pagar um hotel. Seria caro, e eu ainda não tinha ganho dinheiro suficiente com a venda de heroína.

Mas Axl aceitou vir para aqui silenciosamente. E isso fez-me pensar.

Slash estava a tentar restabelecer uma relação com ele. Nada demais, mas eu acabei de ouvir a conversa deles. Tudo bem, eles estão na mesma banda, vão precisar de se comunicar minimamente, mas isto não me agrada de todo. Eu não me tenho dado mal com Slash nas últimas semanas, pelo contrário, até temos falado minimamente, mas ele sabe que eu não o vou deixar perto de Axl, e se deixar, eu estarei lá.

Eu sei que Axl fica nervoso e assustado quando Slash se aproxima demasiado dele. Contudo, ele aceitou conversar com Slash, e aceitou ficar aqui. E estava a dormir na cama dele, e provavelmente a olhar para tudo o que Slash mantinha no seu quarto. Não acham que isso quer dizer alguma coisa? Ele ama-me, e eu não tenho dúvidas disso. Porém, eu também começo a pensar que ele ainda tem sentimentos pelo Slash, apenas quer negar isso pelo medo que sente e pelas más recordações que tem. Se ele não sentisse nada por ele, nunca estaríamos aqui, e ele não estaria ainda a sofrer tanto. Eu não duvido que ser estuprado seja uma experiência traumática para qualquer pessoa, que fique para sempre. Mas Axl...eu acho que ele ainda pensa em todos os momentos que passou com Slash, e sente-se ainda mais magoado por isso.

Ou talvez seja apenas a minha imaginação. Talvez Axl não sinta nada por ele, talvez esteja a tentar falar com ele porque se lembra da amizade que um dia tiveram.

É complicado, definitivamente.

Não o posso julgar por nada. Ele passou por coisas que eu não faço ideia. Por outro lado, acho que devia conversar com ele sobre isso, não devia manter segredo ou desconfiar dele desta maneira.

Observei Slash, que do outro lado da mesa exibiu um sorriso fraco dirigido a Axl. Ele apenas baixou a cabeça, brincando com os dedos. Steven e Duff continuavam a conversar distraidamente, e eu apenas tomei mais um gole da minha cerveja, e dei a mão a Axl debaixo da mesa. Já tinha acabado de comer há algum tempo, estava bastante cheio.

Axl fez o mesmo, e apertou a minha mão com força. Inclinei-me um pouco, em direção ao seu ouvido. Axl aproximou-se, percebendo o gesto.

-Queres subir?-perguntei, deslizando a minha mão pela sua perna-Já é tarde.

Ele abanou a cabeça.

-Eles vão ao Rainbow a seguir...-sussurrou-Gostava de ir com eles.

-Hmm...-ponderei, olhando de relance para Slash, que limpava a boca com um guardanapo-Ok.

Axl virou-se, e deu-me um beijo curto nos lábios. Acho que os outros nos observaram durante alguns momentos, provavelmente curiosos ou constrangidos, não sei, mas acabaram por continuar a falar com sorrisos estranhos nos lábios. Eu só sentia o meu rosto a arder.

-O que foi?-Axl perguntou com um sorriso ligeiramente provocante na cara, subindo-me a mão pela perna-Acho que toda a gente aqui sabe sobre nós...-proferiu, olhando à volta.

-Tens razão-respondi, compondo-me, e beijei-o de volta, fechando os olhos e levando-lhe a mão à bochecha.

-Vocês vão mesmo fazer isso aqui?-Duff perguntou, meio incomodado, e Steven não conseguia parar de rir-se.

Axl afastou-se, com um sorriso tímido, e encolheu os ombros, olhando para mim.

-Vamos?-perguntou, levantando-se e pegando-me na mão. Assenti com a cabeça, e segui-o.

*2 horas depois*

Eu estava sentado num dos sofás, e Axl estava no meu colo. Nós não queríamos manter as coisas públicas porque poderíamos atrair atenções indesejadas e, felizmente, ambos concordávamos nesse aspeto, mas acho que naquele momento nenhum de nós se estava exatamente a importar com isso. Por outro lado, também estávamos um pouco escondidos, e havia tanta gente a dançar e a gritar que ninguém queria saber do que se passava à sua volta. À exceção de Slash, que estava sentado ao nosso lado a beber e, de vez em quando, a lançar-nos algumas olhadas que me estavam a começar a incomodar.

Axl beijava-me o maxilar lentamente, e começou a descer os lábios pelo meu pescoço, arrastando-os um pouco desleixadamente.

Nós tínhamos-nos injetado há pouco na casa de banho, e por isso tudo não passava agora de um grande nevoeiro de heroína e prazer. Claro que eu estava preocupado por ele ter tido a overdose, mas eu estava a controlar bem as doses dele antes de fazermos a desintoxicação, por isso estava tudo bem. Por outro lado, não poderíamos tentar ficar sóbrios neste momento porque ele ainda estava muito fraco, e o processo de desintoxicação era bastante severo e exigia que ele estivesse bem porque ambos iríamos ficar debilitados e doentes, tanto fisicamente como psicologicamente. Passar por isso na condição em que Axl está neste momento poderia mesmo matá-lo e, como tal, decidi adiar para depois desta ronda de concertos.

Passei-lhe o meu charro, e Axl deu umas passas, satisfeito, antes de o voltar a pôr na minha boca. Inclinei-me para trás, descansando a cabeça no sofá, e Axl mordeu-me o pescoço devagar. Levei-lhe a mão aos cabelos, puxando-os e despenteando-os, ouvindo a música dos anos 60 que tocava constantemente ao fundo.

Segurei-o pelas ancas, e beijei-lhe também o pescoço, obtendo uma visão melhor de Slash. Eu sabia que ele nos estava a observar.

Tirei o cigarro dos lábios, e dei um beijo simples a Axl.

-Vamos sair daqui?-sussurrei-lhe, levando a mão às minhas calças para ajeitar a minha própria ereção.

-Sim-ele respondeu, levantando-se e puxando-me pela mão.

-Vão-se embora?-Slash perguntou, observando-nos a deixar a mesa-Ainda não é meia-noite.

Assenti com a cabeça.

-Vemo-nos em casa-respondi de modo frio, tentando seguir Axl por entre a multidão.

-Ponto de vista do Slash-

Izzy estava a olhar-me de maneira estranha desde que conversei com Axl. Não esperava que isso fosse acontecer, na realidade, eu só queria tentar resolver as coisas entre nós de modo a que o ambiente ficasse, pelo menos, suportável.

E sim, eu estava a olhá-los, bem, queriam que eu fizesse o quê? Eu gosto de Axl, e Izzy também não é feio. Além disso, eles estavam quase a ter sexo praticamente à minha frente, e isso era algo que eu já não via há algum tempo.

Levei a mão às minhas calças, palmeando a minha ereção através do tecido dos meus boxers. Ugh, tinha de me livrar disto.

-Heeyy, Slash!-ouço ao longe, e vejo Meegan a caminhar na minha direção mas a tropeçar em três pessoas ao mesmo tempo. Estava, sem dúvida, bêbeda-C-como estás?

Levantei-me de imediato, ajudando-a a sentar-se ao meu lado.

-Estou bem, obrigado por perguntares-respondi, rindo-me levemente, porém um pouco atrapalhado-Não tens de trabalhar amanhã?-perguntei, preocupado.

-Nope, tirei folga-riu-se, e deixou cair a cabeça na mesa, tombando o meu copo e entornando vodka pela madeira. Levantei o copo rapidamente, coçando a cabeça.

-Ahm...Meegan?-perguntei, tocando-lhe de leve no ombro-Estás bem?

Ela começou-se a rir, o que me começou sinceramente a assustar.

-Não sabia que tinha estado aqui alguém antes-murmurou, dando uma pequena risada e tocando na minha perna.

-Ehr...

-Deixa, eu trato disto-respondeu, baixando a cabeça lentamente e indo para baixo da mesa. Começou a desapertar o fecho das minhas calças.

-Merda, Meegan, aqui não...-sussurrei, nervoso, espreitando para debaixo da mesa e olhando posteriormente à volta, mas entretanto senti o meu pénis a entrar em contacto com o ar quente e húmido do bar, e depois envolvido no calor molhado da boca de Meegan.

-O-ohh-gemi, surpreendido, porém contendo-me e tentando manter uma postura normal-M-meegan?

-Mhm?-perguntou, com a voz abafada-Queres que eu pare?

-Eu...Oh, Deus-exclamei, levando a mão à boca quando senti os seus lábios a tocarem a base da minha ereção, a minha glande a bater no fundo da sua garganta, e as suas unhas cravadas com tanta força nas minhas pernas que eu tinha a certeza que iria deixar marca.

Tentei evitar expressões estranhas, olhando para os lados e rezando para que ninguém nos visse, mas quando a senti a beijar a ponta, a sua língua a circundar a minha glande habilmente, não fui capaz de conter mais o meu orgasmo, e deixei-me vir na sua boca enquanto arfava.

Meegan engoliu tudo como se estivesse habituada a fazer aquilo a toda a hora, limpando a boca com a mão e voltando a apertar-me o fecho das calças rapidamente. Saiu debaixo da mesa e sentou-se ao meu lado com um sorriso.

Eu gosto dela, eu juro que gosto dela. A Meegan é uma mulher maravilhosa e uma amiga fantástica, não tenham dúvidas, mas eu não sei se consigo gostar dela de outra maneira. Apenas digo isto porque às vezes começo a duvidar se ela estará a começar a ter sentimentos por mim.

-Talvez seja melhor eu chamar um táxi-comentei, verificando as horas.

-Nããooooo-ela murmurou, aborrecida, e agarrando-se ao meu braço-Fica.

-Já é tarde-respondi, verificando as horas no meu relógio de pulso-Não devias ficar aqui sozinha.

Meegan suspirou.

-Então vem para casa comigo-respondeu-Tenho saudades tuas, Slash.

-Desculpa, mas eu não posso-retorqui-Tenho alguns assuntos para resolver, ok?

-É só um bocadinho-proferiu, passando a mão pela minha perna-Ver um filme, beber uns copos...Talvez cair acidentalmente na minha cama?

Acabei por me rir com a última frase. Sim, talvez eu pudesse passar algum tempo com ela, afinal ela era minha amiga e tinha-me ajudado bastante. Eu não queria necessariamente ter sexo, mas passar algum tempo com ela seria bom para desabafar, distrair-me um pouco.

-Hoje não posso-respondi-Mas amanhã eu ligo-te, ok? Posso levar-te ao nosso próximo concerto.

Meegan olhou-me, com um sorriso nos lábios, e abraçou-me. Abracei-a de volta, e acabei por tirá-la dali, puxando-a entre a multidão até chegarmos finalmente ao ar fresco da rua.

Cheirava a noite. Cheirava a cidade.

Fiz sinal a um dos táxis para que se aproximasse. Infelizmente, Meegan mal conseguiu entrar dentro do carro. Suspirei, esperando sinceramente que não estivesse a cometer um erro, e entrei com ela. Indiquei a morada ao taxista, e senti Meegan a descansar a cabeça no meu ombro.

-Prometo que não te vais arrepender-sussurrou.

-Ponto de vista do Izzy-

Como a casa não ficava muito longe, voltámos a pé, e entrámos pelas traseiras. Tínhamos combinado deixar essa porta aberta caso alguém precisasse de entrar, e também porque não existiam mais cópias das chaves.

Estávamos sozinhos.

Axl não desperdiçou tempo, e encurralou-me contra a parede, beijando-me fervorosamente. Acho que atirei algumas coisas ao chão sem querer, mas não me importei, e levei as mãos ao seu rabo, apertando as suas nádegas com força, cada vez mais excitado.

Ele atirou a minha boina para o chão, e começou a brincar com os meus cabelos. Pousou as mãos no meu peito, e mordeu-me o pescoço enquanto me desapertava os botões da camisa.

-Tive saudades tuas-sussurrou-me ao ouvido, e depois puxou-me a orelha com os dentes. Sem aguentar mais, segurei-o pelas coxas e peguei nele ao colo, pressionando-o bem contra mim. Senti-lo assim tão perto, pele contra pele, era extremamente íntimo e excitava-me tanto que eu não podia esperar para lhe arrancar as roupas. Três semanas sem Axl, sem sequer saber se ele estava vivo ou não já tinham dado cabo de mim o suficiente.

Axl sorriu, e eu retribuí o gesto, porém com luxúria, e comecei a levá-lo para cima com cuidado. Ele voltou a beijar-me e eu distraí-me, chocando com o dedinho do pé contra uma cómoda sem querer, e reagindo à dor com um grito agudo. Axl desatou a rir em resposta, e eu olhei-o seriamente.

-Queres trocar?-perguntei, tentando parecer chateado-Tentar pegar-me ao colo?

-Não, não-murmurou, continuando a rir-se. Cortei-lhe o riso, beijando-o de novo e retomando o clima. Não ia subir com ele até ao sótão, por isso abri a porta do quarto do Slash com o pé, e entrei, atirando Axl para a cama, que afundou e voltou a subir com o impacto.

Tirei a t-shirt, os sapatos e as calças freneticamente, ficando só de boxers, e caminhei até ele. A casa não estava iluminada a não ser por conta da claridade que vinha do luar e das luzes noturnas da rua, por isso conseguia-se ver um pouco através da escuridão.

-Pensei que me fosses dar um pequeno espetáculo-Axl riu-se, observando-me. Subi a cama, e pus-me de gatas sobre ele, beijando-lhe o pescoço.

-Não sei dançar-comentei, levantando-lhe a camisola e acariciando-lhe a pele eriçada.

-Ninguém falou em dançar-riu-se, beijando-me os lábios. Aprofundei o beijo, tornando-o mais lento e apaixonado, com língua, e afastei-me quando comecei a ficar sem ar.

-Não consigo ver nada-comentei, pousando as mãos no seu peito.

-Nem eu, espera-Axl respondeu, tentando alcançar o candeeiro da mesa de cabeceira. Acendeu-o, e eu pude, finalmente, ver a sua face com clareza. Acariciei-lhe a bochecha com ternura.

-És tão bonito, Axl...-murmurei, afagando-lhe os cabelos lisos-Mesmo quando éramos mais novos e te queixavas que as raparigas da escola não queriam sair contigo...Acho que elas tinham problemas de visão-conclui.

Rimo-nos em conjunto.

-Já foi há muito tempo-proferiu Axl, olhando-me nos olhos.

-Sim, já foi há muito tempo-respondi, inclinando-me para o beijar de leve-Ainda queres o teu pequeno teatro?

Axl assentiu com a cabeça, mordendo o lábio, e eu saltei para fora da cama, observando-o. Ajeitei o cabelo, e comecei a tirar os boxers devagar.

-Ah, vá lá-Axl murmurou, passando alguns minutos, pedindo-me que me apressasse. Ri-me, e tirei de uma só vez, deixando exposta a minha grande ereção. Eu não tinha sexo há três semanas, por isso tinha de me conter para não ejacular tão depressa. Nada me dava mais prazer do que satisfazer Axl, e eu ainda queria fazer isso bastantes vezes durante esta noite.

Axl gemeu, olhando-me descaradamente, e começou a tirar as próprias calças.

-O que queres que eu faça?-perguntei, decidindo deixá-lo escolher, enquanto encarava o meu próprio pénis.

-Mhmm...Toca-te-Ele gemeu, palmeando a sua própria ereção através dos seus boxers pretos.

-Só isso?-perguntei, descendo a mão lentamente pela barriga.

Axl abanou a cabeça.

-Puxa o cabelo-ordenou, com a voz autoritária-Geme.

Ri-me suavemente, e comecei a masturbar-me devagar com uma mão, enquanto levava a outra ao cabelo. Puxei uma madeixa devagar, sedutoramente. Axl olhava-me com luxúria, deitado na cama, mas concentrado fixamente em cada gesto meu.

Aumentei o ritmo a que me masturbava, aproximando-me um pouco mais da cama, e começando a gemer suavemente à medida que sentia o meu orgasmo a aproximar-se. Espalhei o líquido que saía do meu pénis pela glande com o polegar, acariciando delicadamente a ponta, e fechei os olhos.

Quando abri os olhos novamente, encontrei Axl a gatinhar pela cama até chegar até mim. Aproximei-me mais, e ele deitou-se com um sorriso, perigosamente perto dos meus genitais. Segurei a base da minha ereção, e conduzi-a aos seus lábios, espalhando o líquido sobre eles sem qualquer vergonha.

Era incrível o toque que a heroína estava a dar a este momento. Eu sentia-me tão relaxado, porém, completamente excitado e até quase eufórico.

Axl esticou-se, e beijou-me a ponta, entendendo o sinal. Soltei as mãos para que ele pudesse agarrar a base com uma mão. Levou-me a outra mão à coxa, apertando-a e fazendo com que eu me aproximasse, e depois abriu a boca e chupou-me a glande com convicção. Continuou, tomando um pouco mais do meu pénis na sua boca e mudando um pouco de posição para ficar mais confortável. Fez movimentos de vaivém com a cabeça, e voltou a afastar-se, chupando uma última vez de modo demorado e intenso. Separou-se, arfando, e lambeu toda a minha extensão de lado, enquanto acariciava os meus testículos.

Olhou-me nos olhos por breves momentos, e eu afaguei-lhe a cabeça, incentivando-o a voltar a chupar-me. Inclinei a cabeça para trás, gemendo e suspirando quando senti a minha ereção envolta num calor húmido, os seus lábios movendo-se para a frente e para trás rapidamente. Levei a mão à sua cabeça de novo, conduzindo-a, porém com cuidado porque mantinha receio de que ele se engasgasse.

Gemi alto.

-Merda, Axl, afasta-te-ordenei, e ele assim fez. Estava vermelho, com lágrimas nos olhos e com os lábios brilhantes, com o meu pré-fluído a escorrer pelo canto da sua boca como saliva.

Masturbei-me mais um pouco, e segundos depois ejaculei. Axl fechou os olhos, e eu observei alguns jatos de esperma a atingirem o seu rosto. Ele apanhou um pouco com a boca, saboreando e lambendo os lábios, antes de voltar a levar a sua boca a mim, dando algumas lambidelas e chupadelas suaves antes de se recompor. Eu ainda arfava, observando a sua cara suja, o líquido preso nas suas pestanas, na sua testa e no seu queixo.

Axl levou a mão aos seus boxers, já um pouco molhados, enquanto me encarava. Eu conseguia ver os contornos do seu pénis através do tecido da roupa, ele estava completamente duro, a sua ereção a bater contra a sua barriga, e eu não entendia como é que ele ainda conseguia estar vestido.

Deixei-me cair sobre ele, prensando-o contra o colchão, beijando-o e lambendo a sua cara, provando o meu próprio sémen. Posicionei-me de joelhos sobre a sua cintura, uma perna de cada lado, e sentindo a sua ereção pulsante a tocar as minhas verilhas. Ajeitei o meu próprio membro, alinhando-o com o dele, e fazendo com que os nossos genitais roçassem. Gememos em conjunto, e eu comecei a rebolar um pouco, continuando a esfregar os nossos íntimos coordenadamente.

Fui-lhe tirando a t-shirt, inclinando-me para lhe chupar na zona do maxilar. Axl suspirava, de olhos fechados, levantando-se um pouco para que eu conseguisse tirar-lhe a peça de roupa por completo. Atirei a t-shirt para o chão sem me importar, e ataquei os seus mamilos, massajando o esquerdo enquanto a minha língua brincava com o piercing no seu lado direito. Alisei a sua barriga, sentindo, com alguns arrepios, o contorno das suas costelas.

Afastei-me, com uma sensação de mal-estar súbita. Ele estava debilitado, magoado, e eu não devia estar a sujeitá-lo a isto.

De joelhos, ainda sobre a sua cintura, desci as mãos pelo seu peito, acariciando as suas costelas vincadas, os seus ossos das ancas. Axl olhava-me timidamente, mas eu retribui-lhe um olhar de pena. Analisei melhor as suas ancas, e foi quando reparei em algumas marcas roxas, que se assemelhavam a dedos.

Eu não tinha feito aquilo. A última e única vez que tínhamos tido sexo foi há mais de três semanas, e eu não o tinha marcado daquela maneira. Claro, deixei alguns chupões na sua pele, mas não o magoei.

-Axl, quem é que te fez isto?-perguntei, algo desapontado, deixando-me sentar na cama.

-Temos mesmo de falar sobre isso agora?-ele retorquiu, levantando a cabeça da almofada e apontando para a sua ereção.

Assenti com a cabeça. Eu precisava de algumas respostas, ou daria em doido.

Ele bufou, deixando-se afundar de novo na cama.

-Prometes que não te chateias?-perguntou, antes de falar, olhando-me.

-Prometo-respondi, calmamente.

-Era de noite-murmurou, fitando o teto. Eu e Blue estávamos a morrer de fome porque eu não nos conseguia arranjar nada para comer há dias. Então chegou um polícia, e disse-nos que não podíamos ficar ali. Eu levantei-me, a achar que podia resolver a situação-contou, algo sarcasticamente-E ele viu a seringa que eu trazia no bolso. Queria levar-me para a esquadra, mas eu não podia deixar Blue sozinha, ela estava demasiado fraca para sobreviver à noite. Então eu tive de encontrar uma solução rápida, e acabei por oferecer a única coisa que eu tinha para dar-concluiu, agora sussurrando e mordendo o lábio com força para não chorar.

-Porque é que eu ficaria chateado, Axl?-perguntei, pousando a minha mão sobre a sua.

-Porque eu te traí-respondeu, simplesmente.

-Não. Tu fizeste o que tinhas de fazer para sobreviver, para ajudar a Blue-disse, suavemente-Eu não te posso culpar por isso. Apenas desejava que tivesse havido outra solução, que não precisasses de o ter feito-apertei a sua mão com força, transmitindo-lhe conforto.

Axl assentiu com a cabeça, e limpou as lágrimas dos olhos em silêncio.

Ficámos algum tempo assim.

-Podemos continuar?-Ele acabou por cortar o ambiente. Olhei para os seus boxers, percebendo que ele ainda estava bastante duro.

-Não sei, não me pareces estar bem-comentei, passando-lhe a mão pela barriga-Não te quero obrigar a nada, Axl. E eu próprio sinto-me mal ao exigir algo assim depois do que passaste.

Axl ouviu as minhas palavras com atenção, e depois ergueu-se, apoiando-se com um cotovelo sobre a cama, virado para mim.

-Izzy, neste momento, tu és a única pessoa que me faz sentir bem-disse-Eu só quero estar contigo, sentir-te...Eu sei que me amas, e eu quero isto.

Inclinei-me para o beijar apaixonadamente, com o coração mais leve.

-Bom...Eu...eu acho que gostava de saber como é que é...estar em baixo...-gaguejei, esperando que ele percebesse onde é que eu queria chegar.

Algum silêncio enquanto Axl me olhava algo surpreendido.

-Tens a certeza?-perguntou, um pouco cético.

Assenti com a cabeça.

-Fazes isso por mim?-questionei, algo ansioso.

-Claro-Axl sussurrou, beijando-me de novo. Depois, levantou-se da cama, e abaixou-se, examinando debaixo desta. Sem encontrar o que procurava, voltou a levantar-se e foi até ao roupeiro, remexendo nas roupas de Slash e atirando o que ia encontrando para o chão. Devia estar à procura de lubrificante. Após algum tempo, deparou-se com uma caixa preta, e tirou-a, abrindo-a no chão e encontrando um pequeno recipiente.

-Como é que sabias que estava aí?-interroguei-o, curioso.

-Não sei-Axl encolheu os ombros-Foi apenas um palpite.

Caminhou até mim com a embalagem, e sentou-se na beira da cama.

-Vira-te e põe-te de gatas-ordenou, ao que eu lhe obedeci, apercebendo-me que estava algo exposto. Senti-o a aproximar-se na cama, e depois as suas mãos nas minhas costas. Pouco depois, a sua respiração vibrou contra a minha pele, e os seus lábios tocaram a mesma. Axl distribuiu beijos pelas minhas costas, acalmando-me, e foi descendo até chegar às minhas nádegas. O meu nervosismo começou, finalmente, a desaparecer, talvez até por conta da heroína que me corria vivamente nas veias, para dar lugar à excitação novamente. Separou-as cuidadosamente, e deu-lhes suaves apertões e depois alguns beijos. Mantendo-as, afastadas, foi se aproximando cada vez mais do meu ânus. Acabou por se separar, e eu vi-o, sobre o ombro, a pegar no lubrificante. Espalhou uma quantidade avultada sobre o dedo, e levou-o à minha entrada, começando a penetrar-me devagar. Era desconfortável, mas não era assim tão difícil. Depois acabei por me lembrar que era apenas um dedo, e que eu teria de levar com o pénis de Axl, que era consideravelmente maior.

-Posso juntar outro?-ele perguntou, depois de algum tempo a explorar-me, a ver até onde é que podia ir, com medo de alguma reação de desconforto vinda da minha parte. Assenti com a cabeça, e senti outro dedo dentro de mim. Gemi, um pouco pela dor, e por isso Axl levou a sua outra mão à minha ereção enquanto continuava com os movimentos, numa tentativa de me relaxar.

Acabou por adicionar o terceiro, e eu já me sentia um pouco melhor, mais habituado à sensação de ter algo dentro de mim.

-Acho...acho que estás pronto-ele sussurrou, e eu acabei por me virar, encarando-o. Ele começou a despir os boxers, libertando o seu membro bastante ereto, e pegou no lubrificante, espalhando uma porção generosa sobre toda a extensão do seu pénis. Eu sempre admirei a sua beleza, no geral, e as suas partes mais íntimas não eram exceção. Eu mantinha sempre os meus genitais depilados, mas os pelos de Axl eram ruivos, quase dourados, e eram poucos, especialmente os pelos púbicos. Até a maneira como rodeavam o seu pénis era bonita. Eu sei que isto é provavelmente muito gay de se pensar, mas ninguém me pode ouvir, certo?

Olhou-me mais uma vez, e eu levantei as pernas timidamente. Axl ajudou-me, deixando-as ao nível dos seus ombros, e alinhou-se comigo, na posição certa.

-Pronto?-perguntou, também com algum receio, e eu assenti com a cabeça. Ele levou a mão ao seu pénis, conduzindo-o à minha entrada, e beijou-me lentamente enquanto me começava a penetrar. De início não foi mau, mas quando ele começou a avançar mais eu não consegui evitar e gritei de dor.

Axl parou de imediato, assustado com a minha reação.

-Queres que eu pare?-perguntou, apreensivo.

-N-não-sussurrei-Eu só preciso de algum tempo para me habituar-movi-me um pouco enquanto falava, tentando encontrar uma posição mais favorável, mas só me senti ainda mais desconfortável, por isso deixei-me estar imóvel.

-Mhmm-ele respondeu, e inclinou-se para me beijar de novo, ainda sem se mover. Acariciou-me os cabelos, o peito, lambeu-me e beijou-me o pescoço gentilmente enquanto me masturbou durante vários minutos.

-Ponto de vista do Axl-

Tentei transmitir-lhe todo o cuidado e amor que ele me dava quando estava comigo, tratando-o da melhor maneira possível, mas quando percebi que ele não dizia nada, movi-me mais um pouco, concentrado para não o magoar. Izzy apenas soltou um pequeno suspiro, e eu percebi que podia começar a tentar um ritmo lento. Pousei a minha mão sobre a sua, e saí com cuidado, voltando a entrar devagar. Ele gemeu, mas já não tão incomodado, e eu voltei a repetir o movimento até perceber uma mudança no seu comportamento.

Voltei a ajeitar as suas pernas, e entrei nele de novo, agora numa investida mais intensa e precisa, e segurei-o pelas ancas, tentando procurar a sua próstata.

Aumentei a velocidade gradualmente até ouvir Izzy a soltar um gemido agudo de prazer e a contorcer-se, fechando os olhos.

-Aqui?-perguntei, concentrando-me para voltar atingir o mesmo local. Ele assentiu, freneticamente, e eu continuei a acertar a sua próstata agilmente.

Beijei-o de novo, sem descontrolar a velocidade, e voltei a masturbá-lo habilmente, acariciando bem a ponta do seu pénis, e Izzy não conseguia parar de gemer, amaldiçoando e chamando todos os santos possíveis. Ele estava realmente sexy ali debaixo de mim, quase desesperado, a gemer daquela maneira. E eu podia avaliar todas as suas expressões faciais, analisar as suas reações mais íntimas. É de se dizer, Izzy procurava manter uma postura indiferente com as outras pessoas, nunca deixava escapar nada pessoal, mas isto aqui era completamente novo. Ele estava a aproveitar ao máximo, a deixar-se levar, e eu adorava vê-lo daquela maneira, precisamente por ser tão raro.

Sexo com heroína era uma mistura fantástica.

-Merda, Axl...és bom-gemeu, voltando a fechar os olhos e arqueando as costas de cada vez que o penetrava. Sorri, arfando, dando estocadas exatas e apuradas, sempre na velocidade certa. A cama abanava contra a parede, e eu estava realmente perto de explodir dentro dele, não aguentava mais, mas queria que Izzy atingisse o seu orgasmo ao mesmo tempo que eu.

-Ah...-os meus gemidos misturaram-se com os dele, e eu parei de o tocar, atirando a cabeça para trás em êxtase-Iz...eu acho que não consigo...aguentar mais...

-A-aos 3...-ele respondeu, agarrando a minha mão-1...2...

-Ponto de vista do Izzy-

-3...-Axl apressou-se, e ejaculou bem fundo dentro de mim com um gemido profundo, exausto. Ele estava tão sexy ali, tão suado, e excitado enquanto gemia que o meu próprio pénis pulsou com a visão, e antes que eu soubesse, estava a ejacular também sobre os nossos corpos transpirados com um grito agudo, contorcendo-me e agarrando-me aos lençóis desesperadamente.

E esta era a minha resposta às minhas dúvidas. Se ele me amava tanto como eu o amo, se ele cuidaria de mim quando eu precisasse, se ele faria qualquer coisa por mim. A resposta era sim, e ele não precisara de o dizer. Porque agora eu sabia.

Axl saiu, e deixou-se cair sobre o meu corpo, completamente esgotado.

-Foste fantástico, bebé-sussurrei, arfando, e beijei-lhe a testa-Devíamos fazer isto mais vezes.

Ele sorriu, de olhos fechados, contudo, sem se conseguir mover. Ficámos assim, na mesma posição, durante largos minutos, até eu sentir a minha barriga às voltas, e a minha cabeça um pouco zonza.

-Estás bem?-Axl perguntou-me.

-Sim, só um pouco...enjoado-respondi.

-Bom...eu acho que isso é normal mas...Eu não te magoei, certo?-ele questionou, subitamente preocupado, e tentou verificar se eu estava a sangrar ou não, nervoso.

-Hey, pára-respondi, levando-lhe a mão à bochecha-Não te preocupes, não me magoaste. Além disso, disseste que o enjoo era normal.

-Sim...para a primeira vez...eu acho-coçou a cabeça, e deitou-se de novo na cama.

Suspirei, pensando que ele nunca tinha tido realmente a oportunidade para uma primeira vez. Pensando bem, todas as vezes em que ele fez isto com outro homem não foram consensuais, exceto quando ele esteve comigo.

-Axl, eu sei que foste forçado a fazer muitas coisas com outros homens na tua vida, mas diz-me, quando nós estivemos juntos...na banheira...Foi diferente do resto, certo?-perguntei.

Axl virou-se para mim, um pouco surpreendido.

-Claro que foi. Todas as outras vezes foram contra a minha vontade, Izzy...-ele encarou o tento, pensativo-Tu foste a única pessoa que me fez realmente sentir prazer, que me fez sentir amado.

-Mas...o que nós fizemos foi praticamente o mesmo...-respondi, confuso.

-Sim, mas foi com amor, e por isso tu preocupaste-te realmente em satisfazer-me-Axl murmurou, inclinando-se para me beijar suavemente, e depois voltou a deitar-se-O resto não passou de dor e sofrimento, Iz. Eu não conseguia sequer pensar que algo assim poderia satisfazer alguém, porque a mim aterrorizava-me. Mas depois eu decidi que queria estar contigo, e todo o medo que eu sentia transformou-se em conforto e amor.

Sorri suavemente, pegando-lhe na mão. Silêncio, porém confortável.

-Nunca houveram muitas mulheres, pois não?-perguntei, embora a minha pergunta fosse mais uma afirmação do que propriamente uma questão, referindo-me às suas relações com o sexo oposto durante a sua vida.

-Algumas, mas sabes que não-respondeu, com um sorriso leve-É bom, sim, mamas e rabos e o prazer que sentimos quando elas gemem o nosso nome, mas eu acho que, a determinado ponto, percebemos que é inútil se não tivermos alguém de quem gostemos verdadeiramente.

-Eu também penso nisso, e de todas as vezes, chego à mesma conclusão-admitiu-A questão é que nós não somos gays...Não tens medo que, a certa altura, sintamos falta de estar com mulheres?

-Não, porque neste momento gosto de estar contigo...-respondeu-Mas acho que, se chegarmos a esse ponto, podemos sempre partilhar-sorriu, encolhendo os ombros-É um pouco excitante imaginar-te com uma mulher-admitiu, corando.

-Mhmm, concordo, sinto o mesmo contigo-sorri-Mas é como dizes, acho que agora estamos bem sozinhos, e não precisamos de mulheres ou mais confusões nas nossas vidas. Já passei demasiado tempo a desejar ter-te, e agora quero aproveitar o máximo contigo.

Axl sorriu, puxando os lençóis para cima, mas acabou por parar.

-O que foi?-perguntei.

-A minha cara ainda está suja-comentou, tocando na bochecha-E a tua barriga-apontou para o meu estômago, que estava pegajoso com o meu próprio esperma, rindo-se-Devíamos tomar um banho.

Concordei, levantando-me, um pouco dorido, mas feliz, e estendi-lhe a mão, puxando-o da cama. Ele grunhiu, preguiçoso, mas eu acabei por conseguir arrastá-lo entre risadas.

*1 hora depois*

-Narrador On-

Slash encontrava-se na casa de Meegan, sendo novamente arrastado para a cama da sua "amiga" e, de novo, a única pessoa em quem ele conseguia pensar era em Axl. Nunca poderia deixar Meegan de lado, principalmente depois do quanto ela o tinha ajudado, mas tornava-se cada vez mais difícil esconder a verdade dela. E, para piorar, começava a desconfiar que Meegan talvez estivesse a começar a ter sentimentos por ele.

Duff e Steven estavam nas traseiras do bar, ambos bêbedos e em frente a várias carreiras de cocaína, cheirando tudo de uma vez. Haviam algumas strippers a quem eles tinham pago para virem com eles, e Duff tinha optado por não se importar com nada: Nudez, sexo selvagem, drogas, álcool e mais drogas preenchiam a atmosfera daquela sala. Steven observava tudo, algo frustrado, mas decidiu manter o mesmo espírito, e juntou-se à cena, tentando distrair-se de tudo, sabendo que, provavelmente, as coisas nunca iriam mudar.

Axl e Izzy estavam deitados na cama, os seus corpos entrelaçados, pernas e braços misturados. por conta do calor, vestiam apenas boxers e encontravam-se destapados.

Trocavam carícias e beijos, já sonolentos, à espera que um deles adormecesse primeiro. Naquele momento, a única coisa que fazia Axl feliz era Izzy e a banda, porque tudo o resto não passava de caos. Blue ainda lhe trazia uma dor tão grande que sempre que pensava nela o seu coração partia-se e as lágrimas escorriam-lhe dos olhos como rios. Slash, o polícia, os traficantes que o estupraram, a voz do seu padrasto a ecoar nas memórias velhas de Indiana, os seus irmãos que ele deixou para trás...Foram tudo coisas que ele nunca foi capaz de esquecer. Então Axl agarrou-se à única pessoa que o poderia salvar disso tudo com todas as forças.

Izzy, por outro lado, não tinha tanto na sua cabeça, porque julgava manter tudo sobre controlo. Tinha a heroína que o relaxava, Axl era seu, a banda estava a evoluir, o tráfico estava a render...Sim, tudo controlado.

-Ponto de vista da Blue-

Não foi muito difícil encontrar Axl. Pode parecer estúpido, mas acho que o meu instinto me guiou até ele.

Quando finalmente cheguei, ele encontrava-se a dormir calmamente ao lado de outro homem.

Observei-o de cima. Era estranho vê-lo assim, adormecido nos braços de um estranho com um sorriso suave nos lábios, como se já não se importasse, como se já se tivesse esquecido de mim. Contudo, no momento a seguir, amaldiçoei-me por ser tão egoísta. Ele parecia feliz, e a outra pessoa também, e isso era tudo o que eu podia desejar. Porque é que ele tinha deixado isto para trás para ir viver para as ruas? Uma casa, comida, alguém que o ama? Axl nunca foi capaz de me explicar isso. Ele achava que eu era demasiado nova para perceber isso, as relações entre adultos. Também me surpreendia vê-lo com um homem. Isso significava que ele era gay? Nunca me falou ou disse nada sobre isso pelo mesmo motivo, ou talvez porque não queria admitir que estava com um homem.

Apesar de tudo, era reconfortante vê-lo mais uma vez. Ainda parecia magro e um pouco doente, mas o sorriso que carregava nos lábios, saber que ele estava feliz aquecia-me o coração.

Eu sabia que o devia deixar em paz, que ele tinha de seguir a sua vida. Mas eu não percebia porque é que ainda estava aqui a vaguear pela terra, talvez fosse uma daquelas histórias onde eu tinha de encontrar o que me faltava para poder finalmente descansar em paz.

Lá no fundo, eu sentia que precisava de entrar em contacto com ele, mas por outro lado não queria nem sabia se conseguiria ser capaz de fazer isso. Ele poderia não acreditar, assustar-se e os amigos dele pensariam que ele estaria a dar em doido, eu não lhe podia fazer isso.

No entanto, eu continuava presa aqui na Terra, e não queria ir para outro lugar. Não queria ver os meus pais, não queria ver mais ninguém, apenas Axl. Ele era o meu único consolo. E era por isso que eu sentia que tinha de, algum modo, conseguir falar com ele.

†††††††††††††††††††††††††††††††††††††††††

N/A (IMPORTANTE): Eu sei que ficaram chocados com a confissão do primeiro POV da Blue, por isso vou esclarecer algumas coisas cruciais sobre a HISTÓRIA:

1. Sim, a Blue-fantasma tem uma paixoneta pelo Axl, mas obviamente não acontecerá nada entre eles, porque ela é uma rapariga fantasma de 13 e ele 23, e se tivessem qualquer relação seria considerado pedofilia. É apenas um crush inocente, sem qualquer malícia, porque o Axl foi a única pessoa que se importou realmente com ela durante toda a sua vida.

2.Não nos vamos esquecer que ela é um fantasma.

3. Apenas escrevi isto para aumentar a carga dramática.

4. É de realçar que ele a ama como um irmão mais velho ou como um pai, tanto que se ele pudesse iria adotá-la.

5. A BLUE NÃO OS VIU A TER SEXO, OK? ISSO ERA MUITO INAPROPRIADO HAHA, ELA SÓ CHEGOU QUANDO ELES JÁ ESTAVAM TIPO MEIO ADORMECIDOS , CHEGA DE PENSAMENTOS AWKWARD

6. Estou a escrever esta nota porque eu amo esta história com todo o meu coração e tenho um medo terrível que a denunciem, e é por isso que estou a explicar isto, que tecnicamente não tem nada de mal mas eu sei que o suficiente aqui nunca chega, e era por isso que considerava tão importante que lessem a nota.

7. A partir de agora vão existir dois planos: O dos "vivos" e o dos "mortos". Vão ver que a Blue vai ajudar muito o Axl a partir de agora (ela vai ser tipo o Yoda dele), e é por isso que eu chamei ao capítulo " Anjo da Guarda".

Por favor comentem sobre o rumo que a história tomou, acham interessante termos um fantasma? xD Bem, as coisas vão ficar realmente dramáticas com isto, não tenham dúvidas de que vai mudar muita coisa, principalmente na cabeça do Axl, mas não vou dar spoiler.

Ok, falando agora sobre o resto, que também é importante: A Meegan é boa pessoa, ok? Ela é amiga do Slash, não se vai revoltar contra ninguém nem estragar/impedir relações, pfv não mandem hate xD

Eu gosto de Duffen, mas sinto que aqui foi um pouco a questão do "casal que sobra". Por essa razão, não vou desprezar a relação ou tornar as coisas cliché, mas sim interessantes entre eles os dois, vão ver.

E só mais uma coisa: NENHUM CASAL AQUI É DEFINITIVO. A FANFIC ESTÁ LONGE DE ACABAR.

Obrigada pela vossa atenção ksjsjlsmkj Love ya all <333

P.S.-Para quem lê as minhas outras histórias ou gosta realmente de Slaxl, daqui a uns tempos vou acabar a So Fine, e publicar uma fanfic slaxl nova, completamente diferente de todas as outras que vocês já viram. Será num ambiente completamente diferente, num século diferente, e o que eu escrevi até agora está simplesmente fantástico. Portanto fiquem atentos ;)

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